Com o crescente número de casos ufológicos que vêm sendo investigados e dados como verídicos, reais (pois o indivíduo sob hipnose disse isso ou aquilo), gostaria de dar uma contribuição aos pesquisadores e alertar que o que vem sendo feito em muitos casos está propiciando o aumento da complexidade da pesquisa ufológica. Assim como colocando aspectos da imaginação humana à frente do fenômeno, levando ao erro, ou criando mitos em que contatados comprovados pela hipnose começam a arregimentar discípulos que distorcem a realidade à sua volta, levando-os ao suicídio coletivo – como temos visto na mídia nos últimos tempos.
Nós somos seres complexos, e a atual ciência médica, com os últimos estudos nas áreas da psicologia, psiquiatria e mais recentemente a neuropsiquiatria, vem apresentando novas e importantes descobertas sobre a mente humana. Essa técnica tem a ajuda de um arsenal tecnológico que possibilita investigarmos a mente humana com aparelhos de última geração e medir, mensurar, o tipo de distúrbio que o cérebro do indivíduo vem apresentando. Temos hoje modernos eletroencefalógrafos, mapeamento cerebral, escaneamento cerebral, ressonância magnética que nos possibilitam com pequenas chances de erro saber o tipo de distúrbio que a mente humana apresenta. A década de 90 é conhecida no meio científico como a década dos descobrimentos referentes à mente humana: “a década do cérebro”.
A identificação dos neuro-hormônios como os controladores do nosso humor e bem-estar abriu uma nova e importante forma de tratamento da mente humana com drogas que podem controlar estados alterados, desde a depressão até quadros graves de histeria e pânico. Sendo até proposto de uma vez por todas o fechamento dos manicômios onde esses doentes eram simplesmente descartados. A prática do hipnotismo é uma técnica terapêutica anterior ao conhecimento atual e foi usada por toda a antigüidade. Pois há provas de que os egípcios, os assírios, os babilônios, os romanos, os astecas e os maias já utilizavam a hipnose para tratar doentes.
FENÔMENO DE PROJEÇÃO – No Egito existiam os templos dos sonhos, onde aplicavam aos “pacientes” sugestões terapêuticas enquanto dormiam. Existe um papiro de três mil anos que contém instruções técnicas de hipnotização muito semelhantes às que encontramos nos métodos contemporâneos. Inúmeras gravuras daquela época mostram sacerdotes-médicos colocando em transe hipnótico presumíveis pacientes. Os gregos realizavam peregrinações a Epidaurus onde se encontrava o templo de Esculápio, o deus da medicina.
Ali, os peregrinos eram submetidos à hipnose pelos sacerdotes, os quais invocavam alucinatoriamente a presença de sua divindade a indicar os possíveis métodos de cura. As sacerdotisas de Isis, postas em estado de transe, manifestavam o dom da clarividência. Quando hipnotizadas, revelavam ao Faraó fatos distantes ou fatos ainda a ocorrer. Semelhantemente os oráculos e as sibilas articulavam suas profecias sob o efeito do transe auto-hipnótico. Na hipnose, o hipnotizado sucumbe à sua própria vontade, que se confunde ou entra em choque com a idéia ou a imaginação do hipnotizador.
Assim, a monotonia, que é um dos fatores técnicos mais decisivos na indução hipnótica para produzir efeito, tem que se basear na reciprocidade, na monotonia externa. Ou seja, a monotonia do hipnotizador tem que refletir, de certo modo, a monotonia do paciente. O paciente, sem dar-se conscientemente conta do fato, projeta sobre a pessoa do hipnotizador os efeitos hipnóticos de sua própria monotonia, assim como projeta sobre o mesmo seus próprios desejos de fazer milagres, ser especial, fantasias e sonhos interiores. Pelo lado psicológico, a hipnose explica-se entre outras coisas como um fenômeno de projeção. Contrariamente ao que ensinam os livros populares, a fé inabalável no hipnotismo e a vontade forte não constituem os atributos fundamentais e diretos do hipnotizador, mas sim do paciente. A experiência mostra que os melhores pacientes são precisamente os tipos impulsivos ou voluntariosos, em suma, as pessoas de muita vontade ou vontade forte.
No Dictionary of Psycology, de Warren, a definição da hipnose é: “Um estado artificialmente induzido, às vezes semelhante ao sono, porém distinto do mesmo, tendente a aguçar a sugestibilidade, acarretando modificações sensoriais e motoras, além de alterações de memória”. Um estado tendente a aguçar a sugestibilidade equivale quase a dizer que a hipnose é antes de mais nada, do princípio ao fim, sugestão. Modernamente, os estágios hipnóticos se dividem em cinco, que são o incuscetível, hipnoidal, transe ligeiro, transe médio e o transe profundo (estado sonâmbulico). Quando o indivíduo se encontra no primeiro estágio, ele não apresenta característica de espécie alguma. Já no hipnoidal, o paciente apresenta relaxamento muscular, expressão de cansaço e freqüentemente um tremor nas pálpebras e contrações espasmódicas nos cantos da boca.
No transe ligeiro, o indivíduo sente os membros pesados e o corpo todo apresenta um alheamento, embora conserve ainda plena consciência de tudo que se passa ao redor. Pode apresentar rigidez cataléptica nos olhos e membros. Demonstra pouca inclinação a falar e tende a responder as perguntas com movimentos da cabeça ou da mão. Já não quer mover-se ou mudar de posição. Sua respiração é mais lenta e mais profunda. Oferece nesse estágio obediência a sugestões mais simples e ainda resistência às mais complicadas. Durante o transe médio, o paciente ainda pode conservar alguma consciência. Entretanto, agora podemos dizer que está hipnotizado. Ele não oferece resistência às sugestões – salvo aquelas contra o seu código moral ou interesses vitais. A essa altura, há a catalepsia completa dos membros e do corpo, amnésia parcial, alucinações motoras, alucinações positivas e negativas dos sentidos e a completa inibição muscular. Nesse estágio já se consegue analgesia, podendo ser feitas pequenas cirurgias.
SINAIS DE HIPNOSE – Por fim há o transe profundo – que é o verdadeiro estado hipnótico. Agora o paciente aceita sugestões pós hipnóticas as mais bizarras. Possibilita poder mandar abrir os olhos sem prejudicar o transe. Os olhos abertos apresentam uma expressão impressionantemente fixa, estando as pupilas dilatadas visivelmente. Pode-se neste estágio assumir as funções orgânicas como no ritmo cardíaco, pressão arterial. Agora sim, faz-se regressão de memória. E normalmente a indução ao transe profundo exige de 30 minutos à uma hora de trabalho ininterrupto.
Dentre os sinais físicos de hipnose, o mais digno de confiança é a anestesia, ou ausência do sentido do tato. Pica-se a mão do “sujet” sem aviso pré
vio e sem sugerência de espécie alguma. A ausência de reação indica transe médio ou profundo. Outro teste consiste em levantar o braço do paciente e deixá-lo erguido. Se o braço permanecer erguido, é sinal de que há hipnose. Mas este teste não oferece a mesma margem de segurança do anterior. O “sujet” não se mostra inclinado a falar, e sim a responder perguntas positiva ou negativamente, com a cabeça ou mão.
Tem uma ausência de iniciativa e espontaneidade: não tosse, não muda de posição, mantém-se sério, resiste impassível a gargalhadas e ruídos sem se deixar contagiar. Nesse estágio, há mudanças fisiológicas como baixa da pulsação e quedas da pressão arterial. É comum ao iniciar o transe haver uma vaso-constrição e a seguir uma vaso-dilatação, que se prorrogará até o momento de se acordar. Ou seja, no começo a pressão pode subir um pouco e, à medida que o transe evolui, começa a cair. Há também mudanças na temperatura periférica de mãos e pés, ficando os mesmos frios, conservando-se assim enquanto durar o transe.
A partir desses parâmetros clínicos poderemos dar credibilidade à hipnose, devendo ser repetida em algumas sessões para que, aí sim, possamos ter realmente informações com sustentação da verdade. Usamos também aparelhos para demonstrar esses estados, com segurança absoluta da veracidade dos mesmos. Pela dificuldade ou custo, no mínimo os parâmetros clínicos devem ser observados afim de realmente obtermos algo mais próximo da verdade. Ou, do contrário, teremos inúmeras distorções confundindo estados psicóticos, stress, ansiedades familiares que serão transformadas em contatos e divulgados por ufólogos com saciedade de casos e que não têm um critério científico em suas pesquisas, aumentando ainda mais os casos dúbios da Ufologia.
Temos distúrbios como a síndrome da falsa memória, em que pessoas sob o stress da vida cotidiana passam a criar inverdades e acreditar nelas de uma forma tal que convencem a todos. Casos de estupros familiares efetuados pelo pai, tio, padrasto, irmão etc são muito mais fáceis de serem aceitos se a mente tirar a pessoa da família e colocar a imagem de um extraterrestre que a abduzia e a molestava. Vários casos americanos voltaram a ser investigados por profissionais competentes, e não mais por pessoas curiosas que sem preparo técnico científico (entre aspas, alguns ufólogos), na ânsia de ter casos pesquisados, induziam ainda mais a pessoa, segundo as suas próprias crenças e convicções, a crer na abdução, levando ao que identificamos como a síndrome da falsa memória.
SÍNDROME DO FETO DESAPARECIDO – Algo muito similar ocorre com a síndrome do feto desaparecido, em que as pressões sociais e familiares levam a mulher (que hoje compete lado a lado com o homem pelo mercado de trabalho) a quadros de tensão stress e alterações que aumentam a quantidade de hormônios que inibem a fertilidade, como a prolactina. E por mais que a mesma queira engravidar, ela não apresenta condições hormonais para isso, acarretando nos atrasos menstruais a serem abortos. E em casos mais graves, auxiliados por filmes, leitura de ficção científica, ufólogos, contatados, a acreditarem que tiveram seus fetos roubados por ETs. É algo muito sério que vem ocorrendo, pois não há um único caso comprovado, pesquisado, do roubo de fetos por seres do espaço.
Entretanto, nos meios ufológicos existem vários que são dados como reais. Temos erros de interpretação, fotos divulgadas como de múmias de ETs pequenos que podem ser de bebês com síndromes dismorfogenéticas – pouco conhecidas do público comum – e que podem certamente levar a graves erros de interpretação com prejuízo da verdadeira pesquisa ufológica. Os grupos de Ufologia devem ter profissionais de vários campos como astronomia, geologia, espelhologia e medicina que estudem a área da mente humana para os assessorar, afim de que esses profissionais contribuam para uma pesquisa mais séria e completa, para darmos à Ufologia o respeito e seriedade que ela merece.
Escala de avaliação de transe de Lecron-Bordeaux
INSUSCETÍVEL
1) relax físico
2) aparente sonolência
3) tremor das pálpebras
4) fechamento dos olhos
5) relaxamento mental e parcial
6) membros pesados
7) catalepsia ocular
8) catalepsia parcial dos membros
9) inibição de pequenos grupos musculares
10) respirarão mais lenta
11) lassidão acentuada; pouca vontade de se falar, pensar, agir
12) sensação de peso no corpo
13) sensação de alheamento
TRANSE MÉDIO
14) reconhece estar em transe e o sente, não descrevendo-o
15) inibição muscular completa
16) amnésia parcial
17) ilusões cinestésicas
18) ilusões de gosto
19) alucinações olfativas
20) catalepsia geral dos membros e do corpo inteiro
TRANSE PROFUNDO
21) o paciente pode abrir os olhos sem alterar o transe
22) olhar fixo e pupilas dilatadas
23) sonambulismo
24) amnésia completa
25) anestesia completa
26) movimentos descontrolados do globo ocular
27) sensação de leveza, estar flutuando alheamente
28) rigidez e inibição nos movimentos
TRANSE PLENO
29) diminuição do pulso e da pressão
30) extremidades frias
31) hiperamnésia (lembranças de coisas esquecidas)
32) regressão de memória
33) alucinações visuais e auditivas
O médico psicanalista e psicoterapeuta Luciano Stancka e Silva, 39, é formado pela Universidade Estadual Paulista. Luciano é membro da Associação Paulista de Homeopatia, atuando também na área de acupuntura, participando de grupos de controle da dor. Requisitado conferencista de parapsicologia, hipnose, controle da mente, fotografia Kirlian e Ufologia, participou de vários congressos nacionais e internacionais. Membro do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV) e colaborador de UFO e UFO Especial, Luciano publicou diversos artigos nas revistas Planeta, Psi-UFO, Parapsicologia, entre outras. Atualmente é coordenador médico da Associação Beneficente Cristã – uma insti
tuição ligada ao programa 25ª Hora, da Rede Record de Televisão.