Rússia e Estados Unidos, as duas maiores potências espaciais do mundo, celebraram o cinquentenário do lançamento do primeiro satélite, na quinta-feira, com um acordo para usar tecnologia russa em missões da Nasa para a busca de água na Lua e em Marte.O administrador da Nasa, Michael Griffin, assinou o acordo de cooperação com seu homólogo russo numa cerimônia na quarta-feira na residência do embaixador dos EUA em Moscou. Cosmonautas e astronautas participaram do ato, em que houve também uma saudação gravada no espaço.
Ambas as partes evitaram mencionar sua rivalidade durante a Guerra Fria e os recentes atritos devido ao escudo antimísseis dos EUA, espécie de retomada do programa “Guerra nas Estrelas”, da década de 1980.Em vez disso, preferiram se concentrar na primeira missão conjunta Apollo-Soyuz, em 1975, e na Estação Espacial Internacional, um projeto multinacional ainda em construção.
“Que melhor exemplo para dar aos cidadãos dos nossos países e ao mundo sobre o que é possível se trabalharmos juntos num espírito de cooperação, parceria e amizade?”, disse o engenheiro de vôo da Nasa Clayton Anderson, em mensagem por vídeo transmitida da Estação Espacial. O cosmonauta Alexei Leonov, primeiro homem a caminhar no espaço, participou da cerimônia.
Hoje faz meio século que a então União Soviética lançou o primeiro satélite do mundo, o Sputnik, depois de várias tentativas frustradas de seus rivais norte-americanos. Era o início de uma nova fase na corrida espacial da Guerra Fria. O acordo de quarta-feira, fruto de um contexto totalmente diferente, permitirá que a Nasa use instrumentos científicos russos em missões para detectar a presença de hidrogênio – sinal de água – na Lua e posteriormente em Marte.
“Espero que continuemos a cooperação e que no futuro os cientistas russos e norte-americanos continuem trabalhando juntos em projetos conjuntos que nos permitam explorar a Lua e Marte com sucesso”, disse Anatoly Perminov, presidente da Agência Federal Espacial Russa (RosKosmos), durante a cerimônia. Engenheiros da Nasa pretendem usar a missão do seu Orbitador de Reconhecimento Lunar, em outubro de 2008, para verificar os recursos naturais existentes para uma possível estação permanente, na década que vem.
“O instrumento (russo) Detector de Nêutrons da Exploração Lunar nos permite localizar locais muito específicos em que pode existir água”, disse o cientista da Nasa Gordon Chin a jornalistas.Daqui a pouco mais de dois anos, a Nasa vai lançar o Laboratório Científico Marte, uma missão não-tripulada que pousará em 2010 no planeta vermelho para passar dois anos analisando sua superfície. A mesma tecnologia russa será usada nessa missão.