O posicionamento editorial da Revista UFO, como podem testemunhar os leitores, sempre foi o mesmo e imutável desde sua fundação: abordar os fatos concretos e reais da problemática que envolve os objetos voadores não identificados e seus tripulantes, separando-os do amontoado de absurdos, extravagâncias e exotismos que a disciplina ufológica infelizmente atrai. Dentro deste princípio, que a muitos pode parecer representante da chamada “Ufologia Cientifica”, temos nos esforçado para manter os pés no chão – principalmente quando as circunstâncias e os fatos nos parecem por demais convidativos. Pode ser constatado facilmente que a linha de artigos, comentários e traduções que UFO e suas séries paralelas, UFO Especial e UFO Documento, publicam é oriunda dos segmentos mais reconhecidos e realistas da Ufologia Brasileira e estrangeira. Nossos autores, consultores e colaboradores são todos, sem exceção, provenientes das melhores áreas de estudo e investigação do fenômeno UFO.
Redundância absolutamente desnecessária e retrógrada
E por quê UFO adota esta linha? Por várias razões, mas a principal é o fato de que, como veículo oficial da maior organização de Ufologia deste país e do mundo, e como a única revista sobre o assunto no Brasil, temos a absoluta e ininterrupta responsabilidade de orientar a população quanto ao fenômeno UFO. Se fizéssemos nosso trabalho alicerçados em fatos fantasiosos, místicos ou ainda alheios ao racional, estaríamos certamente levando uma imensa legião de interessados e leitores, sem contar os estudiosos, a conhecer equivocadamente o Fenômeno UFO. Assim, como uma espécie de “porta-voz da Ufologia Brasileira” – afinal, cerca de 90% de todas as pessoas ligadas de uma forma ou de outra a Ufologia, em nosso país, são associados do CBPDV -, temos a responsabilidade editorial e ética de promover uma discussão sadia e concreta sobre a fenomenologia ufológica, sem desvaneios, sem subterfúgios, sem interesses outros que descobrir e expor a verdade. Aliás, o Fenômeno UFO já é tão fantástico em si mesmo que se torna desnecessário, para cidadãos de bons costumes e mentes sãs, criar outras fantasias para tentar enriquecê-lo ainda mais. Isso é o “supra-sumo da” redundância, mas, infelizmente, tem ocorrido no Brasil – e abundantemente!
Além de sermos a maior organização ufológica existente, o CBPDV tem uma postura absolutamente profissional quanto à Ufologia. Com essa premissa, além de atuarmos decisivamente em praticamente tudo o que se faz no assunto, neste e noutros países, dedicamo-nos a observar o que é realizado por outras organizações e ufólogos independentes. Esse é um hábito também sadio, pois nos permite ter uma visão completa da movimentação global na área – e temos instrumentos, abrangência, funcionários e, principalmente, associados para realizar tal tarefa. Praticamente nada ocorre no Brasil, em questão de Ufologia, sem que tomemos conhecimento ou parte. Assim, temos o privilégio de acompanhar bons trabalhos sendo desenvolvidos e apoiá-los de todas as formas possíveis; mas, na mesma proporção, temos a infelicidade de ver trabalhos absolutamente perniciosos à Ufologia sendo realizados, tais como os publicados em nossa última edição (nº 16, “Trigueirinho, a maior farsa da Ufologia Brasileira” e artigos seguintes), o que nos obriga a emitir opiniões desfavoráveis e até críticas, na esperança de erradicá-los. Igualmente, por fim, com nossa vasta estrutura temos a chance de ver o que a imprensa regular (não especializada) publica ou transmite sobre os UFOs. Nesse ponto, nossos comentários poderiam ser bem mais negativos e desfavoráveis, visto que esmagadora maioria do que tal imprensa divulga no campo ufológico, em nosso país, pode ser considerado praticamente um lixo.
Falta de intencionalidade ou razões inconfessáveis?
Talvez não haja intencionalidade em publicar-se ou transmitir-se matérias sobre os UFOs com conteúdo pobre ou infame, mas o verdadeiro jornalismo tem como premissa básica a checagem dos fatos previamente à sua exteriorização ao público. E mais ainda, o verdadeiro jornalismo deve partir do princípio de que deve ser publicada ou transmitida matéria de interesse, baseada na realidade, e de algum valor para a sociedade, que será receptora (leitores ou telespectadores). É uma regra simples, mas parece ser complicado segui-la nas melhores redações de jornais e revistas e redes de TVs do Brasil. É assim que vemos absurdos no dia-a-dia de nossas melhores TVs e nas páginas de nossos melhores jornais e revistas. O trabalho de alguns desses veículos chega a ser tão pobre e sem utilidade, sem falar que são contrários à questão ufológica, que nos perguntamos que interesses – certamente inconfessáveis – os levam a adotar tal sistemática. Os melhores veículos diários e semanais de nosso país se enquadram nesse questionamento. Vejamos alguns exemplos recentes:
1. O programa Jô Soares Onze e Meia é um dos melhores – senão o melhor – em seu gênero já realizado no Brasil. Suas entrevistas sobre quaisquer assuntos são excelentes, mas nunca quando o assunto ê Ufologia… Só para se ter uma idéia, recentemente o Jô Soares convidou uma astrônoma e estudiosa do efeito “Big Bang”, uma moça até jovem, que está se especializando nos EUA e apresentou-se no programa afirmando “que não existe nada de científico ou comprovado sobre os discos voadores”. Oras, como pode uma pessoa com tamanha cultura, como parece ser o caso da entrevistada, ser tão ignorante a respeito de um assunto essencialmente atual e Incontestavelmente comprovado. Pior ainda: como pode um entrevistador como Jô Soares permitir que a discussão sobre tal assunto seja de tão baixo nível. Noutra situação dessas, Jô entrevistou o atual ministro da Aeronáutica, Sócrates da Costa Monteiro, que afirmou que “em toda sua vida militar jamais havia sabido de alguma coisa que comprovasse que os UFOs existissem”. Oras, o ministro da República mentiu publicamente e o entrevistador deixou por isso mesmo. Evidentemente, mandamos uma carta à produção do programa, contestando tais entrevistas.
2. O programa Documento Especial, que a Rede Manchete leva ao ar todas as sextas-feiras, também é um excelente trabalho jornalístico, sempre apresentando questões polêmicas e de interesse para a comunidade. Mas, quando o assunto é UFO, é impressionante com o trabalho de sua equipe torna-se superficial e simplista – sem contar os inúmeros erros que contém. No final de setembro, dia 27, o programa repetiu a apresentação de um trabalho anterior, já mostrado em junho e com pouco mais de meia-hora de duração. Nele, ufólogos seríssimos foram colocados junto de seitas que propagam a salvação da Terra por ETs; teorias absolutamente competentes sobre a origem dos UFOs foram abordadas em melo à retórica
de que o assunto é boa fonte de “contatos financeiros imediatos” para quem a ele se dedica, etc. O excepcional trabalho de Marco Antonio Petit, os criteriosos estudos de Claudeir Covo, o prestigio de Irene Granchi e outras pérolas da Ufologia Brasileira, por exemplo, são abordados apenas como um apêndice do que o programa caracterizou como “um movimento”, do qual também fazem parte visionários, charlatães, picaretas e outros auto-denominados “espíritos ascencionados” que portam estandartes com mensagens pseudo-ufológicas pelas ruas ou que se sentam em ritual para ver ser se baixa algum ET. Lamentável… Mas a direção do programa também recebeu carta nossa.
3. A revista Veja, sem qualquer dúvida, é a mais competente, abrangente e lida publicação informativa brasileira. Mas pisou fero na boa em sua edição de 18 de setembro último. De Lima leviandade sem paralelo, a revista publicou uma matéria ridícula – também veiculada na TV, já que se originou de agências internacionais: “Círculos fechados”. Nela, a revista dava “por encerrado” as discussões sobre os fantásticos, enigmáticos e absolutamente desconcertantes círculos ingleses – “forjados por dois velhinhos, que teriam Inventado a trama toda”, segundo publicou! Oras, como encerrar uma discussão que nunca começou? Veja nunca publicou nada de profundo (ou mesmo raso) sobre os círculos, que são considerados até pelo Reino da Inglaterra como o maior desafio científico da década! Nada! Mas, mesmo assim, publica uma matéria superficial, supostamente explicando como os círculos eram feitos. Só esqueceu de dizer que, de 1980 para cá, mais de 10 mil círculos foram descobertos, que alguns têm mais de 200 metros de diâmetro, que muitos são conjuntos de dezenas de círculos e anéis juntos, que outros não são mais círculos, mas triângulos, trapézios, retângulos etc. A revista também esqueceu de pesquisar e publicar que tais círculos não são mais restritos exclusivamente ao sul da Inglaterra, mas que já surgiram em abundância nos EUA, no Canadá, México, França, Itália, Japão, URSS e até no Brasil – como os velhinhos citados em Veja como responsáveis pela fraude conseguiriam tais proezas, a revista também esqueceu de se perguntar ou responder… Também esta revista mereceu uma carta de nossa equipe, colocando pingos nos “is” (Editor: veja box nesta edição).
4. Por fim, como um último exemplo, citamos a revista feminina de variedades Marie-Claire, de setembro último e com linda capa de Isabella Rosselini. Nesta publicação, sob o título “OVNIs, Eles são do outro mundo”, foram publicados depoimentos de ufólogos de grosso calibre e tiro certeiro da Ufologia Brasileira, como o já citado Claudeir Covo e como Luciano Stancka, nosso antigo colaborador. Até ai, excelente. Mas, para por o trabalho a perder, o repórter Wilson Welgl, responsável pela matéria, colhe depoimento também de um ufólogo enquadrado publicamente nas categorias já referidas acima, a dos fantasiosos e exagerados. O ufólogo é um rapaz alegre que se chama Philippe Van Putten e que já foi motivo de gargalhadas em muitos congressos brasileiros onde o assunto é tratado seriamente. Sua declaração à Marie é no mínimo extravagante: “Por mais de uma vez já consegui contato com ETs em Santos, litoral de São Paulo, emitindo vibrações mentais e em correntes de mais de 100 pessoas… 90% de nossas mensagens (aos ETs) tinham sucesso.” Para esse tipo de declaração, a imprensa norte-americana tem um ótimo adjetivo, o “non-sense”, mas a revista não se importou em publicá-lo, como a revista Fatos & Fotos, há mais de 10 anos, publicou que o rapaz já tinha tido, com menos de 20 anos, “mais de 13 contatos diretos com ETs…” Noutra ocasião, felizmente não publicada, o ufólogo disse que via UFOs em cima de sua cabeça quando estava tomando banhos de mar, e que estes faziam a água ao seu redor secar! (Num simpósio de Ufologia recente, o rapaz teve a oportunidade de “atualizar” o placar de seus contatos vibratórios com ETs, até aquela data fixado em mais de 40…) Novamente, é lamentável e triste que a imprensa dê espaço a esses desvaneios.
Fazer distinção entre Ufologia e “Enganologia”
Tudo isso passaria desapercebido, caso tais fatos não fossem por demais gritantes e merecessem ser comentados em UFO. O grande problema com eles é que uma pessoa que assista ao Jô, que assista ao Documento Especial ou que leia a Veja ou a Marie Claire, apenas para nos atermos a estes exemplos, pode simplesmente achar que Ufologia é isso aí! Pode achar – e com todo direito – que não há distinção entre os segmentos que militam na Ufologia e que todos os ufólogos estão trabalhando juntos. Sob este ponto de vista, uma pessoa leiga acharia que está tudo bom, que o trabalho de Claudeir, de Petit, de Irene Granchi, por exemplo, é igual ao de Trigueirinho, da Cultura Racional ou de grupos que invocam ETs em terreiros. Ou ainda, que todos os ufólogos têm 90% de sucesso em transmissões telepáticas a ETs, como o felizardo Philippe… Isso na melhor das hipóteses, pois um número muito grande de leitores de revistas e jornais e de telespectadores de TV têm bom senso e, vendo alguns ufólogos (ou pessoas se passarem por tal) declarando absurdos, consideram que todos os que se envolvem com o assunto, automaticamente, também são loucos ou desequilibrados, o que não é verdade!
A imprensa não especializada não sabe distinguir as coisas e, quando consegue, não se esforça para mostrar os vários lados da moeda, prestando, assim, um desserviço à Ufologia. E insistimos: isso deve ser energicamente combatido, sob o risco de termos que perder o pouco espaço e reconhecimento que adquirimos junto à sociedade em 40 anos de atividades ufológicas. Nosso papel, como a única revista especializada em Ufologia no Brasil, é orientar as massas e patrulhar os segmentos perniciosos que tentam, muitas vezes com sucesso, misturar-se ao que de sério existe no setor. Lutamos contra isso diuturnamente, mesmo que isso possa representar ferir suscetibilidades ou brios, pois há muita coisa acima das posições pessoais de cada um. Mais ainda, fazemos nosso trabalho de “vigilantes” conscientes, plenamente, de que isso pode fazer com que percamos leitores, assinantes e associados, mas assumimos o ônus movidos pela força de nosso caráter pessoal e de equipe. Se fôssemos favoráveis e déssemos espaço às extravagâncias da Ufologia, certamente venderíamos mais revistas e ser íamos mais fortes contra as dificuldades do dia a dia. Mas, insistimos ao leitor, nossa consciência fala mais alto que a posição de nossa conta-corrente e um trabalho sério e imparcial é nossa principal prioridade.