Há anos a Revista UFO persegue um objetivo de forma obstinada: encontrar oficiais das Forças Armadas, na ativa ou aposentados, que tenham tido envolvimento direto com a fenomenologia ufológica – especialmente em casos graves, ou seja, de observações próximas de discos voadores ou seus tripulantes. Neste sentido, vários já foram contatados pela publicação e deram valiosíssimos depoimentos, mostrando que elementos do meio militar, notadamente quando na ativa, e mais ainda no exercício de funções de comando, estiveram frente a frente com artefatos de procedência extraterrestre.
O primeiro oficial brasileiro a dar seu depoimento, de maneira franca e aberta, foi o coronel Uyrangê Hollanda, em 1997, quando já estava aposentado da Força Aérea Brasileira (FAB). Hollanda, como a Revista UFO mostrou ao mundo, foi ninguém menos do que o comandante da maior missão militar de que se tem conhecimento, até hoje, dedicada à investigação da manifestação ufológica em todo o planeta. Ele esteve à frente da Operação Prato, desenvolvida secretamente pela Aeronáutica no Pará, entre setembro e dezembro de 1977, e amplamente exposta à toda a sociedade [Veja edições 114 a 117]. Sua entrevista exclusiva a este autor e ao co-editor Marco Antonio Petit foi traduzida em inúmeros idiomas e hoje é referência quando o assunto é o envolvimento de militares com o Fenômeno UFO.
Foi justamente a entrevista com Hollanda que levou a publicação a entrar nesta saga e a buscar novos depoimentos, de novos personagens de nossas Forças Armadas, sobre a questão ufológica. O resultado deste trabalho é conhecido de toda a Comunidade Ufológica Brasileira, pois foram inúmeros os oficiais que ocuparam as páginas da UFO para declarar o que sabem sobre o tema. Ainda sobre a Operação Prato, outro depoimento de destaque foi o do tenente-coronel Gabriel Brasil, da Reserva da FAB, que afirmou categoricamente ter tomado parte de algumas atividades desenvolvidas na floresta e de ter visto documentos estarrecedores da ação de naves da Amazônia [Veja edição UFO 136].
Nave sobre a floresta
Em entrevista ao repórter Sidney Pereira Filho, enviado especial da publicação, Brasil declarou, entre outras coisas, que assistiu a um filme no I Comando Aéreo Regional (COMAR) – unidade em Belém que gerenciou as atividades da Operação Prato –, em que se vê a aproximação de uma nave sobre a floresta. “Ela arriou uma escada para seus tripulantes saírem, mas quando eles perceberam a chegada da equipe do Hollanda, subiram de volta no aparelho e decolaram, deixando um rastro de luz bastante intenso e permitindo que fosse feito bastante material fotográfico”, declarou. Ainda segundo Brasil, as imagens mostravam também como seria o funcionamento dos veículos, que aparentemente operavam através da variação da luz, tese defendida por militares que atuaram na operação.
Outro militar a dar entrevista recente à Revista UFO é o brigadeiro José Carlos Pereira, ex-comandante do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), que, de observador, passou a atuante no processo de abertura ufológica no país, ao ingressar para a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que mantém a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, através desta pública [Veja edição UFO 163]. Pereira recebeu este editor em março de 2008 e, ao lado dos consultores Fernando de Aragão Ramalho e Roberto Affonso Beck, deu a entrevista mais contundente que um militar já concedeu sobre o assunto desde Hollanda. “Já é passada a hora de se revelar tudo que se sabe sobre os objetos voadores não identificados no país”, declarou, completando que tal atitude não causará pânico à Nação e nem ameaçará a segurança nacional, questões que preocupam os militares.
Não tenho qualquer dúvida quanto a existência de outras inteligências em contato com a humanidade terrestre, e penso que um encontro entre nós e eles é inevitável e deverá ocorrer no futuro. Basta esperar
– Leo Tércio Sperb
Sua entrevista para a UFO ocupou nada menos do que 28 páginas de duas edições, 141 e 142, com declarações impressionantes para a Ufologia Brasileira. “A atitude de abrir os arquivos, por parte de alguns países, é uma ação pragmática em reconhecimento de fatos. Nenhum deles é irresponsável. São todos países sérios e de diferentes níveis de progresso”, disse Pereira, confirmando a gravidade da situação. E concluiu: “E países sérios, quando admitem alguma coisa, têm que ser levados a sério”. Hoje o militar freqüenta congressos ufológicos Brasil afora e até profere palestras neles, mostrando que seu interesse pelo tema vai muito além do superficial. Pereira ainda prometeu à Comunidade Ufológica Brasileira intervir junto ao atual Comando da Aeronáutica para que as reivindicações dos ufólogos sejam atendidas – entre elas, a liberação das mais de 16 horas de filmes de UFOs feitos pela Operação Prato.
A mais de 4.000 km/h
O último oficial de destaque no país a conceder entrevista à Revista UFO foi igualmente contundente. Trata-se do tenente-brigadeiro Sócrates da Costa Monteiro, que foi, entre outras funções, ministro da Aeronáutica durante o Governo Collor, comandante do I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta I) e do IV Comando Aéreo Regional (COMAR). Foi durante esta última fase de sua carreira militar que ocorreu a chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil, em 19 de maio de 1986, quando o país foi invadido por uma frota de 21 UFOs, especialmente sobre a Região Sudeste. “Meus técnicos me informaram que os objetos chegaram a 4.000 km/h, mas esta velocidade é grande demais para os radares, que perdem sua precisão”, declarou Monteiro.
O brigadeiro foi além e chegou a revelar como equipes de militares sob seu comando tiveram experiências marcantes com discos voadores, e que em uma delas chegaram a disparar suas armas contra um intruso, o que causou preocupação a Monteiro, obrigando-o a interromper o tiroteio. “Estes seres têm uma tecnologia muito mais avançada do que a nossa e não sabemos como reagiriam à nossa ação”. Em sua entrevista, o oficial preencheu muitas das lacunas que ainda restavam abertas sobre o episódio de maio de 1986, por exemplo, sobre como era o clima reinante no meio militar do país quanto à ação de outras espécies cósmicas em nosso ambiente, e ainda mais quando tão próximas de nossas instalações estratégicas, a ponto de a Aeronáutica ter que despachar sete caças a jato para interceptação dos intrusos [Veja edições 161 e 163].
Estranho e recorrente objeto luminoso
Agora, o último militar a conceder entrevista à UFO é o tenente-coronel Leo Tércio Sperb, da Reserva do Exército, residente atualmente em Rio dos Cedros, pequena cidade próxima a Blumenau, em Santa Catarina, onde vive com a esposa numa linda propriedade rural, após ter dedicado sua vida inteira ao exercício de diversas funções, várias de comando em unidades de grande significado estratégico no país – foi em uma delas, o 2º Batalhão de Fronteira, de Cáceres (MT), onde teve envolvimento com a manifestação ufológica. A entrevista foi concedida em 23 de maio a este editor e ao analista de sistemas Luis Medeiros, tradutor voluntário da Equipe UFO.
Sperb começou sua carreira em 1948, na Escola Preparatória de Cadetes de São Paulo. Depois foi para Porto Alegre, onde cursou a Academia Militar, e então, já formado, percorreu praticamente todo o país servindo ao Exército. Entre as cidades em que trabalhou estão Santa Maria (RS), Manaus (AM), Natal (RN) e Rio de Janeiro. Há anos convertido ao espiritismo, leva uma vida pacata e ainda se recorda dos fatos que mandou investigar, quando comandava o Destacamento de Cáceres, entre 1976 e 1977.
Dono de vasta cultura e experiência, descreveu aos enviados da Revista UFO atos ocorridos no segundo ano de sua gestão à frente daquela unidade militar, mesmo ano em que se deu a já citada Operação Prato, sem que, aparentemente, as situações estejam relacionadas. O local dos acontecimentos descritos pelo tenente-coronel está a quase 2.000 km do cenário onde se desenvolveu a outra atividade militar. Sperb conta que, na metade de 1977, em data que não sabe precisar, foi informado por seu pessoal que um povoado de poucas casas às margens da Rodovia Cuiabá-Cáceres, a Transpantaneira, próximo do km 120, estava agitado devido à observações de um estranho e recorrente objeto luminoso, predominantemente noturno. O local era perto do Destacamento de Porto Índio e a estrada até lá, naturalmente,
não era pavimentada.
O oficial, que afirma sempre ter sido aberto às questões ufológicas, vendo que havia algo de muito significativo nos informes, procedeu de acordo com os regulamentos. Primeiro, destacou um de seus homens e o enviou ao local onde ocorriam os fenômenos para fazer averiguações iniciais. A tarefa coube ao então capitão Abrão, cujo nome completo não foi recordado pelo entrevistado, que compareceu ao vilarejo, recolheu testemunhos dos moradores e também coletou evidências físicas do que estava acontecendo e os amedrontando. Entres outros itens, Abrão encontrou um pé de sandálias havaianas com marcas semelhantes as que seriam produzidas por faíscas de solda, achada no centro de uma vasta área em formato circular de vegetação queimada. Tal marca, segundo os moradores, teria sido causada pelo objeto observado, em uma de suas incursões.
Tocaia em lugares específicos da mata
Os fatos que o capitão relatou ao seu comandante sugeriam que algo de muito sério ocorria no local indicado. Abrão entregou seu relatório e as evidências recolhidas, dando por certo a Sperb que o que ocorria na localidade merecia investigação mais detalhada. O comandante do 2º Batalhão de Fronteira compôs então uma tropa de quatro homens e a enviou imediatamente ao cenário dos acontecimentos. Eram um cabo e três soldados que tinham ordens para permanecerem de tocaia em lugares específicos da mata próxima do povoado, em pontos indicados pelas testemunhas, para flagrarem o objeto voador não identificado e registrar sua ação em fotografias.
Tratou-se, assim, de uma atividade semelhante à Operação Prato, porém sem que o elemento causador da casuística – que na Amazônia era o chamado chupa-chupa – tivesse uma natureza hostil às testemunhas. Ao final de uma semana de espera, a tropa enviada por Sperb foi bem sucedida em observar a passagem de UFOs de aspecto esférico, intensamente iluminados e exatamente iguais aos descritos pelos moradores. O mais impressionante – e nisso há maior semelhança com a Operação Prato – foi que os militares enviados obtiveram várias fotos em preto e branco do fenômeno, que foram entregues ao comandante quando do regresso ao quartel.
Ao se confirmar a ação de uma tropa militar em pesquisa ufológica de caráter oficial, temos mais uma situação de envolvimento direto de integrantes de nossas Forças Armadas com o Fenômeno UFO. No processo de investigação e tocaia, para a obtenção de testemunhos e evidências materiais, integrantes do Exército, em missão oficial e com o uso de recursos patrimoniais daquela força singular, não apenas testemunharam como registraram a manifestação de fenômenos de origem extraordinária. Isso é exatamente o que a Revista UFO busca mostrar ao seus leitores e à toda a sociedade brasileira, como também é um dos fundamentos da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, ou seja, expor que nossos militares têm mais do que mero conhecimento da gravidade da questão ufológica no país, eles têm, em muitos, envolvimento claro com o Fenômeno UFO.
Sem retorno de escalões superiores
O tenente-coronel Leo Tércio Sperb, ao receber as fotos e ouvir o relato de seus homens, deu por encerrada a missão na referida localidade e dispensou sua tropa, que assumiu outras atividades. O comandante então redigiu um detalhado relatório dos fatos, anexou as fotografias obtidas e as evidências coletadas antes e encaminhou tudo para um destacamento do Exército localizado na cidade de Corumbá (MS), ao qual o seu estava subordinado. Em sua entrevista à Revista UFO, o militar ainda contou que, após o retorno de seus homens, os UFOs aparentemente não voltaram a atormentar a população do vilarejo. Mas se lamentou ao declarar que não teve retorno do documento e outras peças encaminhadas ao quartel de Corumbá.
Questionado sobre seu conhecimento da fenomenologia ufológica e suas impressões quanto à presença alienígena na Terra, Sperb demonstrou fazer parte daquela rara, mas crescente linhagem de militares brasileiros que já se encontram abertos e preparados para a realidade representada pelos discos voadores, e que vê uma necessidade premente de a verdade sobre o assunto vir à tona. “Não tenho qualquer dúvida sobre a existência de outras inteligências em contato com a humanidade terrestre, e penso que um encontro entre nós e eles é inevitável e deverá ocorrer no futuro”, declarou.
Sobre o movimento da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) que pede a imediata abertura dos arquivos ufológicos secretos elaborados por nossas Forças Armadas, o tenente-coronel Leo Tércio Sperb afirmou que os ufólogos civis têm todo o direito de saber e estão certos em pleite
ar os documentos sigilosos da Aeronáutica e de outras forças singulares, e que o Governo deve não apenas reconhecer a existência do Fenômeno UFO como abrir seus arquivos. Para ele, “a verdade tem que vir à tona”. Veja a seguir a íntegra da entrevista concedida.
Coronel, enquanto comandante do 2º Batalhão de Fronteira, em Cáceres (MT), quais eram os maiores problemas que enfrentou? Nós tínhamos muito trabalho com contrabandistas e coureiros [Caçadores ilegais que, nos anos 80 e 90, retiravam peles de jacarés no Pantanal para vender], e fazíamos muitas apreensões de material, que geralmente mandávamos para Cuiabá. Naquela época, e naquele lugar, não havia Polícia Federal, Polícia Florestal ou Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]. Não havia nada e tudo éramos nós, do Exército, que tínhamos que fazer.
Vestígios de um fenômeno estranho
Como o senhor ficou sabendo dos fatos relativos à observação de objetos voadores não identificados em sua jurisdição? Na metade do ano de 1977, chegou até meu comando a informação de que estava aparecendo uma luz estranha num lugarejo perto do Destacamento de Porto Índio, que descia do céu e assustava os moradores. Nunca tínhamos tido qualquer problema naquela área, e isso me chamou a atenção. Aquela é uma região em que chove muito, quando então o rio enche e interrompe a estrada.
O senhor recebeu instruções superior para investigar os fatos? Não, não havia qualquer instrução de escalões superiores e agi por minha própria conta. A princípio, como o que estava ocorrendo era algo desconhecido e sobre o qual não tínhamos detalhes, mandei o oficial de informações do destacamento ir até lá e ver do que se tratava. Era o capitão Abrão. Ele foi e andou pela região toda, notando que tinha lá um lugar em que havia vegetação um pouco queimada, e lá obteve um pé de chinelo do tipo havaianas com pontos queimados, parecendo aquelas marcas de solda quando pingam sobre plástico ou borracha. Não sei se foi ele quem colheu ou outra pessoa, e nem me lembro de seu nome todo.
E então, o que ocorreu ao capitão Abrão? Ele voltou ao destacamento, relatou os fatos e trouxe o chinelo, quando percebi que algo sério ocorria no lugarejo. Minha providência, então, foi enviar uma patrulha ao local, um cabo com três soldados, para observar o que se passava e fotografar qualquer coisa estranha. Eles passaram uma semana lá, acampados de tocaia com ordens para não interferirem, apenas observarem o que ocorria. Os homens tiraram várias fotografias, nas quais aparecia uma bola branca radiante. Na época as fotografias eram em branco e preto.
O que foi feito das fotos e das evidências, como o tal chinelo? Mandei tudo para o destacamento a que o meu estava subordinado, a brigada de Corumbá. Não chegamos a descobrir a quem pertencia o chinelo, para sabermos se havia alguma vítima. Pelo que apuramos, tinha apenas testemunhas, que eram os moradores da região. O chinelo deve ter sido de alguém que o deixou jogado lá, que teria sido queimado depois. Não houve nenhum relato de confronto ou de que alguém tenha desaparecido na área. Não houve nada disso.
Por favor, descreva como era a localidade? Era uma região isolada? Não, a estrada Transpantaneira cortava a área e havia alguns comércios por ali, umas casas aqui e acolá. Era um vilarejo em encubação, com pouca gente.
O senhor teve conhecimento de fatos anteriores e semelhantes ocorridos no local? Somente de coisas como as que meu pessoal foi pesquisar e fotografou. As histórias anteriores eram essas mesmas, que davam conta de que “eles” apareciam por lá. Isso já havia acontecido algumas vezes, mas não sei dizer quantas.
O que especificamente chamou sua atenção para que decidisse mandar seus homens para lá? O que foi mais decisivo para isso foi saber que os moradores estavam com medo do que estava ocorrendo, e pensei que poderia ser algo perigoso para eles. Assim, como estava dentro da minha área de segurança [Jurisdição], resolvi ver o que havia e depois informar aos meus superiores. A decisão de mandar verificar os fatos foi minha, tomada isoladamente.
Fale-nos de como estava a área circular com a vegetação queimada. Havia alguma explicação natural para ela? Não, o que o capitão Abrão me relatou foi que a marca era incomum e que a vegetação estava queimada de forma estranha, circular. Era como se um foco de calor tivesse irradiado somente sobre uma área, queimando-a. Não dá para dizer se havia algo derretido ali, terra calcinada ou alguma coisa assim. Era o mato que estava queimado.
O capitão Abrão foi o primeiro enviado ao local? O que ele fez lá, especificamente? Ele tirou umas fotos, que foram juntadas ao chinelo e às demais informações, relatando detalhadamente o que se passava. Tudo foi mandado para a brigada de Corumbá, para que de lá alguém me dissesse o que fazer.
De que forma surgiu a decisão de enviar uma tropa posteriormente? Como não vinham ordens de Corumbá, decidi agir por conta própria e mandar um cabo e três soldados ao local, mas com cautela, só para verem o que se passava e documentarem os fatos. Sem gente técnica envolvida nisso não era conveniente especular, como também não era prudente arriscar a vida de soldados. Os homens ficaram de tocaia lá.
Por quanto tempo eles ficaram de tocaia na região e o que lhes ocorreu? Ficaram uma semana, quando então finalmente conseguiram várias fotos do tal objeto e voltaram para o destacamento. Não lembro de quantas eram, apenas de que eram todas iguais, com um clarão branco. Era como se a câmera tivesse captado um farol de frente. Não havia nas fotos detalhes de vegetação, nem nada. Só o preto com aquele clarão branco no centro. Eram apenas fotos noturnas.
E então, o que ocorreu? Depois disso, a população não viu mais nada. Era como se os “caras” tivessem notado a ação do Exército ali e resolvido “se mandar”.
Seus homens viram detalhes do objeto, como seu formato, por exemplo? Não. Só viram a luz que dele emanava, uma luz intensa que até feria os olhos. Segundo eles, não dava para notar se era algo sólido, só aquela claridade intensa.
Os homens tiveram alguma seqüela posterior, como dor de cabeça, enjôo, tontura? Não me relataram nada.
Eles tinham a função de conversar com as testemunhas do vilarejo, colher depoimentos? Não, isso foi o capitão Abrão quem fez em sua viagem anterior. Ele convers
ou com o pessoal e colheu casos, mas não por escrito, só na conversa. As pessoas falavam que estavam amedrontadas por causa daquilo que havia queimado o mato. Tinham medo e recorreram a quem mais próximo estava, nós.
Na sua ingenuidade ou ignorância, os moradores não pensavam que vocês, militares, é que eram os operadores das luzes, como já ocorreu antes? Não. Nossas atividades não eram naquela área, mas iam da sede de Cáceres até a fronteira com a Bolívia. E o vilarejo estava do outro lado desta área, entre o destacamento e Cuiabá.
O senhor teve notícia do que foi feito com o relatório que enviou à Corumbá? Não, não me deram resposta alguma para ele, nenhuma instrução para eu me situar. Nem sei se mandaram para os escalões superiores. Teoricamente, deveriam ter enviado para Campo Grande, que então remeteria para Brasília. Mas não tive retorno algum…
O senhor algum dia trocou idéias sobre isso com algum militar que tivesse comentado algo semelhante em sua área de jurisdição? Não, nunca. Aquele foi um incidente que aconteceu e que caiu no esquecimento. Mas como envolve homens do Exército, achei melhor relatar.
O senhor está ciente do pleito dos ufólogos brasileiros ao Governo, para que os documentos secretos de nossas Forças Armadas sobre o assunto sejam liberados, através da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já? Alguma coisa, sim.
Para nós é muito importante ter depoimentos sobre isso partindo de militares na ativa ou na reserva, como o senhor, porque assim comprovamos o envolvimento de oficiais em ocorrências ufológicas, especialmente quando são gerados relatórios e tenham sido feitas fotos. Sim, compreendo. Foi isso o que ocorreu naquela ocasião.
Voltando um pouco em sua narrativa, quando o capitão Abrão foi falar com as testemunhas do fenômeno, o que ele lhe descreveu ao voltar de lá? É difícil recordar precisamente, pois já se passaram mais de 30 anos… Mas o que ele me relatou motivou-me a mandar uma patrulha. Senti que havia algo desconhecido que precisava ser averiguado. Naquela época eu não dava muita atenção para esse negócio de extraterrestres ou de Ufologia. Meu interesse veio depois, quando então tive contato com você [Referindo-se a Gevaerd], em Campo Grande, acho que no começo dos anos 80.
Sim, eu me recordo. Na época do incidente o senhor considerou a possibilidade de que ele tivesse qualquer coisa relacionada com extraterrestres? Bem, eu sempre acreditei nisso, mas não sabia se havia algo relacionado. Apenas suspeitava que seria alguma coisa desse tipo, e séria.
Naquela ocasião o senhor sabia do que estava acontecendo na Amazônia, inclusive no mesmo ano de 1977 e especialmente em Belém, onde luzes não identificadas estavam sendo observadas pelas pessoas, que chegavam até a ser atacadas? Não, porque onde eu trabalhava, em Cáceres, não tinha nem televisão na época…
Na Amazônia, o registro de casos era tão grande que a Força Aérea Brasileira (FAB) montou a Operação Prato para lidar com a questão. Mas, no início, os militares do I Comando Aéreo Regional (COMAR), que coordenou a missão na selva, pensavam que pudesse se tratar de alguma infiltração comunista, o que logo foi descartado. Mesmo não tendo tomado conhecimento da operação, na época, o senhor imaginou que o que ocorreu em sua região também poderia ser ação de comunistas? Não, pois a descrição dos fatos indicava algo bem diferente. E se até hoje, nós, militares, temos o comunismo como um foco de atenção, naquela época era muito mais ainda. Eu atuei em missões para apreensão de subversivos que andavam na área em que depois se deu a Guerrilha do Araguaia, e tinha experiência.
Durante seus anos como militar o senhor chegou a saber de alguma atividade oficial de investigação ufológica realizada por qualquer das Forças Armadas, seja da Aeronáutica, da Marinha ou do Exército? Soube de algum outro militar envolvido em pesquisas desses fenômenos? Eu ouvi qualquer coisa sobre isso. Era um rumor de que a Aeronáutica teria um departamento secreto para pesquisar discos voadores, mas não soube nada de concreto a respeito. Eu era do Exército.
Para encerrar, qual é sua opinião hoje sobre os discos voadores e a vida extraterrestre? Para mim, isso tudo existe e não demorará muito para que o assunto seja totalmente aberto. Acho que não só as autoridades brasileiras, mas todas as autoridades deveriam reconhecer o fenômeno oficialmente. E mais, não só reconhecer, mas procurar entender as mensagens “deles” e buscar contato com “eles”, para que nos digam se estamos no caminho certo.
Quando o senhor fala “deles” e “eles”, está se referindo especificamente a quem? Poderia ser mais claro? Refiro-me aos “lá de cima”, a inteligências espirituais ou físicas, sejam o que forem. Os extraterrestres podem habitar mundos físicos, como o nosso, ou diferentes, talvez mais bonitos ou mais feios, não sei. Mas “eles” têm espiritualidade e nos mandam suas mensagens.
O senhor acredita que um dia ocorrerá um contato direto com essas inteligências? Sim, amanhã ou depois vai haver o contato oficial. Tem que haver e não tenho a menor dúvida disso. Pode demorar, mas virá.
Que mensagem o senhor deixaria para os ufólogos brasileiros que estão à frente da campanha pela liberdade de documentos ufológicos? Que continuem essa luta, mesmo que seja difícil de dar resultados imediatos. Mas que continuem, pois a persistência levará ao sucesso.
Uyrangê Hollanda, o primeiro a revelar valiosas informações sobre UFOs
O primeiro militar brasileiro a admitir o envolvimento das Forças Armadas na investigação do Fenômeno UFO foi o coronel da Aeronáutica Uyrangê Hollanda, em 1997. Ele revelou à Revista UFO que comandou um grupo que variava entre duas e três dúzias de homens em ações de investigação ufológica na Amazônia, a famosa Operação Prato. O militar deu contribuição decisiva para se esclarecer a ação de outras espécies cósmicas
em nosso país, durante a mais espantosa onda de avistamentos de naves alienígenas de que se tem notícia até hoje.