A absorção de CO2 por algas teria resfriado a Terra, permitindo que os oceanos dissolvessem mais oxigênio e viabilizando as novas formas de vida
Um intenso resfriamento global, provocado pela absorção do gás carbônico presente na atmosfera pelas algas dos oceanos, entre 600 milhões e 800 milhões de anos atrás, permitiu o surgimento da vida multicelular na Terra, segundo um modelo de interação entre a biologia e o clima proposto por pesquisadores finlandeses e descrito online no periódico PLoS ONE.
Essa absorção do gás carbônico teria um efeito oposto ao do aquecimento global atual, no qual a entrada de CO2 na atmosfera, por conta da atividade humana, aprisiona o calor do Sol.
A teoria estipula que climas gelados são um elemento importante para a origem de formas de vida complexas. Se a idéia estiver correta, os autores do trabalho sugerem, como conseqüência, que formas de vida relativamente sofisticadas são possíveis ao redor de estrelas mais fracas que o Sol, e que missões espaciais criadas para detectar geleiras em outros planetas poderão ser úteis na busca por vida extraterrestre.
De acordo com o cenário proposto pelos pesquisadores finlandeses, as algas, ao absorver o CO2, criaram um “efeito geladeira”. Sem animais para comê-las, as plantas se espalharam até que a elevação da concentração de oxigênio – um subproduto da atividade das algas – permitiu que criaturas multicelulares prosperassem. A capacidade da água fria de dissolver grandes quantidades de oxigênio teria sido parte do processo.
Com o surgimento das novas formas de vida, muitas das quais se alimentavam das algas, a captura de gás carbônico pelos vegetais diminuiu, o que teria levado a um reaquecimento do planeta. “Os efeitos (das novas formas de vida) tenderam a reduzir a taxa de sepultamento orgânico do carbono, e assim o CO2 elevou-se a um nível” que impediu novas glaciações, diz a conclusão do artigo.