Uma pergunta ronda os estudiosos do Fenômeno UFO: teriam nossos visitantes extraterrestres diferentes formas de atuar em nosso planeta, de acordo com as diversas etnias e culturas às quais se manifestam? Ou, colocando a pergunta de outra forma, será que suas variadas formas de apresentação são apenas reflexos de como os interpretamos, de acordo com cada cultura terrestre e o estágio em que estava quando houve a interação com tais visitantes? Aqui, a ordem dos fatores altera diretamente o produto. Vamos retroceder no tempo para entendermos a questão. Até 1952, quando George Adamski se encontrou com humanoides altos, loiros e de cabelos compridos viajando em discos voadores de lata e rebites, nossos “irmãos do espaço” eram amigáveis e até nos convidavam gentilmente para passeios espaciais — como ocorreu ao curioso polonês, que teria viajado a bordo da nave espacial dos seres que contatou, bem antiquada se comparada aos atuais UFOs aerodinâmicos, luminescentes, holográficos e vertiginosos.
Naquela época, quando sequer havíamos colocado um satélite artificial em órbita, nossa visão de mundo e de universo era pobre e limitada, na qual o espaço era algo incomensurável, um abismo negro e profundo, insondável como a própria alma. No cinema, o perigo comunista se transfigurava em extraterrestres invasores, refletindo a paranoia da Guerra Fria. Quase sempre eles vinham para nos destruir — e nas raras ocasiões em que vinham em missões de paz, tentavam refrear nossos instintos bélicos. Nesse contexto, como separar a realidade da ficção? A utopia da dura realidade? Muitos estudiosos se deixaram levar pela doce onda de imaginação e liberdade de pensamento além da nossa galáxia. Outros suspeitaram que a coisa fosse muito mais complexa e envolvia uma série de “estímulos” de origem desconhecida. Ao propugnar, no início dos anos 70, que existia uma inteligência externa que criava e modificava mitos dos diversos povos do planeta segundo modas e tendências do momento, o matemático franco-americano Jacques Vallée inaugurava o que se consagrou como “Nova Ufologia”. O que na era pré-industrial eram diabos e duendes, na era dos foguetes e da bomba atômica viraram seres extraterrestres.
Manipulando a humanidade
O ex-jesuíta espanhol Salvador Freixedo tornou-se o expoente dessa nova corrente que demonizou as entidades cósmicas, acusando-as de manipular a humanidade para dela extrair os recursos de que necessitavam. Então o homem já havia pousado na Lua, mas uma pergunta continuava no ar: de onde procediam nossos visitantes extraterrestres, afinal? Alguns céticos começaram a recorrer a mirabolantes teorias psicológicas, sociológicas e antropológicas para explicar o novo mito do século XX. Até que, por volta de 1975, os ufólogos norte-americanos Jerome Clark e Loren Coleman disseram que as observações de UFOs poderiam ser interpretadas como “uma reação natural de nossa mente frente ao excessivo racionalismo de nossa sociedade”. Em outras palavras, uma válvula de escape para uma cultura que supervalorizava a tecnologia e abandonava suas raízes espirituais.
Porém, nada disso explicava muitos fenômenos que não pareciam ser simples alucinações ou projeções do nosso inconsciente coletivo. Outro ufólogo da geração dos anos 70, que merece ser citado, é o sociólogo francês Bertrand Meheust, autor do livro Science Fiction et Soucoupes Volantes [Ficção Científica e Discos Voadores, Brussels 1978]. Na definição de Meheust, os UFOs e extraterrestres seriam “uma espécie de sonho que se manifesta diante de nós e interage com o ambiente”. Ou seja, seriam a materialização de uma espécie de alucinação provocada por uma força desconhecida. Esse princípio de interação tem sido uma das grandes controvérsias da Ufologia. Muitos se perguntam por que tais forças ou entidades tencionam invadir ou manipular nossas mentes, pensamentos e sonhos.
Para entender melhor a ação de outras espécies cósmicas na Terra, recordemos dos ataques perpetrados por UFOs na Amazônia brasileira entre 1977 e 1982, quando foram conhecidos como Fenômeno Chupa-Chupa e pesquisados pela Operação Prato [Veja edições UFO 114 a 117, agora disponíveis na íntegra em ufo.com.br]. Naquele período, centenas de pessoas foram feridas e algumas até morreram em decorrência do ataque de luzes vampirescas, cujos reais propósitos permaneceram desconhecidos. Se recuarmos para antes ainda do início da Era Moderna dos Discos Voadores, chegaremos ao carnaval de 1946, quando o lavrador João Prestes Filho, da cidade de Araçariguama (SP), foi queimado e morto por uma luz misteriosa que veio do céu. Por que isso ocorreu? Não sabemos, mas talvez o maior erro cometido por alguns estudiosos da chamada “linha psicossocial” do Fenômeno UFO seja a excessiva teorização, deixando de lado as pesquisas de campo que quase sempre proporcionam dados que revelam o aspecto material da casuística ufológica.
Psicologia extraterrestre
Os casos mais impactantes da história da Ufologia são justamente aqueles em que humanoides interagem com seres humanos, as abduções alienígenas. E aqui entramos na linha da chamada “psicologia extraterrestre”, que envolve comportamento e comunicação. Seu mais ilustre representante é o professor de história da Universidade de Temple, na Filadélfia, David Jacobs, autor do rigoroso livro A Vida Secreta [Rosa dos Tempos, 1998] e parceiro de investigações do agora falecido Budd Hopkins. Ele acredita que, se admitirmos a existência de seres extraterrestres ou de entidades parafísicas que interagem em nosso ambiente físico e mental, vamos encontrar uma série de relatos que se contradizem. São bons ou são maus? Ou são simplesmente o que são a partir de sua própria cultura, diferente da nossa?
Nos anos 50 e início dos 60 houve muitos casos de aparições de humanoides que, em certas ocasiões, pareciam completamente alheios aos seres humanos, estando mais interessados em estudar o meio ambiente terrestre. Isso se deu no período prévio às abduções, ou pelo menos antes que elas virassem febre. Curiosamente, tais criaturas desciam de naves com aparência metálica e procuravam recolher amostras do solo e de plantas. A casuística africana e europeia registra uma série de incidentes em que aliens apareceram levando amostras da área ao redor de onde seu UFO pousara, sem que prestassem muita atenção às pessoas ao redor — e até procurando evitá-las. Ma
s a partir de meados dos anos 70, os ETs começaram a invadir a intimidade dos lares, passando a demonstrar interesse direto pelo ser humano e deixando praticamente de lado o recolhimento de amostras de solo e de plantas — eram as abduções. E em vez da grande diversidade étnica dos ETs dos anos 50 e 60, tínhamos agora a predominância do tipo gray, os cinzas, com cabeça grande e olhos enormes. O que mudou?
Índole benevolente e amigável
As tentativas de comunicação entre ETs e seres humanos são antigas. No caso de Adamski a comunicação foi fluída, como também no caso de Antônio Rossi — que alegou ter mantido longas conversas com um tal comandante Jânsle, de um planeta distante, conforme descreveu em seu livro Num Disco Voador Visitei Outro Planeta [Editora Nova Era, 1957]. Os seres daquela época eram quase todos de índole benevolente e amigável, o que contradizia as tendências de um mundo mergulhado nas desconfianças e hostilidades da Guerra Fria. No Ocidente, temia-se a “invasão amarela”, por parte dos chineses, ou “vermelha”, por parte dos soviéticos. Hollywood capitalizava essa paranoia em filmes tipo B, metaforizando os comunistas na forma de horrendas criaturas cósmicas — nada mais distante da realidade. Os ETs amigáveis, arautos de mensagens de paz e amor, embora não tenham desaparecido totalmente, foram sendo substituídos por demônios abdutores.
Em 22 de junho de 1976, o médico espanhol Francisco Padrón viajava a bordo de um táxi na região de Gáldar quando, juntamente com o motorista e um acompanhante, observou uma grande esfera flutuando no ar, quase tocando o chão. Tanto Padrón como o taxista conseguiram vislumbrar, no interior do objeto transparente, dois humanoides de mais de 2,5 m de altura usando capacetes de cor vermelha. Depois da ocorrência, Padrón ficou tão emocionalmente abalado que, durante várias noites seguidas, sentiu uma espécie de luz penetrar seu cérebro. A partir de então, desenvolveu uma capacidade que antes não tinha: fazer diagnósticos do pacientes apenas observando-os, sem intermediação de instrumentos e sem recorrer a perguntas ou a consultas de seu histórico médico. A vida do médico mudou totalmente a partir de uma experiência ufológica.
Assim, o que se pode concluir é que nossos visitantes extraterrestres se valem de diferentes meios e maneiras para interagir com os seres humanos, que muitas vezes não compreendemos ou percebemos, mas que acarretam sérias mudanças em nosso viver — o falecido Hopkins chamaria isso de “transformação”. Seja como for, o certo é que estamos sendo visitados por entidades de diversas naturezas, que procedem tanto de outros planetas como de outras dimensões, de outro espaço-tempo ou, quem sabe, de nossa própria dimensão. Resta-nos estudá-los a fundo.