Quase simultaneamente ao feito histórico da nave New Horizons, outro importante achado científico movimentou a astronomia. Em 15 de julho foi anunciado que um artigo, publicado no periódico Astronomy & Astrophysics e assinado por Megan Bedell, da Universidade de Chicago, e pelo professor Jorge Meléndez [Foto abaixo], da Universidade de São Paulo (USP), detalha a descoberta de HIP 11915b, um exoplaneta gigante gasoso em órbita de uma estrela amarela muito semelhante, em tamanho e composição, ao nosso Sol. O sistema dista 200 anos-luz de nós e é interessante devido ao fato de o planeta não só ter tamanho semelhante a Júpiter como estar em posição também muito parecida em órbita de sua estrela.
Pela limitação das tecnologias de observação disponíveis até pouco tempo atrás, boa parte dos 1.934 exoplanetas já confirmados — segundo números do site Enciclopédia dos Planetas Extrassolares [Endereço: www.exoplanet.eu] até 21 de julho de 2015 —, são os chamados “júpiteres quentes”, grandes planetas gasosos situados muito próximos de suas estrelas. A busca por exoplanetas também revelou outras classes de mundos, como os “mininetunos”, pequenos planetas gasosos, e as “superterras”, orbes sólidos como o nosso, mas de tamanho superior. Embora estes últimos possam eventualmente se revelar habitáveis, e vários assim foram descobertos nas regiões que permitem a existência de água líquida de seus sistemas, os astrônomos e exobiólogos consideram que a busca por vida alienígena deveria se concentrar em sistemas e mundos semelhantes aos nossos.
Mundo rochoso
Daí que a descoberta de HIP 11915b se revela de fundamental importância. Por enquanto não foram encontrados outros mundos nesse sistema, mas, pelo espaço entre esse planeta e a estrela HIP 11915, o professor Meléndez considera que é alta a possibilidade de existir um mundo rochoso com tamanho aproximado do nosso nessa região. Ele afirma: “Acho que uma continuação de nosso trabalho vai permitir afirmar que de fato um ‘Júpiter gêmeo’ implica planetas internos rochosos. Ou seja, se mais observações indicarem que o sistema de HIP 11915 não tem superterras ou mininetunos, isso estaria de acordo com as previsões teóricas e deixaria o caminho aberto para a existência de outras terras nesses sistemas”.
O achado também mostra como é fundamental que a participação brasileira no Observatório Europeu do Sul (ESO) seja finalmente definida pelo Governo brasileiro, após sua recente ratificação no Congresso Nacional. A descoberta foi feita utilizando-se o telescópio de La Silla, no Chile, onde está instalado o Buscador de Planetas por Velocidade Radial de Alta Precisão (HARPS). Esse espectrógrafo já contribuiu para o achado de centenas de exoplanetas e é capaz de detectar um desvio no movimento de uma estrela de até 3,5 km/h, causado pela gravidade de um planeta em órbita, no método conhecido como de velocidade radial [Veja artigo a respeito na edição UFO 217, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Mais uma vez está comprovado o avanço inexorável da busca por exoplanetas, e a comunidade astronômica espera com ansiedade para breve a entrada em serviço de novos telescópios, capazes de esquadrinhar esses mundos para encontrar as assinaturas da presença de vida extraterrestre.