Para alguns poucos e bem-informados ufólogos deste país, não é segredo algum que a Força Aérea Brasileira (FAB) regularmente capta em suas telas de radar e manda seus caças a jato perseguirem e interceptarem UFOs em território nacional, embora negue terminantemente que isso aconteça. Mas, isso tem ocorrido já há muito tempo em nosso país (para não falar de outros, onde começaram a ocorrer em 1945), como podemos acompanhar através de informações e documentos reservados que eventualmente rompem a barreira de sigilo dos muros dos quartéis e das bases aéreas do país e, por intermédio de alguns abnegados informantes, chegam ao nosso conhecimento.
No entanto, a grande maioria da população brasileira nem sequer desconfia que nossas Forças Armadas estejam envolvidas em algo do gênero. Boa parte de nosso bom povo, aliás, simplesmente não tem a mínima idéia de que algo chamado UFO exista; outra parcela de nossa sociedade, essa um pouco mais informada, já ouviu falar sobre o assunto ou leu alguma coisa sobre a questão, mas não lhe dá muita importância, principalmente por nunca ler havido um processo de divulgação didática a respeito, em escala nacional; e, por outro lado, há também um bom número de cidadãos – algo perto de 0,1 % da população brasileira – conscientes da problemática ufológica, que gostariam até de conhecer mais sobre o assunto, mas não têm acesso ao que de mais atual existe sobre ele. Num país de Terceiro Mundo como o Brasil, com tamanha recessão e brutais desníveis sociais, com alarmantes níveis de corrupção e indiferença aos direitos mais naturais do ser humano, os UFOs estão muito longe de representar uma prioridade.
A Aeronáutica brasileira se preocupa com os UFOs
Entretanto, nossas Forças Armadas parece que nunca se descuidaram do assunto, mantendo-se constantemente atualizadas e preocupadas com a questão, e realizando seus regulares rastreamentos desses objetos em nosso céu, embora não ousem expor a questão ao público. Detectar UFOs nos radares do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) – entre tantas outras estações de radar dos principais aeroportos do país – já passou a ser um fato corriqueiro desde que o órgão completou sua segunda semana de existência, já há muitos anos! Mas, as perseguições destes objetos por caças F-105, F-103 e Mirage (entre outros) já é algo mais recente, delicado e sofisticado para nossos oficiais e as altas-cúpulas – o que significa, evidentemente, que serão mantidos sob sigilo ainda mais cerrado.
Pois há muitos anos temos tido a oportunidade de conhecer fatos como esses, as vezes oficialmente, as vezes oficiosamente e as vezes através de alguns”amigos” que temos dentro de determinados departamentos e que se simpatizam com nossa “causa”. Não é mais segredo, por exemplo, que a FAB tenha criado, dentro de suas próprias instalações no 4º Comando Aéreo Regional (COMAR), no bairro de Cambuci, em São Paulo, uma organismo especializado na pesquisa ufológica: o Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (SIOANI). O fato Inusitado ocorreu sob os auspícios da cúpula da Aeronáutica brasileira em plenos anos negros da ditadura militar, em 1969. Porém, se não é mais segredo que este órgão trabalhou ativamente (e camufladamente) até 1972, quando passou a ter outra estrutura, outro nome e diretoria, além de sede nova em Brasília, não foi por obra dos últimos comandos da FAB, mas sim porque o Centro para Pesquisas de Discos Voadores publicou estampadamente, em sua edição número 2 da extinta revista Temas Avançados, de maio de 1987 (uma das publicações antecessoras de UFO), vários documentos a seu respeito, entre telex sigilosos trocados entre bases aéreas que auxiliavam o SIOANI, cartas e relatórios de investigação e até a íntegra de 2 dos boletins editados pela entidade.
A publicação de todo esse material na referida revista havia sido oficialmente solicitada pelo CPDV ao 4º COMAR, já em 1984, ou seja, 3 anos antes! O chefe do COMAR, além de não deferir o pedido, ainda “sugeriu” que não divulgássemos seu conteúdo, como ele mesmo escreveu em sua carta, “de forma a evitar embaraços desnecessários”. É óbvio que a advertência não funcionou, tanto que, assim que pudemos, publicamos a íntegra de nossas informações em nada menos do que 24 mil exemplares da edição. Nossa atitude foi tomada porque achávamos (como continuamos achando) que a população devesse saber que nossas Forças Armadas se preocupam com a questão. Aliás, esta preocupação vem de pelo menos 15 anos antes que o major-brigadeiro José Vaz da Silva oficializasse o SIOANI. Em 1954, o Estado Maior brasileiro (EMFA) reuniu-se em diversas sessões para estudar, debater e decidir o que fazer em relação assunto.
Nessa ocasião, no entanto, houve mais bom-senso por parte de nossas autoridades militares – encabeçadas pelo coronel-aviador João Adil de Oliveira – e o assunto foi, até um nível desejado, colocado ao público, principalmente através de edições especiais da revista O Cruzeiro.
Seguindo a cartilha da geopolítica dos EUA
Sabemos que atitude e preocupação do governo brasileiro quanto aos UFOs começou cedo, mas por quê? Por qual razão um país com a insignificante representatividade que o Brasil tinha em 1954 iria interessar-se pelos UFOs? A resposta é simples: o Brasil, assim como outras nações terceiro-mundistas da época (e até hoje) rezava pela cartilha geopolítica dos Estados Unidos. Foi nesse período que se convencionou dizer – e as autoridades tupiniquins pareciam concordar – que o que era bom para o “Big Brother” tinha que ser bom para nós. Oras, com a evolução da questão ufológica em todo o mundo, logo no fim da década de 40 e começo da de 50, as grandes potências passaram a dedicar-se à questão, e por razões óbvias! Com Isso, tais nações, e principalmente os EUA, armaram suas redes de coleta de informação ufológica ao longo do mundo, nos países alinhados com sua ideologia. Nesse esquema, o Brasil, o quinto maior país do globo terrestre, evidentemente não poderia ficar de fora – principalmente porque, por um lado, era alvo de maciça incidência ufológica e, por outro, era um aliado manso dos Estados Unidos!
Oficiais brasileiros começaram a freqüentar determinadas bases aéreas e quartéis norte-americanos, onde aprendiam Ufologia “política” e conheciam os sistemas que usariam para coletar e transferir informações para o Big Brother. Assim, após as peripécias do EMFA e do coronel Adil, lá nos idos de 1954, a posição brasileira foi mudando cor, sempre Influenciada pelos EUA, fazendo o assunto UFO migrar de sua condição
de parcialmente público para completamente reservado. A questão ufológica virou top secret no Brasil, culminando com a tentativa do SIOANI, em 1969. Curiosamente, certa vez tivemos a oportunidade de contemplar um relatório computadorizado de observações ufológicas em todo o mundo. Esta listagem continha nada menos do que 48 mil casos brasileiros, e isso em 1972. Entretanto, o que mais espanta é que tal listagem não era da FAB, mas sim da USAF, a poderosa Força Aérea dos EUA, que abrigava as comissões ufológicas daquele país! Arrisco-me em dizer que hoje, em 1991, todos os casos brasileiros nas mãos dos nossos grupos e ufólogos civis, se colocados num mesmo balaio, não atingem 20 mil. Como a USAF poderia ter 48 mil há 20 anos atrás, sem a ajuda de nossos prestimosos oficiais?
Gringos que vinham ao Brasil coletar informações
Só a título de Ilustração, gostaria de acrescentar que quando o SIOANI estava no auge de suas atividades, trabalhando sigilosamente por este imenso Brasil afora, as captações de radar e perseguições com caças passaram a ser sistemáticas, partes da mesmíssima “metodologia de trabalho” com a questão ufológica que os EUA mantinham: primeiro, se aparecer um UFO, confirmá-lo visualmente e pelo radar; segundo, caso possível, designar um caça para identificá-lo de perto; terceiro, constatado ser não identificado, o caça deve forçar o pouso da nave; quarto, não havendo resposta, atirar para derrubar! Essa era a sistemática que, nos EUA, foi empregada e não funcionou muito bem; mas, mesmo assim, foi “incentivada” e praticada em vários países do lado pobre do mundo. Nessa mesma época, quando ocorreram as grandes ondas ufológicas no interior de Minas e São Paulo, as testemunhas freqüentemente recebiam oficiais da FAB juntos de oficiais da USAF, para conversas, cafezinhos e averiguação.
Certa vez um, indignado senhor de 68 anos, testemunha de vários UFOs em Lins, no interior de São Paulo, disse-me que recebeu a visita de dois sargentos da FAB que carregavam a bagagem de um oficial americano. “Era um americanão branco e de 2 metros de altura que fuçou tudo o que podia na minha chácara”, segundo ele. Disse ainda que seus equipamentos eram grandes caixas que “ele abria e tinham um monte de relógios e ponteiros” e que “pesavam uma barbaridade, e o gringo ainda fazia a gente carregar aquilo pra todo canto, como se eu e o pessoal que ele trouxe fossemos seus empregados”. Tirem suas próprias conclusões…
Como se vê, o Brasil tem tradição ufológica: sempre esteve de alguma forma envolvido em atividades de pesquisa e reconhecimento ufológico e, naturalmente, sempre sob a proteção dos EUA. Assim, é óbvio que foi só começarem a ser instalados os primeiros radares em nosso país, na época da ditadura, para que entrássemos na era da eletrônica e passássemos a ter o privilégio de ver UFOs cortando os “escopes” esverdeados das máquinas bisbilhoteiras, desnorteando logo de cara os provavelmente assustados controladores, foi quando os primeiros caças a jato chegaram às nossas bases aéreas, logo passando a perseguir os intrusos que desafiavam nossas altas-patentes. De lá para cá não houve novidade significativa: o sigilo aumentou, os caças e radares passaram a ser mais sofisticados, os oficiais receberam melhor treinamento e a nação continuou acreditando que os EUA mereceriam nossas Informações.
Um caso que agitou a opinião pública brasileira
Um ou outro lance adicionou detalhes à cena, porém, a maioria foi censurada e pouco se soube a respeito. No entanto, casos envolvendo aeronaves civis e comerciais chamaram a atenção do país e não deixaram o assunto morrer, alertando a “mídia” e a opinião pública para o fato de que os UFOs eram coisa séria. O caso do vôo 169 da VASP, de fevereiro de 1982, foi um episódio exemplar. Por um lado, uma experiente tripulação e mais de 100 passageiros confirmaram o UFO – e por nada menos do que umas 3 horas! Por outro – e isso só ficamos sabendo graças à iniciativa do brilhante comandante, o sulmatogrossense Gerson Maciel de Britto (com suas 23 mil horas de vôo à época) – o radar do CINDACTA, em Brasília, acompanhou todo o trajeto do Boeing paulista e do UFO, confirmando sua posição. Isso criou um precedente para que especulássemos dentro de determinados círculos oficiais para descobrir se o fato não era o único. E acertamos! Conseguimos muitos outros depoimentos categorizados que envolvem as autoridades que controlam nosso espaço aéreo – alguns casos são verdadeiramente “de arrepiar”. Mas, ao mesmo tempo em que descobrimos a inegável competência dessa gente com relação ao seu trabalho (afinal, são pagos para isso), tivemos a tristeza de constatar sua imensa competência também em acobertar os casos ocorridos…
Mesmo assim, os vazamentos inundaram a copa cozinha da Ufologia, aquele segmento mais ativo do setor, formado geralmente por pesquisadores e grupos ligado ao CPDV e à revista UFO. Vez por outra, vemos um ou outro relatório “contrabandeado” do interior de algum quartel ou base aérea chegar à nossa mesa. Normalmente, são documentos do tipo memorando ou relatório, quase sempre confidenciais e datilografados de maneira técnica (com incontáveis erros gramaticais). Esses documentos parecem que são xerografados às pressas e às escondidas, por alguém que aprecia o “trabalho-de-formiga” dos ufólogos brasileiros e repudia o cheiro de ranso que tem a censura a este tipo de fato. Infelizmente, alguns documentos chegam até nós ilegíveis, outros não têm grandes novidades para figurar em uma publicação que dispõe de pouco espaço como a nossa, mas outros, por outro lado, precisam ser imediatamente publicados.
Para iniciar esta série de revelações exclusivas que UFO tem recebido já há vários anos, vamos transcrever, abaixo, um documento que acredito ser de grande importância para ajudar a esclarecer e definir a atuação das Forças Armadas brasileiras com relação aos UFOs. Tanto nessa oportunidade, quanto em nossas futuras publicações de material confidencial de origem governamental, confiamos plenamente na capacidade democrática de nossos novos governantes – que agora parecem ser gente mais dinâmica e aberta – em discernir a importância do assunto e em concordar que, ao invés de represálias, a divulgação desses artigos é fundamental para a formação de uma sociedade informada, atual e participativa.
Observação: O documento a seguir foi transcrito do o
riginal em sua íntegra absoluta e mantendo-se fidelidade completa aos seus termos. Assim, os erros gramaticais e de concordância que aparecerão no corpo da matéria foram copiados sem modificação. A indicação caracterizada a seguir refere-se à palavras ilegíveis no texto: (…..). NM significa milha náutica.
Relatório sobre Objetos Voadores Não Identificados em Anápolis.
Confidencial
Dia 28 Abr 82
“As 22:25P, começaram a aparecer no escopo de TA-10, vários alvos móveis, entre as radiais 080/110 graus, todos com proa aprox. de 290 graus. Pela velocidade, dava a impressão de ser uma esquadrilha de helicópteros; como a proa dos alvos convergia para a Base, foi informado ao CPO AN (Ten Alves), que entrou em contato com o Chefe Controlador do COpM (Ten Daltro), solicitando que o JG NG (cap Dantas e cap Paes de Barros), que se encontrava na área Dourada em missão 15P34, retornasse à Anápolis, a fim de verificar o que estava provocando a detecção radar constatada pelo Controle de Aproximação de Anápolis (TABA), já na radial 235 graus, a 8NM de Anápolis. À 30 NM de Anápolis o JG NG foi transferido para TABA, sendo vetorado por esse Controle para cima dos contatos radar; após várias tentativas, o JG NG 2 avistou um dos alvos e, ao aproximar-se, o suposto objeto apagou as luzes, posicionando a perda de contato visual por parte do NG 2. Um dos pilotos do JG NG (Cap Dantas), contudo, informou-me que não conseguiu contato radar ou visual durante 30 minutos de procura. Após o pouso convidei o Ten-Cel Carlos e o Cap Dantas a observar os referidos objetos no radar de TABA, onde puderam ver um alvo bem grande de alguma coisa não identificada.”
“Os alvos continuaram a aparecer nas supracitadas radiais e a desaparecer entre as radiais 260 /290 graus, à 14 NM; algumas informações de contato radar citadas por TABA, coincidiam com as detecções do radar do COpM ( 11 -23), e, devido à essas coincidências, o COpM solicitou que, quando da decolagem do JG AM, para a missão 15P34. fosse realizado sob vetoração de TABA, uma verificação dos referidos contatos.”
“TABA informou que o JG AM (Maj Paulo Cesar e Ten Eduardo), que decolou ás 23:40P, obteve contato radar durante 02 (duas) varreduras com um alvo na posição informada por TABA, sem, contudo, obter (…..).”
Comentário: Nesta primeira parte do documento, vemos os controladores de vôo, operando os radares da Base Aérea de Anápolis, onde são feitos treinamentos com caças a jato, captarem não apenas um, mas vários objetos voadores não identificados. No lance a seguir, os caças que se encontravam em testes próximos, identificados no relatório como JG NG e JG NG 2, foram colocados no encalço dos UFOs, mudando suas posições para tentar identificá-los. Um teve sucesso e o outro não, enquanto os UFOs ainda eram visíveis no radar. O que se passa nos parágrafos seguintes é uma complementação de dados e confirmação dos UFOs.
Dia 29 de Abr 82
“Dia 29 de abril às 04:39Z, o Cap Paes de Barros voltava como NG 2 de uma missão 15P34 (era sua 2º missão como JG NG; a 1º tinha sido com o Cap Dantas, acima mencionada), estava fazendo o (…..) para a pista 06, quando foi alertado pelo controlador para a presença de um alvo não identificado, às 12 hs, sobre o NDB e que, com essa informação, olhou e viu uma luz branca que de vez em quando se apagava, voltando depois a acender. Estavam quase nivelados a 4800 pés, e o JG NG 2, a umas 04NM do ponto de toque. Estimou a distância em mais de 02 NM. O controlador achou melhor fazer a anti-colisão (curva imediata, pela direita, proa 090 graus), mas ainda manteve contato visual com o objeto e que teve a impressão que o mesmo fazia uma curva à esquerda, passando para o lado direito da pista 06, depois de curvar à direita. Fizera uma curva à esquerda, ficou com a impressão de ter entrado às 6 hs do objeto, que agora se afastava de sua aeronave, aparentemente na proa 060 graus. As posições do objeto reportadas para TABA, conferiam com a detecção radar que aquele Controle estava obtendo, se que não pode observar nenhuma forma de objeto, mas achava que deveria ser algo não muito grande e com pequena velocidade.
“Às 02:25P, o COpM obteve um contato radar primário positivo (fator de qualidade 6) no bloqueio de Anápolis. A TWR AN foi avisada e mais tarde, o 3S Odir, um dos operadores deste órgão, informou ao COpM, pelo TP, que, em virtude do aviso, passara a observar de binóculo, o céu, e avistou uma luz amarela, parada, aparentemente com um halo, luminoso à sua volta, tendo a impressão da cor ser diferente das estrelas, não tendo noção da distância que a luz se encontrava. Disse que outros controladores, da TWR e de TABA, também viram a luz e que a maioria, inclusive ele, acharam, no momento, tratar-se de uma estrela. Quanto ao halo, disse que poderia ser provocado por nuvens passando em frente à estrela, embora em outras estrelas observadas, não tenha tido a mesma impressão nem (…..) tal halo luminoso. Informou também, que ficou observando tal luz por cerca de 3 horas.”
“O COpM solicitou a gravação do vídeo referente ao período em que tudo isso se desenrolou e, constatou posteriormente, que o vídeo gravado da cobertura de São Paulo.”
Comentário: Esta parte do relatório indica a realização de um verdadeiro “balé aéreo”, envolvendo caças e um UFO. Quando um caça procedia às manobras de pouso na Base Aérea de Anápolis, o controlador da torre avisou-o sobre a estranha presença e começaram, ai, as manobras, inclusive com risco de acidente, tal a aproximação do UFO ao caça. Tudo o que acontecia com o UFO era observado pelos pilotos e pelo pessoal de terra, que confirmava as manobras com o radar. Depois disso, outras pessoas do controle de Anápolis passaram a presenciar os UFOs, como o terceiro sargento Odir, distinguindo-o das estrelas visíveis. O assunto despertou atenções superiores, que solicitaram cópia em vídeo do material.
2º Aparecimento
“Por volta das 22:15P, dia 29 Abril, o COpM obteve contato radar na radiai 210 graus, à 18 NM de Anápolis, com alguma coisa que se deslocava mas que permanecia mais ou menos dentro dos setores sul, sudoeste de Anápolis, era como contato radar positivo, ora perdendo contato. Tal situação perdurou aproximadamente das 22:15P até às 00:30P. TABA não obteve contato com o radar nas posições referidas.”
“Posteriormente TABA informou estar obtendo contato radar na sua radial 270 graus, à 15NM. O COpM teve contato radar em tal posição, porém, não era um contato positivo (o contato chegou somente até “cadeia”, que não se conseguia transformar em “pista”).”
“Houve ainda um 3″ contato radar que foi acusado por TABA na sua radial 060 graus, à 12NM e que o COpM também obteve. O COpM solicitou a um dos F-103 que fazia treinamento de interceptação no nível 300, que fizesse uma verificação nos setores S/
SO de Anápolis aonde estavam havendo a detecção, porém, nada foi avistado pelo piloto, seja através do radar ou visualmente.”
“Foi solicitado à Sala Técnica, pelo Chefe Controlador do COpM (Ten Ademir) que fosse gravado o vídeo da cobertura de Brasília, à partir de aproximadamente 22:15P, dia 29 Abril. O COpM constatou posteriormente, que não foi gravado o vídeo, conforme solicitado.”
Comentário: Esta foi uma observação menos qualificada e menos intensa que as demais, visto o UFO não ter se aproximado sensivelmente da Base Aérea de Anápolis. Mas, por outro lado, temos a citação nítida de que o comando da referida situação solicitou a um caça F-103 que fizesse interceptação e identificação do “alvo”. Curiosamente, no fim desta parte do documento, notamos a falta de organização do pessoal de terra envolvido, negligenciando uma ordem de gravação em vídeo das manobras realizadas.
3º Aparecimento
“Às 22:47P, dia 30 de abril, TABA informou que tinha contato radar entre as radiais 125/135 graus de Anápolis, mantendo proa 280 graus, em rumo de colisão com o FAB 2305, que estava na aproximação final para a pista 06, à 10 NM da cabeceira. O COpM não obteve nenhum contato radar.”
“Posteriormente TABA informou que o plote radar estava à 01 NM ao Sul de Anápolis, proa 290 graus, velocidade aprox., 100 Kt. TABA solicitou ao FAB 2305, que estava decolando para Brasília, que fosse vetorado rumo ao plote detectado; o Cmt do 2305 nada avistou na região do possível encontro (radiai 250 graus, 10NM), a 6000 pes. Tendo instruído o retorno para Brasília, no FL 070, proa 070 graus, ao FAB 2305, TABA detectou um outro eco radar quase na mesma posição original do eco anterior, proa 265 graus; quando passaram lado a lado, a tripulação do FAB 2305 avistou uma luz branca intermitente (às 03 hs do FAB 2305, 04NM).”
“Segundo TABA, a maior parte do tempo, o deslocamento dos objetos (cerca de 09 (nove)), era no sentido Este/Oeste, e que os contatos radar com os mesmos, permaneceram ate um pouco antes da meia-noite. O COpM não solicitou gravação de vídeo, porque não obteve um contato radar positivo com os objetos.”
Comentário: Esta é uma das partes mais espetaculares do relatório confidencial de Anápolis, pois envolve manobras delicadas em que um avião da FAB voa lado a lado com um UFO, permitindo à sua tripulação a observação do fenômeno e, pelo que tudo indica, por um bom tempo. Mais interessante ainda, foi que os radares (de TABA) indicaram a presença de nada menos do que 9 UFOs em suas telas, voando em formação.
4º Aparecimento
“No dia 05 de maio, por volta das 22:05P, TABA detectou um objeto que se deslocava da radial 115 graus, proa 270 graus aproximadamente, distância de 03NM e que sumiu na radial 250 graus, mesma proa, à 13NM.”
“No mesmo intervalo de tempo, inúmeros outros ecos, surgidos na mesma posição, sentido Este /Oeste, velocidade reduzida, brilho 3/2, cruzavam o eixo Imaginário da pista 06, de tal modo que se pelo menos 03 (três) foram detectados também pelo radar PAR e sua altitude média foi de 5700 pés.”
“Observando-se no COpM a gravação de nosso vídeo, não se nota nenhum contato radar positivo, semelhante ao reportado por TABA Todavia, o COpM constatou que houve uma detenção bastante positiva do LP-23 sobre alguma coisa que se deslocava no rumo Oeste com velocidade de cerca de 40 Kt, sem indicação de altitude. Tal contato teve Inicio na radial 300 à 03NM de Anápolis e terminou na radial 266, à 23NM, havendo uma breve perda por volta das 8NM de AN (radial 250 graus), contato esse que teve uma duração de 30 minutos.”
“Também o COpM, teve um outro contato radar positivo com outro objeto que também se deslocava ao rumo Oeste, com velocidade aproximada de 30 nós (observada no controle direto). Tal contato teve início na radial 230 de AN à 3NM e terminou na radial 250, à 5NM.”
“Foi solicitado pelo COpM que um piloto do F-103 que regressava à Anápolis, após uma missão de Alerta, que fizesse uma procura visual em determinados setores próximos à Anápolis, afim de verificar a existência de rodovias, ferrovias ou morros nesses setores. O piloto informou que nas radiais 070 e 100 graus de Anápolis, à cerca de 10 NM, existe fios de alta tensão instalados e morros.”
Comentário: O quarto aparecimento parece ter movimentado imensamente a Base de Anápolis; primeiro, um UFO fugidio deixa os operadores de radar em alerta; segundo, vários outros “alvos” são detectados, com brilho de boa intensidade e exibindo-se praticamente em cima da Base, como que para se apresentarem “oficialmente” ao pessoal de terra; terceiro, mais um UFO fica nas telas de radar por 30 minutos, mostrando-se inequivocamente visível. Por fim. mais um F-103 é destacado para acompanhar a ocorrência, sem grandes sucesso.
Conclusão
“Após uma pesquisa precisa (durante os aparecimentos) feita pelos Técnicos de Radar deste DPV, constatou-se não se tratar de pane RADAR. Entre os dias 06-05 /16-05-82, foi plotado em uma representação do “escope”, os objetos não identificados, com sua origem, trajetória e desaparecimento (vide anexo).”
“Dia 12 de maio de 1982 foi realizada uma reunião no CINDACTA, com a presença dos Maj Eng Borges, Cap Eng Pontes. 1º Ten Eng Gerardini, Eng Benjamin e o Asp Of CTA Miguel, a fim de discutir o problema em pauta. Após discussão do problema, foi admitido pelos componentes desta reunião não se tratar de pane RADAR, nem reflexão de objetos móveis no solo.”
“Anápolis. 27 de maio de 1982, (a) João Miguel C. da Silva – Asp Of CTA. Chefe do APP/TWS.”
Documento mostra UFOs invadindo nossos céus
Aí está a íntegra ipsis literis do documento, classificado pelas autoridades envolvidas como “confidencial”. Os fatos que contém são, no entanto, por demais significativos para ficarem ocultos do público, principalmente porque, segundo o aspirante a oficial João Miguel. signatário do relatório, todas as ocorrências se deram com alvos reais, móveis e de comportamento inteligente, não identificados mas de origem provavelmente extraterrestre (essa já é nossa conclusão). Para se avaliar tamanha incidência de UFOs cruzando nosso espaço aéreo sem identificação ou permissão de nossas autoridades, foi até realizada uma reuniã
o no prédio do CINDACTA, em Brasília, onde experts em radar e controle de tráfego aéreo descartaram a hipótese de se tratar de defeito na aparelhagem ou ainda reflexo de alvos terrestres. Só faltou o aspirante Miguel dizer que se tratavam de UFOs, mas isso ficou implícito…
Os relatórios da “plotagem” (descrição em radar das manobras e locais de observação de alvos) dos UFOs também aparecem nessas páginas, e na íntegra: 8 relatórios que deixam absolutamente clara a comprovação visual e instrumental, por parte da FAB, de dezenas de UFOs em nosso espaço aéreo. O que falta, então, para que nossas autoridades admitiam o assunto pública e abertamente?
Em todo o documento, vemos controladores de vôo treinados e capazes, operando radares sofisticados em perfeito funcionamento, captarem não apenas um, mas diversos objetos voadores não identificados. Vemos caças supersônicos, pilotados por oficiais gabaritados e experientes, se entravarem em manobras de interceptação para identificação destes “alvos”. Suponhamos que, noutras oportunidades mais bem sucedidas, nossos pilotos e pessoal de terra tenham a chance de verdadeiramente identificar e se comunicar com os intrusos, pois essa é a finalidade de seu rastreamento e interceptação… Quem nos garante que isso já não ocorreu e está sendo mantido sob o mais rigoroso sigilo? Particularmente, não tenho muitas dúvidas a respeito.
Um verdadeiro “show de acrobacias extraterrestres”
O relatório narra claramente que os UFOs realizaram um verdadeiro “show de acrobacias aéreas” em nossos céus, envolvendo vários caças a jato e todo o aparato de defesa aérea nacional localizado no Brasil-Central. Tudo medido, verificado, constatado e inequívoco. Tudo o que acontecia no céu era observado pelos pilotos e pelo pessoal de terra, que confirmava ainda com o radar. O que está faltando para que se admita, então, tais fatos para a sociedade brasileira? Mais comprovação? Mais confirmação? Será que os UFOs terão que pousar em pleno jardim do Palácio do Planalto, em Brasília, para que nossas autoridades os admitam e Instruam a população quanto ao assunto? Sinceramente, espero que não; espero que a coerência e o dever cívico de manter toda uma nação consciente brote rapidamente no seio de nossas instituições de defesa. Vamos esperar para ver!
A primeira publicação das atividades secretas da Aeronáutica
A Força Aérea Brasileira (FAB) tem uma longa história de ligação com o Fenômeno UFO. Como ê natural, aliás, a qualquer país com autoridades responsáveis, a nossa Aeronáutica também foi designada a formar suas comissões e organismos para estudar, Investigar e conhecer o assunto UFO. Naturalmente, além dos interesses de segurança nacional envolvidos, há o fato de que todas as evidências encontradas pela corporação deviam passar imediatamente ao conhecimento do governo brasileiro.
Assim, em 1969 a FAB criou, dentro de uma de suas próprias instalações, o 4º Comando Aéreo Regional (COMAR), em Cambuci, São Paulo, o primeiro órgão dedicado á questão ufológica de que se tem notícia em nosso país. Mais ainda, o primeiro órgão no gênero na América Latina, pois a Argentina só seguiria o exemplo alguns anos mais tarde. Esse órgão ficou conhecido como Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados, cuja sigla era SIOANI. Por ter sido fundado em meio à época de repressão, é evidente que suas atividades foram secretas, mas muito indiscretas, por sinal.
Sob os auspícios da cúpula da Aeronáutica brasileira, o SIOANI partiu a campo e passou a organizar seu “staff”, reunindo pessoas de diversas bases aéreas, núcleos de proteção ao vôo (NPVs) dos principais aeroportos brasileiros e, até mesmo, aeroclubes e associações civís dedicadas à Ufologia e à Aeronáutica. O documento que gerou o SIOANI foi uma carta do então major-brigadeiro José Vaz da Silva, comandante do 4° GOMAR na época, e um boletim (o número 01, de março de 1969) que esboçava uma espécie de estatuto e normas diretivas da entidade.
Todos estes documentos podem ser obtidos junto ao CPDV (veja anúncio nessas páginas). Mas, o importante é salientar que, logo em agosto do mesmo ano o SIOANI lançaria outro boletim (o número 02), com informações as mais impressionantes, como análises de contatos de 3° e 4° graus, análises de descrições de ETs por testemunhas oculares e estudos sobre efeitos físicos provocados por UFOs. As pesquisas da FAB, através do SIOANI, eram eficientíssimas e muito minuciosas. Até dados como temperatura e umidade do ambiente, religião das testemunhas, se estas tinham partido político ou mesmo aparelhos de TV, estavam entre as perguntas de um enorme questionário de 19 páginas.
O órgão trabalhou ativa camufladamente até 1972, quando passou a ter nova estrutura, outro nome e diretoria, além de sede em Brasília, onde funcionava como um departamento do Estado-Maior da Aeronáutica (EMA). Recentemente, tivemos informações de que funcionava junto ao Centro de Relações Públicas da Aeronáutica (sigla CEREPA). Porém, pouco antes de falecer, o ufólogo Osni Schwarz contatou o EMA, propondo intercâmbio de informações entre os civís e militares, e recebeu a informação de que o organísmo que agora se preocupava com os UFOs era o Núcleo do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (NU-COMDABRA). Assinando a carta a Osni, o brigadeiro-do-ar Ronald Eduardo Jaeckel, comandante do órgão, ainda o convidava para ir a Brasília conhecer suas instalações. Osni morreu antes disso.
Como a Aeronáutica pesquisa os UFOs no território nacional
O fato de que a Força Aérea Brasileira possui um organismo dedicado aos UFOs não é mais segredo desde 1987, quando o Centro para Pesquisas de Discos Voadores (CPDV) decidiu publicar não só a informação mas também detalhes completos sobre a atuação estrutura e funcionamento deste órgão, o Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (SIOANI).
O CPDV já sabia do fato desde vários anos antes, através de diversos documentos do próprio SIOANI que, de uma forma ou de outra, foram chegando à sua sede em Campo Grande (MS). Era sem dúvida um fato inusitado a criação de um órgão como o SIOANI, e justamente durante os anos negros da ditadura militar, em 1969. Porém, o segredo já não fazia sentido em 1987, quando decidimos publicar o que sabíamos e os documentos que possuíamos. Evidentemente, tentamos nos certificar de que isso não resultaria em represálias que pudes
sem destruir nosso trabalho. Assim, em 1984, 3 anos antes da publicação dos documentos, consultamos a base aérea mais próxima de nós, aqui em Campo Grande mesmo (uma base com muitas histórias de UFOs para contar…).
A Base Aérea de Campo Grande passou nosso ofício ao 4º Comando Aéreo, em Cambuci (São Paulo), onde era sediado o SIOANI, e, em 28 de novembro de 1984, recebemos a resposta do próprio COMAR paulista, assinada pelo chefe interino do Estado-Maior daquela corporação. A carta, de duas páginas, explicava alguns detalhes da “desestruturação do órgão por falta de maiores interesses dos oficiais” e “sugeria” que não divulgássemos sua existência e o conteúdo dos documentos que possuíamos. Como o próprio cel-aviador João Jorge Bertoldo Gla ser, que assinou a carta, disse, “de forma a evitar embaraços desnecessários”.
Mas, apesar da leve ameaça, o Centro para Pesquisas de Discos Voadores (CPDV) publicou estampadamente a matéria numa de suas revistas anteriores à UFO, a Temas Avançados. Em sua edição número 2, de 24 mil exemplares, esta extinta publicação de maio de 1987 continha dezenas de documentos sobre a formação e estrutura do SIOANI, vários telex sigilosos trocados entre bases aéreas que o auxiliavam. algumas cartas e relatórios de investigação e até a íntegra dos 2 dos boletins editados pela entidade.
Não podemos dizer que não recebemos represálias explícitas por nossa atitude, embora passássemos a perder nosso (até então excelente) crédito junto a alguns fornecedores, bancos etc, além de encontrarmos oposição na liberação de empréstimos via FINAME e operações de leasing de máquinas gráficas que pleiteávamos na época Mesmo assim, aqui estamos, vivos e cada vez mais ativos, publicando informações que, com certeza, deixam a Ufologia Brasileira um pouco mais saudável.
Observação: A referida edição número 2 de Temas Avançados. assim como as edições números 1 e 4 da série PSI-UFO, todas tratando da matéria, podem ser obtidas através do encarte das páginas centrais desta edição.