Marte é um pequeno planeta frio e distante 56 milhões de quilômetros da Terra. Seu diâmetro é de apenas 6.800 km (a Terra tem 12.700 km) e seu período de translação é de 687 dias. Sua gravidade é tão baixa que uma pessoa que pesasse 70 kg na Terra pesaria apenas 27 km em Marte. Em sua atmosfera há muitas substâncias encontradas também em nosso planeta, como oxigênio, nitrogênio, argônio e uma diminuta quantidade de vapor de água. Mas 95% dela são compostos por dióxido de carbono, um gás tóxico para o homem. Sua superfície é caracterizada por grandes acidentes geográficos e dominada por fortes ventos, que chegam a mais de 200 km/h. O maior pico de Marte, o do Monte Olympus, tem 27.300 m de altura, sendo a maior montanha de todo o Sistema Solar. Para se ter idéia, o monte Everest, no Nepal, mede apenas 8.848 m.
Fácil de ser distinguido no céu noturno, mesmo a olho nu, Marte sempre alimentou a esperança de que fosse habitado por seres inteligentes. Entre 1.877 e 1.890, o astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli descobriu nele estranhas linhas escuras que saíam dos pólos e se espalhavam por todo oplaneta. Na época, acreditava-se que tais canais haviam sido construídos por uma civilização inteligente, para buscar água de seus pólos e levá-la até as áreas imaginadas como sendo habitadas, onde era escassa. Quase um século depois, em 1.965, a sonda americana Mariner 4 sobrevoou o planeta enviando para a Terra imagens de um mundo inóspito, aparentemente inadequado para a vida. Será?
O misterioso Planeta Vermelho continua despertando a curiosidade dos astrônomos, que não encontram respostas para muitas perguntas. Suas luas Phobos e Deimos, respectivamente com apenas 23 km e 10 km de diâmetro, por exemplo, possuem características tão estranhas que é difícil admiti-las como satélites naturais. Muitos pesquisadores de vida extraterrestre afirmam que são satélites artificiais, construídos por uma civilização que existiu em Marte há muitos anos e que agora está extinta. Menos fantasiosa, a grande maioria dos astrônomos sustenta que tais luas são ocas, o que explicaria seus estranhos movimentos. Desde 1.962, 19 missões não tripuladas, norte-americanas ou soviéticas, visitaram Marte, trazendo uma infinidade de informações sobre sua natureza e condições.
Rios Subterrâneos – Em 1.976, as sondas Viking 1 e Viking 2, dos EUA, pousaram na superfície do planeta e transmitiram fotos da área em volta. Analisaram o solo e a composição de sua atmosfera, levando os astrônomos a acreditar que lá já existiram rios e que ainda existe água sob a superfície do planeta. Sondas soviéticas também pousaram em Marte, fazendo descobertas semelhantes. Há evidências muito fortes de que há alguns milhões de anos o clima do planeta permitia o florescimento da vida. Tal teoria é assegurada inclusive pela própria Agência Espacial Norte-Americana (NASA). A tese ganhou força a partir de 1.996, quando cientistas e pesquisadores anunciaram ter descoberto fósseis orgânicos em um meteorito vindo de Marte que teria caído na Antártida há 13 mil anos, embora encontrado apenas em 1.984.
Esta pedra formou-se, segundo acreditam os técnicos da agência, sobre a superfície de Marte e teria sido lançada ao espaço devido ao impacto de um asteróide. O meteorito não passa de um fragmento de pouco mais de dois quilos, batizado de Alan Hills 84001. Vagou por 56,3 milhões de quilômetros e foi atraído pelo campo gravitacional terrestre. “O que sabemos é que em algum determinado momento houve vida em Marte”, revelou em agosto de 1.996 o administrador da NASA, Daniel Goldin. O primeiro cientista a imaginar que Marte tinha luas foi Johannes Kepler, em 1.610. Ao tentar resolver o anagrama de Galileu referente aos anéis de Saturno, Kepler pensou que Galileu houvesse, na verdade, descoberto luas ao redor de Marte. Em 1.643, o monge capuchinho Antonio Maria Shyrl declarou ter realmente visto as luas de Marte. Sabemos agora que isso seria impossível com o telescópio da época.
Provavelmente, Shyrl deixou-se enganar por uma estrela nas proximidades do Sistema Solar. Já em 1.727, Jonathan Swift, em suas Viagens de Guliver, escreveu sobre duas pequenas luas em órbita do planeta, conhecidas dos astrônomos liliputianos. Seus períodos de revolução eram de 10 e 21,5 h. Essas luas foram, em 1.750, usadas por Voltaire em um de seus livros, Micrômegas, que conta a estória de um gigante de Sírius em visita ao nosso mundo. Em 1.774, o capitão alemão Kindermann declarou ter visto a lua – apenas uma! – de Marte, calculando seu período orbital como tendo 59 horas, 50 minutos e 6 segundos. Mas foi em 1.877 que Asaph Hall finalmente descobriu e catalogou Phobos e Deimos. O primeiro orbe está mais próximo do planeta que orbita do que qualquer outra lua do Sistema Solar, a menos de 6.000 km acima da superfície de Marte. E é uma das menores luas que conhecemos. Na mitologia grega, Phobos é um dos filhos de Ares (Marte) e Afrodite (Vênus). Seu nome significa medo em grego, de onde vem a raiz de fobia. O satélite foi pela primeira vez fotografado com precisão pela sonda Viking 1, em 1.977, que descobriu tratar-se de um satélite condenado. Pelo fato de sua órbita estar abaixo da altitude sincrônica, as forças de maré o estão atraindo em direção a Marte. Em menos de 100 milhões de anos ele ou se fragmentará, transformando-se em um anel, ou colidirá com o planeta.
Já Deimos é o menor e o mais exterior dos satélites de Marte, sendo também a menor lua conhecida do Sistema Solar. Na mitologia grega, é outro dos filhos de Ares e Afrodite. Seu nome significa pânico em grego. Acredita-se que, juntamente com Phobos, Deimos tenha sido um asteróide capturado pela gravidade do planeta. Cientistas crêem que ambos os satélites possam ser úteis no futuro como estações espaciais, de onde se poderia estudar Marte, ou como paradas intermediárias nas viagens de ida e volta à superfície marciana.
Como se vê, o quarto planeta do Sistema Solar e suas luas são tema de fascínio para a Humanidade. Tal deslumbre remonta aos tempos mitológicos, na antiga Grécia, onde Marte era Ares e considerado deus da guerra. Conforme Hesíodo, o planeta era filho de Júpiter e de Juno. Juno, invejosa de ter Júpiter tirado Minerva de seu cérebro, quis imitar a façanha e produzir um filho sem o concurso de seu esposo ou de qualquer outro homem. Resolveu dirigir-se ao Oriente, a fim de lá encontrar os meios propícios para tal. F
atigada do caminho, sentou-se ao pé do templo da deusa Flora, que lhe perguntou a causa da sua viagem. A deusa, ouvindo seu desejo, mostrou-lhe uma flor maravilhosa, a qual, pelo simples contato, fecundava qualquer mulher, sem o auxílio de homens. Foi assim que surgia a luz à Marte, que foi confiado a Dáctilos, árbitro dos combates. Ainda de acordo com a mitologia grega, Marte teve inúmeras amantes, mas amava sobretudo Vênus, esposa de Vulcano, que os apanhou em pleno adultério. E teve inúmeros filhos. É o deus da guerra feroz, sangrenta e brutal, ao passo que Minerva é a deusa da guerra estratégica, hábil e inteligente.
Medo e Terror – Os gregos não o veneravam e dizem ser odiado pelas próprias divindades. Os romanos, porém, prestaram-lhe culto excepcional, chegando a ser um deus nacional. Era o pai de Rômulo e Remo, ligados à fundação de Roma. Dizem que sua voz era mais estridente que a de dez mil homens. Os únicos imortais que apreciavam sua companhia eram Éris, a deusa da discórdia, e a amorosa Afrodite, que teve três filhos seus, entre os quais Phobos (medo) e Deimos (terror). Esta ligação também produziu um dos maiores escândalos do Monte Olimpo quando Hefesto, o marido traído por Afrodite, os surpreendeu juntos e os prendeu numa fina rede de bronze, de modo a que todos os deuses pudessem rir de tão obsceno espetáculo. Alguns autores afirmam que as formidáveis Amazonas eram filhas de Ares.
Também na ficção científica Marte aparece de forma intensa. O episódio mais conhecido é o que deu origem ao filme Guerra dos Mundos. No dia 30 de outubro de 1.938, a rádio CBS e suas afiliadas de costa a costa nos Estados Unidos transmitiram a notícia do que seria uma invasão de marcianos. Segundo o escritor inglês H. G. Wells, centenas de marcianos teriam chegado em suas naves numa pequena cidade de New Jersey chamada Grover’s Mill. Era uma brincadeira, literalmente, mas gerou um pânico gigantesco naquele país. Os méritos da adaptação, produção e direção do programa foram para sempre creditados ao então jovem e quase desconhecido ator e diretor de cinema norte-americano Orson Welles. Sessenta e dois anos depois, a ousadia ainda fascina, e a estória do rádio passou a ter um antes e um depois…
O programa foi ao ar na véspera do Dia das Bruxas daquele ano. Usou-se somente sons especiais para dramatizar a tal invasão de marcianos sob a forma de uma cobertura jornalística. Todas as características do radiojornalismo usadas na época – as quais os ouvintes estavam habituados – se faziam presentes na reportagem. Tomadas externas, entrevistas com testemunhas, opiniões de especialistas e autoridades, gritos, a emotividade dos envolvidos, inclusive dos pretensos repórteres e comentaristas, davam a impressão de que um fato legítimo estava indo ao ar em edição extraordinária. A CBS calculou na época que o programa foi ouvido por cerca de seis milhões de pessoas, das quais metade passaram a sintonizá-lo quando já havia começado, perdendo a introdução que informava tratar-se de uma brincadeira.
Invasão de Marcianos – Marte fascina, mas também aterroriza. Pelo menos 1,2 milhão de pessoas tomaram a dramatização como fato, acreditando que estavam mesmo acompanhando uma reportagem extraordinária. Desses, imensa quantidade de gente entrou em pânico, agindo de forma a confirmar os fatos que estavam sendo narrados: sobrecarga de linhas telefônicas, aglomerações nas ruas e congestionamentos de trânsito provocados por ouvintes apavorados tentando fugir. O medo paralisou três cidades e o pânico ocorreu principalmente em localidades próximas a Nova Jersey. Houve fuga em massa e reações desesperadas de moradores de Newark e Nova York, que sofreram a invasão virtual dos marcianos da história. Guerra falsa no rádio espalha terror pelos Estados Unidos, foi a manchete do jornal Daily News de 01 de novembro daquele ano.
Em anos e décadas seguintes, experiências em rádio e, mais tarde, também em tevês reproduziram o que Welles preconizou: a população terrestre ainda não está preparada para saber com certeza que seres de outros mundos visitam nosso planeta, como ocorre com os UFOs. Muito menos que pretendem invadir-nos. Mas há muita gente nesse universo de quase 6 bilhões de seres humanos que pensam diferente. Um grupo muito especial é composto por seguidores da doutrina espírita, para quem Marte é objeto de extrema importância. Segundo muitos autores espíritas, o planeta é um mundo habitado por uma civilização muitíssimo mais evoluída que a terrestre. Lá não existiriam doenças ou crimes, e nem animosidades entre seus residentes. Segundo segmentos da doutrina, a aparência física dos marcianos assemelha-se muito à terrestre, diferindo apenas pelo aspecto predominantemente louro e pela ausência de rugas e marcas de expressão.
Grupos de estudos espíritas em todo o mundo, principalmente no Brasil, sustentam que os habitantes de Marte possuem também leves protuberâncias abaixo dos braços, ao nível dos omoplatas. Tais saliências os ajudariam a andar sobre o solo marciano, cuja gravidade se faz bem menor que a da Terra. A vegetação do planeta seria também bastante assemelhada à nossa, variando apenas na coloração das folhas das árvores, levemente avermelhadas. O transporte de marcianos seria feito quase que essencialmente pelo ar, em aparelhos que lembram carros modernos terrestres de linhas arredondadas. Ainda de acordo com o que a doutrina espírita apregoa, a população de Marte seria composta de homens e mulheres em estado de evolução já desprendido das vicissitudes da matéria.
Apesar da Ciência acreditar em vida apenas microbiana em Marte, os espíritas imaginam que não tardará para ocorrer um contato efetivo, via ondas de televisão, do povo marciano com a população terrestre. Este contato teria a finalidade de ensinar-nos correção moral, especialmente em virtude dos acontecimentos funestos previstos para o fim do atual século. Esse é o âmago das crenças espíritas: por ser imensamente mais evoluída que a da Terra, a civilização de Marte será de grande auxílio para nós no futuro – principalmente porque ambos os planetas são considerados como gêmeos por muitos autores. No entanto, o contato entre as civiliza&cced
il;ões marciana e terrestre ainda não teria sido efetivado em virtude de as entidades que nos governam impedirem sua realização, por considerarem que ainda é cedo para tal contato. Os habitantes de Marte se preocupariam com os destinos da Humanidade terrestre, por ser ela a mais atrasada dos planetas do Sistema Solar.
Ousados autores que seguem tal teoria acreditam que os marcianos possuem toda nossa população recenseada, assim como toda cartografia terrestre registrada. Defendem que nossos vizinhos planetários teriam acesso à História terrestre, assim como às transmissões de televisão e rádio que veiculamos, que usam como fontes de estudo. Inverossímil? Com certeza, pelo menos para os mais ortodoxos. Para estes, aliás, a descrição de como seria a vida em Marte pode parecer ridícula. Porém, também foi considerado ridículo Galileu Galilei, quando cogitou o sistema heliocêntrico em detrimento do sistema geocêntrico de rotação do Sistema Solar, em vigência até então. Assim como diversos outros mártires científicos que foram ridicularizados ao afirmar teorias novas em oposição a antigas. Tudo por falta de visão dos mesmos que ridicularizaram.
Uma das fontes mais inspiradoras para os defensores da vida em Marte seria o espírito Ramatis, que transmitiu ensinamentos aos médiuns Francisco Xavier e Hercílio Maes. Este último, em 1.955, publicou a obra que é considera uma Bíblia sobre o assunto, A Vida no Planeta Marte, que recebeu várias edições desde seu lançamento. Ramatis garante que a Ciência terrestre só tomará conhecimento da civilização marciana às vésperas dos acontecimentos expurgativos previstos para muito breve. Enquanto muitos estudiosos de Ufologia defendem que tudo isso não passa de ilusão, o curioso é que tanto Chico quanto Maes receberam informações idênticas sobre Marte por vias mediúnicas, inexplicavelmente. Ambos alegam que uma avançada civilização espiritual de elevadíssimo grau de evolução resida naquele planeta, e seria responsável por muitas das visitas dos chamados discos voadores à Terra.
Espírito Iluminado – Ramatis seria um ente iluminado na hierarquia da doutrina espírita, tendo parte de sua existência vivido em Marte. Sua obra foi por muitas décadas estimulante para o surgimento de teorias sobre a origem e natureza dos seres extraterrestres que nos visitam. Quando a NASA enviou suas sondas ao Planeta Vermelho, e estas transmitiram fotos do que pareceram pirâmides e até uma esfinge, semelhantes ao que existe no Egito, os seguidores de Ramatis se entusiasmaram – estaria provado que o espírito de luz apregoara. Mas os estudiosos viram nas tais pirâmides e na esfinge apenas restos de uma civilização. Ou seja: quem quer que as tivesse construído, o fez há milhões de anos e não faz manutenção nos monumentos desde então. Estaria extinta a população residente em Marte.
Os marcianos são seres em corpo sutil, em forma de energia e sem matéria, defendem os persistentes espíritas. Pode ser, mas o que se crê mesmo é que os marcianos tenham fugido de seu planeta ao perceberem que algo os atingiria em cheio, talvez um asteróide, talvez a explosão de um quinto planeta, que existiria entre Marte e Júpiter e que teria se transformado no cinturão de asteróides. Se essa hipótese for aceita, uma explosão como a que se descreve seria suficiente para inviabilizar a vida em Marte, cujos habitantes, já imensamente avançados mesmo há milhões de anos, teriam migrado para outro corpo do Sistema Solar. A Terra?
Canalização – Especulações à parte, A Vida no Planeta Marte acaba de ser relançado, reabrindo a polêmica que atiça, de um lado, os cientistas que crêem que o planeta abrigou vida inteligente e, de outro, os espiritualistas e esotéricos que acreditam que a vida naquele mundo não seja material. Para comprovar uma ou outra teoria, ainda temos um longo caminho pela frente. Ainda assim, ufólogos de todo o mundo consideram que Marte pode ser de fato a origem de muitos discos voadores vistos por aqui. Sustentam que provêm de nosso vizinho planetário e que vêm aqui principalmente para estudar nossa Humanidade, com que pretendem ou terão que se relacionar no futuro. Mas nem todos os UFOs que são avistados são provenientes do Planeta Vermelho, admitem os espíritas. Muitos provêm de outros orbes.
Ramatis informa que uma viagem de Marte à Terra nas enormes espaçonaves marcianas, de quase 500 m de comprimento, não dura mais do que uma semana. “No entanto, o que os terráqueos avistam em seus céus são apenas ‘naves de reconhecimento’ ou de ‘alta gravidade’”, explica. Estes objetos seriam pequenos bólidos que servem apenas para explorar o planeta dentro de sua gravidade. Mas, se realmente existe vida superior em Marte, por que não conseguimos encontrá-la quando lá pousaram as sondas russas e norte-americanas? Os espíritas explicam que as imagens desérticas fornecidas por tais sondas e estampadas na Imprensa mundial são manipulações holográficas, feitas pelos marcianos. Eles teriam criado isso para proteger-se da belicosa civilização terráquea. Se a versão original de A Vida no Planeta Marte já atraiu milhares de leitores, espera-se que a edição renovada repita o feito. Entretanto, entre um lançamento e outro se passaram 45 anos, o suficiente para que as coisas na Terra mudassem radicalmente.
Hoje, as próprias correntes espíritas que admitem vida não física em diversos orbes do Sistema Solar têm forma totalmente diferente de ver a questão marciana. A doutrina espírita se modificou e tornou-se mais moderna, incorporada por conceitos oriundos de segmentos da Ciência menos ortodoxos e mais vanguardistas. Nesse contexto estão evidentemente incluídas as últimas descobertas feitas pela NASA sobre os monumentos na superfície do planeta, que vazaram de seus secretíssimos arquivos. Algumas teorias levantadas sobre a origem e natureza do que seria a civilização marciana são bastante interessantes. Mesmo assim, Marte suscita mais desconfianças do que certeza. Um passeio pela literatura confiável a respeito mostra que os astrólogos sempre se referem ao planeta como tendo influência bélica sobre os terrestres. Será possível? Segundo a literatura espírita, os marcianos, como portadores de um estado moral mais evoluído, têm também alta tecnologia, que poderia ser usada como arma de dominação e guerra se estivesse em nossas mãos. Isso parece ser o bastante para se repelir os marcianos, que aparentemente anseiam por ajudar-nos mais diretamente.
Atualmente, tal ajuda tem sido mais magnética ou missionária, através do reencarne de alguns deles entre nós, garantem os estudiosos do assunto. Mas se a Astrologia descreve há séculos a influência provinda de Marte como belicosa, Ramatis explica que quando os dois planetas estão mais próximos, os marcianos precisam se proteger da influê
ncia magnética desagradável que a Terra proporciona. Sendo assim, utilizam uma espécie de escudo que acaba refletindo de volta a irradiação belicosa terráquea. Esta proteção seria necessária porque muitos dos aparelhos e da tecnologia básica utilizada naquele orbe é de manipulação magnética, que sofreria interferência prejudicial com a aproximação das irradiações terráqueas. Ainda assim, não há provas que sustentem tais informações. Os projetos Pathfinder e Surveyor, da NASA, e as antigas fotos de outras sondas que foram ao planeta o descrevem como um planeta árido, frio e morto. Não se achou nenhuma única evidência de vida ativa neste momento lá, pelo menos é o que assegura a agência espacial. Por isso, fica no ar a pergunta: será que os marcianos vão se deixar fotografar algum dia?
Fonte de Inspiração – Mas o Espiritismo não é a única filosofia a ver em Marte uma fonte inesgotável de inspiração. Adeptos do Holismo também têm no orbe uma motivação para suas crenças. Segundo os chamados canalizadores ou contatados, em mensagens recebidas, naquele planeta não há fome, guerra, violência ou doenças. Sua civilização dedicar-se-ia especialmente à área científica e médica. Para holistas, o retrato falado de um marciano revela um ser longilíneo, de orelhas pontudas, maçãs do rosto salientes e às vezes um pouco de cabelo, podendo facilmente ser confundidos com um humano terrestre. Mas as semelhanças entre nós e os marcianos se encerram aí.
“Existem muitas diferenças entre os ideais terrenos e os dos marcianos: a Humanidade da Terra anseia pela libertação do sofrimento e do trabalho obrigatório, de que ainda tanto necessita, a fim de desenvolver as faculdades criadoras. Há de sofrer o processo compulsório de uma purificação pela dor”, afirma Bashar, o canal norte-americano mais conhecido e respeitado. De acordo com tais preceitos, a coletividade marciana, ajustada aos preceitos de uma vida equilibrada e consciente de todas as obrigações evolucionárias, dispensa a pedagogia do sofrimento e aceita o trabalho na forma de missão educativa – levada inclusive a outros orbes em condições evolutivas inferiores. “Aquilo que o habitante da Terra considera um sonho venturoso, o marciano já usufrui na sua existência de paz e alegria”, finaliza Bashar. Utopia? Pode ser, mas há muita gente que crê nesta filosofia.
Enfim, abordada sob os mais diversos aspectos e conjecturas, uma possível forma de vida em Marte nos atrai o interesse. A influência deste corpo celeste é inegável. Para se ter mais uma idéia, Cairo, a capital do Egito, é escrita em árabe como El Kaher, que significa neste mesmo idioma o planeta Marte. Simples coincidência? Talvez, mas um fato é inegável. Há muito mais perguntas do que respostas a respeito do Planeta Vermelho. Por que os hemisférios norte e sul de Marte são tão diferentes entre si? O que exatamente causou os padrões de erosão que se parecem tanto com canais na superfície marciana? O que são as misteriosas construções da Planície Cydonia? Se são pirâmides de fato, por que estão numa região daquele planeta correspondente ao Egito, no nosso? Quem as construiu e por quê? Deixamos a conclusão por conta dos leitores.
Quem é Ramatis
Ramatis é um espírito ligado a grupos iniciáticos hindus e chineses, que se identifica como espiritualista e teve grande influência sobre vários espíritas brasileiros, especialmente o médium curitibano Hercílio Maes. É de Ramatis a idéia de que a virada do milênio seria marcada por grandes transformações físicas na Terra, gerando imensos cataclismos. Essas transformações seriam provocadas pela aproximação de um planeta em fase evolutiva bem mais primitiva que a nossa e que atuaria como um “astro higienizador”, atraindo os elementos espirituais que lhe tivessem afinidade.
Espírito revela como são os marcianos
Apenas dois sensitivos no Brasil, até hoje, receberam o aval da chamada Espiritualidade Superior para transmitir mensagens sobre a verdadeira natureza da suposta civilização marciana: Francisco Cândido Xavier e Hercílio Maes. Ambos são renomados personagens do Espiritismo em nosso país e canalizaram informações basicamente idênticas. Ramatis seria a principal fonte destes dados, um espírito evoluído que teria vivido em Marte. Algumas de suas transmissões mediúnicas têm conteúdo chocante para o ceticismo dos terráqueos. O ser informa que uma avançada civilização espiritual e materialmente estável habita o Planeta Vermelho e nos conhece perfeitamente. Tais seres nos visitariam há décadas, sendo responsáveis por boa parte dos UFOs observados até hoje.
Ramatis vai além. Na obra A Vida no Planeta Marte, ditada por ele a Hercílio Maes, não se restringe a descrever como seria a civilização marciana. A obra, revolucionária, transporta o leitor para o que seria o quotidiano de nossos vizinhos planetários, detalhando como são suas cidades de fantástica beleza, a arquitetura que lá vigora, os meios de transporte marcianos e seu avançado sistema de governo. Maes fez das transmissões de Ramatis uma obra atraente e curiosíssima. Através dela é possível divagar sobre como seria o dia-a-dia dos habitantes de Marte, seus usos e costumes, educação e lazer, esportes e estrutura social. É evidente que tudo isso se choca de frente com as certezas científicas que já se têm sobre o planeta – e mesmo com as especulações de cientistas menos ortodoxos. “A idéia de que há seres semelhantes a humanos em Marte é absurda”, diz Mark Carlotto, ex-funcionário da NASA que hoje luta para que a agência abra seus arquivos secretos sobre o assunto.
“Não podemos pensar em formas de vida em Marte usando nossa lógica cartesiana. Se ela existir, deverá ser muito diferente de como imaginamos”, informa Eustáquio Andrea Patounas, presidente da Sociedade de Estudos Extraterrestres (SOCEX). A disputa é acirrada, mas em termos de beleza literária, pelo menos, Ramatis ganha. Ele nos descreve, através de Maes, a intimidade dos lares marcianos, para que possamos saber como se vestem e alimentam, como se relacionam e como vivem em família. Imaginar famílias marcianas pode ser um exagero gritante, mas não deixa de ser um exercício mental desafiador. Como também é um desafio supor as fontes de energia que mantém o Planeta Vermelho funcionando, caso haja mesmo uma civilização em sua superfície, ainda que em estado não material.
Sobre isso, Ramatis descreve como é gerada a energia motriz superavançada que movimenta a vida dos marcianos. Neste aspecto, fala sobre o funcionament
o e capacidade das naves espaciais e suas viagens interplanetárias. E garante: “Marte é um grau sideral à vossa vanguarda e é, também, a vossa futura realidade espiritual”. Quanto às imagens de um planeta árido e desértico fornecidas pelas sondas espaciais russas e norte-americanas, os seguidores de Ramatis lembram que, para uma avançada ciência, como seria a marciana, não constituiria dificuldade alguma manipular as emissões feitas pelas sondas. Um simples holograma poderia criar realidades virtuais insuspeitadas aos terrestres, para que se pudesse preservar a paz que reina em Marte, protegendo sua civilização da beligerância terrestre.
A Vida no Planeta Marte influenciou gerações de ufólogos e de espíritas, e durante várias décadas produziu uma intersecção entre esses dois universos. Lançada em 1.955 e recolocada em inúmeras edições até então, agora o livro recebe uma versão moderna, da Editora do Conhecimento. Se na década de 50 e 60 se tinha uma idéia bem menos precisa de como seria Marte, sob olhos científicos, hoje já conhecemos bastante sobre o planeta – o suficiente para que a obra de Ramatis cause mais polêmica em pleno ano 2.000 [O livro pode ser obtido através do encarte das páginas centrais, sob código LL-87, preço R$ 24,20. 570 páginas].