Em Assunção, capital do Paraguai, há um populoso bairro chamado Loma Pytá, nome composto por uma parte em idioma espanhol — loma, que significa colina — e outra em guarani — pytá, que significa vermelho —, língua também oficial do país. Com seus aproximados cinco mil habitantes, o bairro está em crescente processo de evolução devido a centros comerciais que surgem a cada instante, modificando a economia local. Apesar disso, Loma Pytá tem um ambiente tranquilo e pacífico, clima que seria quebrado com estranhos e recentes acontecimentos ufológicos. Testemunhas atônitas teriam avistado lá objetos voadores não identificados em situações que modificaram atividades cotidianas — quando se misturou uma sensação de espanto com muito mistério em todo o bairro.
Um caso específico desperta interesse principalmente por dois fatores: a proximidade do acontecimento em relação ao referido bairro e por ter sido fotografado com sucesso e sequencialmente, obtendo-se uma possível prova para sustentar o testemunho dos observadores. As fotos possibilitam uma análise mais aprofundada do evento — ao serem analisadas, permitiram constatar sua veracidade e produziram surpreendentes resultados, baseados na natureza física dos artefatos observados, seus movimentos e manobras, bem como na distância em relação às testemunhas.
Ocorrido de 06 de outubro de 2011, o principal episódio dessa onda ufológica que atingiu a capital paraguaia tem como testemunha central Ulises González Paniagua, um jovem modesto, inteligente e de exímia memória — seu coerente depoimento é de grande importância para a análise do caso. Segundo declarou Paniagua, por volta das 20h00 da referida noite, como de costume, ele jogava futebol em um parque situado entre as ruas Máxima Lugo e Fernando Oca Del Valle, a cinco quadras de um movimentado shopping, quando foi interrompido pelos gritos de sua sobrinha de quatro anos de idade.
Formação de luzes intensas
Assustada, ela dizia ter visto estranhas luzes avermelhadas no céu, com um brilho bastante intenso. A gritaria chamou a atenção também dos outros cinco rapazes que jogavam futebol, naturalmente interrompendo a partida, já que acontecia ali um espetáculo impressionante. Paniagua observou a oeste luzes isoladas de grande magnitude, que surgiram sobre uma casa e executavam movimento de ascensão lento, uma por cima da outra, com pausas de alguns segundos. Seus companheiros também observavam o evento com curiosidade, enquanto o jovem, rapidamente, subia em um dos bancos do parque para fotografar com seu celular o que estava avistando.
Até então eram apenas duas luzes subindo, mas após certo tempo de observação os jovens perceberam, com surpresa, que se tratava de um conjunto de quatro artefatos — outras duas luzes apareceram seguindo a sequência das primeiras. Não pareciam produzir nenhum som, mas mantinham um brilho intenso e ininterrupto. Foi no momento em que as curiosas esferas vermelhas se posicionaram em uma formação que lembrava a letra L deitada que Paniagua conseguiu obter sua primeira foto. Mas, ainda espantado e intrigado com o que via, a testemunha quis fazer mais fotos, a fim de se assegurar do que estava observando e talvez descobrir a natureza daquele fenômeno.
Verdadeiro show aéreo
A segunda fotografia foi feita à distância de 30 m da tomada anterior, e dessa vez foi focada em duas das quatro luzes. Infelizmente, a terceira imagem falha em nitidez, pois, além de já ser comprometida pela baixa qualidade da simples câmera de um celular, ficou com certa trepidação — compreensível para o estado de agitação e nervosismo decorrido do susto pelo qual o observador passava. Mesmo assim, na tentativa de capturar melhor aquilo que visualizava, Paniagua fez ainda uma quarta fotografia, desta vez utilizando o zoom da câmera. Como se sabe, essa ferramenta costuma prejudicar a qualidade da foto, principalmente quando associada à pouca iluminação do cenário noturno. Ainda assim, a análise das imagens é proveitosa para que a realidade do evento seja desvendada.
Na continuidade da observação, foi possível reparar nos detalhes das manobras daquelas quatro luzes anômalas que desfilavam sem cerimônia sobre um bairro altamente populoso. Ainda segundo a testemunha, que se mantinha perto das luzes, a que estava mais acima do primeiro par e a da direita do segundo par retrocederam como que para se aproximarem da que estava mais abaixo. E ainda mantendo a formação de L, continuaram a se deslocar silenciosamente em linha reta por cima das casas, em flutuação rasteira, até desaparecerem a oeste. Para o jovem Ulises González Paniagua era impossível definir o que eram aquelas intrigantes esferas vermelhas. Outras pessoas presentes, que também testemunharam o espetáculo, já faziam suposições que aludiam desde balões com luzes de fabricação caseira até a possibilidade de se tratarem de algum tipo de aeronave. A duração total do evento teria sido de aproximadamente um minuto.
Em entrevista, Paniagua afirmou que as luzes não tremiam nem mudavam de cor — tinham brilho vermelho e constante. Quando perguntado se giravam, respondeu que não deu para perceber, já que a luz que irradiavam era realmente muito forte. “Mas que se moviam seguindo um curso determinado, isso posso dizer”, relatou Paniagua referindo-se aos movimentos integrados anteriormente descritos. Acrescentou ainda, e enfaticamente, que as esferas não davam a impressão de serem objetos que teriam luzes, mas sim de serem elas as próprias luzes.
Investigação de campo
Mesmo antes da entrevista que a testemunha viria a conceder quando da investigação do caso, Paniagua já havia apresentado suas surpreendentes fotografias como provas de seu relato. Convém adiantar que, por meio de uma análise do material, já se concluiu que não houve edição de imagem — o que, portanto, descarta qualquer suspeita de manipulação digital. A primeira foto realmente registra o horário de 19h51, e entre esta e a última imagem se passaram aproximadamente 30 segundos.
Uma vez determinada a validade das fotografias, passou-se à reflexão sobre o que poderia explicar o fato. Uma das hipóteses levantadas, devido à disposição das luzes, é a de que se tratasse de antenas de transmissão, que são ordenadas para evitar um possível choque com aeronaves que voam baixo, funcionando como referência da superfície. Entretanto, ainda antes de entrevistar a testemunha, já havíamos feito uma observação pormenorizada do terreno, sem encontrar qualquer tipo de antena ou aparelho que se parecesse com o que as fotografias mostravam.
Também foi possível examinar o exato local e na mesma hora em que o avistamento ocorrera, para que se pudessem conhecer as condições de visibilidade do lugar, bem como a angulação e a luminosidade da área — a única luz vermelha que se enxergou vinha de uma antena posicionada em outra direção, de modo que o brilho chegava muito fraco. Além disso, o cenário e as casas na direção de tal antena não eram as mesmas que apareciam na foto, o que imediatamente descarta a hipótese. A antena de luzes vermelhas que foi vista com dificuldade pelos investigadores pertence a uma delegacia de polícia que está no sentido sul. Já a casa sobre a qual Ulises e seus colegas avistaram as luzes estava a oeste — do exato local em que as fotos foram feitas, não se viam nem sequer postes de luz por detrás das residências.
Segundo o exame da área e a análise das imagens, descobriu-se que a distância entre os observadores e as luzes vermelhas dispostas em L foi de 60 m, com um ângulo de 25º de elevação. Aplicando-se um simples cálculo trigonométrico, determina-se que a formação estava a aproximadamente 28 m de altura em relação ao chão. Para abrir o leque de hipóteses, o caso foi apresentado a um historiador aeronáutico, hábil no reconhecimento de aeronaves em cenários noturnos, e também a um meteorologista experiente do Centro Meteorológico Nacional Paraguayo.
Se não eram aeronaves…
Luis Sapienza Fracchia, além de ser expert aeronáutico, é curador do Instituto Paraguayo de História Aeronáutica Silvio Pettirossi, na capital, e colaborador de várias publicações de aviação. É também autor do livro La Historia de Las Líneas Aéreas Paraguayas [Editorial Guarani, 2004], entre outros. Interessado no caso, Fracchia organizou uma escala de proposições, refletindo sobre cada uma delas a fim de descartar possibilidades. Dentre elas estavam um balão com luz interna — pelo brilho intenso, a manobrabilidade e sua permanência estável —, e algum tipo de aeromodelo controlado remotamente. Mas não conseguiu chegar a qualquer conclusão.
“Por outro lado, se as luzes avistadas eram de aeronaves, seus pilotos estavam desobedecendo ao Código de Aviação Internacional, uma vez que não apresentavam luzes aeronáuticas padrões”, disse o historiador. Além disso, é importante lembrar que nenhum ruído acompanhou o evento — considerando a curta distância, se fossem aeronaves como as que conhecemos, teriam emitido som de motor ou
de hélice, o que não aconteceu.
O segundo especialista consultado foi o meteorologista Oscar Rodriguez, para analisar o acontecimento por outro ângulo. Mas, após observar as fotos e estudar os depoimentos, Rodriguez concluiu que não se tratava de um fenômeno meteorológico. A primeira hipótese que rapidamente lhe ocorreu foi a de serem fotometeoros — nuvens de cor que atingem um ligeiro brilho quando entram em refração com a luz solar. Mas esse é um fenômeno ótico que ocorre na troposfera somente durante o dia, decorrente da reflexão, difração ou refração da luz solar. Quando acontece uma interferência desse tipo sob a luz da Lua, a alteração é muito mais sutil, geralmente perceptível apenas ao redor do satélite — como um halo e bastante diferente do que foi visto.
Além disso, a descrição que Ulises González Paniagua fez do movimento das quatro luzes vermelhas ajuda a descartar a ideia do fotometeoro e de fenômenos similares, pois não se movem como aquelas esferas e ocorrem em lugares específicos e dependentes das circunstâncias geográficas. Rodriguez descartou a hipótese enfaticamente. Algo que também foi levado em consideração durante a investigação foi a proximidade do local do avistamento ao Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, na cidade vizinha de Luque e a apenas 2,8 km — a formação em L das luzes vermelhas se encontrava em paralelo à sua pista de aterrissagem. Mas, segundo explicações de Rodriguez, mesmo considerando a proximidade com o aeródromo, o fenômeno ainda não se explica adequadamente.
Infrações aeronáuticas graves
Aliás, pior seria se fosse uma aeronave e estar tão perto do aeroporto, o mais importante do país, pois seria uma infração aeronáutica grave. E não sendo uma aeronave, mas um possível disco voador, era algo que poderia estar restringindo a realização de algum pouso ou decolagem ali, obrigando aviões a terem suas manobras modificadas — isso sem falar da penetração não autorizada em área restrita e de segurança nacional.
A investigação do Caso Ulises Paniagua ainda não está encerrada, mas já é possível se concluir que algo muito sério ocorreu sobre Loma Pytá e que não tem origem identificada. Poderia ter sido algum tipo de manobra programada de uma aeronave, que não pôde ser realizada no aeroporto? Mas quem estaria em seu comando e qual seria sua finalidade? Isso as autoridades não responderam. Sabemos apenas que as luzes eram esferoides e intensas, que, pela anormalidade de seus comportamentos, juntamente com a conclusão dos especialistas consultados, não eram nada conhecido e nem muito menos algum fenômeno meteorológico. Assim, ao que tudo indica, eram autênticos UFOs. Mas o que estavam fazendo sobre a capital paraguaia?