A capa de nossa edição 45, de agosto passado, traz a foto de um suposto objeto voador não identificado sobre a Praia de Maslin, na Austrália, obtida em 10 de março de 1993, por volta das 06h00. Esta edição, que também aborda detidamente a questão do Chupacabras, gerou bastante polêmica em nosso país, com vários leitores escrevendo ou ligando à nossa redação para obter maiores informações sobre a foto de capa. E com razão: a foto é realmente impressionante por ser muito nítida, o que levanta suspeitas…
Mesmo assim, a Revista UFO tomou o necessário cuidado de atender a todas as solicitações e repassar a informação que tínhamos: a de que a foto ainda está sob análises. Alguns leitores e grupos ufológicos, no entanto, fizeram comentários ou críticas mais contundentes, e nem por isso incompreensíveis. O professor carioca Eduardo Aranha Neto argumentou que a foto “por ser tão nítida, só pode ser falsa”. Já o advogado Celso Bastos de Oliveira, de Salvador, encontrou até um “fio invisível que une o objeto maior ao menor, segurando-o em pleno ar”. Em nossos computadores, no entanto, nada achamos.
CRÍTICA LEVIANA — Todas essas e outras críticas são sempre levadas em consideração. Eventualmente, algumas capas despertam maior atenção e motivam os leitores a nos escrever. Mas nenhuma crítica foi tão leviana quanto a publicada infantilmente no boletim Fenômenos Aeroespaciais, editado pelo desacreditado ufólogo Philippe Piet van Putten. O boletim, de recursos e tiragem limitadíssimos, traz em sua edição de agosto passado o seguinte trecho: “Foi motivo de divertidos comentários entre ufologistas o fato de ingênuos amadores e curiosos terem propagado em periódicos a fotografia de um objeto voador identificado como se fosse de um verdadeiro disco voador extraterrestre”.
Seguindo esse comentário, o boletim traz uma explicação para a foto: a de que se trata de uma espécie de bóia aérea. O editor do boletim, que acusa a Revista UFO de ser composta por “ingênuos, amadores e curiosos”, acha que descobriu a roda! Imagina – ele sim ingênuo – que o staff de UFO e muitos outros ufólogos não sabem da existência de tal explicação para a foto. O que causa espanto é que o senhor Philippe van Putten, editor do boletim, nem se deu ao trabalho de fazer qualquer pesquisa nesse sentido.
O editor do boletim apenas limitou-se a copiar (plagiar) a seção de cartas da edição de agosto passado da revista inglesa UFO Magazine (representada no Brasil justamente pelo editor de UFO, A. J. Gevaerd), onde alguns leitores comentam a foto, que teria sido publicada também naquela revista. Argumentam que se trata de uma bóia aérea. O ‘trabalho de pesquisa’ do senhor Philippe van Putten foi, então, apenas o de traduzir a carta dos referidos senhores. Isso, em sua opinião, lhe dá o direito de insinuar que há “ingênuos, amadores e curiosos” na Revista UFO. Anos antes, para se ter idéia, o mesmo senhor havia acusado a Ufologia Brasileira de estar infestada de trambiqueiros e oportunistas.
Ao contrário do editor do referido boletim, no entanto, a Revista UFO fez uma pesquisa de verdade sobre a polêmica fotografia. O editor de UFO foi à Austrália e lá colheu pessoalmente os depoimentos dos ufólogos que estão investigando o caso de Maslin – que estão entre os mais reputados do país. Gevaerd falou com Bill Chalker, Keith Basterfield, Paul Normal, Paul Soviak e Glennys Mackay. Pois nem estes estudiosos, profundamente familiarizados com o caso, se arriscam a aceitar a hipótese da bóia aérea.
CERTEZA DUVIDOSA — “Pode tratar-se de bóia aérea, mas até agora não encontramos nada que indique isso”, declarou o ufólogo Bill Chalker, de Adelaide (sul do país), e autor do livro The Oz Files. “Muita gente especula sobre essa foto, mas ainda não podemos afirmar que se trate de uma fraude”, disse Basterfield, considerado o mais bem informado ufólogo australiano.
“Pesquisei a foto exaustivamente, o local e o fotógrafo, o senhor Eric Thomasson, mas nada encontrei que pudesse me dar certeza de que seja mesmo uma bóia”, disse Soviak, de Sydney. Gevaerd apenas não esteve em Maslin, durante sua viagem à Austrália, por ter agenda cheia de compromissos com várias entrevistas, conferências e workshops.
Como se vê, nem entre os próprios ufólogos que analisaram o caso na Austrália, onde foi feita a foto, há tanta certeza de que a mesma é falsa como pretende ter o senhor Philippe van Putten, que sequer levantou-se de sua cadeira para concluir isso, após copiar a seção de cartas (sic) de uma publicação. Isso, portanto, mostra qual é a diferença entre o tratamento dado aos fatos pelo boletim Fenômenos Aeroespaciais e a Equipe UFO. Agora, o leitor pode ter uma idéia de quem é ingênuo, amador ou curioso.
Não é a primeira vez que o editor de Fenômenos Aeroespaciais faz críticas à Revista UFO, sempre sem fundamento e movido por razões obscuras. Desta vez, no entanto, sequer teve coragem de dizer que o periódico que publicou tal foto era a UFO – que é a única revista no país. Isso é típico! Quando foi substituído na diretoria nacional da Mutual UFO Network (MUFON) pelo editor de UFO, o senhor Philippe van Putten publicou em seu boletim que a causa teria sido um desentendimento entre ele e o diretor internacional da entidade, Walter H. Andrus Jr. Assim, comodamente, escondeu de seus leitores que, na verdade, fora excluído da entidade por absoluta incompetência em permanecer no cargo – informação essa do próprio senhor Andrus, em poder de UFO.
Críticas à Revista UFO são sempre bem-vindas quando construtivas. A revista sempre tratou a Ufologia de forma absolutamente idônea, séria e com a maior responsabilidade. Esse é um fato amplamente reconhecido por nossos leitores. A cada mês, a vendagem de assinaturas e de exemplares em banca tem um ligeiro acréscimo, confirmando a qualidade desse trabalho. Por outro lado, a UFO é o único veículo brasileiro a ter conseguido unir de verdade a Comunidade Ufológica Brasileira da forma como se encontra hoje: os mais importantes, destacados e reconhecidos nomes de nossa Ufologia estão no expediente de UFO. Nunca um veículo conseguiu reunir tantos talentos.
Por que a Revista UFO é cara?
Publicar uma revista de Ufologia no Brasil não é uma tarefa simples ou mesmo fácil. Tal missão envolve uma série quase interminável de obstáculos que se repetem numa freqüência inacreditável. Aliás, editar e publicar uma revista periódica sobre qualquer assunto polêmico – especialmente com público restrito, como é o caso da UFO e da UFO Especial – é uma batalha extenuante e desanimadora em nosso país.
Agora, se fazer isso em cidades grandes (como Rio de Janeiro ou São
Paulo) já é difícil, imagine executar tal missão numa cidade de pequeno porte e recursos limitados, como é Campo Grande (MS), onde está situado nosso escritório. Os problemas podem ser multiplicados por 3. Para começar, a distância dos grandes centros aumenta consideravelmente os custos de produção da revista e o tempo de sua preparação. Por outro lado, as gráficas locais têm equipamentos limitados e não oferecem a possibilidade de se fazer nossas revistas em cores, como gostaríamos.
Apesar de todas essas limitações, o Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV) tem editado UFO (e suas antecessoras) há quase 12 anos. UFO Especial, mais jovem e infelizmente interrompida durante alguns anos, tem um histórico semelhante. Contando-se todas as publicações já colocadas nas bancas pelo CBPDV, podemos nos orgulhar em ter produzido cerca de 100 edições diferentes, num total estimado de 2,1 milhões de exemplares. Simplesmente, nenhum outro grupo ufológico ou mesmo empresa editorial em todo o mundo igualou estas marcas.
Entretanto, nem tudo é motivo para orgulho. Há alguns meses fomos obrigados a aumentar o preço de capa de UFO em 20%, gerando alguns justificáveis protestos entre nossos leitores. Muitos nos escreveram ou ligaram perguntando por que a UFO, que é impressa em preto e branco e com número limitado de páginas, é mais cara que outras publicações nacionais, que têm 3 ou 4 vezes mais páginas e são todas impressas em cores…
CUSTOS DE PRODUÇÃO — A resposta é simples, mas quem não está familiarizado com o meio gráfico não a compreende. Oras, o que custeia uma publicação são as publicidades nela inseridas. Em certas revistas coloridas, há 2 ou 3 vezes mais páginas com anúncios publicitários que páginas de notícias. Esses anúncios cobrem com folga, na maioria dos casos, não só os custos de produção da revista, como também os custos administrativos para mantê-la (funcionários, aluguel, despesas gerais, impostos etc). Há casos exorbitantes, em que certas publicações não precisariam nem ser vendidas, pois seu custo sai totalmente liquidado com metade dos anúncios que contêm…
Infelizmente, para nós isso não acontece: UFO e UFO Especial não contam com qualquer apoio publicitário ou mesmo ajuda governamental de qualquer espécie – que, aliás, dispensamos, para que possamos manter nossa independência. Assim, lamentamos informar que, para acomodar as despesas geradas na produção de nossas revistas, incluindo as administrativas, somos obrigados a manter o aumento já efetivo no preço de capa de UFO (UFO Especial não teve alteração). Mesmo assim, o leitor saiu ganhando, pois aumentamos o número de páginas da revista e a quantidade de informações.