por Carlos Reis
Feliz ano novo
Em razão das merecidas férias de final de ano, dedicarei a coluna desta edição a um balanço de 2003. Existem duas análises a serem feitas – uma de âmbito pessoal, outra dentro de uma visão mais ampla. No lado pessoal, posso afirmar que foi um ano de muito aprendizado, troca de idéias, crescimento e reavaliação de alguns conceitos que estavam fora de foco. Escrever é, por sua própria natureza, uma arte. E fazer isso obedecendo determinadas regras, de forma sucinta, clara e mais abrangente possível, sob a pressão implacável dos prazos de entrega, tornou-se um desafio que foi vencido. Tanto quanto me foi possível, procurei permanecer dentro dos limites da ética, sem ferir suscetibilidades. Mas também sem deixar de dizer aquilo que julguei imprescindível. É bem provável que eu tenha me excedido na acidez de algumas críticas, ou no momento de emitir uma opinião. Entretanto, quando (e se) isso ocorreu, foi no intuito de apenas defender um ponto de vista, o que geralmente faço com veemência.
Muitas foram as cartas que apoiaram a criação do cargo de ombudsman, o que aumentou nossa responsabilidade. É certo, entretanto, que ainda há muito a aprimorar e corrigir, mas que a iniciativa rendeu frutos, não há como negar. É neste sentido que o aprendizado foi recíproco. A revista também viu apontados os seus erros, as suas falhas, e no entendimento das críticas, foi aos poucos aparando as arestas. É com orgulho que vejo hoje uma Ufo de alto padrão gráfico, com qualidade de fazer inveja a muitas outras publicações. E me sinto feliz por ter dado uma parcela de contribuição para chegar a esse resultado. O desafio que se tem pela frente, agora, é justamente manter esse nível, mais do que simplesmente melhorá-lo.
Infância cósmica
A segunda análise é mais complexa, pois engloba múltiplas variáveis e seus desdobramentos. Faltam-me elementos para dizer se houve alguma mudança na forma de se encarar o Fenômeno UFO nestes últimos anos. Teria que me valer das enquetes que começam a ser publicadas através da seção Ufologia Pontocom e compará-las com as de um passado mais recente. Ao longo do ano, muito se discutiu sobre a estagnação da Ufologia, por exemplo, e percebi que a questão não ficou muito bem esclarecida. Leitores e ufólogos estabeleceram nessas páginas um amplo debate sobre vários temas. Autores puderam externar suas opiniões de forma democrática – sem cerceamento de liberdade de expressão. O que nos reserva a Ufologia para um futuro no curto prazo? No que podemos melhorar sua compreensão e sua divulgação? Nós, aqui da Ufo, temos um sentimento de que fizemos muito – e temos certeza de que muitos de vocês também fizeram. Mas, felizmente, sempre há mais a ser feito. Estamos convencidos de que o que diferencia fundamentalmente as pessoas não é apenas o conhecimento e não são somente as habilidades. É a vontade de fazer e a atitude que se toma. O mundo só se torna melhor quando as pessoas se tornam melhores. Essa é uma reflexão para todos.
A única projeção que me cabe para 2004 é a de que permanecerei fiel aos meus princípios, porém sempre disposto a rever minhas idéias quando julgar que uma nova proposta apresenta coerência, consistência, equilíbrio e seriedade. Da mesma forma, leitores, ufólogos e autores estarão sob as lentes desta coluna, que não irá poupar críticas e elogios quando merecidos (e a recíproca se mantém verdadeira). Desejo profundamente que você continue tendo na revista um canal para a compreensão do universo, da vida, do ser humano, e um veículo para expressar suas expectativas e sentimentos. Pouco importa quem são os UFOs, de onde vêm e o que querem, se antes não soubermos responder essas mesmas questões a nosso respeito. O homem viverá muitas gerações antes de obter as respostas que deseja, pois é essa busca que o fazer crescer. Estamos apenas na “infância cósmica” de nossa existência. A Ufologia é apenas um meio, não um fim. Tudo isso é apenas o começo de uma grande história que está reservada.