Em termos de repercussão nacional, o mais importante acontecimento envolvendo UFOs e a FAB ocorreu na madrugada de 19 de maio de 1986, quando vários caças militares receberam ordens para interceptar 21 UFOs que faziam evoluções na região de São José dos Campos (SP). Os objetos estavam congestionando os escopos dos radares dos aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro. Nesta época também foram feitos vários vídeos a respeito do assunto por cinegrafistas amadores. Após o fato, o ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, prometeu ao público, através da imprensa televisiva, um relatório completo sobre o incidente em 30 dias, mas o caso já completou uma década sem que nenhuma posição fosse dada.
Em 1991, o Núcleo de Pesquisas Ufológicas (NPU), sediado em Curitiba (PR), conseguiu o único documento disponível sobre o acontecimento. Na carta datada de 18 de setembro de 1991, ofício nº 42, o brigadeiro do ar Fernando Mendes Nogueira, chefe do Centro de Comunicação Social do Ministério da Aeronáutica, explicou que as conclusões do órgão sobre o episódio são de que ocorreram anomalias magnéticas que se transformaram em pontos nas telas dos radares de controle. O brigadeiro disse ainda que todo o aparato militar de defesa do espaço aéreo foi mobilizado sem que, efetivamente, fosse feito qualquer contato visual que justificasse a presença daquele ponto.
Porém, dois fatores relevantes demonstram que, em seu pronunciamento, foi omitida a verdade. Primeiro, o brigadeiro se esqueceu de explicar por que foi preciso mobilizar os caças da FAB por uma causa tão simples como uma anomalia magnética. Além disso, contrariando o documento, os pilotos envolvidos nas perseguições declararam cabalmente em entrevista que tiveram contato visual com UFOs. Dois pilotos da Base Aérea do Rio de Janeiro, Kleber Caldas Marinho e Márcio Brisolla Jordão, viram as luzes e não conseguiram interceptá-las. O programa Fantástico, da Rede Globo, veiculado no dia 19 de maio de 1996, cobrou publicamente o relatório do ministro da Aeronáutica, tenente brigadeiro do ar Lélio Viana Lobo. O Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA) também exigiu, no dia 15 do mesmo mês, uma resposta através de fax.
No dia 17 de julho de 1996, o ufólogo Claudeir Covo, presidente do INFA, divulgou o recebimento de uma carta resposta do Centro de Comunicação Social do Ministério da Aeronáutica, informando que “o evento ocorrido em 19 de maio de 1996 foi exaustivamente examinado e, após serem ouvidas todas as pessoas envolvidas, não foi possível chegar a uma conclusão. Por esta razão, este Ministério considera o assunto encerrado”. A carta foi assinada pelo Chefe da Divisão de Relações Públicas, tenente coronel Jader da Silva Garcia. Recentemente, foi liberado um telex dos Estados Unidos, contendo as informações prestadas, na época, pelos militares brasileiros ao Departamento de Defesa norte-americano, atestando a veracidade do fato.
RELATÓRIO TÉCNICO DE UM ASTRÔNOMO SOBRE UFOs
Através do senhor Wagner Donizette Ribeiro, tomamos ciência de um relatório elaborado por um astrônomo em 1954, relativo à avistamentos de objetos não identificados na cidade de São José dos Campos (SP). Esse material foi remetido, na época, ao Centro Técnico da Aeronáutica pelo astrônomo e comendador Remo Cesaroni: “Eram exatamente 10h45 do dia 16 de novembro de 1954. O céu de São José dos Campos estava límpido, por isso eu pude vislumbrar, ao lado do brejo, dois estranhos objetos, completamente silenciosos, que vinham do Norte em direção ao Sul e deixavam atrás de si uma cortina espiral de fumaça branca e brilhante.
“Os aparelhos se mantinham numa altura de mais ou menos três mil metros em relação ao solo. Por isso, suas velocidades não pareciam excessivas. Seguindo o rastro de fumaça, com uma luneta astronômica de vinte e duas ampliações, foi fácil localizar o ponto de partida dos UFOs, mas a impressão era de que os objetos lançavam a fumaça suavemente, fazendo com que as laterais ficassem semiencobertas. Uma observação meticulosa, através de luneta, e um aprofundado estudo poderiam cooperar, mais tarde, para o esclarecimento do caso, portanto, observando atenciosamente a parte dianteira dos tais objetos, pude notar um ponto escuro em cada um deles, dando a impressão de serem estruturas arredondadas.
Insatisfeito, ainda tive tempo de ir, juntamente com alguns amigos, até meu observatório, localizado na Vila Ema, e examinar os objetos com um telescópio de maior potência, mas infelizmente não houve tempo de voltarmos ao local, pois os aparelhos desapareceram no horizonte, conservando sempre as mesmas direção, velocidade e altura. Em anexo segue uma cópia fotográfica tirada por um repórter da cidade. Assino o presente relato, sem exagero no sentido da palavra, com a sincera expressão da verdade”.