Se a exploração dos confins do espaço ainda parece um sonho distante, o campo de força que protege naves espaciais na ficção científica pode estar mais perto da realidade. Um grupo de cientistas vai estudar o desenvolvimento de um campo protetor como o da nave Enterprise, do famoso seriado “Jornada nas Estrelas”, para proteger astronautas da radiação espacial.
Raios cósmicos e radiação solar podem causar problemas de saúde nos astronautas que podem levar até a morte. Entre 1968 e 1973, as tripulações das missões Apollo tiveram pura sorte de ficar apenas 10 dias no espaço e de não terem sido vítimas de uma grande erupção solar que poderia ter sido fatal. Na Estação Espacial Internacional há uma sala protegida onde os astronautas se refugiam quando a radiação solar aumenta perigosamente.
Os cientistas alertam, no entanto, que conforme formos levando missões espaciais para áreas cada vez mais distantes de nossa vizinhança imediata do Sistema Solar vai ficar mais difícil depender de sorte e de esconde-esconde para nos livrar do problema. Em missões longas, os astronautas não poderão ficar o tempo todo em locais protegidos contra radiação –- o que deixaria a nave muito mais pesada e cara. Por isso, o grupo vai buscar uma alternativa inspirada no campo magnético da Terra, que ajuda a atmosfera a filtrar a radiação vinda do espaço, e no “escudo defletor” da Enterprise -– imaginado pelos roteiristas da série na década de 60.
Como um “campo de força” natural, a proteção magnética cria uma barreira que reflete a maior parte das partículas energéticas para longe. Em laboratório, os cientistas planejam reproduzir uma magnestofera em miniatura, com tecnologia de ponta, para ver se seu efeito protetor pode ser usado em naves e bases espaciais. A proposta foi apresentada pela astrônoma Ruth Bamford, do Laboratório Rutherford Appleton, no Reino Unido, em uma palestra durante a reunião da Sociedade Astronômica Real, na cidade britânica de Preston nesta semana.