UFOLOGIA CIENTÍFICA OU MÍSTICA? EXTRATERRESTRES BONS OU MAUS?
Ante ao macabro espetáculo de corpos mutilados apresentado no número 25 de UFO, fato atribuído a criaturas extraterrestres, urge que se encontre explicações que possam amenizar o choque inevitável que abalará a alma dos leitores. Mais que isso: abalará a todos aqueles que se acostumaram a contemplar, fascinados, as misteriosas naves celestes, levando em seu interior criaturas de longínqüos rincões do espaço, aureoladas pela crença de que sejam anjos e deuses ou, quando menos que isso, superseres de elevada ética, bondosos e cumpridores de alguma ordem universal. Na verdade, o pensamento ufológico de hoje se polariza em torno de duas distintas correntes: a primeira cuida dos aspectos formais e objetivos da questão, relatando casos, analisando e pesquisando relatórios, montando estatísticas e especulando sobre hipóteses prováveis que expliquem o Fenômeno UFO. Os adeptos deste grupo buscam conclusões definitivas acerca do assunto, encarando o problema de maneira pragmática e com frieza científica, desde que os princípios de nossa ciência sirvam para equacionar alguns aspectos do mistério que páira, as vezes solenemente, acima do seu próprio alcance.
A segunda corrente, mais subjetiva, se apoia numa dimensão que diríamos filosófica, construindo seu dossiê a partir de dados intuitivos e explorando ao máximo as evidências históricas, sobretudo quando oriundas de textos místicos, religiosos e mitológicos. Este grupo tem a seu favor, também, um imenso repositório de “mensagens” extraterrestres, captadas por sensitivos e contactados, estabelecendo perfeita analogia com os profetas que receberam por vias paranormais os textos que fundamentaram sólidas religiões. Dessa “dicotomia ufológica” nasceram certos conceitosbase que, através dos tempos, se fixaram fortemente, como aquele que afirma serem os extraterrestres elementos perigosos, invasores da Terra e responsáveis por manifestações de forças maléficas, diabólicas e anticrísticas. Por outro lado, estes mesmos extraterrestres representariam coisas boas, como sendo os tutores celestes do homem terráqueo – uma espécie de implantadores da vida em nosso planeta no passado e até identificados com os elohim bíblicos e os anjos, que aqui aportaram sempre a serviço do bem e como intermediários entre Deus e a Humanidade.
Há uma dicotomia ufológica que gera conceitos que, através dos tempos, se fixam fortemente. Um deles afirma que os ETs são elementos perigosos, invasores da Terra e responsáveis por forças diabólicas e anticrísticas. Outro diz que os ETs seriam os tutores celestes do homem terráqueo: implantadores da vida em nosso planeta no passado e que aqui aportaram sempre a serviço do bem, como intermediários entre Deus e a Humanidade.
Com estes dados em mãos, teríamos já todos os elementos de uma equação que, para ser resolvida, precisa apenas do emprego de um pouco de lógica, bom senso e discreta eqüidistância dos extremos (onde se geram, tradicionalmente, o fanatismo, o radicalismo e a visão unilateral dos problemas). Situemo-nos, pois, no meio disso tudo – in medio veritas – e tentemos dispor de forma harmoniosa as pedras deste tabuleiro de xadrez, jogo sumamente oportuno e necessário nestes tempos em que é preciso, urgentemente, reavaliarmos certos princípios de nossa história, de nossa cultura e – por que não? – de nossa própria filosofia.
FASE ANTROPOCÊNTRICA – Superada a fase geo ou antropocêntrica de nossa antiga cosmogonia, mergulhamos rapidamente no rumo das grandes galáxias e, hoje, temos que nos contentar humildemente com um anônimo recanto de um dos braços de nossa Via Láctea. Temos ainda que admitir, sem queixas ou mágoas, que somos ainda uma ínfima experiência genética e em começo de evolução numa longa caminhada rumo ao infinito.
Neste contexto, não nos custa visualizar o universo como um grande teatro da vida, em que pesem certas definições de nossa Astrobiofísica. O cosmo, hipoteticamente, pode abrigar miríades de formas de vida, como bem poderíamos comparar, em minúscula escala, ao nosso próprio planeta, onde viceja imensa diversidade de núcleos vitais, desde o coral e o líquen até as formas superiores de vida, já dotadas de QI e certos padrões morais. Que dizermos de mundos e civilizações milhares de anos mais avançados do que nós? Que direção poderiam tomar certos desvios de evolução, entre povos do espaço, se nós próprios somos exemplos deste imenso caos de idéias, conceitos e preconceitos, inglório troféu de nossa decantada faculdade do livre arbítrio? Podemos elevar o caos ideológico de nosso mundo a qualquer expoente imaginável e teremos então o possível retrato da diversidade cósmica de seres atuando no universo, nas mais insólitas funções que quiséssemos imaginar. Essa diversidade inimaginável deverá ir desde o estudo prático dos recursos naturais à pregação catequética de religiões, passando por áreas como o puro lazer sideral e as aventuras guerreiras, o trabalho nobre das hierarquias e a função predatória de conquista e destruição etc.
Os UFOs as vezes são vistos como mensageiros das forças do bem e, noutras, como enviados das trevas. E podem ser ainda coisas muito diferentes do que tudo isso.
Quanto às propaladas experiências genéticas entre terrestres e não terrestres, desenvolvidas por tripulantes de UFOs, já encontramos fortes precedentes na história, se levarmos em consideração pesquisas como as feitas por Zecharias Sitchin e publicadas em seu livro Gênesis Revisitado, onde as primitivas raças telúricas são “melhoradas” através de hibridação interplanetária [Editor: os vídeos UFOs – A Evidência Secreta (código VC-71) e Estamos Sós no Universo? (Código VC-72) descrevem tal teoria profundamente, tendo o próprio Sitchin como apresentador. Veja o cupom das páginas centrais]. Seria esse processo uma espécie de “rotina cósmica” no processo de disseminação da vida universal, como aventa convictamente Erich von Däniken? Dentro desse vasto esquema de atividade interestelar podemos encaixar muito comodamente certas “pedras” soltas de nosso modelo de civilização, seja no campo mitológico/religioso, seja na estrutura cosmológica de todos os povos, ou ainda na atualíssima questão dos UFOs e ETs – inclusive daqueles que mutilam animais e até seres humanos!
Pressinto, apoiado nessas premissas, que o eterno mito do bem contra o mal tenha suas nascentes nessa hipótese de uma biodiversidade sideral, onde a ética e a antiética se confundem de estrela para estrela, de galáxia para galáxia. O anjo e o demônio, como entidades também extraterrestres, teriam seu lugar assegurado nesse incrível cosmopolitismo do qual somos um apêndice secundário, apesar do ostensivo interesse demonstrado pelos mestres de algumas fraternidades cósmicas em nos ajudar e nos proteger contra perigos intra e extraplanetários.
PERGUNTAS SEM RESPOSTAS – Levando tudo isso em consideração, não podemos deixar de nos formular algumas perguntas importantíssimas e que levam a questionamentos inescapáveis. De onde viriam estes perigos dos quais nos previnem nossos mestres? De demônios, de extraterrestres que mutilam e vampirizam humanos? Será que foi estabelecida uma “milícia celeste” sob o comando de algum arcanjo? Ou será que a Terra precisaria de proteção cósmica? De onde proviria o mito de guerras entre homens e deuses, tão vivas em nossa história? Seriam esses deuses criaturas extraterrestres não coligadas às hierarquias que protegem nosso planeta? Mais que isso: a que distância estaríamos agora do estabelecimento de reais parâmetros do que seja a divindade em relação ao homem terrestre? Essas são apenas algumas perguntas que surgem nesse universo de questionamentos. Nesse território, aliás, há campo de especulação para todos os gostos e vale um cuidadoso exame de todas estas informações, pois daí poderemos chegar à síntese de um conhecimento muito maior, mais amplo e condizente com o status cultural da nova e futura Humanidade aquariana.
Parodiando o hermético axioma “assim como é em cima é embaixo”, podemos definir a realidade ontológica do cosmo como sendo não muito diferente daquilo que enfrentamos em nossas ruas, no dia-a-dia de nossas urbes, no que tange à diversidade de naturezas, de comportamentos éticos e de interesses individualistas. Tal diversidade move miríades de criaturas para rumos diversos, assim como uma grande orquestra dissonante, alheia à nota-chave que harmoniza todo o universo. Igual conflito enfrentaram os indígenas americanos quando, por um lado, recebiam sacerdotes cristãos que lhes transmitiam catequeses e lhes falavam de valores espirituais.
Simultaneamente, chegavam os aventureiros de além-mar, ávidos por ouro e sangue, dizimando selvagemente as pacíficas populações aborígenes. Deuses ou diabos – não teriam eles pensado como nós pensamos agora, sobre os ETs que nos visitam? Pois também hoje, em escala muito maior, chegam os extraterrestres de cantos diversos, uns trazendo belas mensagens de cunho moral, outros mutilando corpos e raptando seres humanos.
Como aqui, também em outros mundos são múltiplas as motivações do comportamento do ser, mostrando, pelo menos, certas similitude de hábitos – talvez o sinal que não conseguimos ver, de um elo comum unificando as origens genéticas dos povos do espaço. Hoje, melhores informados, talvez possamos superar o primeiro susto e olharmos o cosmo sem mais aqueles devaneios místicos, celestiais, embora estejamos cônscios de que a grande batalha continua, alhures, entre as estrelas, na eterna e onipresente bipolaridade do bem contra o mal. Alonso Valdi Régis, Caixa Postal 28, 44850 Morro do Chapéu (BA).
SEQÜESTROS POR ETS E INICIAÇÕES MAÇÔNICAS
Quanto ao psicofolclore ufológico, achei interessante o estudo de Bertrand Meheust, apresentado em UFO 28. Notei que o fenômeno da abducção, segundo descrito pelo autor, faz lembrar uma iniciação maçônica: a interpretação dos fatos pelo abduzido, na seqüência em que são apresentados, faz lembrar o ritual já não tão secreto da Maçonaria, que pode ser conhecido através de livros de domínio público existentes em qualquer livraria esotérica. Senão vejamos, passo a passo os dois processos.
(1) O candidato a maçom é conduzido ao templo – correspondente à nave extraterrestre, no caso do abduzido – com as roupas em desalinho, um dos pés descalço, o peito nu e de olhos vendados, sem saber onde vai. Os abduzidos também são ingressados no UFO em condições precárias e sem ter idéia do que lhes acontecerá.
(2) O abduzido é examinado pelos ETs com instrumentos contundentes ao ingressar no UFO, assim como candidato a aprendiz maçom é tocado no peito desnudo com a ponta de uma espada, sendo ameaçado pelos que o recebem no templo se vier a revelar o que lá vai se passar. O abduzido, por sua vez, descreve passar por uma sensação de que algum segredo fantástico lhe será mostrado, mas que não poderá falar sobre ele a ninguém.
A interpretação da abducção, pela vítima ou abduzido, faz lembrar o ritual de uma iniciação maçônica. Primeiramente, o candidato a maçom é conduzido ao templo como um abduzido é introduzido na nave extraterrestre, sem saber onde vai. Depois, o abduzido é examinado pelos ETs com instrumentos contundentes ao ingressar no UFO, assim como candidato a aprendiz maçom é tocado no peito com a ponta de uma espada. O abduzido, por sua vez, descreve uma sensação de que algum segredo fantástico lhe será mostrado, mas que não poderá falar a ninguém.
(3) O candidato é depois doutrinado por um mestre maçom, que lhe revela os primeiros segredos de sua vida maçônica. O mesmo se dá com o contactado, que recebe de seus abductores algumas informações sobre sua origem e intenções. Há uma troca de confiança e cumplicidade entre os que estão dentro do mistério e os que nele pretendem (no caso dos candidatos) ou são forçados (no caso dos abduzidos) a ingressar.
A interpretação da abducção, pela vítima ou abduzido, faz lembrar o ritual de uma iniciação maçônica. Primeiramente, o candidato a maçom é conduzido ao templo como um abduzido é introduzido na nave extraterrestre, sem saber onde vai. Depois, o abduzido é examinado pelos ETs com instrumentos contundentes ao ingressar no UFO, assim como candidato a aprendiz maçom é tocado no peito com a ponta de uma espada. O abduzido, por sua vez, descreve uma sensação de que algum segredo fantástico lhe será mostrado, mas que não poderá falar a ninguém.
(4) A visita do abduzido pelas dependências da nave é igual à perambulação do candidato a aprendiz maçom pelo templo: ambos sentem fortes emoções dentro de um novo mundo que, para ambos, se inicia alí. Cada parada, cada caminhada, cada momento enfim é repleto de emoção – e medo!
(5) A viagem do candidato pelo templo maçônico se dá, as vezes, especialmente em seu começo, com os olhos vendados, quando o candidato ouve sons estranhos e mudança de luzes. No caso dos abduzidos, embora não com os olhos vendados, estes deslumbram novas cores, luzes, vozes e sons dentro da nave.
(6) Em seguida, como passo confirmatório de sua iniciação, é dada ao candidato a oportunidade de ver a luz e os outros mistérios do templo, dentro do transe ocorrido durante a iniciação. O mesmo ocorre com os abduzidos, que em determinado instante, dentro da nave, atingem consciência de que o que está se passando consigo é algo superior ao que imaginavam.
(7) O candidato a aprendiz maçom é levado, então, às trevas exteriores, ou seja, à vida mundana, no lado de fora do templo, onde aguardará para nele reingressar já como maçom aceito e com suas vestes acertadas. Assim acontece com os raptados por ETs, que são conduzidos ao exterior da nave mas voltarão, no futuro, a ser levados para seu interior. Nestas novas vezes com mais segurança e menos assombro.
(8) O então aprendiz maçom passa a ver a vida comum como outros olhos, com se tivesse passado por um verdadeiro choque cultural, e muitas vezes passa também a manifestar habilidades paranormais (dependendo do rito maçônico sob o qual foi iniciado). Muitas vezes, tem a sensação que sua vida não lhe pertence exclusivamente, já que agora faz parte de um fraternidade que o protege. Exatamente a mesma coisa ocorre com os abduzidos por extraterrestres, que após sua primeira experiência vêem o mundo diferentemente, e também podem manifestar fenômenos paranormais. Sabem, de alguma forma, que “alguém” os observa, como que monitorando-os o tempo todo. Pedro Raul de Medeiros, Av. Angélica 141/803, Santa Cecília, 01227-000 São Paulo (SP).