A expressão “forças ocultas” nunca foi tão bem aplicada na Ufologia Brasileira como nos últimos tempos. Recentemente, fatos desagradáveis fizeram com que se retomasse a discussão sobre a ética na Ufologia. Imediata e automaticamente surgiu a proposta de criação do Código de Ética do Ufólogo (CEU), produto de exaustivo trabalho do pioneiro Arismaris Baraldi Dias, que apesar de ter sido lançado em meados da década de 90, ainda não foi realmente implantado. Cientes de que muitas coisas mudaram na Ufologia nos últimos anos, vários pesquisadores resolveram fazer uma revisão detalhada do CEU, incluindo, eliminando e alterando itens para adaptá-lo à realidade atual. Inesperadamente, no entanto, uma nova proposta dividiu a opinião de ufólogos e pesquisadores.
A iniciativa foi do grupo Ufo-Gênesis, de Piracicaba (SP), presidido por Francisco Henrique Conejo Cervello (que se apresenta como “professor Michel”) e coordenado em São Paulo por Clóvis Roque Xavier. Este último disponibilizou um espaço para a realização da primeira reunião do que se chamou de Comitê de Ética, através de convite aberto a todos os interessados via listas de discussão na internet. Areunião foi agendada para o dia 17 de março último. No entanto, numa “atitude abrupta”, conforme palavras do próprio Clóvis, somente em uma lista de discussão foi divulgado o Edital de Convocação para Assembléia Geral de Fundação do Sindicato dos Pesquisadores Ufológicos, publicado no jornal Diário de São Paulo. É interessante notar que apesar da frase “abaixo assinado”, constante no edital, o mesmo não era assinado por ninguém. Instaurou-se, então, verdadeiro alvoroço entre os ufólogos brasileiros.
“Em princípio, sou contra a formação de um sindicato”, afirmou o jornalista e editor da revista eletrônica Vigília (www.vigilia.com.br), Jeferson Martinho. Para ele, é necessária a criação de uma entidade aglutinadora, mas, tendo em vista que a Ufologia não é uma atividade profissional, deve ser algo como os conselhos científicos de Física e Astronomia, por exemplo, para fiscalizar a conduta ética dos pesquisadores. “E até mesmo para isso precisamos amadurecer a discussão de métodos e procedimentos adotados na pesquisa ufológica”, ressalta. A rapidez com que foi imposta a idéia do sindicato e a despreocupação com a repercussão entre os ufólogos são, no mínimo, suspeitas.
“Isso está parecendo uma grande armação. Por que ninguém foi consultado?”, indagou Josef David S. Prado, editor do portal eletrônico BURN (www.burn.com.br). “Antes de se criar um sindicato, é preciso que sejam cumpridas outras etapas prévias, como por exemplo a revisão do CEU”, pondera o ufólogo Carlos Airton. E isso foi totalmente ignorado. Perguntas simples e objetivas como quem, quando, como, onde e por que se criar um sindicato foram repetidas vezes respondidas pelo senhor Clóvis com um simples e lacônico “não posso responder”. No dia 17 de março, doze pessoas compareceram à reunião, entre elas Arismaris Baraldi Dias, Mário Rangel, Cristiano Martinelli, Josef David S. Prado, Rodolfo Heltai, Laura Maria Elias, Paulo Aníbal e o senhor Clóvis. Onze delas refizeram pessoalmente as perguntas já feitas, obtendo sempre a mesma resposta: “Não posso responder” ou “não estou autorizado a responder”.
Após insistentes pedidos dos presentes, o senhor Clóvis concordou em suspender a assembléia do dia 21, assinando um documento com esse compromisso. Isso feito, retomamos as discussões a respeito do CEU. Mas as dúvidas ainda persistem. Que forças ocultas estariam por trás de toda essa manipulação? Com quais intenções foi convocada uma assembléia sem o conhecimento e à revelia de parte expressiva da Comunidade Ufológica Brasileira? Por que o tal professor Michel, na qualidade de presidente do grupo Ufo-Gênesis, agora diz não ter conhecimento dos detalhes dessa iniciativa e de quem faz parte dela? São perguntas que ainda estão sem resposta. Mas estamos atentos aos acontecimentos. Não podemos deixar, de forma alguma, que a Ufologia séria seja desmoralizada e perca mais pontos perante a imprensa, a opinião pública e até mesmo perante a legislação vigente.