Do alto de sua posição de professor de história americana e cultura do século XX na conceituada Universidade de Temple, na Filadélfia, com um respeitável título de Ph.D. e inúmeros outros méritos acadêmicos, o entrevistado dessa edição é considerado um dos maiores especialistas em todo o mundo nas abduções alienígenas — e promete fazer revelações impressionantes. O doutor David Jacobs iniciou seus estudos sobre UFOs em meados dos anos 60, tendo se impressionado com o livro Interrupted Journey [Viagem Interrompida, Dial Press, 1966], de John G. Fuller, que contava a história da abdução de Barney e Betty Hill. Isso despertou seu interesse pelo fenômeno. “Apesar de ainda ser adolescente durante o início da corrida espacial, nunca tive interesse por ficção científica. Mas quando iniciei o ensino médio, o Fenômeno UFO me fascinou”, relata.
Em 1973, terminou o doutorado em história na Universidade de Wisconsin causando uma discussão — sua tese tratava, ineditamente, da polêmica a respeito dos UFOs nos Estados Unidos. Dois anos depois, em 1975, uma versão ampliada do trabalho foi publicada pela Universidade de Indiana com o título The UFO Controversy in America [A Controvérsia dos UFOs na América], transformando-se na primeira obra sobre o assunto lançada por uma universidade. Desde então, o entrevistado dedica a maior parte de seu tempo e energia à pesquisa da Ufologia e, particularmente, do fenômeno das abduções. David Jacobs já conduziu mais de 900 sessões de regressão hipnótica em cerca de 1.400 abduzidos, concentrando significativo conhecimento sobre o tema, a respeito do qual é conferencista requisitado internacionalmente.
Homenagem ao amigo
Para aperfeiçoar seu conhecimento dos sequestros por extraterrestres, ao longo de sua carreira Jacobs começou uma grande amizade com o também pesquisador Budd Hopkins, falecido em agosto de 2011 [Veja edição UFO 182], outro ícone no estudo do tema. “No começo dos anos 80, quando o livro de Budd Missing Time [Tempo Perdido, Berkley Press, 1981] foi publicado, fiquei impressionado com seu trabalho pioneiro. Budd investigou certo número de pessoas que supostamente tiveram experiências de abdução, e o que me chamou a atenção foi sua pesquisa cuidadosa. Em 1982, um amigo em comum nos apresentou”, disse. Cresceu a partir dali uma grande amizade e relação de respeito entre os dois. “Infelizmente Budd se foi, mas a admiração e gratidão pelo amigo permanecem”.
Nossos abdutores não estão interessados nos problemas da humanidade. Eles não transferem sua tecnologia para nos ajudar, não transmitem conhecimentos, não dão conselhos, não nos previnem contra problemas no futuro
Hopkins era seu melhor e mais próximo parceiro nas investigações, “o grande pioneiro que abriu o fenômeno das abduções para uma pesquisa mais sistemática e encontrou vários padrões nelas”, declara Jacobs. Entre tais padrões — hoje essenciais para o conhecimento dos sequestros por ETs — estão a conhecida sensação de “tempo perdido” ou “faltante” na memória dos que passam pelo processo, importantes elementos que indicam uma reprodução dirigida entre ETs e abduzidos e a intenção dos abdutores de conduzir um programa de hibridação de espécies. “Tudo isso se conhece hoje graças ao trabalho de Budd Hopkins, que ninguém poderá substituir”, lamenta Jacobs. Infelizmente, há poucos pesquisadores de abduções em atividade — mas, ao mesmo tempo, quem se dedica a elas tem que ter atributos e qualidades específicas. Hopkins tinha todas elas, assim como Jacobs.
Milhões de abduzidos
O fenômeno das abduções é, sem dúvida, o mais complexo, controverso e combatido aspecto da Ufologia. Hoje sabemos que seu alcance é mundial, mas, no início das pesquisas, parecia algo isolado, que ocorria somente a algumas pessoas. “Já temos evidências de milhares de casos, e isso pode ser apenas uma pequena fração do total”. Para substanciar isso, Jacobs conduziu uma pesquisa — ainda não publicada — com mais de 1.200 alunos da Universidade de Temple, que responderam a um questionário. Cerca de 5% deles indicaram já terem tido experiências de abdução. “Mas vamos desconsiderar essa percentagem, que pode ser demasiadamente alta, e dividi-la por 10. Então chegaremos a 0,5%, ou seja, meio por cento da população, representada naquela amostra, pode já ter sido abduzida. No caso dos EUA, estamos falando em mais de um milhão de indivíduos”, retrata o respeitado e veterano ufólogo.
David Jacobs é autor de incontáveis artigos em diversas publicações, além dos livros A Vida Secreta: Relatos Cientificamente Documentados de Casos de Sequestros por Alienígenas [Rosa dos Tempos, 1992] e A Ameaça: Objetivos e Planos dos Alienígenas [Rosa dos Tempos, 2002]. Ainda não publicado no Brasil, Jacobs tem também UFOs and Abductions: Challenging the Borders of Knowledge [UFOs e Abduções: Desafiando os Limites do Conhecimento, Kansas University Press, 2000]. Com tamanha produção, a questão fundamental para Jacobs sempre foi saber, afinal, o que os alienígenas querem de nós? E também o que não querem? O ufólogo já tem algumas respostas: “parece que eles não desejam nos dar informações sobre sua origem ou objetivos. Também não querem partilhar nada conosco sobre os aspectos técnicos das abduções que realizam. Enfim, não querem ser descobertos e não querem ser interrompidos”.
Interesses não declarados
Mas as ações dessas outras espécies cósmicas com relação aos humanos nos levam a um questionamento crucial: afinal, eles são bons ou representam alguma ameaça aos humanos? Para Jacobs, a resposta não é nem uma coisa nem outra. A ideia de que eles estariam aqui para nos levar a um nível espiritual mais elevado ou para salvar o planeta, como defendem alguns, não se justifica para o pesquisador — ou para quem conhece técnica e detalhadamente centenas de casos de abduções analisados de forma científica. “Nossos abdutores não estão interessados nas questões ou problemas da humanidade. Eles não transferem sua tecnologia para nos ajudar, não transmitem conhecimentos, não dão conselhos, não nos previnem contra problemas no futuro e nem nos dizem como curar nossas doenças. Então, que tipo de salvação é essa, que apregoam os ufólogos místicos?”, questiona. Ele lembra que os antropólogos modernos empregam uma política de não interferência quando encontram uma sociedade tribal primitiva, para que ela sobreviva sem qualquer tipo de choque ou influência externa. E sugere que ETs podem estar agindo da mesma forma. “Entretanto, talvez adotem a não intervenção apenas para realizarem seus procedimentos sem ser incomodados”.
Hoje sabemos que é através da regressão hipnótica que as memórias dos abduzidos emergem, tornando a ferramenta uma forte aliada da pesquisa — mas ela também é muito controversa. O falecido astrônomo Carl Sagan e a psicóloga da Universidade de Harvard Susan Clancy, tempos atrás, criticaram o emprego, por Jacobs e outros ufólogos, da regressão hipnótica. Sagan afirmou que os avistamentos de UFOs e experiências com alienígenas seriam explicáveis por erros de identificação ou falhas na memória de quem as narra. Susan disse que existem muito problemas relacionados à pesquisa das abduções, como o inevitável direcionamento da memória das supostas vítimas — que pode ocorrer voluntária ou involuntariamente conforme o pesquisador trabalha com o abduzido. Jacobs rebateu a ambos com energia, defendendo a técnica e ainda informando que muitas pessoas relatam ter sido abduzidas acordadas e conscientes, com memória integral do que passaram.
Um processo permanente
Críticas à parte, o fato é que o fenômeno dos sequestros por extraterrestres é uma realidade inquestionável, e sobre eles já se tem muita informação comprovada — o que, no mínimo, deveria estimular a ciência a também trabalhar com tais casos. E um dos fatos que se tem por certo ocorrer às pessoas que passam por tais experiências é que, uma vez abduzidas, elas o serão sempre. “E mais: a abdução é reconhecidamente um fenômeno genético e familiar. Se um pai, mãe ou ambos são levados, seus filhos ou netos também serão. Não há como parar isso”. Para David Jacobs, parece que os aliens preferem essa forma de trabalho em seus procedimentos, que é o de analisar a linhagem dos abduzidos durante seu “programa”, como o pesquisador chama o processo de abdução. “Não importa a classe social, cultura, religião ou cor da pele do cidadão. Se a abdução começou com alguém da família, ela vai perdurar para sempre”. Ele também garante que uma pessoa abduzida que se case com outra que nunca tenha sido também terá seus descendentes levados. “Por que isso? Ainda não sabemos”. Mas o doutor David Jacobs parece estar perto de descobrir a resposta, e promete compartilhar com os leitores da Revista UFO, da qual é consultor desde 2005. Veja como nessa reveladora entrevista.
Doutor Jacobs, por que o senhor decidiu estudar o fenômeno das abduções, justamente o mais espinhoso da Ufologia? Comecei a pesquisá-las depois de conhecer Budd Hopkins, em 1982. Nunca tinha me interessado por elas antes, sabia que as pessoas fantasiavam certas coisas e que outras tinham problemas mentais. Pensava que, se as abduções realmente estivessem acontecendo, deveriam ser algo raro e, assim, não haveria parâmetros a respeito, principalmente na literatura médica. Mas, antes de começar com as abduções, eu iniciei pesquisando avistamentos ufológicos.
Então o senhor já gostava do assunto. Uma coisa levou à outra? Ah, sim, gostava. Mas não comecei com as abduções tão profundamente e nem exclusivamente através do meu trabalho. Logo no começo dos anos 80 Hopkins escreveu seu famoso livro Missing Time [Tempo Perdido, Berkley Press, 1981], e ele veio a se tornar um bestseller em seguida. Eu o li em 1982 e pela primeira vez vi que havia um padrão definido nos casos de sequestros por extraterrestres. A obra me levou a crer que o fenômeno poderia ser estudado de maneira muito mais profunda e rigorosa, tal como os avistamentos de UFOs. Hopkins me apresentou a abduzidos, que pareciam ser pessoas normais, e me convidou para assistir a uma de suas sessões de hipnose — aquilo me deixou ainda mais interessado. Ele era um excelente hipnólogo e homem extremamente apaixonado pelo que fazia.
Que pontos seriam esses descobertos por seu parceiro Budd Hopkins? Sua pesquisa era direcionada ao objeto da ação, isso é, aos abduzidos. Dessa forma, tivemos a oportunidade de entender quais eram as intenções e as motivações dos alienígenas com relação àquelas pessoas — e isso não se pode descobrir através da simples pesquisa de avistamentos. Foi em 1986 que eu fiz a minha primeira hipnose em um abduzido, e não parei mais, descobrindo coisas cada vez mais impressionantes sobre o “programa” dos aliens com relação à raça humana.
Quem foi a primeira pessoa abduzida que o senhor hipnotizou? Foi Melissa Bucknell, que tinha 27 anos quando a conheci, em agosto de 1986. Ela vinha tendo alucinações com estranhos seres, que achava que estariam examinando seu corpo — Melissa acreditava que estava sendo molestada por eles. Ela escreveu ao meu amigo Budd pedindo ajuda, mas como morava na Filadélfia, e eu também, ele indicou meu nome para ela procurar. Durante as sessões de hipnose que fiz com Melissa, descobri que ela havia sido abduzida pela primeira vez aos seis anos de idade — e que logo na primeira abdução foi inserido um implante em seu ovário, através da vagina. Por anos nós nos encontramos e os sequestros continuavam, até que perdemos o contato.
Com apenas seis anos de idade? Mas isso é muito impressionante! Realmente, mas não se assuste somente com isso. Tenho relatos de mulheres jovens que foram abduzidas e obrigadas a manter relações sexuais com homens mais velhos em salas no interior de UFOs, algo que hoje sei ser parte do programa dos ETs. Muitas pacientes que entrevistei disseram que, quando tinham 12 ou 13 anos de idade, foram levadas para o interior de naves, examinadas por seres e ouviram vozes em suas cabeças dizendo “você já está madura, já pode reproduzir”. Elas saíam dessas salas diretamente para outras, onde havia homens completamente nus, deitados em uma espécie de mesas — e eram incitadas a praticar sexo com eles.
Os raptores geralmente são seres conhecidos como grays. Mas existem relatos de extraterrestres diferentes envolvidos nas abduções, altos e com aparência humana, que estão entre os grays durante os processos e parecem ser os líderes da operação com humanos
Estou perplexo com essa revelação, assim como muitos leitores certamente também ficarão. Mas, doutor Jacobs, quem nos está abduzindo? Os abduzidos têm um retrato claro de quem são seus raptores, e na maioria dos casos eles são seres conhecidos como grays [Cinzas]. Alguns são baixos, outros mais altos. Existem relatos de extraterrestres diferentes envolvidos nas abduções, altos e com aparência humana, que estão entre os grays durante os processos — eles parecem ser os líderes da operação. São extremamente frios em suas atividades e não mantêm qualquer tipo de afeto com seus raptados, apesar de tentarem acalmá-los quando se debatem.
De onde vêm esses seres? De outras dimensões, de outros planetas ou de uma realidade paralela? A princípio, os ufólogos acreditavam que a origem em outro planeta seria a explicação mais lógica, mas pensavam que vinham de mundos vizinhos da Terra, como Vênus e Marte, por exemplo. Com o avanço da nossa tecnologia e do conhecimento do Sistema Solar, essa possibilidade foi descartada quase totalmente. Hoje os ufólogos acreditam que os extraterrestres sejam procedentes de planetas mais distantes, de outros sistemas — no entanto, o mais próximo deles está a muitos anos-luz de distância daqui. O pioneiro da Ufologia Mundial J. Allen Hynek acreditava que os ETs chegavam à Terra através do que chamava de “aeronave astral”, capaz de vencer as longas distâncias. Para o pesquisador Jacques Vallée, os UFOs vêm do que acredita ser uma “realidade alternativa”. Porém, em minha opinião, temos primeiro que ter em mente que as pessoas estão relatando ver veículos construídos artificialmente e sendo controlados inteligentemente.
Os abduzidos não questionam seus raptores quanto às suas origens? Claro que sim, e as respostas que recebem é de que são de outros planetas em algum lugar do universo, mais nada. Como existem bilhões de estrelas, é como procurar uma agulha em um palheiro. Quando perguntados de onde vêm, os ETs geralmente apontam para uma área no céu, mas não falam de universos paralelos, de viagem no tempo, de outras dimensões ou de localizações exóticas. Certa vez, Michelle Peters, mãe de duas crianças em Nova Jersey, conversou durante sua abdução com um híbrido adulto que encontrou na nave em que estava, e perguntou-lhe de onde vinha. Ele disse que vinha “do norte”, e Michelle olhou para ele sem entender. “Ele então me disse que é ‘bem ali’, mas que eu só conseguiria ver se tivesse um telescópio. Falou de três pequenas estrelas e um planeta”, contou a moça. Kathleen Morris também se recordou, através de hipnose, de ter estado com um híbrido adulto olhando por uma janela, e que ele lhe mostrava o espaço. O ser explicou a ela que as viagens eram feitas em partes e apontou para uma constelação, mas um tipo desconhecido por nós. “Parecia que ela se ligava a outra constelação e que os seres encurtavam a distância entre ambas através de algum sistema”, disse Kathleen.
E os abduzidos, quem são eles e como são escolhidos? O “programa” a que o senhor se refere é hereditário? Sim. Todos os abduzidos têm uma coisa em comum: um dos pais ou ambos também já foram levados. O fenômeno não tem predominância sobre pessoas de determinada etnia ou religião, nem ocorrem em uma área geográfica específica. Os abduzidos podem ser diferentes entre si nos aspectos educacionais, econômicos, raciais ou políticos. Também não faz diferença se são pessoas cultas, profissionais de sucesso, desempregados ou mendigos, ou se são professores, advogados, médicos, vendedores ou policiais — os abduzidos podem não ter absolutamente nada em comum.
Então, qual seria o critério de seleção das pessoas que os ETs abduzem? Não sabemos ainda, mas que há um fator genealógico nas abduções, isso é confirmado e muito importante. Quando os pais de uma pessoa — um ou ambos — são abduzidos, seus filhos também serão. Quando a abdução alienígena ocorre a um membro de um casal, seu cônjuge poderá ser “desligado” pelos raptores durante o processo. Há também pessoas que só foram abduzidas uma única vez, e ainda assim por acaso, por estarem perto de um abduzido tradicional — selecionado — durante o sequestro dessa pessoa. Contudo, o processo não é totalmente aleatório, mas já foi assim. Digo isso porque provavelmente deixou de ser acidental no final do século XIX.
Por que o senhor acha isso? Minhas pesquisas assim indicam. É algo que não posso garantir ainda, mas que é possível. Ocorre que o fenômeno das abduções é mundial e pessoas que foram abduzidas se casaram com não abduzidas, tiveram filhos que serão abduzidos e se casaram com pessoas que não foram etc. Temos relatos que sugerem abduções em 1900 e investiguei casos até de 1930. O fenômeno teve uma explosão nos anos 40, juntamente com o início da Era Moderna dos Discos Voadores.
O senhor está dizendo que no início os ETs abduziam qualquer pessoa, sem se importar com seu histórico e o de sua família? Mas que então, devido a uma nova condição, passaram a adotar uma linha de abduzidos selecionados. É isso? É mais ou menos isso. Não sabemos a razão dessa mudança, mas provavelmente eles perceberam que era necessária para encontrarem as respostas que buscam sobre nós — ou talvez até mesmo para aperfeiçoarem seu processo para criar híbridos. Em se tratando de um programa que abrange gerações, devem ter começado com poucas pessoas e viram o processo aumentar devido à procriação dos primeiros abduzidos, depois de seus filhos, netos, bisnetos, e assim por diante.
Nesse ritmo, por quanto tempo os alienígenas continuarão nos abduzindo? É difícil dizer. Vários abduzidos relatam ter visto dezenas de pessoas em outras salas no interior de discos voadores sendo examinadas ao mesmo tempo. Indícios sugerem que essas ações ocorrem 24 horas por dia, sete dias por semana, ano após ano. É algo inimaginável! Isso pode significar que os extraterrestres ficarão por aqui por muito tempo, provavelmente para sempre. Entretanto, é possível que cessem suas atividades de abduções amanhã — mas, nesse caso, não saberemos isso tão cedo, a não ser que eles mesmos nos digam…
Doutor Jacobs, como é uma típica abdução passo a passo? É uma complexa série de eventos e procedimentos conduzida por extraterrestres com um propósito. Em uma abdução típica, seres humanos são retirados de seu ambiente normal e não têm como resistir ao rapto. Eles são levados para bordo de um UFO, suas roupas são removidas e eles são deitados em mesas, submetidos a procedimentos físicos, mentais e reprodutivos. Os corpos dos abduzidos são violados por sondas e examinados, e seu esperma e óvulos são retirados. Os alienígenas se aproximam das vítimas e ficam cara a cara com elas — o que eu chamo de mindscan, escaneamento da mente. Depois de tudo isso, como se não bastasse, os abduzidos são levados para outras salas nos UFOs, onde ocorrem coisas estranhas. Por exemplo, são solicitados a tocar em bebês bem incomuns. Segundo relatos, tais crianças seriam resultado de uma mistura genética entre humanos e alienígenas, ou seja, híbridos. Além disso, em vários casos, humanos são obrigados a manter relações sexuais entre si ou com extraterrestres a bordo, cujo propósito é a coleta de esperma para esse processo de embrionagem ou hibridação.
Vários abduzidos relatam ter visto dezenas de pessoas em outras salas no interior de discos voadores sendo examinadas ao mesmo tempo. Indícios sugerem que essas ações ocorrem 24 horas por dia, sete dias por semana, ano após ano
Por favor, descreva-nos mais detalhadamente o processo de mindscan, o escaneamento da mente dos abduzidos. O mindscan é um procedimento em que o abdutor fica tão próximo da vítima que seria possível sentir seu hálito. Ele olha diretamente dentro de seus olhos, e a pessoa não consegue fechá-los ou desviar o olhar. Quando perguntamos o que acontece em suas mentes naquele momento, os abduzidos nos relatam o que parece ser uma avalanche de estados emocionais, quando veem diversas imagens passando. As evidências indicam que os extraterrestres estão criando uma ligação através do nervo ótico para chegarem até o cérebro das vítimas — para que possam então gerar algum tipo de emoção ou imagem em suas mentes.
Em outras palavras, o raptor faz a vítima ver o que ele quiser que ela veja? Exato. Frequentemente o mindscan está ligado à retirada dos óvulos em abduzidas. Os alienígenas criam, com estímulos sexuais através desse método, alguma emoção ou imagem que querem que elas vejam ou sintam. O escaneamento da mente dos abduzidos também funciona como um meio para bloquear as lembranças do evento, e por isso é que ocorre a sensação de “tempo perdido” ou “faltante” nas memórias das vítimas.
E o senhor utiliza a regressão hipnótica para fazer com que os abduzidos revivam suas lembranças, uma espécie de desbloqueio de suas mentes. Por que a escolha desse método? A memória humana nos prega peças. Se as consideradas normais já são difíceis de ser trazidas à tona, imagine as que resultam de experiências de sequestros por extraterrestres? Pelo seu programa, os abduzidos não deveriam se lembrar do que lhes aconteceu — esquecer é parte de uma tentativa sistemática para manter o programa de abdução secreto, tática que tem tido extremo sucesso para os aliens. A maioria das vítimas não tem lembranças dos raptos sofridos, mesmo elas tendo sido sequestradas diversas vezes durante suas vidas. Os que procuram um ufólogo para tentar desvendar o que lhes ocorreu são uma pequena minoria.
O mindscan é um procedimento em que o abdutor fica tão próximo da vítima que seria possível sentir seu hálito. Ele olha diretamente dentro de seus olhos
E o que faz com que eles finalmente busquem a ajuda de um pesquisador? Eles nos procuram quando começam a ter sonhos estranhos, fobias antes inexistentes ou algo que acreditam estar errado em suas vidas — é aqui que entra a hipnose. As sessões de hipnose regressiva tentam fazer com que as pessoas relembrem um ou mais fatos que possam ser a origem de seus problemas. A técnica nada mais é do que um processo de profundo relaxamento e concentração, não a perda da consciência dos pacientes, como se pensa. Quando está sob hipnose, você é quem escolhe o que revelar, e pode se recusar a responder a alguma pergunta se sentir que não está preparado para falar sobre tais fatos. Pode ainda sair da hipnose quando quiser. Quando o processo termina, se lembrará de tudo que falou e poderá até mesmo recordar de mais fatos posteriormente — são como flash backs muitas vezes nada prazerosos.
Embora sejam poucos os abduzidos que procuram especialistas para tentar ajudá-los a entender o que se passa, há casos em que começam a se lembrar de suas memórias conscientemente? Sim, mas quando se lembram do que lhes ocorreu, suas memórias se tornam um tanto problemáticas. Como as abduções são um “programa clandestino” na vida dos abduzidos, ou seja, não autorizado por eles, as lembranças emergem como fragmentos ilógicos, sem uma cronologia exata. É assim que os abduzidos contam a história do que lhes aconteceu, e o problema é que nem sempre ela é verdadeira, porém não porque eles estejam mentindo, mas porque interpretaram os fatos dessa forma. Esse cenário pode ficar ainda pior porque o cérebro pode pegar imagens de alienígenas e transformá-las em cenários ou objetos que a pessoa conhece do seu dia a dia.
Como assim, doutor Jacobs? Por exemplo, rotineiramente os abduzidos se lembram de ter visto corujas, macacos, cobras e até aranhas, quando na verdade eram extraterrestres. Essas são as figuras que eles usam para associar à imagem de seus abdutores. Além disso, durante o programa, os abdutores manipulam o cérebro das vítimas, estimulando partes dele para fazerem com que “vejam” corujas, macacos, cobras e até aranhas, mas não os “vejam”. O que tudo isso significa? Significa que recuperar memórias de uma abdução de forma acurada pode ser mais difícil do que simplesmente relaxar e tentar se lembrar — e demonstra que pode ser um erro, por parte dos abduzidos, tentar bloquear suas lembranças sem a ajuda de um profissional. Não importa o quão certo esteja o indivíduo sobre o que lhe aconteceu, o melhor para ele e para o ufólogo é sempre adotar a cautela.
Os críticos da utilização de hipnose em casos de abdução dizem que é muito fácil “plantar” memórias nas pessoas durante uma sessão. Mas a técnica pode realmente criar uma falsa abdução? Depende. Quando as pessoas vêm até mim para serem hipnotizadas, elas já têm duas coisas em mente. Primeiro, não desejam ser levadas a crer em coisa alguma que não lhes tenha de fato acontecido, e, segundo, não querem que suas experiências sejam influenciadas pela mídia — por programas sobre extraterrestres, matérias em jornais ou revistas sobre Ufologia. Além disso, logo de início, eu lhes faço propositalmente algumas perguntas-chave, para ver se são facilmente conduzíveis ou se já têm alguma predisposição em crer nisso ou naquilo. É importante verificar se os candidatos a abduzidos são vulneráveis, e tenho que estar atento quando a vítima fantasia algo. Se alguém relata uma experiência que nunca foi descrita antes, tal relato só vira uma evidência quando outros abduzidos disserem a mesma coisa — mas, claro, sem que tenham conhecimento uns dos outros. Os céticos do fenômeno da abdução frequentemente acusam os pesquisadores que usam a hipnose de conduzir os indivíduos a acreditarem que foram abduzidos. Dizem que fatores culturais e psicológicos podem levar a essa criação fantasiosa, mas um bom profissional — e, mais do que isso, um conhecedor do fenômeno — saberá como agir para não criar inverdades.
Muitos céticos dizem que a abdução poderia ser explicada pelo que a medicina chama de paralisia do sono, uma condição caracterizada pela paralisia temporária do corpo, imediatamente após o despertar ou, com menos frequência, antes de adormecer. Fisiologicamente, ela deixaria a pessoa perfeitamente consciente, mas incapaz de se mover. Além disso, o estado pode ser acompanhado por alucinações visuais. O que pode nos dizer sobre isso? Desde 1992 tem-se dito que a paralisia do sono seria a responsável pelo fenômeno da abdução, e recentemente essa “explicação” voltou com mais força, como se nunca tivesse sido discutida antes. Os céticos que usam essa teoria o fazem de forma ignorante e não sabem o que falam. Na verdade, eles desconhecem as evidências, as ignoram ou as distorcem. Por exemplo, na maioria dos casos de abduções que investiguei, as vítimas não estavam dormindo, mas foram levadas no meio de outras pessoas que confirmaram o evento. Em alguns casos, indivíduos veem um abduzido ser levado, e ele não. Afirmar que a paralisia do sono é a responsável por milhares de abduções é uma ignorância tremenda.
Indivíduos sendo abduzidos em público, em frente a outras pessoas? Como assim? Depende do que você quer dizer com “em público”. Tecnicamente, pessoas são consideradas abduzidas quando estão desaparecidas. É frequente o seu desaparecimento em casa ou quando estão dormindo. Entretanto, muitos abduzidos foram levados quando ainda eram crianças, como quando estavam em colônias de férias. Pessoas também são raptadas quando estão dirigindo, quando estão em piqueniques ou em seus quintais. Há sequestros em todos os tipos de lugares — mas geralmente não ocorrem no meio de multidões ou nos locais de trabalho das vítimas, embora eu tenha alguns casos assim. Durante uma abdução, amigos ou parentes procuram pelo desaparecido e não o encontram. Muitas vezes até a polícia é chamada e se inicia uma busca frenética pelo indivíduo, que, de repente, aparece em algum lugar sem saber o que lhe aconteceu. A questão aqui é que eles estão fisicamente desaparecidos quando ocorre a abdução, independente do local.
Milhares de pessoas já afirmaram ter sido levadas. Como o senhor disse que uma abdução pode ocorrer em qualquer lugar e que, em alguns casos, há testemunhas, então temos aqui um fenômeno. Supondo que 10% dos sequestros foram observados por pelo menos uma outra pessoa, então teríamos milhares de testemunhos diretos. Mas onde eles estão? Seria uma enxurrada de relatos… Como já dissemos, o fenômeno da abdução é “clandestino”, ou seja, os abdutores não querem que saibamos o que eles estão fazendo conosco. Seu programa sigiloso é extremamente bem calculado e sucedido. Entretanto, algumas abduções são testemunhadas. Budd Hopkins escreveu outro livro interessante, chamado Witnessed: The True Story of the Brooklyn Bridge Abductions [Testemunhado: A História Real da Abdução da Ponte Brooklyn, Pocket Books, 1997], que trata disso. Ele mostra que houve testemunhas de um episódio de sequestros por extraterrestres no centro de Nova York. Mas creio que menos de 1% dos casos tenham testemunhas — e normalmente são os membros da família das vítimas que confirmam os fatos. Em alguns eventos, até mesmo amigos são abduzidos ao mesmo tempo e, de vez em quando, um desconhecido vê o caso acontecer. Algumas vezes as testemunhas não se lembram do que ocorreu até que sejam colocadas sob hipnose, e somente assim relatam o que se passou com elas e com outros abduzidos. Tipicamente, esses casos acontecem quando quem sofreu o sequestro se recorda de estar na presença de um amigo, familiar ou de qualquer outra pessoa. Se os 10% de pessoas que você sugeriu na pergunta tivessem visto o momento do rapto, não estaríamos tendo essa entrevista, pois todos já teriam conhecimento do fenômeno.
Mas, enquanto não é algo de amplo conhecimento, é muito bom tratar desse assunto com alguém como o senhor, que o conhece tão bem. Voltando ao acontecimento mencionado no livro de Hopkins, que o senhor citou, o que poderia nos dizer a respeito? Trata-se do caso de Linda Napolitano, um dos mais espetaculares que conheço. Às 03h00 de 30 de novembro de 1989, Linda — no início identificada com o sobrenome Cortile — foi abduzida por alienígenas do tipo gray que entraram voando pela janela de seu quarto, vindos de um UFO que estava estacionado do lado de fora do prédio em que a vítima morava. Antes de ser analisada por Budd, ela só se lembrava de fragmentos do evento — os detalhes só vieram à tona quando foi hipnotizada.
Mas quem testemunhou o rapto de Linda Napolitano, em Nova York? Um ano após o caso, Budd recebeu uma carta assinada por duas pessoas, Richard e Dan, que afirmavam ter visto a cena da abdução ocorrer, pois estariam a um quarteirão do prédio de Linda. Seu relato era exatamente idêntico ao dela, o que jamais poderia ter ocorrido, pois o caso ainda não tinha sido divulgado. Como poderiam saber dos detalhes? Contudo, o mais fantástico dessa situação é que os homens seriam guarda-costas de um diplomata da ONU, que mais tarde foi identificado como sendo o peruano Javier Perez de Cuéllar, ninguém menos do que o secretário-geral da ONU entre 1982 e 1991, que também assistiu à abdução. Ainda segundo os agentes, Cuéllar ficou em estado de choque ao presenciar o momento em que Linda e outras três criaturas flutuaram em direção a uma enorme bola de luz estacionada ao lado do edifício.
Com uma testemunha como essa, duvido que os céticos tenham argumentos para negar a existência do fenômeno… Bem, pelo menos eles continuam tentando. Claro que o sonho de Budd era de que Cuéllar viesse a público e relatasse o que havia visto, mas isso nunca aconteceu — embora ele tenha se correspondido com Budd e confirmado o que se passou. Cuéllar explicou que não poderia dar declarações oficiais por razões óbvias, mas chegou a encontrar Budd pessoalmente algumas vezes, sempre pedindo anonimato.
Como as abduções são um “programa clandestino” na vida dos abduzidos, ou seja, não autorizado por eles, suas lembranças emergem como fragmentos ilógicos, sem uma cronologia exata. É assim que contam a história do que lhes aconteceu
Já que entramos nessa esfera, a dos governos, pergunto o que eles saberiam sobre as abduções? Eu acho que os governos não se interessam pelo fenômeno. Caso se importassem com o que está acontecendo, viveríamos em um mundo completamente distinto. A indiferença das autoridades para com a realidade da presença alienígena na Terra é tão grande que nem mesmo cientistas se propõem a estudá-la. Como o fenômeno é considerado um problema psicológico, e não algo que vitima os humanos, a comunidade científica não faz esforços para investigar os sequestros por extraterrestres e alertar as autoridades para o que está ocorrendo.
O senhor vê alguma chance de mudança nesse quadro? Para haver mudanças, os governos teriam que receber da comunidade científica algum argumento concreto de que algo extraordinário está acontecendo. Sem isso, as autoridades nunca darão a mínima atenção ao assunto. Eu sei que faço parte de uma minoria de pesquisadores, aquela que não acredita que existam agentes de governo lidando com a questão ufológica, mas acho que estou sendo realista. Os teóricos do acobertamento ufológico acham que os governos não estão fazendo o que é correto, ou seja, que eles estão escondendo a verdade sobre a ação na Terra de outras inteligências cósmicas. Eu posso conviver com isso, pois pelo menos saberia que eles estão estudando o assunto. Entretanto, acho que não estão fazendo nada a respeito.
Essa entrevista terá continuidade na próxima edição, UFO 188, de maio.