A dinâmica que rege as estrelas dentro dos aglomerados globulares – verdadeiros enxames de astros, que orbitam a Via-Láctea – sempre foi um mistério, mas imagens produzidas pelo Telescópio Espacial Hubble oferecem boas evidências de que as estrelas no interior dessas estruturas são segregadas de acordo com a massa, num jogo de bilhar gravitacional.
Estrelas mais pesadas perdem velocidade e afundam rumo ao núcleo do aglomerado, enquanto que as mais leves aceleram e se deslocam para a periferia. O processo, chamado “segregação por massa”, era um velho suspeito de atuar nos aglomerados, mas nunca antes tinha sido observado em ação.
Um aglomerado globular típico contém várias centenas de milhares de estrelas. Embora a densidade da população seja baixa nos arredores, a densidade perto do centro pode chegar a mais de 10 mil vezes a encontrada na região do espaço onde está o Sol. Se a Terra ficasse num aglomerado assim, o céu noturno brilharia intensamente com as 10 mil estrelas mais próximas.
A aglomeração aumenta a chance de encontros entre estrelas, incluindo colisões e fusões. Teoricamente, espera-se que o resultado cumulativo desse processo seja a segregação por massa. Mas a aglomeração torna difícil identificar estrelas individuais, o que complica as tentativas de confirmar a teoria.
Com o Hubble, astrônomos foram capazes de rastrear os movimentos de milhares de estrelas dentro de um único aglomerado. Agora, conhecem-se as velocidades de 15 mil estrelas no aglomerado 47 Tucanae, no céu do hemisfério Sul. Essas velocidades combinam com a hipótese da segregação, com as estrelas mais pesadas deslocando-se de modo mais lento.