Até onde vão as manobras de acobertamento do Caso Varginha?
Dentro da sequência de postagens de nossa campanha vou seguir analisando os procedimentos despropositados e incoerentes frente à realidade dos fatos, desenvolvidos pelas forças militares não só participantes do Caso Varginha, mas ainda de todo o processo de acobertamento, como destaque especial nessa postagem para o Exército Brasileiro.
A força militar, representada no caso de nosso interesse diretamente pela Escola de Sargento das Armas (ESA), sediada na cidade vizinha de Três Corações, certamente não merece, por toda à sua história, continuar a ter sua integridade e seriedade maculada pelo que foi feito para acobertar a queda do UFO e o recolhimento de pelo menos parte de sua tripulação.
Infelizmente, o próprio Inquérito Policial Militar (IPM), deflagrado no final de mês de janeiro de 1997 para analisar a prática de possível ilícito penal no conteúdo do primeiro livro sobre o caso (Incidente em Varginha), de autoria de Vitório Pacaccini e Maxs Porte, oferece, infelizmente, entre as centenas de páginas, uma farta documentação para demonstração de como os militares responsáveis ou envolvidos com o procedimento investigativo “falharam” em um amplo sentido e estiveram envolvidos com um processo de MANIPULAÇÃO objetiva dos FATOS ligados ao caso, deixando, inclusive, de considerar a farta documentação anexada aos autos, que revela a verdadeira história do que aconteceu no Sul de Minas Gerais.
O que vou expor hoje, apesar da gravidade, é apenas um dos exemplos do que escrevi acima e diz respeito aos fatos que permitiram a Escola de Sargento das Armas (ESA), em seu Inquérito Policial Militar, concluir de forma absurda, que o Caso Varginha se resume a um erro de interpretação por parte das “meninas do Caso Varginha”, as irmãs Liliane e Valquíria Silva que, acompanhadas da amiga Kátia Xavier, declararam ter avistado na tarde (15h30) do dia 20 de janeiro, no bairro Jardim Andere, uma criatura cuja forma e detalhes morfológicos seria totalmente apartada de qualquer coisa conhecida ou que pudesse ser imaginado por cada uma delas.
Nosso objetivo aqui não será debater na essência a conclusão do IPM, dentro da qual o “senhor Mudinho” (o morador da cidade) é apresentado como o verdadeiro responsável pelo avistamento da estranha criatura pelas primeiras testemunhas do caso. O que nos interessa aqui é demonstrar o que foi feito dentro do próprio IPM para mascarar a verdade. Para isso, é importante não só uma atenção aos autos, mas conhecimento dos bastidores do próprio procedimento investigativo, que acabou também por isentar os autores do mencionado livro de qualquer responsabilidade criminal.
Essa segunda situação (conhecimento dos fatos, bastidores) só existe por conta desse autor na época da deflagração do IPM e sua sequência, continuar em Varginha participando das investigações lideradas pelo Dr. Ubirajara Franco Rodrigues e Vitório Pacaccini. Eu e o engenheiro Claudeir Covo “fechávamos” o grupo dos quatro principais envolvidos nas pesquisas.
Para o perfeito entendimento do que vou apresentar, é necessário destacar que o IPM e seu conteúdo só veio a público no ano de 2010 pelo trabalho e interferência de meu parceiro aqui na Campanha, o Ufólogo Fernando Ramalho. Apesar de concluído no ano de sua própria deflagração (1997), o Exército não fez qualquer movimento para exposição pública de seu conteúdo (pelo contrário).
E, na verdade, no dia 02 de abril de 1997, após o encerramento do depoimento do Dr. Ubirajara Rodrigues nas dependências da ESA, o Tenente-Coronel Lúcio Carlos Finhold Pereira, encarregado do Inquérito Policial Militar, chegou a solicitar, pedir que o depoente, que foi ouvido antes de Vitorio Pacaccini, não divulgasse para a mídia a existência do próprio procedimento (IPM).
O Exército nunca usou o procedimento (IPM) junto à mídia para desmoralizar o caso. Por quê? Se assim tivesse feito no ano de seu próprio encerramento (1997), quando a mídia ainda não tivesse se “esquecido” dos fatos, o IPM e seus resultados não só teriam sido desmoralizados, mas a imprensa saberia que algo de muito sério estava sendo realizado para encobrir a verdade.
Hoje vou falar e apresentar apenas uma página do procedimento (folha 307), mas que é explosiva e o Exército tem que prestar contas, afinal, estamos diante de uma documentação da Justiça Militar. Pode ser lido nela que o Encarregado do IPM, o já citado e então Tenente-Coronel Lúcio Carlos Finhold Pereira, solicitou ao “Sr. Escrivão”(entre outros procedimentos), que intimasse o Dr. Ubirajara Rodrigues e o Ufólogo Vitorio Pacaccini para que prestassem seus depoimentos respectivamente nos dias 02 e 08 de abril.
Essas solicitações foram feitas no dia 26 de março daquele ano (1997), mas o que se segue na mesma página em mais uma solicitação do encarregado do procedimento militar é algo realmente surpreendente. O Tenente-Coronel Lúcio Carlos Finhold Pereira solicita ao “Sr. Escrivão”, o 3º sargento Vinícius Proba dos Santos, que a Seção de Informática da Divisão de Assuntos Técnicos da ESA realizasse vários procedimentos técnicos visando “transformar” as imagens, fotos do Sr. Mudinho, em algo que pudesse ser comparado a ilustração das criaturas de Varginha publicada na obra de Vitório Pacaccini.
Entre os procedimentos solicitados pelo senhor (tenente-coronel) encarregado do IPM, a foto do morador da cidade, obtida sem o seu consentimento, ou autorização da família, durante o dia (o que seria normal devido se tratar de um deficiente), deveria passar por uma tentativa de simulação de ambiente escuro. De onde surgiu essa ideia de que o avistamento da estranha criatura por parte das “meninas do caso”, ocorrido às 15:30 de uma tarde ensolarada (a tempestade de verão só aconteceu no início da noite), teria ocorrido à noite e no meio da mencionada chuva torrencial?
A resposta para a questão acima envolve uma outra autoridade militar ligada diretamente também ao processo de acobertamento, o Tenente-Coronel da Polícia Militar (MG) Maurício Antônio dos Santos, que ao prestar seu depoimento antes dos dois ufólogos mineiros, já havia sustentado a versão envolvendo o morador da cidade (deficiente) e declarado, conforme pode ser vislumbrado nos autos, que o encontro com as meninas teria ocorrido à noite.
O fato é que o Exército assumiu essa versão. O Tenente-Coronel Santos, inclusive, era o superior do membro da Inteligência da PM Marco Eli Cherese, que faleceu como se sabe, menos de um mês após participar da operação que capturou uma das criaturas após a tempestade, na noite do dia 20 de janeiro. O Tenente-Coronel Santos deveria explicar em que situação e com que tipo de apoio o falecido contou de seus superiores até o dia de sua morte misteriosa.
A solução “criada” pelo então comandante do Batalhão da Polícia Militar local acabou se tornando a palavra oficial do Exército, pelo menos dentro do IPM, contando é claro, conforme pode ser vislumbrado nos autos, pela transformação de uma das fotos do senhor Mudinho em algo irreconhecível. A coisa mais despropositada dentro do pedido do Tenente-Coronel Lúcio Carlos Finhold foi a solicitação para que a área técnica da ESA providenciasse também, nas palavras do militar, a “(…) ampliação de realce nos contornos.”
Assim nasceu e foi implementada, encontrada, a “Solução do IPM”. Isso foi feito na avaliação desse autor na certeza de que seus autos nunca seriam acessados. Vale a pena lembrar, conforme já ressaltei aqui em uma das postagens anteriores, que o Major Calza, homem de confiança do General Sérgio Pedro Coelho Lima dentro da Escola de Sargento das Armas (ESA), que determinou a instauração do IPM, dois anos depois da finalização do Inquérito, ao dar uma entrevista em nome do Exército exibida pelo canal Discovery Channel, desconsiderou, ignorou o resultado do IPM e relatou uma nova versão que envolvia também de forma absurda um casal de anões.
O Inquérito Policial Militar, com a substituição do General Lima no comando da ESA, passou a ter duas metas para serem atendidas. A condenação da obra de Pacaccini, verdadeiramente o único autor do livro “Incidente em Varginha”, seria um problema para o próprio Exército, pois desencadearia a exposição pública das gravações com os depoimentos militares contrários ao acobertamento.
Era preciso ainda, na visão do novo comando da ESA, exercido pelo General Marco Antônio Tilscher Saraiva, sepultar o Caso Varginha dentro da própria Escola (ESA). É por conta disso que, com sua conclusão, em vez dele (IPM) chegar ao público, foi gerado um informe para ser distribuído internamente para “acalmar” o contingente do Exército na cidade de Três Corações. A maior parte dos militares não tinham tido qualquer participação na história e deveriam ser mantidos longe da verdade.
Por Marco Petit
Ufólogo e escritor autor de 14 livros que abordam diferentes aspectos da Ufologia, incluindo a obra “Varginha – Toda Verdade Revelada”. Petit é coeditor da revista UFO e membro fundador da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU).
Consultoria jurídica: Dr. Flori Tasca (OAB-PR) e Luiz Azenha (OAB-RJ).
ATENÇÃO: Postagens de Petit, Fernando Aragão Ramalho (e convidados). Compartilhem esse e os outros conteúdos que serão divulgados. Curtam e sigam a página da campanha.
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Assista à live da campanha “Varginha – Chega de Acobertamento”, deflagrada pelos Ufólogos Marco Petit e Fernando Ramalho, com o objetivo explicito de começar um processo de denuncia pública e revelação dos procedimentos que envolveram, e ainda envolvem, o acobertamento do caso pelas forças militares, com destaque especial para o Exército Brasileiro.
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