Seitas ufológicas se proliferam pelo país
A. J. Gevaerd
O mundo está chocado. Trinta e nove pessoas tiraram suas próprias vidas na Califórnia porque acharam que suas almas poderiam ser salvas e acolhidas pelos tripulantes de um gigantesco disco voador que estaria escondido na cauda do cometa Hale-Bopp. Não foi a primeira vez que atos desse tipo ocorreram e não será a última, infelizmente. Pessoas que ansiavam ver uma resposta para o Fenômeno UFO optaram pela forma mais trágica – embora mais rápida, como imaginavam. Não resistiram às loucuras de seus gurus.
Pelo mundo inteiro existem seitas como a desses tristes suicidas, curiosamente chamada de Portão do Céu. Na maioria das vezes, seus seguidores praticam exóticos e ridículos rituais, crêem em absurdos inimagináveis e agem com a superioridade de quem conhece os segredos do universo. Todas estas seitas funcionam mais ou menos da mesma forma. Na maioria delas, há um ou mais “líderes espirituais” que, por seu carisma ou poder de persuasão, conseguem levar seus cegos seguidores a realizarem os atos mais desmedidos. São seitas de adoradores de UFOs e extraterrestres. Até no Brasil elas estão presentes – e algumas têm bastante expressão.
Esta edição da Revista UFO dedica algumas páginas ao assunto, ao mesmo tempo informando seus leitores sobre o mecanismo e funcionamento de tais seitas e alertando para o perigo que representam. Nossos co-editores e consultores se mobilizaram como nunca, desde 26 de março passado, quando constatada a tragédia da Califórnia, para fazer uma cobertura completa dos acontecimentos. Tentamos apresentar uma abordagem lúcida e imparcial do assunto, mostrando fatos comprovados.
Os artigos publicados mostram de forma veemente que o fanatismo e a fraude na Ufologia caminham de mãos dadas, lado a lado. Sempre que uma nova seita ufológica é detectada, seu guru é imediatamente identificado, pois geralmente possui as mesmas características dos líderes de outras seitas em todo o mundo. Em geral, são pessoas que exercem forte influência na vida pessoal, íntima e profissional de seus seguidores, recorrendo à mentira, falcatruas e desonestidades diversas para conseguirem seus intentos. Seus escrúpulos são inexistentes.
Esses senhores são geralmente pessoas dadas ao exagero, capazes de afirmar candidamente – embora de forma convincente, pelo menos ao seu séquito – que fazem viagens regulares a outros planetas e até galáxias. Normalmente, dizem-se portadores da capacidade, até hoje nunca comprovada em qualquer ser humano, de atraírem “seus amigos extraterrestres” e suas naves para um encontro com hora e local marcado. Claro, esses encontros nunca acontecem. Alguns recorrem a truques de mágica e prestidigitação para iludir seus asseclas. Não raro, podem ser flagrados em suas fraudes primárias e rudimentares. Mas não se rendem.
Essas são situações lastimáveis, mas pior ainda é o comportamento dos seguidores de tais gurus. Mesmo após verem as provas das falcatruas de seus mentores, preferem não acreditar nelas. É como se fossem acometidos de uma cegueira total que os impede de ver coisas ridiculamente óbvias. Aceitam discutir qualquer assunto – até a vida de Jesus Cristo, por exemplo –, mas recusam-se terminantemente a colocar em questão a veracidade das afirmações de seus ídolos. Alguns os defendem como à própria vida, outros os adoram acima de tudo. É lamentável, mas nitidamente visível, o fato de que, como diria o repórter do Notícias Populares Ivan Finotti, “…estas são pessoas que trocaram Jesus na cruz pelos ETs no disco voador”.
Cegueira total – Foi essa cegueira que fez os 39 membros da seita Portão do Céu se matarem. É essa mesma cegueira que leva hordas de incautos com uma profunda carência de algum tipo a seguirem pessoas de caráter dúbio, que lhes prometem revelações que nunca chegam. Tal cegueira é chamada fanatismo, um dos aspectos mais nefastos da Ufologia.
É essa coisa absurda que os ufólogos deste e de outros países repudiam a todo custo, e mostram como, através dos artigos publicados nesta edição. Eles servem de alerta contra uma realidade que permeia a sociedade brasileira e que deve ser combatida a tempo, enquanto sua proliferação ainda não é tão acelerada. Com a aproximação do fim do milênio, as seitas ufológicas se multiplicam como água e seus gurus se alastram. Se suas intenções – como na maioria dos casos – forem apenas a de ficarem ricos, menos mal. Mas se suas elocubrações ocultarem outras obscuras finalidades, então teremos novas tragédias pela frente.