por Carlos Reis
Respostas aos leitores
Somente depois de um ano de existência essa coluna recebeu algumas críticas, sobre as quais me manifesto. Começo pelo leitor que se identificou apenas como Guilherme, que em e-mail confessou ter reiniciado a leitura da revista a partir da edição 92. Deduzo que ele não acompanhou a discussão sobre o uso da crase ao longo do ano e assim achou minha atitude “grosseira e desnecessariamente desequilibrada”, como disse. Mas a crítica de Guilherme, sim, é que foi grosseira, ao julgar-me “senhor pleno da razão e sabedoria”, por achar que estou impondo normas à revista e apenas “vendo o superficial”. Acontece que regras gramaticais devem ser seguidas por todo e qualquer veículo de comunicação, e sendo a Ufo um deles, ela é também é uma formadora de opinião e não pode cometer erros como esses, por uma questão de inteligência, responsabilidade, ética e respeito aos leitores. O “vocabulário colegial” usado foi transcrito do Manual de Redação de O Estado de São Paulo, a quem o leitor deve se dirigir antes de criticar a linguagem empregada. Além disso, Ufo atinge todas as camadas da população, do executivo ao ascensorista, do diretor financeiro ao office-boy, donas-de-casa, operários, estudantes etc. Os textos devem ser objetivos e claros para todos.
O leitor também reclama de meus comentários sobre as matérias, alegando que eu deveria “mostrar a impecável capacidade de pesquisar, relacionar, (…) todo conteúdo escondido nas entrelinhas de um texto”. O ombudsman só critica as matérias que julga necessário comentar, cujo conteúdo não apresente, nas entrelinhas, nada de relevante. Reforçando sua argumentação, Guilherme ainda alega que esse colunista deveria apresentar soluções, em vez de apenas apontar erros. A matéria que assino na edição 90, Novos Caminhos Para Uma Velha Ufologia, provavelmente não lida pelo leitor, não é exatamente uma solução, mas sugere uma nova abordagem – no mínimo uma reflexão. Só há um ponto em que concordamos: realmente a revista está bem elaborada e bem diagramada, sendo elogiada por todos.
Dino Kraspedon
Já Rodrigo Perretti [Busca de Respostas da edição 94] considerou incompreensível minha resposta ao leitor Habib Moussa sobre o caso Dino Kraspedon. Está certo que, “em matéria de ciência e pesquisas, tudo deve ser considerado até o último detalhe”. Repito, então, o que disse na ocasião: não vou alimentar a polêmica e que cada um adormeça com sua verdade. Quem perder, fica com as batatas. Nem eu nem o leitor Rodrigo pesquisamos o caso, portanto estamos quites. Mas conheci quem o pesquisou em todos os detalhes e não deu um centavo de crédito como caso ufológico. Ainda bem que, graças a pessoas como esse ombudsman, casos semelhantes não se tornam públicos. Senão seria um deus-nos-acuda. É preciso haver bom senso, discernimento, rigor, critério, paciência, experiência, dedicação e muita cautela no envolvimento com um suposto contatado, abduzido ou assemelhado.
Por fim, o leitor Raphael Tanaka pede que se publique as idéias de Jacques Vallée, o que acho inviável no momento, até porque o referido pesquisador encontra-se recluso, sem qualquer manifestação pública. Seus livros, com raras exceções, não foram traduzidos e não temos como saber em que estágio estão suas reflexões atualmente. Quando falamos em nível mitológico e sociológico, citando o artigo acima, estamos nos referindo às questões culturais, históricas e comportamentais de uma dada sociedade frente ao Fenômeno UFO. Quanto à sua sugestão, ela já foi encaminhada ao editor.
E sem mais delongas, vamos à edição 94. Muito boa a entrevista com Luciano Stancka, servindo de alerta a muitos pesquisadores. Pena que as perguntas focaram mais a hipnose, em detrimento de uma abordagem mais psiquiátrica. A matéria Aviões versus UFOs, de Wallacy Albino, vem ao encontro daquilo que o leitor Ubirajara Zennon levantou: não há nada de novo para se publicar? O leitor Francisco Baqueiro é outro que mostrou equilíbrio e lucidez no comentário sobre a matéria de Fernando Ramalho, O Evangelho Segundo a Ufologia [Edição 89]. Tomara que esse time de leitores aumente. Interessante a nova seção Ufologia Pontocom, principalmente pela publicação dos resultados das enquetes realizadas no site da revista, pois permite traçar um perfil atual do leitor, e talvez, por extensão, da própria sociedade brasileira.