A Agência Espacial Européia (ESA) fixou o ano de 2025 como data para enviar a primeira missão tripulada para Marte, um desafio que, por conta do enorme custo e da complexidade, só poderá ser realizado em colaboração com a Nasa que, por enquanto, tem outras prioridades. “Não podemos ir sozinhos. Tem que ser uma missão global, com a participação da Nasa e da Agência Federal Espacial russa”, afirmou Bruno Gardini, diretor do programa Aurora da ESA, que se propõe a pesquisar, a longo prazo, os planetas do sistema solar para encontrar indícios de vida.
Gardini assegurou que este é o desafio aeroespacial mais complexo que a Europa enfrenta, e que esta missão requereria uma verba que poderia variar entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões, uma quantia que a ESA não poderia assumir, já que seu orçamento representa apenas 10% do que a Nasa dispõe. Esta agência espacial, no entanto, não mostrou especial interesse pelo projeto, já que está investindo quase todos os seus esforços e recursos nas missões à Lua, e no primeiro vôo tripulado que os EUA enviarão ao satélite depois de 1972, data em que ocorreu a última missão lunar Apollo.
Por enquanto, e para preparar o caminho para a presença humana no planeta vermelho, a ESA está planejando uma série de missões robóticas que, se forem cumpridas dentro dos prazos fixados, poderiam partir da Terra com destino à Marte em 2013, para que em 2015 comecem a buscar evidências biológicas de vida. O objetivo da missão, denominada “ExoMars”, será descrever, com mais precisão, o entorno biológico de Marte, o que servirá de preparação para futuras missões robóticas e, posteriormente, para a prospecção humana.
Cientistas dos 17 países que compõem a ESA trabalham no desenho e no desenvolvimento da tecnologia da missão, que exigiria uma sonda orbital para Marte e um módulo que descesse no planeta com um veículo 4×4 em seu interior, para explorar a superfície. Gardini ressaltou que esta sonda incorporará um inovador perfurador automático que permitirá, pela primeira vez, recolher amostras do solo, com profundidades que poderão variar entre 1,5m e 2m. “Para encontrar restos de vida é preciso perfurar. Se procurarmos apenas na superfície, não encontraremos nada, pois nada pode resistir nas condições de Marte”, afirmou o responsável da Agência Espacial Européia.
A mais recente tentativa da ESA de chegar ao planeta vermelho foi a chamada “Beagle 2”, que fracassou em 2003, quando desapareceu sem deixar rastros quando iria aterrissar, na fase mais crítica de todo o processo. Gardini sustenta que esse projeto “foi desenvolvido de maneira precipitada, com baixo orçamento, e por um grupo de cientistas que estava pouco supervisionado”, questões que foram superadas na nova etapa da ESA.”Com a experiência se aprende, e há coisas que não acontecerão novamente”, afirmou Gardini.