Amadurecer os verdes da Terra
Confesso ficar bastante desapontado com os rumos que chegam a tomar as discussões, relatos e ocorrências ufológicas em nosso planeta. Coloco-me como um naturalista científico e sempre acreditei na presença devida por toda esta infinidade do Universo. Não posso negar que nosso planeta vem sofrendo visitas de outros seres que muito ou tão pouco conhecemos. Podem ser desde microfragmentos virais de RNA até entidades dotadas de enorme conhecimento e domínio tecnológico e/ou espiritual. A diversidade de formas deve ser incomensurável.
Porém, é impossível rejeitar o inegável. É realmente decepcionante ver textos e hipóteses sobre extraterrestres tratarem a civilização humana como única representante de todos os entes organizados na Terra e como a única que despertaria interesse para outras formas de vida no Universo. Esquecem-se que a cada dia nossa consciência reconhece que somos a espécie de maior ameaça para os ecossistemas reinantes aqui, que somos brutais, ignorantes e inconseqüentes consumidores ou transformadores dos recursos terrestres.
Também não podemos esquecer do natural processo de seleção e evolução das espécies, do parentesco irrefutável de humanos com todos os outros seres que co-habitam atualmente o planeta e com todos seus antepassados que já povoaram nossa crosta terrestre. Todas essas formas de vida se desenvolveram sobre bases genéticas comuns aos organismos daqui. Estamos demasiadamente preocupados com civilizações extraterrenas, com catástrofes previstas por ETs etc, que nos esquecemos que somos nós mesmos que estamos comprometendo nosso futuro aqui. Olvidamos que devemos mudar nossa postura, cuidar e olhar melhor por nossa casa. Não podemos ficar esperando que outros seres venham nos trazer uma luz, uma ajuda, soluções, orientação, resgate. Isto é um absurdo! Temos que parar de transferir aos deuses astronautas a culpa pela nossa existência de criaturas humanas muitas vezes tão mesquinhas e arrogantes que só buscam encontrar espelhos por onde passam. Criaturas que desejam deuses à sua imagem e semelhança.
Matéria e energia recicladas – A forma como a vida vem ocorrendo aqui nada mais é do que um amplo e organizado processo de transformação e reciclagem de matéria e energia. Os meios pelos quais ocorrem é que são variáveis. Portanto, por mais semelhante que um planeta seja em relação a outro, sua chance de apresentar as mesmas composições de espécies é praticamente nula. A Terra, mesmo ao longo de suas eras geológicas, vem mostrando uma sucessão variante na composição de sua fauna, sua flora e de seus ambientes. Nem sempre foi como hoje e nem sempre será. São processos evolutivos agindo e produzindo alterações na comunidade de organismos que compõem nossos biomas, nossos ecossistemas. Cada planeta passa por alterações no tempo e no espaço e as pressões ambientais decorrentes disso contribuem para a seleção natural dos melhores adaptados.
É bem certo que os humanos vêm acelerando processos de combustão, de alteração do ambiente e da atmosfera global, o que pode inviabilizar sua própria permanência e desenvolvimento neste planeta. E este processo, só mesmo nossa consciência e nossos atos podem alterar. Não há porque esperar ajudas externas e extraordinárias. Afinal, os verdes somos nós, tanto no sentido de nossa imaturidade como no sentido de nosso interesse pela conservação ambientalista. E, verdes que somos, temos que amadurecer e assumir responsabilidades com a sapiência de um Homo sapiens (que é tão evoluída quanto a de um Tapirus terrestris).
Quanto às outras civilizações planetárias, muito mais pode se esperar. Imaginem quanta diversidade de situações ambientais podemos encontrar no Cosmos e que respostas a vida ofereceu e vem oferecendo a isto. Imaginem a diversidade de formas, seres, organismos. Agora, imaginem se numa escala avançada, seres com maior poder tecnológico tenham capacidade de viajar pelo Universo. A diversidade deve ser grande também. Então, podemos estar sendo visitados por inúmeros seres, de inúmeras formas, origens, com diversos interesses, por razões e mesmo casualidades. E isto não somente agora, mas desde que o planeta existe e nós nem em sonhos existíamos.
Esta dinâmica universal sim, é bem mais interessante para se discutir. Como a vida se dispersa e coloniza os astros que assumem uma condição propícia ao seu desenvolvimento? A partir daí, o processo tende a se desenrolar por inércia, provavelmente autoguiado, isto é, pelas interações entre os organismos e o ambiente em constante mutação. O papel de cada um dos seres intra ou extraplanetários, estaria em como se contatam, como interagem entre si, e que tipo de novidade tecnológica, que tipo de conhecimento específico, que tipo de poder energético possuem. Como estariam modificando a história natural do planeta em que pousam e/ou repousam? O importante está em seu poder de alterar os rumos evolutivos da vida no planeta, e como nós, seres da Terra, assimilamos estas experiências. No fundo, esta evolução deve andar por si só, com as próprias pernas.
Talvez receber uma mão dos pais para cruzar vias movimentadas e perigosas, mas devemos sempre estar conscientes de que chegará o momento no qual somente o risco em avançarmos sozinhos é que valerá nossa vida e existência. Cresçamos todos, então. Vamos agir como filhos caçulas e não como crias ou cobaias indefesas. Afinal, os deuses podem ser nossos parentes, mas nunca nossos criadores, pois até onde sabemos tudo se transforma, nada se cria. E filhos se transformam em pais, que se transformam em avós, que se transformam em antepassados, em ultrapassados. Cada ser é apenas parte do complexo da vida no Universo. A natureza terrestre é única e soberana, independente da sobrevivência humana. E quem sobreviver verá!
Wagner Fischer,
Campo Grande (MS)
Ufólogos versus ufólogos
Quem pesquisa Ufologia sabe como é difícil reconstituir um caso: difícil acesso a pessoas e lugares, relatos pouco confiáveis, embora muito convincentes, muitas hipóteses e raras conclusões. Batalhamos, sofremos, gastamos, cansamos… Até que no final concluímos que conseguimos uma quantidade razoável de provas e alguns depoimentos, críticas e sugestões. Montamos um relatório, lemos, relemos… Mesmo que ainda falte algo, distribuímos aos nossos colegas do ramo, ansiando por um elogio ou ao menos um comentário.
A matéria é divulgada e, às vezes, por sorte, repercutida. Assim, ganhamos êxito em nossos estudos e escalamos temporariamente a escada da popularidade. Mas isso infelizmente é breve. Afinal, tudo que é bom, dura pouco. Chega uma hora em que alguém de renome divulga uma matéria parecida (para não dizer igual), e sem esforços ganha todo o crédito. A mesma matéria que com nosso nome só aparecia em humildes informativos e boletins, passa a ser conhecida mundialmente. Assim, continuamos novamente no poço do esquecimento, trocando xerox de décadas passadas e comentários que não nos levam a lugar algum… Sem falar no desânimo que nos abate. Isso realmente não é justo!
Somos uma grande comunidade, podendo-se dizer uma família. Não temos que nos preocupar com nossa posição diante dos outros, e sim com esta ciência, que é muito importante no desenvolvimento de nosso mundo.
Carol Koehler,
Santos (SP)
Alienígenas não biológicos
Sou estudioso da Bíblia e para mim é impossível ler o Livro de Ezequiel e não ver ali uma formação de UFOs em visita ao profeta, numa típica abdução. Mas, antes de ser uma prova de que os extraterrestres visitam a Terra desde tempos remotos é, sobretudo, uma prova da diversidade de manifestações desses tipos de fenômenos. O fato de serem alienígenas não significa que sejam habitantes de um planeta distante e desenvolvam tecnologias fantásticas a ponto de poderem se deslocar emqualquer direção no Universo, sem que se preocupem com leis físicas. A realidade de sua presença entre nós e a quase certeza de que, talvez no futuro, estaremos usando tecnologia alienígena em nossos lares, nos dá uma visão ainda confusa dessa nova realidade.
Tais seres seriam representantes de uma espécie extraterrena que bem poderia ser denominada de Entidades Extraterrestres sem Estruturas Biológicas. Enquanto a Ufologia Científica se ocupa dos seres com estrutura biológica definida, a Ufologia Mística trata dos que, invariavelmente, se manifestam em ocasiões em que há atividades extrassensoriais – como as canalizações e até mesmo algumas abduções, que bem podem ser produto de uma experiência ilusória. A Nova Era, antes de ser uma contribuição à paz mundial, representa o perigo de nos submetermos a uma raça espiritualmente desenvolvida e concordarmos com a utilização de nossas mentes como objetos de pesquisas.
O renomado escritor de ficção científica Artur C. Clarke, em sua mais recente obra, aboliu todas as religiões mas manteve o conceito Deus como um fator imutável. Isso fatalmente define, até mesmo pela própria doutrina aquariana da dualidade dos seres, dos opostos de suas manifestações que, se há o bem, necessariamente existirá o mal. Sem ser semeador de discórdias, seria bom que a Ufologia Cientifica se preocupasse com a Mística, que antes de tudo contribui para uma possível invasão da Terra, ou pelo menos de nossa mente, o que fatalmente negaria o nosso maior bem: o livre arbítrio.
Geraldo leuse da Fonseca,
Lins (SP)
Os casos ufológicos precisam ser considerados, mesmo que sejam absurdos
Compilar relatórios para conseguir estatísticas é um modo seco e quase artificial para se chegar a desvendar os UFOs. Isso é o que a maioria das pessoas interessadas no assunto pensa. Até um certo ponto estão certas: reunir os fatos por si só seria um procedimento errado, pois é justamente devido ao considerável acúmulo de ocorrências arrebatadoras que o autêntico pesquisador deverá continuar seu trabalho. Os casos ufológicos não se encaixam em nossa realidade: têm um ar de magia e provocam distúrbios emocionais, sonhos e alucinações.
Poderíamos descartá-los por não se encaixarem no molde da mente mecanicista. Mas não estaria na hora de trocar este molde? Considero sábio aceitar todos os casos ocorridos e só então peneirá-los e descartá-los, se necessário. Comparemos tais fatos com os absurdos do século passado e que hoje são realidades. Agora compreendemos que a realidade em si não é o que parece ser. E uma conveniência necessária, um símbolo que fabricamos.
Irene Granchi,