Desde os mais remotos tempos há relatos de profecias e previsões de uma grande catástrofe capaz de destruir toda a Terra. Diversos textos clássicos e religiosos da antigüidade contêm tais revelações, sempre afirmando que a Humanidade correrá perigos de extinção, mas também falam da possibilidade de salvação. Porém, neste momento final (ou inicial), somente os puros e bons serão salvos. Não menos apocalípticas, por analogia e jamais por uma simples coincidência, muitas das mensagens extraterrestres estão repletas de alusões a um contato definitivo, em que seres superiores, vindos em naves intergalácticas, irão salvar os seres humanos de uma terrível tragédia.
Apocalipse é uma palavra grega que significa revelação (e não fim, como muitos pensam). Somente este fator etimológico já é suficiente para saber que o Apocalipse não é o fim do mundo, mas sim o início de uma nova era para a Humanidade. Elementar, pois é pouco provável que exista um mundo perecível, visto que tudo se transforma, nada se perde. E quanto a isso, as mensagens de Ashtar Sheran foram mais corretas etimologicamente do que as religiosas: para Ashtar, o mundo não vai acabar, mas sim sofrer grandes abalos, ficando praticamente energúmeno, momento em que será preciso salvar a Humanidade.
Contudo, há muitos pontos obscuros, tanto nas previsões dos religiosos quanto nas dos místicos e extraterrestres. Ninguém ainda explicou o porquê de só alguns serem salvos no Apocalipse – somente os bons, os puros, os não pecadores, os arrependidos etc. Não há, realmente, nada de convincente sobre este fato e, a cada dia que passa, tudo fica mais complicado ainda. Sim, e essas complicações são culpa do próprio homem, que torna mais difícil a distinção entre o bem e o mal, criando religiões mercenárias (vide caso Edir Macedo), propagando os chamados falsos profetas e ganhando dinheiro em nome de Deus, divindades espirituais, esotéricas e até mesmo extraterrestres.
Diante disso, poucos são dignos de confiança, fato que acentua a crise do ser humano contemporâneo, buscando cada vez mais o seu próprio Eu e agarrando-se em crenças apocalípticas como solução para seus problemas.
PROFECIAS QUE NÃO DERAM CERTO
Mas se Apocalipse não é fim e sim revelação, por que a Humanidade tem tanto medo? E certo que ninguém ainda sabe quando, onde, como, porque e o quê irá acontecer. Para dizer a verdade, ninguém sabe sequer se esse fato irá mesmo se realizar…
São incontáveis as previsões que foram feitas por pseudoprofetas e não se realizaram. Um exemplo mais concreto disso pode ser encontrado nas páginas da revista norte-americana UFO Magazine, de junho de 1979. Um anúncio da empresa Ideal House, ocupando uma página inteira, dizia “Will you be alive in 1982?” (ou seja, você estará vivo em 1982?) e continuava com um pequeno texto publicitário: “Os irmãos do espaço querem que você escape do holocausto que está chegando e que destruirá completamente nosso mundo”, previsivelmente em 82! Do lado esquerdo da página, uma simpática ilustração mostrava um extraterrestre de feições humanas, cabelos compridos e macacão espacial, dando as mãos a um terráqueo com o olhar de quem oferece a salvação.
Apocalipse é uma palavra grega que significa revelação, e não fim. Somente isto já é suficiente para se saber que o Apocalipse não é o fim do mundo, mas sim o início de uma nova era. Quanto a isso, as mensagens de Ashtar Sheran foram mais corretas etimologicamente do que as religiosas: para Ashtar, o mundo não vai acabar, mas sim sofrer grandes abalos, momento em que será preciso salvar a humanidade
Como se sabe, o mundo não acabou em 1982. Resta saber o que os autores de anúncios como este da UFO Magazine têm a nos dizer, pois isso não pode ser simplesmente esquecido. Trata-se de falsidade ideológica, ou seja: crime. Mais que isso, trata-se de enganar milhares de pessoas com informações falsas e intenções comerciais conseqüentes de uma grande irresponsabilidade e falta de respeito à informação. Por isso, deve-se tomar o máximo de cuidado com os exageros que são ditos todos os dias, principalmente quando as informações dizem respeito ao fim do mundo.
Recentemente, muitos místicos e contatados afoitos têm se dedicado a revelar que o mundo está prestes a acabar, e que isso deverá acontecer antes do ano 2000. Tudo, porém, são apenas suposições, que infelizmente não podem ser afirmadas nem desmentidas. Até quando o homem persistirá nesta dúvida? Haverá mesmo um momento decisivo para a Humanidade? Será esse fato a vinda de um Messias ou um encontro com seres extraterrestres?
UM OLHAR ANTROPOLÓGICO: O MITO
Em Antropologia, uma das funções do mito é explicar ao indivíduo o inexplicável e justificar o injustificável. Ele existe para suprir o imenso vazio existente dentro de cada ser humano, um vazio sem razão de ser, um universo que precisa ser preenchido com verdades muitas vezes absolutas, li assim é concebido o mito, oriundo da necessidade de completude humana. Sob um olhar antropológico mais ortodoxo, quaisquer tipos de entidades sobrenaturais, como deuses, anjos, bois-tatá, lobisomens, mulas sem cabeça e visitantes extraterrestres, assumem efetivamente uma função mítica na sociedade.
Geralmente, o mito transcende a temporalidade, pois está presente em todas as épocas e sociedades, embora de formas diferentes. Está ligado diretamente à experiência individual e social de cada povo, presencia-se no cotidiano, regulando as castas sociais e dando respostas ao que não pode ser explicado. E um elemento eminentemente empírico, que surge no dia-a-dia pois, como explicou Carl Jung, “Nihil est in intellectu, quod non antea fuerit in sensu”, ou seja: o intelecto só contém o que passou pelos sentidos e, quanto a isso, o mito é extremamente sensorial.
Sobre isso, Jung, com sua Psicologia do inconsciente coletivo, e muito esclarecedor: “Parece que o inconsciente flui em torrentes para dentro de nós, vindo de fora sob a forma de percepções sensoriais. Nós vemos, ouvimos, apalpamos e cheiramos o mundo e, assim, temos consciência dele. Estas percepções sensoriais nos dizem que algo existe fora de nós [Editor: e do nosso mundo também], mas elas não nos dizem o que seja isto em si. Este mundo tem uma estrutura altamente complexa. Não que as percepções sensoriais sejam algo simples, mas sua natureza complexa é menos psíquica que fisiológica. E o pensamento que nos diz o que a coisa é em si”.
O mito também é algo passível de evolução. Sua dialética é intrínseca ao tempo e, conseqüentemente, à cultura. Povos primitivos conceberam mitos de acordo com suas neces
sidades de completude, de forma que os totens, os deuses, as divindades representativas do bem, do mal, dos astros, da terra e demais elementos do cotidiano iam surgindo simultaneamente às indagações humanas sobre tais elementos. Com as inúmeras evoluções científicas da História, muitos mitos perderam seu valor, saindo de cena e dando lugar a outros.
Quando se trata de mito, a imaginação pode se libertar, pois o mito não está preso aos paradigmas de forma e espaço existentes. Em vários casos, os deuses, por exemplo, têm imagem antropomórfica, não se distanciando dos modelos humanos, isso é uma forma de fazer com que o homem se assemelhe ao divino, é uma ponte, uma esperança para a perfeição. Por outro lado, existem também as divindades zoomórficas, que cultivam no homem ideais extra-humanos, como o vôo dos pássaros, a força do cavalo, a esperteza da serpente etc [Editor: a serpente alada, por exemplo, é regularmente descrita por abduzidos e contatados como fazendo parte de insígnias que ETs trariam em seus macacões de trabalho, a bordo de suas naves].
Há, ainda, as divindades que não são nem uma coisa nem outra. Assumem outras formas, refletindo as características de seu povo. Um exemplo típico deste caso são os deuses da antiga Suméria, que não tinham forma humana e o símbolo e o símbolo de cada um deles era sempre ligado a uma estrela. Em seus quadros, as estrelas ficavam representadas como as desenharíamos hoje. O singular, porém, na mitologia suméria, é que as estrelas estavam rodeadas de planetas de diversos tamanhos, ou seja: muito antes de Galileu e Copérnico os sumérios já acreditavam numa teoria heliocentrista. As quatro principais divindades sumérias eram o deus Sol (Utu, que ilumina o mundo com raios de luz que brotam de suas espáduas), a mãe Terra, também chamada de Ninhursag (que traz nas mãos um ramo e ostenta na cabeça um buquê de flores), Enki, o senhor das águas e da sabedoria (que faz torrentes de água brotarem de seus ombros) e, finalmente, Inana, a deusa do amor e da guerra. Os deuses da Suméria, embora com forma de astros, tinham hábitos parecidos com os dos humanos: banqueteavam, casavam-se, tinham filhos, possuíam sentimentos como alegria, ódio, caridade etc.
Quando se trata de mito, a imaginação pode se libertar, pois o mito não está preso aos paradigmas de forma e espaço existentes. Em vários casos, os deuses, por exemplo, têm imagem antropomórfica, não se distanciando dos modelos humanos, isso é uma forma de fazer com que o homem se assemelhe ao divino, é uma ponte, uma esperança para a perfeição
Várias teorias da Ufologia postulam que os deuses da antiguidade eram, em verdade, seres extraterrestres, pois além de lerem hábitos moralmente condenáveis (em se tratando de deuses) também faziam viagens in-comuns. Ainda sobre as divindades sumérias, o deus Sol tinha uma carruagem, mas às vezes andava a pé. O deus Tempestade viajava montado numa nuvem, enquanto que o deus Lua possuía um estranho carro.
Ao se observar a evolução da Humanidade, percebe-se que a personificação mítica está sempre ligada ao grau de evolução e complexidade de cada povo ou meio social. Talvez não seja correto dizer que os anjos deram lugar aos astronautas, mas sim que estes dois elementos (de parecido valor mitológico) dividam consideráveis espaços entre as sociedades contemporâneas. Muitos elementos da antiguidade ainda estão presentes entre nós, como os anjos, os querubins e as divindades da natureza mas dividem o seu lugar com mitos da modernidade, tais como santos, gurus, duendes, extraterrestres (de conotação mística ou religiosa).
Até mesmo a ciência ortodoxa acadêmica tem um papel mitológico importantíssimo na sociedade contemporânea. A construção de naves espaciais, a visita do homem à Lua, operações de satélites e outras peripécias fascinam milhões de pessoas. A conquista do espaço exerce uma atração sobrenatural no ser humano, que se vê voltado para algo que está mais alem do seu banal cotidiano. Dessa forma, o mito está presente em todas as sociedades, de forma imperativa e construtiva para a identidade humana.
HOLOCAUSTO: UM MITO DO MEDO
O fim do mundo não e uma simples criação aleatória da mente humana. Ele tem seus fundamentos nos tempos mais primordiais, em que bastava uma forte tempestade para que os povos primitivos pensassem que a ferra estava nos seus últimos momentos. Os tempos mudaram, mas o medo de uma catástrofe de tais proporções ainda existe – e de forma muito mais complexa. Pessoas de todos os lugares do planeta estão se protegendo para tentar escapar do holocausto. Vale de tudo: construir abrigos subterrâneos a prova de explosões nucleares, isolar-se em desertos em busca de paz, interior e respostas para o inexplicável, buscar a salvação através de religiões miraculosas, entre outras.
Não há provas de que o mundo vá acabar logo ou se transformará de maneira abrupta. Não sabemos se será concretizado o chamado Projeto de Evacuação Mundial, que muitos contatados afirmam estar iminente. Sobre a relação dos extraterrestres e um provável Apocalipse, o ufólogo Fernando Cleto Nunes Pereira faz diversas explicações em seu livro A Bíblia e os Discos Voadores. Vejamos alguns trechos do livro de Fernando Cleto:
O PROJETO CRISTÃO
“Teremos elementos para prever como se desenrolará o Projeto Cristão no futuro? Nossa crença repousa em acontecimentos históricos que registram o cumprimento de algumas profecias, feitas num passado distante. Assim, nossa tarefa atual consistirá em separar, das muitas profecias existentes, aquela cujas origens procedem da mesma fonte que inspirou os que escreveram a Bíblia”.
“Depois da ressurreição de Jesus e de sua ascensão — ou seja, depois que Jesus Cristo subiu ao céu em corpo — nos foi dado o Apocalipse (a revelação). Consideramos ser esse o livro fechado da Bíblia, não porque ele tenha sido escrito propositalmente de obscuro, mas sim porque não chegamos ainda aos acontecimentos nele descritos. Cremos que. quando chegar o tempo, quando os episódios apocalípticos acontecerem, então os homens verão a sua linguagem clara, cristalina, perfeitamente inteligível”.
“No capítulo 6, temos os quatro cavalos do Apocalipse: branco, vermelho, negro e amarelo. O cavaleiro que estava montado sobre o cavalo branco tinha um arco e lhe foi dada uma coroa, fazendo-o sair vitorioso para vencer. O que estava montado sobre o cavalo vermelho recebeu o poder de tirar a paz de cima da Terra, e que se matassem uns aos outros. O que estava montado no cavalo negro tinha na mão uma balança. Finalmente, o homem do cavalo amarelo tinha por nome Morte e seguia-o o inferno. Foi-lhe dado poder sobre as quatro partes da Terra para matar a espada, à fome, pela mortandade e alimárias”.
“É importante ressaltar que o livro do Apocalipse registra o número de astronautas que invadirão a Terra nos últimos dias para fazerem cumprir as escrituras sagradas. Apocalipse 9-16: \’E o número deste exército de cavalaria era de duzentos milhões. E eu ouvi dizer o número deles. Por ação deste poderoso exército, quando o sexto anjo tocar a trombeta, morrerá a terça parte dos homens\'”.
INTERPRETAÇÃO PRECIPITADA E TEMERÁRIA
“Estamos apenas reproduzindo alguns versículos do E Apocalipse, porque entendemos que qualquer tentativa para interpretá-lo agora é temerária, uma vez que acreditamos que suas palavras só se tornarão claras no momento em que os fatos ali registrados se sucederem. O dia e a hora, segundo Jesus, nem os anjos nem Deus sabem, mas somente o pai. Daí não termos a menor certeza no que diz respeito ao Apocalipse”.
“O capítulo 21 do mesmo livro diz o seguinte: E vi um céu novo e uma Terra nova, porque o primeiro céu e a primeira Terra ser foram e o mar já não é\’. Aí está algo fantástico! A nova Terra Prometida não terá mares. Curioso é que nos planetas do nosso sistema solar não existem mares. A Terra é para nossos olhos o planeta mais lindo do sistema devido ao colorido dos seus mares, mesclado com o branco das nuvens”.
“Poderia a vida estar organizada em outro ponto do universo de forma diferente daquela que, como a nossa, tem base no carbono? A Rand Corporation, dos EUA [Editor: Tal empresa é uma corporação com participação conjunta privada e estatal que trabalha em alto nível com espionagem e pesquisa industrial, política e militar], fez um estudo de probabilidade de existência de vida em outros astros, estabelecendo como ponto de partida condições análogas às da Terra, ou seja: as que permitiriam a sobrevivência humana”.
“É importante observar que o conceito de vida, sob o ponto de vista científico, da Rand Corporation é o seguinte: \’Nós concebemos a vida partindo do princípio da estrutura orgânica, isto é, da que se fundamenta em complexos compostos dos quais os principais elementos constituintes são carbono e hidrogênio. Entretanto, já foram obtidos sinteticamente complexos derivados do silício e do boro muito semelhantes aos compostos da Química Orgânica. Não seria assim pueril imaginarmos a possibilidade de vida à base de tais compostos, capazes de resistir a temperaturas e pressões muito superiores às terrestres\'”.
“Assim, com base em dados científicos, podemos admitir que nossos visitantes espaciais tenham uma constituição celular organizada deforma diferente da nossa. E bem possível que estes visitantes, os super-humanos ou anjos, sejam criaturas com capacidade para suportar temperaturas e pressões muito maiores do que suportamos. Quanto às estrelas que cairão dos céus no fim dos tempos, seriam elas artificiais? Vejamos o que nos diz o Sermão Profético, segundo São Mateus, 24: 30 e 37: \’E então aparecerá sinal do filho do homem no céu; e então todos os povos da Terra chorarão e verão o filho do homem, que virá sobre todas as nuvens do céu com grande poder e majestade. E assim como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do filho do homem\'”.
“Já em Mateus, 13:27, há o seguinte: E então aviltará os seus anjos e ajudará os seus escolhidos de todos os quatro ventos, desde a extremidade da Terra até a extremidade do céu\’. Pouca gente tem coragem de se aprofundar nos horrores do Apocalipse. Mas se considerarmos o que está ali previsto, teremos que concluir que não há salvação para a carne. Vejamos, por exemplo, o que registra o capítulo 16: \’Derramou também o segundo anjo o seu cálice sobre o mar e este se tornou sangue, como de um morto, e morreu no mar toda a alma vivente. E o terceiro derramou seu cálice sobre os rios e sobre as fontes de água, e estas se converteram em sangue. E o quarto anjo derramou o seu cálice sobre o sol e foi-lhe dado o poder de afligir os homens com ardor e fogo. Derramou igualmente o quinto anjo o seu cálice sobre o trono da besta e o seu reino tornou-se tenebroso”.
Seja como for, a Bíblia e seus diversos livros já foram exaustivamente examinados a luz de várias correntes de pensamento, algumas até muito bem intencionadas, outras nem tanto. Dessa forma, é também acentuadamente temerário fazer aqui qualquer tentativa de interpretar esses trechos, mesmo porque eles receberão do leitor sua própria interpretação. Talvez seja exatamente essa a moral da história: cada um deve interpretá-la de acordo com suas próprias possibilidades. Quem viver verá…