PRÉ-VENDA
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“Eles existem e não faz sentido manter sua existência em segredo”

Esta é a segunda e última parte da entrevista com o oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) que fez a afirmação do título desta entrevista, falecido em setembro. A Comunidade Ufológica Brasileira deve muito a ele pelo bem-sucedido processo de abertura ufológica no país.

A. J. Gevaerd
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O militar era um forte defensor de que os documentos ufológicos secretos da Aeronáutica fossem liberados, como o foram a partir de 2007.
Créditos: MOREZPRAV

A edição de novembro de UFO trouxe a primeira parte da entrevista que fizemos em 2008 com o brigadeiro José Carlos Pereira, publicada originalmente em UFO 141, de abril daquele ano, e republicada agora como uma homenagem ao oficial em decorrência de seu falecimento, em setembro. Esta é a segunda parte do diálogo com o brigadeiro, que teve de tudo: Operação Prato, Noite Oficial dos UFOs no Brasil, Caso Varginha, segurança nacional, abertura ufológica etc. O militar era um forte defensor de que os documentos ufológicos secretos da Aeronáutica fossem liberados, como o foram a partir de 2007.

O brigadeiro JC, como era conhecido pelos seus pares, ocupou os mais importantes postos da engrenagem militar brasileira, como o de comandante de esquadrão aéreo e de oficial de operações e da Unidade Aérea de Instrução de Caça. Foi também comandante de várias bases aéreas e atuou com brilhantismo na área de Inteligência Militar, sendo oficial do gabinete da Presidência da República e oficial de Inteligência no Estado-Maior da Junta Interamericana de Defesa, em Washington. Pereira foi ainda comandante da Academia da Força Aérea (AFA), chefe de Estado-Maior do Comando-Geral de Operações Aéreas e comandante de operações da Força Aérea Brasileira (FAB), tendo 13 generais e um total de 27 mil homens subordinados a ele.

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O período em que teve mais contato com os documentos ufológicos secretos ocorreu durante sua passagem pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), que dirigiu de 1999 a 2001. “Todos os arquivos brasileiros sobre discos voadores que têm interesse para a Aeronáutica estão no Comdabra. Tudo! Quando eu fui diretor de planejamento da Força Aérea, no começo dos anos 90, os arquivos também estavam à minha disposição”.

Guardião da chave do cofre

Por causa desta intimidade com o assunto, tendo em várias vezes contato e examinado as evidências, o brigadeiro JC sempre foi considerado o guardião da chave do cofre onde estão os segredos ufológicos do País. “Olhe, não há nenhum motivo para manter os arquivos em sigilo. Nenhum! A liberação não expõe o Brasil a uma guerra, não vai provocar pânico na população, não coloca em risco a segurança nacional e nem atinge a privacidade de pessoas eventualmente citadas neles. Isso é o que temos que ter em mente. Se não vai afetar nenhuma destas questões, então revela!”, declarou o militar — em tom enfático e decisivo — a este editor e aos seus acompanhantes.

E continuou: “O Brasil quer transparência em tudo, até mesmo em Ufologia, e esta é a hora. Vou ajudar os ufólogos da Revista UFO a conseguirem o que pleiteiam por meio de sua campanha pela liberdade de informações”. A oferta do entrevistado, antes mesmo de termos solicitado, foi mais do que bem-vinda e chegou em um momento crucial para a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que foi bem-sucedida em obter do Governo Brasileiro cerca de 20 mil páginas originais de documentos ufológicos antes secretos.

Com a publicação da segunda parte da entrevista concedida pelo militar, ainda em 2008, o brigadeiro José Carlos Pereira ofereceu um momento único para a Ufologia Brasileira — o de esclarecer definitivamente a posição do meio militar quanto ao assunto. Mais do que isso, permitiu a todos conhecerem em detalhes diversos aspectos relativos ao Fenômeno UFO, notadamente no que se refere à Aeronáutica, à segurança nacional e às reações que o governo pode assumir quanto ao tema. Foi um diálogo histórico e significativo.

Mesmo antes de publicada a primeira parte deste material, já se estimava que o impacto que ele teria sobre a Ufologia Brasileira seria significativo. Nunca um militar de sua graduação falou tão abertamente sobre UFOs antes, e raros militares estrangeiros, em posições equivalentes nas forças armadas de seus países, chegaram perto de repetir seu gesto. Isso estimulou a Revista UFO a tentar estabelecer contatos com oficiais de semelhante estatura também da Marinha e do Exército, para que se buscasse deles o apoio que os ufólogos precisam para atingir seus objetivos. Vamos à segunda parte da entrevista.

Nova metodologia

Como são tratados pela Aeronáutica os episódios ufológicos que envolvem tripulações civis, como o Caso Vasp, ocorrido em 08 de fevereiro de 1982, quando um Boeing 727 da extinta companhia aérea paulista foi seguido por um UFO por mais de três horas? Normalmente, as tripulações civis em voo se comunicam com os órgãos de controle ligados à Aeronáutica. Qualquer coisa que envolva aeronaves civis era antes tratada pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), e hoje é incumbência da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Assim, na verdade, a Força Aérea praticamente não tem mais nenhum contato com pilotos civis, a não ser através do controle de tráfego aéreo. Então, se hoje houvesse uma observação ufológica feita por um piloto da Latam em voo, por exemplo, ela seria comunicada à Aeronáutica e a Força Aérea faria alguma coisa, considerando o voo. Isso está nas atribuições do Comando de Defesa Aérea. O fato é relatado para um controlador de voo e cai no sistema.

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Ademar José Gevaerd (Maringá, 19 de março de 1962 – Curitiba, 9 de dezembro de 2022) foi um ufólogo brasileiro, editor da Revista UFO, publicação do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), entidade do qual também foi fundador e presidente. Também é director brasileiro da Mutual UFO Network (MUFON). Ele representou o Brasil no Center for UFO Studies e foi diretor para a América Latina do Annual International UFO Congress. Esteve em diversas redes brasileiras de TV, além do Discovery Channel, National Geographic Channel e no History Channel, tendo discursado em muitas cidades do Brasil e em outros 50 países, além de ter realizado mais de 700 investigações de campo dos casos de Ovnis no Brasil. Era considerado um dos maiores ufólogos do mundo, uma das personalidades máximas do Brasil nesse assunto, membro de várias associações internacionais de ufologia. Considerado um dos mais respeitados ufólogos, é conhecido por seu empenho em tentar amparar todo fenômeno ufológico com o maior número possível de provas e testes. Ainda na década de 1980, foi convidado pelo Dr. J. Allen Hynek para representar no Brasil o Center for UFO Studies (CUFOS). Gevaerd sofreu uma queda em casa, no dia 30 de novembro de 2022, vindo a morrer no dia 9 de dezembro de 2022 no Hospital Pilar em Curitiba.