Há décadas a Ufologia discute se aquilo que nossos antepassados de todos os cantos do planeta chamavam de deuses e de milagres eram somente pessoas de outros planetas usando tecnologia avançada que, para os terrestres de então, surgia como milagre. Mesmo antes de Erich von Däniken lançar seu famoso Eram os Deuses Astronautas? [Melhoramentos, 1969] o assunto já era discutido e pensado por pesquisadores de outros países.
E aqui a questão se amplia quando falamos sobre deuses astronautas: são astronautas só os deuses dos outros ou é astronauta também o grande Deus cristão? Lembrando que a figura de Deus ainda é entendida por muitos como sendo uma entidade concreta e poderosa que tudo criou, que tudo sabe, que tudo vê e que tudo promove no universo. Seria o Deus para quem bilhões de pessoas no Ocidente rezam pedindo proteção e iluminação apenas um ser de outro planeta?
Essas perguntas aparentemente filosóficas têm uma profundidade e, a depender da resposta que se encontre para elas, podemos estar falando sobre a destruição de boa parte dos alicerces da civilização — eles foram montados sobre premissas religiosas que vieram do Judaísmo, que, por sua vez, está enraizado na figura de Moisés e nos Dez Mandamentos recebidos por ele, diretamente de Deus.
UFOs, religião e ciência
Mas se as Tábuas da Lei eram apenas isso mesmo — tábuas com um direcionamento de comportamento para se melhorar o nível civilizatório daquelas pessoas, e não mandamentos ou ordens divinas —, o que essa revelação faria ao mundo? Alguém pode imaginar o que a revelação de que Deus nunca esteve por aqui e nem falou com profeta algum resultaria em países teocráticos?
Essas questões todas fazem parte dos estudos de nosso entrevistado desta edição, que há 50 anos convive com elas de maneira quase cotidiana. Barry Downing nasceu em Syracuse, no estado de Nova York, nos Estados Unidos, em 1938. E apesar de ser um pastor presbiteriano, é um dos maiores defensores da teoria de que os milagres narrados na Bíblia são, na verdade, eventos que tiveram influência extraterrestre — ele também afirma que a religião judaica foi criada por alienígenas. Autor dos livros Biblical UFO Revelations: Did Extraterrestrial Powers Cause Ancient Miracles? [Revelações Ufológicas Bíblicas: Forças Extraterrestres Causaram os Milagres Antigos? Inner Light, 2017] e The Bible and Flying Saucers [A Bíblia e os Discos Voadores. Avon Books, 1968], Downing fez seu doutorado sobre a relação entre religião e ciência, pela Universidade de Edimburgo, na Escócia.
Ele é também bacharel em física pelo Hartwick College e diplomado pelo Seminário Teológico de Princeton. Foi pastor da Igreja Presbiteriana de Northminster, em Endwell, Nova York. Em Edimburgo, Downing estudou com os professores John McIntyre e Thomas F. Torrance e sua dissertação teve o título Implicações Escatológicas da Compreensão do Tempo e do Espaço no Pensamento de Isaac Newton. Além disso, e para a surpresa de muitos, ele é consultor em teologia para a Mutual UFO Network (MUFON) desde 1972 e faz parte do conselho de diretores do Fund for UFO Research (FUFOR).
Downing afirma categoricamente que os alienígenas que começaram a religião judaica eram agentes de Deus, o Deus que criou o universo. “Mas isso é um ato de fé da minha parte. Eu não tenho provas científicas disso”, diz. Em sua opinião, os ETs estão interessados na nossa religião. Segundo ele, “mesmo que imaginemos que os ‘antigos’ alienígenas na Bíblia sejam apenas um bando de caras do espaço sem conexão com Deus, é óbvio que eles estavam muito interessados ??em religião”.
Contato histórico
De acordo com nosso entrevistado, Deus parece reivindicar contato histórico com o passado dos judeus e ele crê que as linhagens da bíblica, sempre descritas nome a nome, são, na verdade, linhagens de abduzidos “Como afirma o doutor David Jacobs, as abduções sempre ocorrem em família”. Quando perguntado sobre como as religiões lidariam se houvesse uma abertura total dos segredos ufológicos, Downing afirma que o Hinduísmo seria a religião que absorveria as notícias da presença alienígena com maior facilidade, dado seu grande panteão. “Mas tenho que dizer que, embora eu seja a favor da abertura ufológica, também percebo que existem riscos políticos e religiosos em fazer isso”, ressalta.
Segundo o pastor, a principal coisa que os alienígenas bíblicos deram aos judeus não foi algum tipo de tecnologia avançada, mas sim um conjunto de mandamentos que estabelecia regras de justiça na conduta humana e regras para a adoração adequada a Deus — essas regras tiveram uma tremenda influência na história humana ocidental, se não desde a época de Moisés, e certamente desde o tempo do prefácio de Jesus. “Se os aliens só queriam influenciar a história humana, parece que conseguiram”.
Quanto a seus embates religiosos, ele afirma não se lembrar de nenhuma crítica ao seu trabalho por parte de líderes judeus, muçulmanos, hindus ou budistas, mas que a maioria delas vem da comunidade cristã e protestante. “Para acreditarmos em um Deus invisível, precisamos de mediadores entre o nosso mundo visível e o mundo divino invisível. Eu acredito que os extraterrestres fazem parte do processo de mediação”, afirma.
Dono de grande conhecimento sobre teologia e Ufologia, principalmente sobre Ufologia Bíblica, nosso entrevistado não é um homem de meias palavras e faz afirmações fortes, do tipo “Jesus era um estranho que foi crucificado”, e afirma que a religião se baseia mais em esperanças do que em realidades. Na entrevista que veremos a seguir, o pastor nos conta muito sobre como as religiões estão estruturadas e sobre qual é o papel da Ufologia dentro delas.
Mesmo para aqueles leitores acostumados às entrevistas reveladoras da Revista UFO, essa com certeza ocupará um lugar especial entre todas, uma vez que as declarações de Downing nos fazem olhar para nossa fé e nossa sociedade com outros olhos e nos levam a questionar até que ponto nós realmente somos crentes ou céticos e sobre o que a presença aberta de alienígenas entre nós acarretaria como consequência pessoal profunda em nossas vidas.
O que o levou à pesquisa ufológica? Quando eu estava no ensino médio, meu pai me trouxe alguns livros sobre discos voadores escritos por Donald Keyhoe. Keyhoe parecia sincero, tinha muitos relatos interessantes e afirmava que o governo norte-americano estava tentando encobrir evidências dos UFOs. Naquela época eu estava planejando ir para a faculdade e me especializar em física. Estávamos no começo do esforço dos Estados Unidos para levar uma nave à Lua, de modo que as viagens espaciais estavam na mente de todos. Mas, embora eu tenha me formado em física pelo Hartwick College, em 1960, minha fé cristã me levou a ser pastor presbiteriano. Assim, depois da formatura, frequentei o Princeton Theological Seminary, em Nova Jersey, ganhando meu diploma em 1963. Durante meus estudos religiosos, tomei consciência do conflito entre a ciência e minhas crenças cristãs. E esse conflito aumentou ainda mais quando um de meus professores disse em sala de aula: “Ninguém hoje acredita na ascensão de Jesus, não é? E se Jesus não subiu ao céu, só podemos supor que seus ossos estão enterrados em algum lugar no Oriente Médio”.
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