Em fevereiro último a descoberta do impressionante sistema de sete exoplanetas orbitando a estrela Trappist-1 revolucionou a exobiologia e incendiou a imaginação do mundo. Essa estrela anã vermelha superfria, situada a 40 anos-luz de distância e pouco maior que o planeta Júpiter, tornou-se imediatamente um alvo preferencial na busca por vida extraterrestre. Desde então, as notícias não haviam sido boas, com variados estudos apontando que anãs vermelhas tipo M são por demais ativas, com muitas emissões do tipo flare e banhando os mundos próximos com elevadas doses de radiação.
Como são mais frias e suas zonas habitáveis mais próximas, isso significava que as atmosferas de planetas, mesmo dentro da região habitável, seriam dessa maneira destruídas. Porém, surgiram outros estudos, apontando primeiro que o sistema é mais antigo que o nosso, com uma idade entre 5,4 e 9,8 bilhões de anos. Assim, caso os planetas tivessem se formado em órbitas mais distantes, teriam inicialmente muito gelo de água, e poderiam ainda hoje reter parte dessa camada líquida. A isso vem se somar o recente estudo de uma equipe internacional de cientistas liderada por Vincent Bourrier, da Universidade de Genebra, que utilizou o telescópio espacial Hubble, especificamente seu espectrógrafo de imagens identificado pela sigla STIS, para analisar a quantidade de radiação ultravioleta (UV) que cada planeta de Trappist-1 recebe.
Eles analisaram a luz UV de baixa energia, que quebra moléculas de água em hidrogênio e oxigênio, e a UV de alta energia, que aquece a atmosfera superior e expulsa átomos desses dois elementos para o espaço. Medindo a quantidade de radiação UV os planetas recebem, eles estimaram quanta água os planetas perdem ao longo de estimados 8 bilhões de anos. Eles conseguiram medir o quanto de hidrogênio esses mundos deixam escapar para o espaço, conseguindo então obter uma estimativa de quanta água podem possuir. Os planetas mais próximos, Trappist-1b e c, provavelmente perderam quase toda sua água, medida em termos de 20 conteúdos de oceanos terrestres, sendo atualmente mundos secos e estéreis. Mas os planetas mais externos, e, f, g e h, podem ter perdido somente três totais de oceanos terrestres de sua água.
PESQUISAS SOBRE VIDA ALIENÍGENA EM TRAPPIST-1 IRÃO SE INTENSIFICAR NOS PRÓXIMOS ANOS
Os mundos e, f e g são aqueles que residem no interior da região habitável de Trappist-1, sendo que sua distância até a estrela permite que suas superfícies tenham temperaturas que permitem a existência de água líquida. Conforme exposto acima, caso tenham se formado longe de seu sol e tivessem então muita água no início de sua história, hoje esses mundos poderiam ainda reter muito de seus oceanos, sendo então nos dias atuais habitáveis e com possibilidade de abrigar vida alienígena. Como disse um dos líderes do estudo, Michaël Gillon, da Universidade de Liege: “É provável que os planetas tenham se formado longe da estrela e migrado para mais perto nos primeiros 10 milhões de anos do sistema. Assim, teriam dezenas, talvez centenas de conteúdos de oceanos terrestres, e assim perder 20 oceanos terrestres não seria muito. Assim poderiam ainda reter muita água em suas superfícies”. Espera-se que o telescópio espacial James Webb, a ser lançado em outubro de 2018, possa realizar observações ainda mais detalhadas de Trappist-1 e seus planetas.
Leia o estudo realizado com o telescópio Hubble
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