Um grupo privado sem fins lucrativos que teve entre os fundadores o astrônomo Carl Sagan pretende colocar em órbita no início do ano que vem uma nave espacial movida por velas solares, que impulsionam o aparelho e são movidas a fótons emitidos pelo Sol. Chamada Cosmos 1, a nave será colocada em órbita por um míssil intercontinental modificado, lançado por um submarino russo no Mar de Barents, segundo a organização dedicada à exploração espacial. O dia do lançamento está previsto para 1º de março, mas a janela de lançamento deve se estender até 7 de abril. A data exata será estabelecida pela marinha russa. O objetivo da missão, orçada em US$ 4 milhões, é realizar o primeiro vôo controlado com uma vela solar. Os cientistas esperam poder utilizar a tecnologia em futuros vôos interestelares. Embora muito suave, a pressão exercida pelos fótons permitirá a este tipo de nave alcançar com o tempo altas velocidades e cobrir grandes distâncias. Segundo Louis Friedman, diretor executivo da Sociedade Planetária e do projeto Cosmos 1, o Japão já testou uma vela solar num vôo suborbital, e a Rússia montou uma vela solar no exterior da sua velha estação espacial Mir. Nenhum dos casos, no entanto, foi um vôo controlado. Quando o Cosmos 1 estiver em órbita, tubos infláveis vão esticar o material das velas, ajustando-as a oito estruturas rígidas de 1,5 metro de comprimento semelhantes às pás de um moinho. Cada pá pode girar para refletir a luz solar em várias direções, de modo que a nave possa “tatear” o Sol, como acontece com um barco à vela em relação ao vento. O Cosmos 1 é um projeto da Sociedade Planetária, fundada em 1980 pelo falecido astrônomo Carl Sagan, por Bruce Murray, antigo diretor do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), e Louis Friedman, também veterano do JPL. A nave foi construída pela companhia aeroespacial russa NPO Lavochkin, com financiamentos do Cosmos Studios ? com sede em Ithaca, Nova York ?, co-fundado pela viúva de Sagan, Ann Druyan, para criar entretenimento a partir da ciência. Dryuan recordou que Sagan, falecido em 1996, teria feito 70 anos em 09 de novembro. “Não podia ser mais adequado iniciar a contagem regressiva para o lançamento do Cosmos 1 no aniversário de Carl”, comentou. A Rússia já havia lançado em 2001 um protótipo da vela solar da Sociedade Planetária, mas o foguete não desenvolveu força suficiente e a nave não chegou a separar-se do lançador. O Cosmos 1 deverá ser colocado numa órbita quase polar, a 800 km de altitude, e funcionar durante um mês. “Ficaríamos satisfeitos com um par de semanas, ou mesmo alguns dias”, disse Friedman. Com uma área total de 602 metros quadrados, a vela solar será visível no céu noturno como um ponto de luz brilhante.