Há tempo devíamos aos nossos leitores uma entrevista com este renomado parapsicólogo, autor, historiador e ufólogo da velha guarda da Ufologia Mundial — que, além de tudo isso, ainda é reconhecido ator. Nascido no Uruguai, em 1928, Fabio Pedro Alles Zerpa chegou à Argentina em 1951, país em que se radicou e reside desde então. Professor universitário de história, antropologia, psicologia e sociologia, Zerpa também pratica terapia de vidas passadas no Instituto Doutora Helen Wambach, em São Francisco, Califórnia. Criou a disciplina “sabedoria do ser”, uma espécie de metafísica para a vida cotidiana, com fundamentos culturais futurísticos do século XXI. Ele é membro de diferentes entidades mundiais da Ufologia, parapsicologia e esoterismo, e foi convidado de honra em mais de 40 congressos de 14 países da América Latina e Europa, sendo 12 deles na qualidade de presidente.
Sua carreira é repleta de grandes realizações, algumas incomuns para estudiosos de paraciências. Antes de se dedicar à Ufologia e à parapsicologia, Zerpa atuou em mais de uma dúzia de filmes, entre os quais Los Inocentes [1963], La Culpa [1969] e Largo Viaje [1967]. Foi diretor e editor do programa televisivo Mas Allá de La Cuarta Dimensión, criado em 1966 e que durou décadas, sendo exibido em canais da Argentina à Venezuela, e ainda da Alemanha e Espanha. Com a série, foi o primeiro pesquisador no mundo a realizar uma programação permanente sobre a temática ufológica e parapsicológica. Outros de seus programas foram El Quinto Homem e O Ponto Azul, também da década de 60, transmitidos por 36 emissoras da América Latina e Europa.
Documentários teatrais
Como se não bastasse tal currículo, Zerpa é ainda autor de 36 documentários teatrais sobre vida extraterrestre, parapsicologia, neoantropologia e suas implicâncias culturais, exibidos em 18 países. O primeiro deles, Los OVNIs e sus Mistérios, Zerpa realizou em 1968 no Teatro Comédia da capital argentina, sendo o primeiro pesquisador no mundo a plasmar artisticamente uma investigação em tela panorâmica, com duração de 120 minutos. No mesmo ano, na Faculdade de Medicina de Buenos Aires, após realizar o 1º Simpósio Sobre o Estudo da Vida Extraterrestre, ele e outros pesquisadores decidiram formar a Organización Nacional Investigativa de Fenómenos Espaciales (ONIFE), dedicada ao estudo de vários tipos de fenômenos anômalos. Em 1972 criou o Centro de Estudios Psicoespaciales (CEP), instituto que reuniu professores e profissionais de diversas áreas para a realização de cursos sobre Ufologia, parapsicologia e técnicas esotéricas de percepção. O CEP foi a primeira entidade do gênero da Argentina, que, a partir de 1979, confirmou sua participação também em uma rede de ensino do país, com o que Zerpa chama de “disciplinas de abertura”.
UFOs são naves de avançadas civilizações que perscrutam o universo em busca de vida, que vêm à Terra para observar nosso desenvolvimento. Neste cenário, as abduções são um método científico para nos conhecerem, mas o que interessa aos nossos visitantes mais evoluídos é que sejamos preparados para um contato final.
O próximo passo foi criar a Fundação Disciplinas de Abertura, atendendo a pedidos de grande quantidade de alunos, professores e público em geral. Hoje a entidade se chama Fundação Fabio Zerpa e tem sede em Buenos Aires. O ufólogo e entrevistado desta edição também fundou a Livraria Agartha, um recinto aberto à sociedade que reúne obras de excelente nível informativo e cultural, uma cuidadosa seleção realizada por um comitê de leitura. Junto às demais atividades da Fundação estão as do Comité Argentino de Estudios de Fenómenos Anómalos (CAEFA), também criação de Fabio Zerpa. É dele, ainda, a idéia da implantação do Centro de Estudios de Identidad Aborígene (CEIA), que funciona como uma das unidades de investigação da Fundação Disciplinas de Abertura e tem como objetivo o resgate das tradições dos povos originais da América Latina, para permitir o reconhecimento de suas origens e “atingir harmonia na convivência entre todos os filhos da mãe Terra”, diz ele, orgulhoso.
Uma lenda viva e ativa
Único autor sul-americano a fazer parte da famosa coleção Outros Mundos, a mais importante série de livros esotéricos publicados na Europa, Zerpa já recebeu inúmeras premiações, como a de melhor autor do ano de 1974, pela Sociedade de Autores da República Argentina. Desde l996 recebe da instituição uma remuneração vitalícia como originador de obras para teatro, rádio e televisão em países de idioma hispânico. De 1998 até 2004 passou a fazer parte da junta diretiva da instituição, ocupando diversos cargos. Tendo realizado tanto em sua vida, não admira que a maioria dos ufólogos latinos, principalmente da América do Sul, tenha surgido a partir de seus trabalhos, entrevistas e programas de rádio e TV sobre a presença alienígena na Terra, que ecoaram no mundo inteiro. Isso se deu numa época em que estranhos objetos voadores, vestígios deixados por eles no solo e até mesmo a observação de seus tripulantes humanóides monopolizavam a atenção de todos.
Fabio Zerpa ganhou popularidade no país vizinho por seus trabalhos de investigação de um fenômeno que sofria enorme preconceito na época, logo se convertendo em uma referência na área e figurando, algumas vezes, no centro de polêmicas, dadas as infinitas especulações que o tema sempre gerou. Um exemplo de seu pioneirismo também está na extinta revista Cuarta Dimensión, lançada e editada por ele durante 18 anos, um projeto a partir do qual surgiram muitos ufólogos e que, ao desaparecer do mercado, deixou uma lacuna até hoje não preenchida — mesmo no Brasil, onde Zerpa esteve várias vezes realizando conferências, a publicação inspirou pesquisadores, como o consultor da Revista UFO Jaime Lauda. “Zerpa é uma lenda viva da Ufologia. Aprendi muito com ele”, declarou.
Fabio Zerpa tem razão
Comandando atualmente a Fundação Disciplinas de Abertura, Fabio Zerpa é ainda diretor da revista digital El Quinto Hombre, que conta com um arquivo com mais de 500 artigos publicados. É autor de mais de 15 livros com ampla repercussão mundial, best sellers como Los Hombres De Negro y los OVNI [Plaza y Janes, 1977], Predicciones de la Nueva Era [Ediciones CS, 1992] e Ellos, Los Seres Extraterrestres [Editorial Ameghino, 1996]. Sua biografia foi escrita em colaboração com o jornalista Marcelo Gil, recebendo o título Fabio Zerpa Tiene Razón [Editorial Atlântida, 2009], e ele já prepara seu novo lançamento, La Verdad Sobre el Mundo Subterráneo.
Fascinante, intenso e controvertido, o legado de Zerpa ao mundo excede o formato ortodoxo. Sua história é a de um homem que passou toda a vida cruzando limites frente a um mundo incrédulo e cético, até se converter em um dos pais da Ufologia na América Latina. Conheci este homem na cidade de Necochea, na costa argentina, quando, no final da década de 70, assistia a uma de suas apresentações. A partir daquele evento também comecei minha pesquisa sobre “eles”, naturalmente inspirado em seus ensinamentos, entrevistando testemunhas e investigando locais de observações ufológicas, nunca mais parando. Por isso, esta entrevista é um tributo e um agradecimento a Fabio Zerpa, vamos a ela.
Quando ocorreu sua primeira experiência com UFOs e por que diz que ela mudou sua vida? Foi em 17 de novembro de 1959, junto com o piloto Alexis de Nogaetz, voando numa aeronave Morane Saulnier que partira da VII Brigada Aérea de Morón, em Buenos Aires. Avistamos um aparelho estranho, sobre o qual não tínhamos referência em nosso contexto cultural daquele tempo. Na época eu era ator, mas de imediato me ocorreu um impacto de consciência que despertou o investigador que existia dentro de mim desde a infância, algo difícil de expressar em palavras, mas que certamente mudou minha vida.
De ator você passou a investigar um fenômeno novo que, naquela época, era totalmente desconhecido por muitas pessoas. Quais foram seus primeiros casos? Recordo-me de vários, porém o mais transcendente daqueles primeiros anos de investigação foi o Caso Trancas [Veja box], ocorrido em 21 de outubro de 1963 na província de Tucumán. Na ocasião, sete naves assolaram o lugar durante 45 minutos, chegando a pousar em uma fazenda. Foi incrível. Tinham superfície como se constituída de uma “luz compacta”, e após certo tempo de atividades no local a nave maior se elevou no ar, sendo seguida pelas outras em perfeita formação em V. Logo todas desapareceram na direção da província de Salta, deixando as testemunhas perplexas.
O Caso Trancas, envolvendo a família Moreno, é considerado até hoje um dos mais importantes da Ufologia Argentina. Como foi ter investigado um episódio tão significativo? Foi uma coisa única na minha vida e o acontecimento causou uma virada histórica na pesquisa ufológica argentina, quando novas técnicas e conceitos foram introduzidos. As cinco testemunhas da ocorrência não precisaram ser submetidas à hipnose regressiva e nem a testes psicológicos, pois se lembravam de todos os detalhes. Na fazenda onde tudo se passou havia cinco cachorros bravos, um deles da raça dobermann, que latiam para qualquer coisa, mas que ficaram mudos durante os 45 minutos da experiência, vendo as luzes das naves. No entanto, eles uivaram de forma praticamente desesperada nos 20 dias posteriores. Algo raro, incomum, inédito e estranhíssimo havia acontecido em Trancas.
Os sete objetos voadores não identificados deixaram algum indício de sua presença no local? Sim, encontramos uma evidência que para mim foi fundamental: carbonato de cálcio ligado a carbonato de potássio, uma liga de proporções não existentes neste planeta. Solicitei à Universidade Nacional de Tucumán que a examinasse, sendo então a primeira instituição universitária a participar de uma pesquisa ufológica na Argentina. Foi uma virada fundamental na Ufologia que eu praticava até então, porque foi ali que comecei a pensar na possibilidade extraterrestre, indo muito além da ciência e da cultura terrestres.
Na América do Sul, países como Argentina, Chile e Brasil têm a mais rica casuística ufológica do continente, com acentuado número de ocorrências de contatos com UFOs e ETs. Por que acha que isso ocorre? Ainda está para ser esclarecida a razão que atrai nossos visitantes a estes países. Na Argentina há uma densidade demográfica muito baixa, sobretudo no território da Patagônia, onde, se pudéssemos interrogar as ovelhas, teríamos muito mais casos investigados. No Brasil, a população é mais aberta aos temas esotéricos e as pessoas lidam melhor com a questão extraterrestre do que os argentinos, que são mais reservados. No Chile, um território longo, com desertos no sul e no norte, também há pouca densidade demográfica, mas muitos casos. Estamos ainda buscando respostas.
Nas décadas de 60 e 70 você se tornou conhecido na Argentina por conceder entrevistas e realizar conferências sobre discos voadores, sendo um pioneiro nesta área no país. Quantos casos você investigou desde aquela época até o presente? Acho que de dois a três mil casos ocorridos nos 18 países onde vivi, tanto na Europa como na América Latina. Em 1968 fiz um simpósio sobre vida extraterrestre na Faculdade de Medicina de Buenos Aires, que foi o primeiro estabelecimento educacional a realizar um evento sobre o assunto. Consegui o mesmo com o governo municipal da capital argentina, que, por sua vez, foi a primeira entidade governamental a realizar um congresso sobre o tema. Até hoje continuo fascinado com o desafio que é a pesquisa ufológica, decifrar quem são e de onde vêm nossos visitantes extraterrestres.
Em 1968, uma grande onda ufológica sacudiu a Argentina, quando avistamentos, aterrissagens e encontros com tripulantes foram relatados em distintos pontos do país. Porém, houve um episódio que ficou conhecido como Caso Vidal, que chamou a atenção do mundo inteiro. Ele teria se dado a uma família pacata, que aparentemente fora teletransportada com carro e tudo de uma estrada da província de Buenos Aires até o México. Qual é sua opinião a respeito? O Caso Vidal é autêntico e verdadeiro. A polêmica se dá porque durante anos nós buscamos informações sobre ele usando o sobrenome do casal, Vidal, e nada encontra mos. Até que, em uma conferência em um clube militar, o diretor do Serviço de Inteligência do Exército Argentino na época, general Eduardo Señorans, disse-me que procurávamos o casal errado. “Este caso é real, porém a família não se chama Vidal. Nós colocamos esse nome nela por segurança, quando tratamos do caso”, disse. A família teria tomado a Estrada Nacional 02, em maio de 1968, e desaparecido por 48 horas sem deixar rastro, surgindo no México, a 6.400 km de distância, completamente perdida e sem noção do que poderia ter ocorrido. Seus relógios pararam, mas com a ajuda de um calendário puderam estabelecer que estavam ausentes da Argentina há pelo menos dois dias. Em pouco tempo, perguntando a populares na beira da estrada em que se encontravam, descobriram que estavam no México. Então, mantiveram contato com autoridades locais, relataram a incrível aventura e o cônsul argentino naquele país, estupefato, pediu que mantivessem silêncio total sobre o acontecimento, para dar tempo de as autoridades efetuarem investigações de todas as circunstâncias do estranho incidente.
Mas há muitas controvérsias sobre este caso. Eu mesmo escrevi um artigo em que esclareço o episódio após muita investigação. Chama-se El Caso Vidal: La Verdad al Descubierto [O Caso Vidal, a Verdade Revelada] e desmonta os supostos fatos. Sim, certamente. Sei que seu trabalho foi publicado em diferentes revistas e sites de todo o mundo, detalhando investigações feitas por você e alguns colegas, que supostamente jogariam por terra este incidente, aparentemente demonstrando que tudo foi uma mentira forjada por um diretor de cinema e jornalistas que queriam dar publicidade a um filme argentino chamado Che OVNI [Veja artigo Abdução Fabricada na edição UFO 106, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Acreditei nisso por muito tempo, até que tive evidências de que o Caso Vidal é verdadeiro, através do citado general. Para mim, sua declaração é um forte indício de legitimidade para os fatos.
Perfeito. Você poderia nos listar três casos ufológicos argentinos que considera os mais intrigantes e destacados? Além do Caso Trancas (1963), já descrito, temos também o Caso Bordeu (1973), o episódio envolvendo o caminhoneiro Dionísio Llanca — cuja pesquisa me deu o prêmio mundial de investigação de um contato de terceiro grau em um importante congresso no México. Há também o surpreendente Caso Bariloche (1995), no qual dois aviadores militares e quatro comerciais viram um UFO acompanhando uma aeronave civil à distância de 100 m [Veja artigo Caso Bariloche: Dois Aviões E Um UFO Em Pleno Ar na edição UFO 164, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
Sobre o Caso Bariloche, que você investigou e sobre o qual se referiu há pouco, gostaria de comentar algo? Trata-se de um acontecimento excepcional. Em 31 de julho de 1995, uma aeronave comercial se aproximava para pouso na cidade de Bariloche quando pilotos, passageiros, controladores de vôo do aeroporto local e inúmeras testemunhas no solo viram simultaneamente um objeto voador não identificado na região. Era o vôo AR 674 da Aerolíneas Argentinas, que havia decolado de Buenos Aires em direção àquela cidade turística. A 140 km dela começaram os preparativos para o pouso, quando um misterioso blecaute atingiu toda a área, deixando-a às escuras. O centro de controle de vôo de Bariloche solicitou que o piloto aguardasse uma nova liberação para aterrissagem e, pouco depois, autorizou a descida do avião. O comandante então iniciou uma nova manobra, quando a tripulação percebeu um estranho objeto luminoso se aproximando no exato momento em que o controle orientava outro avião, que também acabava de chegar para pouso. O objeto luminoso então se aproximou rapidamente e logo começou a realizar um vôo paralelo. Nesse instante, as luzes do aeroporto se apagaram novamente, incluindo as da pista de pouso, obrigando o piloto a subir novamente. O UFO se tornou mais luminoso e se aproximou ainda mais, passando por trás da aeronave e pairando no ar. Logo em seguida acelerou novamente, agora voando à frente do avião, que já realizava um novo procedimento para pouso, e desapareceu em alta velocidade na direção da Cordilheira dos Andes. É um caso indubitável e fartamente pesquisado, com testemunhas idôneas de grande credibilidade.
E sobre o Caso Bordeu, que você também reputa como de grande importância para a Ufologia Argentina, o que pode nos contar a respeito, já que também foi um de seus principais investigadores? Este é outro episódio fantástico. Em 28 de outubro de 1973, o caminhoneiro Dionísio Llanca realizava uma viagem de rotina até a cidade de Rio Gallegos, no sul do país. Era pouco mais de 00h30 quando subiu em seu caminhão e se dirigiu a um posto de gasolina para abastecer. Lá notou que um dos pneus estava um pouco baixo, mas não deu muita importância e decidiu trocá-lo ao chegar a Médanos, pouco adiante, para não perder mais tempo. Tomou a Estrada Nacional 03 e, após alguns minutos, deu conta de que o tempo percorrido até onde já se encontrava era maior do que o normal. Resolveu então parar próximo de um riacho e descer do veículo para espairecer. Já era 01h30 e estava a aproximadamente 20 km de Baía Blanca. Enquanto pegava as ferramentas, viu uma luz amarelada que, segundo calculou, devia estar a uns 2.000 m de distância e indo na direção da cidade, mas não ligou para aquilo, supondo que se tratasse de faróis de algum automóvel.
Era mesmo um veículo o que Llanca viu? Não. De repente a luz acelerou e foi para trás de um monte, e Llanca percebeu que seu corpo estava paralisado. Passados alguns segundos, sentiu que uma mão tocava seu ombro e, por fim, seu corpo respondeu. Ele se recompôs rapidamente, mas, ao virar, viu algo que nunca imaginou. Havia ali três seres altos — que estimou em 1,85 m — vestidos com macacões de cor cinza ajustados ao corpo, luvas e botas de cor laranja. Eram dois homens e uma mulher, todos com longos cabelos loiros. Um deles realizou uma punção com um objeto nos dedos polegares e no indicador da mão direita de Llanca, fazendo-o perder a consciência e não se lembrar de mais nada.
O que houve com Llanca, ele foi abduzido? Sim. 48 horas mais tarde ele acordou em uma cama do Hospital Municipal de Baía Blanca, sem recordar como chegara ali. O caso tomou certa notoriedade e fui até lá pesquisar o que ocorrera com o caminhoneiro. Um grupo de médicos da cidade com várias especialidades foi formado para atender Llanca, entre os quais Eduardo Mara, Eladio Santos, Ricardo Smirnoff e Nora Milano, que realizaram avaliações psicológicas do paciente, sessões de hipnose e, inclusive, um interrogatório com pentotal sódico [Soro da verdade], que permite identificar quando uma experiência é realidade ou apenas uma alucinação. É importante destacar que o doutor Smirnoff, que atendeu Llanca desde o primeiro momento, manifestou seu descontentamento com a atuação de Mara e Santos, pois considerava que influenciavam suas respostas durante os procedimentos.
Certamente, este é um dos casos clássicos da Ufologia Mundial, ocorrido numa época em que as abduções alienígenas eram muito freqüentes. Foi possível resgatar algo da memória de Dionísio Llanca? Sim, muito. Deixe-me descrever os fatos que Llanca relatou sob hipnose. Depois de perceber a luz amarela em suas costas, ainda na estrada, ele viu que o grupo de três seres estava envolvido por uma luminosidade definida. Um dos ETs então realizou a punção em seus dedos e depois o guiou para a nave — e é a partir deste ponto que ele não se recorda mais dos fatos, que só foram resgatados através de hipnose regressiva. Lá dentro viu o ser feminino manipular uma série de instrumentos, que Llanca identificou como material médico-cirúrgico. Um dos seres masculinos estava sentado na frente dos comandos da nave, enquanto o outro observava o céu estrelado através de uma grande “folha de cristal”, como descreveu a testemunha. Era uma imagem que se repetia em vários monitores coloridos, situados à esquerda dele.
Há um certo padrão neste tipo de cenário, descrito por inúmeros abduzidos. O que ocorreu ao caminhoneiro em seguida? De repente, ele viu abrir-se uma porta da nave e várias mangueiras e cabos serem projetados para fora dela, sendo que alguns se afundaram no pequeno curso de água que havia ao lado de onde estava aterrissada e outros entraram em contato com uma torre de alta tensão próxima. Llanca relatou sob hipnose que a mulher trocou a luva de sua mão direita por outra, agora uma negra que tinha algo na palma. Ela se aproximou dele, realizou uma incisão no parietal direito e, talvez sem intenção, golpeou seu supercílio esquerdo. Deste momento em diante ele não se lembrou de mais nada na sessão hipnótica, exceto que surgiu em sua memória a imagem de uma lagoa, sendo que a lembrança seguinte era a de que o depositaram num terreno com um brilhante feixe de luz.
Tendo farto conhecimento da casuística ufológica de praticamente todo o planeta, quais seriam os casos que você listaria como os mais importantes? Ah, são vários, mas alguns se destacam. Como o Caso Ilha da Trindade (1958), ocorrido no Brasil e declarado oficialmente legítimo pelo presidente Juscelino Kubitschek, contendo as excelentes fotos de um UFO discóide feitas em primeiro plano por Almiro Baraúna. Além dele, temos excelentes casos ufológicos em 12 documentos oficiais espanhóis liberados há alguns anos, com ótimos testemunhos de aviadores comerciais e militares. E não podemos nos esquecer do Caso Roswell (1947), investigado exaustivamente pelo já falecido ex-coronel da Força Aérea Norte-Americana (USAF) Wendelle Stevens, recentemente falecido. Enfim, são muitos os casos interessantes.
Por quanto tempo Llanca continuou desfalecido? Ele foi encontrado por alguém? Llanca foi encontrado num curral da Sociedade Rural de Vila Bordeu, a cerca de 10 km da cidade de Baía Blanca e a uns nove do lugar onde tinha estacionado seu caminhão. Ele recobrou a consciência e começou a caminhar sem rumo, até que o empregado de um posto de gasolina o avistou, perto das 02h45. Llanca estava em evidente estado de confusão mental, mas seguiu caminhando pela Estrada Nacional 03 e depois entrou em outra rodovia, onde um motorista o encontrou e o recolheu, levando-o até uma delegacia. Lá o caminhoneiro tentou fazer um relato de sua experiência, mas o policial de plantão achou que estava bêbado e pediu para que se retirasse. A mesma situação se repetiu em outras delegacias, até que chegou próximo de um hospital, onde o motorista que o atendia decidiu levá-lo à sala de emergência. Além do estado de confusão mental e medo, os médicos observaram em Llanca uma incisão limpa no couro cabeludo e um hematoma no supercílio esquerdo. Decidiram dar-lhe um tranqüilizante e o caminhoneiro acordou quase dois dias depois.
E o veículo que Dionísio Llanca dirigia, foi encontrado pelas autoridades? Em que estado? O caminhão foi achado no lugar em que Llanca declarou ter estacionado, e a poucos metros dali pôde ser constatada a existência de uma torre de alta tensão que apresentava defeitos inexplicados. Depois de consultar a empresa de eletricidade, minha equipe confirmou que entre 02h00 e 03h00 de domingo, 28 de outubro de 1973, havia ocorrido um aumento incomum do consumo de energia elétrica naquela zona, coincidindo com o narrado por Llanca.
Este é sem dúvida um caso ufológico fantástico e muito bem documentado. Houve alguma conclusão sobre este extraordinário acontecimento? Bem, muitas opiniões surgiram na Comunidade Ufológica Argentina. Mas tanto os médicos que atenderam Llanca como os ufólogos que pesquisaram o caso se dividem quanto ao que ocorreu com ele na Estrada Nacional 03. Há até mesmo quem considere o caso uma grande farsa, como o psicólogo Roberto Banchs, que o descreveu como “uma das mais sofisticadas fraudes já realizadas”. Talvez nunca saibamos a verdade, mas a suposta abdução de Dionísio Llanca sempre estará entre os casos mais estranhos ocorridos no país.
Não há praticamente nenhuma região da Argentina em que não se tenha registrado pelo menos um caso ufológico. Por que tanto interesse “deles” por nós? Não creio que nossos visitantes tenham um interesse especial pela Argentina, apesar de termos um território enorme. Os casos que temos aqui são muitos, mas sabemos que, estatisticamente, um UFO é observado em alguma parte do planeta Terra a cada dois minutos. De qualquer forma, é interessante notar que há maior concentração de ocorrências em locais onde estão instalados centros energéticos no país, como usinas hidrelétricas. Há também muita incidência ufológica em áreas que aparentam ter alguma forma de energia natural, como o que chamo de Triângulo de Força de Córdoba, com epicentro no enigmático Cerro Uritorco, bem no centro do país. Lá há uma intensa atividade energética — que poderia explicar a elevada casuística ufológica da área.
A Ufologia Argentina daquela época era outra, com muitos casos sendo investigados diretamente no campo, ao contrário de agora, quando a maior parte das atividades se dá na internet. Qual é sua opinião sobre seu estado hoje? Muita coisa mudou, sim, mas ainda hoje há muitos investigadores jovens e inteligentes, como você, que continuam em busca da verdade. Assim como também temos inúmeros testemunhos de qualidade, partindo de pessoas que enviam suas experiências pela internet. Há também hoje sofisticadas câmeras fotográficas digitais e outros recursos, que gravam fenômenos ufológicos que anteriormente passavam despercebidos.
Sabemos que desde a década de 50 nossas Forças Armadas sempre estiveram atentas aos eventos ufológicos, tanto que há várias declarações oficiais por parte dos militares acerca da presença alienígena na Argentina. Por que eles se interessam por esse tema? Acredito que seja em razão da necessidade de manterem a segurança de nosso espaço aéreo, cuja custódia e vigilância pertencem à força aérea de cada país. Além do mais, nos Estados Unidos, desde a década de 60 e adentrando na era Reagan, se propôs um programa denominado Guerra nas Estrelas, que interpreta os extraterrestres como invasores e teve influência sobre outras nações. Os militares destes países passaram a olhar com mais atenção o espaço aéreo. Esse conceito — de possível hostilidade alienígena — consta até de regulamentos da Força Aérea Norte-Americana (USAF), que autorizam pilotos de caças a metralhar qualquer objeto que invada o espaço aéreo do país. Claro que isso resultou em alguns vexames, já que nada puderam fazer perante naves que demonstravam uma tecnologia superior à nossa [Veja detalhes no DVD Meio Século de Mentira, código DVD-022 da Videoteca UFO. Confira no Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br].
Em nosso país, e não longe do Cerro Uritorco que você citou, há muitos casos de mutilações de animais, que se acredita serem causadas por seres extraterrestres, como ocorre e já foi comprovado nos Estados Unidos. E para você, quem seriam os responsáveis por esses atos? Apoiado em minha investigação de campo destes casos, também aceito a hipótese de que sejam obra de cientistas extraterrestres, como explico em artigos publicados na revista El Quinto Hombre, que podem ser encontrados em minha página na internet [Endereço: www.fabiozerpa.com.ar]. Afirmo isso devido a detalhadas pesquisas que fiz desde 1964 e diante de muita informação que circulou por toda internet e no mundo inteiro — muitas sem qualquer conteúdo investigativo, como o suposto chupacabras, uma hipótese gerada na década de 90 em Porto Rico e no Brasil. Outra tese apresentada para explicar as mutilações de animais dá conta de que seriam causadas por animais roedores, como a oferecida por uma entidade governamental argentina. Mas elas não se encaixam e acabaram sendo criticadas por muitos pesquisadores.
Realmente se observa uma grande quantidade de tendências para explicar estes casos, com uma mistura de fatos com atrapalhadas e constrangedoras situações. Como sua equipe de investigadores agiu nesse meio? Com cautela. Fomos os primeiros a pesquisar mutilações de animais e insistimos em fazê-lo mesmo quando todos acreditavam que nada tinham de anormal. Publicamos os resultados após analisarmos a hipótese extraterrestre como causa dos acontecimentos, lá por 1978, quando tivemos em mãos evidências de um caso ocorrido na província de Santa Fé, pesquisado posteriormente com o doutor Jacques Vallée, que naquela época trabalhava para a NASA na elaboração de um mapa do planeta Júpiter [Veja entrevista com ele na edição UFO 100, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Nosso grupo trouxe Vallée à Argentina para realizar várias conferências e com ele interrogamos uma testemunha que presenciou uma mutilação dentro de uma nave pousada na província de Santa Fé. A hipótese extraterrestre para o caso se tornou a mais válida. Há também filmagens feitas em novembro 2009 pelo Canal 3, de Rosário, também em Santa Fé, em que se vê uma vaca voando, sendo levada de uma ilha do Rio Paraná por esferas de luz que têm entre suas principais características serem compactas e se desprenderem de naves extraterrestres maiores — são sondas ufológicas [Veja detalhes no DVD Portal, código DVD-032 da Videoteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br].
Mesmo com todas estas evidências, como pode ter certeza de que a hipótese extraterrestre seja a correta? Porque há relatos de mutilações que acontecem dentro de naves, que nestes casos servem de laboratórios, com instrumentos e talvez até raios laser e outras avançadas tecnologias, como dizem tantos veterinários e pesquisadores que entrevistamos em diferentes partes do mundo. Às vezes os animais são devolvidos mutilados aos locais de onde foram levados, e muitas vezes o processo de remoção e retorno é testemunhado. Aí está a razão pela qual quase nunca se encontram pegadas ou marcas de aterrissagem nos pontos onde ocorrem os fatos, porque os animais são capturados a partir de cima. As vítimas são elevadas à atmosfera e introduzidas nos UFOs para posteriormente serem devolvidas aos seus lugares de origem. Além do mais, em muitos casos, a localização dos animais mortos se dá em áreas situadas ao longo de uma linha reta, um fato matemático e geométrico raro, como dizem cientistas que analisaram as mutilações de animais.
Interessante. Há algum detalhe ou característica comum acompanhando esses ataques? Sim, vários, como a absorção inexplicada de grandes quantidades de água de tanques, lagos e depósitos mantidos nas fazendas onde as mutilações ocorrem. Não sabemos por que isso acontece, mas supomos que a água, elemento energético, é usada no interior das naves no processo de mutilação ou talvez até como fonte de energia para sua propulsão. Nossos visitantes poderiam estar utilizando essa grande fonte energética, que abunda em nosso planeta sem que saibamos usar.
Estatisticamente se confirma que muitos casos ufológicos ocorrem próximos de algum tipo de depósito hídrico ou de vastas extensões de água, como represas e lagoas. Esta hipótese já tem mais de 30 anos, mas ainda pode ser mais estudada e ampliada, e até aprofundada. Há muita documentação e uma quantidade significativa de artigos publicados com casos registrados nestas áreas, que merecem averiguação.
Há períodos específicos de grande atividade ufológica, como setembro de 1978, quando vários incidentes ocorreram na Argentina, inclusive deixando muitos vestígios. Também neste mês e ano houve o avistamento de estranhos seres de 1,5 m a 2,3 m de altura em Venado Tuerto, na província de Santa Fé. Você, que investigou tais ocorrências, poderia nos descrevê-las? Sim, foram episódios amplamente investigados e confirmados por mim e pelo doutor Jacques Vallée. Um deles foi o caso de Juan Oscar Pérez, então com 11 anos de idade, que ingressou em uma nave e lá observou seus tripulantes manipulando restos mortais de gado e de cavalos, o que demonstraria mais uma vez a ligação das mutilações de animais com seres extraterrestres. Em vários artigos publicados em 2004 na revista El Quinto Hombre há detalhes da extraordinária onda de mutilações de cerca de 200 animais ocorrida em setembro de 1978 no Território Argentino. Nesse período fui chamado aos Estados Unidos para realizar um programa especial de televisão para a Univision, cadeia mais importante de língua espanhola, que transmite para mais de 600 canais nos cinco continentes, e pude apresentar os casos de nosso país a todo o mundo.
Podemos falar também de ocorrências de chupacabras no território argentino? Não tanto como de mutilações de animais. Os casos de supostos chupacabras investigados por mim, desde 1978, têm pouca sustentação documental. Desde os fenômenos envolvendo a mítica figura no Brasil até agora, não encontrei evidências significativas da ação de alguma entidade alienígena nos casos que pesquisei. Não posso afirmar o mesmo sobre acontecimentos de outros países, somente sobre os que verifiquei e investiguei pessoalmente, e neles nada há de extraordinário. Não descarto a possibilidade de que o chupacabras seja real e tenha origem extraterrestre, mas não tive a sorte de me deparar com um caso que pudesse me confirmar isso. Há exímios pesquisadores que se debruçaram e pesquisam estes casos, e que obtiveram resultados positivos e até preocupantes. Espero que ainda chegue às minhas mãos um caso assim para estudar [Veja edição UFO 066 sobre este assunto, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
Pode-se dizer que a Argentina, ao lado dos Estados Unidos, é o país onde há maior quantidade de casos de mutilações? Sim, e é importante que se diga que não apenas neste dramático setembro de 1978, mas desde muito antes, até a partir de 1964, já tínhamos mutilações de animais no país. Sobre elas temos uma hipótese de trabalho que resultou de muita investigação desses casos, inclusive do primeiro registro ocorrido no mundo, em Vila Constitución, também na província de Santa Fé, muito antes do famoso caso do cavalo Snoopy, nos Estados Unidos. Este animal foi encontrado morto no Colorado, em 1968, com as entranhas retiradas e a carne impregnada por algo de cheiro estranho. Formigas que tentaram comer a carne do cadáver morriam em torno da carcaça. É tido como certo que Snoopy foi mutilado por seres extraterrestres, visto a metodologia empregada ser a mesma de casos que hoje sabemos que ocorrem por sua ação.
Fala-se muito dos tais homens de preto. Investiguei vários eventos envolvendo estas figuras na Argentina e em outros países, e encontrei episódios tão fantásticos que parecem impossíveis de serem reais. Para você, existem mesmo homens de preto? Quem são e por que estão presentes em alguns casos e investigações? Veja, uma estranha raça vigia a evolução do planeta Terra. São homens que realmente surgem vestidos de preto, e tomá-los como um mito é uma atitude irresponsável. Negar sua presença e existência é negar os próprios discos voadores, cujos tripulantes estão nos preparando psicologicamente para um próximo passo nesta fase de nossa evolução. Pode parecer uma fantasia, mas a existência de homens vestidos de preto em casos ufológicos é uma realidade e isto está bem documentado em meus livros.
Perfeito. Atualmente você está à frente da Fundação Disciplinas de Abertura, tendo uma página na internet em que desenvolve cursos e oferece ao público informações sobre temas de ponta, entre eles Ufologia e parapsicologia. O que mudou sua maneira de pensar a respeito do Fenômeno UFO desde que começou a investigá-lo, em 1959, até hoje? Muita coisa, mas há mudanças sensíveis também na percepção geral que existe da presença alienígena na Terra. Hoje as pessoas não estão mais interessadas somente no fenômeno em si e na realidade desta presença em nosso planeta, mas nas grandes implicações e transformações que ele causa em nossa civilização. Estamos realizando uma intensa busca para conhecer nossas origens e percebê-la em vários níveis, tanto que criei uma última disciplina em minha fundação, a “sabedoria do ser”, que é constituída por nove workshops vivenciais para confrontar os novos tempos, assim como para criar os novos seres humanos que já estão entre nós, as crianças índigos ou da nova era.
Mas e seu conceito sobre o Fenômeno UFO, ele é hoje igual ao que tinha no começo de suas atividades? Sim. Desde aquela época defini os UFOs como sendo naves extraterrestres pilotadas por seres inteligentes, e reitero esta definição em 2010. Porém, agora, também acrescento a necessidade de inserirmos o Fenômeno UFO em nossa busca interna pelo saber, a busca do microcosmos, que é igual ao macrocosmos, o universo.
Como você vê a vida de um investigador do Fenômeno UFO? Certa vez uma leitora de minha biografia Fabio Zerpa Tiene Razón [Editorial Atlantida, 2009], me disse que ser ufólogo é pesquisar a presença alienígena na Terra com vontade, tesão, garra e sem desânimos, trabalhando pela multiplicação de idéias. Penso que esta é a melhor definição do que deve ser um investigador de discos voadores.
Com mais de meio século de pesquisas realizadas, milhares de testemunhas entrevistadas e centenas de vestígios de casos ufológicos descobertos, qual é sua opinião derradeira sobre o que traz nossos visitantes à Terra? Temos que começar analisando que há três possibilidades sociológicas para explicar a relação que pode haver entre nossa espécie e outras civilizações, sob o ponto de vista do comportamento humano. Primeiro temos a possibilidade do que chamo de “não contato”, ou seja, situações em que nossos visitantes chegam, olham o que têm pela frente e, se são vistos por alguém daqui, entram novamente em seu aparelho e seguem sua viagem para algum outro lugar, porque não lhes interessa o contato conosco. Em segundo lugar temos o “contato científico”, que ocorre quando os visitantes chegam aqui, analisam as características do planeta Terra e do ser humano com critérios de investigação e então produzem o que chamamos de abduções alienígenas, que são a razão de virem até aqui, puramente ciência. E há, por fim, os “contatos preparativos”, através dos quais certos tipos de ETs nos preparam para um futuro encontro com suas espécies. Estes são os que mais me interessam, os que vêm aqui com um sentido maior, o de preparar o ser humano para que evolua espiritualmente em meio a esta grande mudança planetária que já estamos vivendo.
Como podemos saber qual espécie de contato temos à frente ao analisarmos testemunhos e situações? Esta última categoria que mencionei, a dos “contatos preparativos”, envolve aqueles seres que desde o início de sua ação na Terra dizem aos que contatam: “Não tenham medo, não viemos fazer mal”. São eles! Agora, sabemos que o medo é o pior cárcere do ser humano, mesmo que nossos visitantes tentem dissipá-lo de nossas mentes. Com a intervenção destas outras espécies cósmicas em nosso meio, atuando de forma pacífica, começa a se formar o que chamo de “Homo spiritualis”, aquele que terá maior segurança e liberdade — que sempre pensamos ter e não temos.
Há mais de uma civilização nos visitando? Sim. Por cálculo matemático, muitos cientistas — entre eles o norte-americano Carl Sagan — chegaram à conclusão de que existem incontáveis civilizações extraterrestres detentoras de tecnologia superior à nossa. E muitas delas nos visitam há mais de um milhão de anos, como concluí em minhas investigações. Há várias espécies que mantêm contato conosco desde o início de nossa existência.
Mas há provas suficientes para sustentar uma afirmação tão contundente? Inúmeras. Elas fazem parte do contexto cultural das mitologias humanas de todos os tempos, e também há evidências científicas da ação entre nós de seres mais avançados, vestígios que podem ser encontrados em todo o globo. Veja que a ciência estima que temos 100 bilhões de sistemas planetários somente em nossa galáxia. Assim, se tivermos um único planeta em cada sistema contendo vida, as possibilidades seriam infinitas.
O que você diria à Comunidade Ufológica Mundial para incentivar os novos estudiosos? Diria que, para termos as respostas que buscamos, é preciso investigar e analisar tudo, não somente informar e sentir, mas refletir sobre a presença alienígena na Terra e o futuro de nossa espécie.
O que você ganhou e o que perdeu em sua vida ao pesquisar os UFOs? Ganhei muitos amigos e alunos, e talvez uns poucos inimigos, porque fazer Ufologia é ver cumprido o ensinamento de Dom Quixote ao seu fiel escudeiro Sancho: “Os cães ladram, Sancho. É sinal de que cavalgamos”. Já creio que pouco perdi pesquisando os discos voadores, porque sempre tenho meu tempo de serenidade, de estar comigo mesmo, que me ajuda a conhecer o homem, o universo, o macro e microcosmos. Já vivi 81 anos, sendo 50 deles como investigador do Fenômeno UFO, e mantenho até hoje a mesma vontade de buscar respostas aos mistérios da humanidade. Sou um ser humano comum e conhecido, um investigador que tem a meta de mostrar a seus semelhantes o verdadeiro caminho, que é a espiritualidade, como explicam todas as correntes metafísicas orientais e as mitologias dos povos originais da América Latina.
Por último, deixo este espaço para você fazer suas considerações finais. Desejo agradecer à minha esposa, continuadora de meu trabalho, aos meus 33 afilhados e a centenas de alunos e amigos por todo o apoio que deles sempre recebi nesta difícil tarefa de ser um transgressor.