por Renato A. Azevedo
A resposta para o Sinal Uau
O Sinal Uau — Wow Signal — permanece um mistério desde sua captação, em 15 de agosto de 1977, no desativado Observatório Radioastronômico Big Ear, da Universidade de Ohio. Reunindo todas as características necessárias descritas nos protocolos do Projeto SETI [O programa de busca por vida extraterrestre inteligente], a transmissão de 72 segundos, vinda da Constelação de Sagitário, motivou o astrônomo Jerry Ehman, de plantão no órgão, a escrever a palavra “wow” na folha de registros. Como o sinal não se repetiu, e nenhuma outra transmissão foi recebida daquela região do espaço, ele acabou não sendo considerado uma prova de vida extraterrestre inteligente.
Contudo, para promover sua nova série Chasing UFOs [Caçando UFOs], o canal National Geographic se uniu ao Observatório de Arecibo para responder ao Sinal Uau. Da mensagem fazem parte textos publicados no Twitter pelo público e vídeos de famosos, tais como o comediante Stephen Colbert, que diz em sua mensagem: “Saudações, formas de vida inteligente. Sou Stephen Colbert e trago uma importante mensagem do povo da Terra: nós não somos deliciosos. Assim, se vocês querem algo bom para comer, vão para a Nebulosa de Caranguejo”.
Os técnicos de Arecibo compuseram a mensagem com uma sequência inicial que se repete a intervalos regulares, deixando claro para qualquer radioastrônomo extraterrestre que se trata de uma transmissão artificial. O sinal enviado é também 20 vezes mais forte do que qualquer transmissão comercial. Se alguma forma de vida inteligente vai captar a resposta, e entendê-la, esta é outra questão. “Temos esperanças de que sim”, disse Kristin Montalbano, porta-voz do NatGeo.
Ufologia na literatura de cordel
Entre 1976 e 1993, a cidade de Campina Grande, na Paraíba, foi palco de inúmeros avistamentos de UFOs, causando o surgimento de diversas agremiações de entusiastas buscando decifrar o enigma de tais manifestações. Entre eles estava o Grupo de Estudo de Fenômenos Aéreos Não Identificados (Gefani), do agora psicólogo Jorge Dellane da Silva Brito. Anos depois de deixar a atividade de ufólogo, ele decidiu escrever cordéis para contar suas aventuras de investigação de campo. Dellane considera que a tradição fantástica do cordel casa perfeitamente com as estranhas circunstâncias que o Gefani investigou entre 1988 e 1992, dentro do seu Projeto Contato. O resultado é o livro As Peripécias de um Caçador de ETs, lançado pelo selo Latus da Universidade Estadual da Paraíba. Com passagens divertidas e intrigantes, a obra traça um relato da importante casuística daqueles anos no Sertão Paraibano. Os interessados em adquirir um exemplar do livro podem entrar em contato com o autor através do e-mail jorgedellanelivros@yahoo.com.br.
Morreu Neil Armstrong, o primeiro a pisar na Lua
O mundo ficou chocado em 25 de agosto com a notícia da morte de Neil Armstrong, aos 82 anos. Ele foi o comandante da histórica missão Apollo 11 e, em 20 de julho de 1969, se tornou o primeiro ser humano a pisar na Lua. O veterano astronauta se recuperava de uma cirurgia cardíaca no começo do mês, vindo a falecer após complicações decorrentes desta. Apesar de merecidamente lembrado pelo feito, Armstrong recusava as glórias dizendo que a conquista da Lua havia sido resultado do trabalho de uma numerosa equipe. Ele deixou a NASA em 1971 para se dedicar à carreira de professor de engenharia. Com o tempo veio a dividir cada vez mais sua experiência com plateias do mundo todo, como em 2010, quando, ao lado dos companheiros de jornada Michael Collins e Edward “Buzz” Aldrin, teceu duras críticas contra a política espacial do presidente Barack Obama. Abalada, a família agradeceu as condolências e pediu: “Honrem seu exemplo de dedicação, realização e modéstia na próxima vez que vocês andarem em uma noite clara e verem a Lua sorrindo: pensem em Neil Armstrong e deem uma piscadinha para ele”. A humanidade continuará seguindo seu “pequeno passo” até as estrelas.
Voyager 2, a mais longa missão
Em 20 de agosto, a nave Voyager 2 completou 35 anos de viagem espacial, tornando-se a mais longa missão já realizada pela NASA. Lançada em 1977, 16 dias antes de sua gêmea Voyager 1 e em uma trajetória bem mais lenta, a Voyager 2 tinha como principais objetivos passar por Júpiter, em 1979, e por Saturno, em 1981. Felizmente a missão pôde prosseguir e a nave visitou também Urano, em 1986, e Netuno, em 1989, completando o grand tour imaginado pela agência espacial nos anos 60. Ambas as naves seguem enviando informações para a Terra, estão atravessando a região conhecida como heliopausa — nos limites do Sistema Solar — e devem ter energia suficiente em seus geradores nucleares para seguir transmitindo pelo menos até 2020 ou 2025. A Voyager 2 está aproximadamente a 15 bilhões de quilômetros do Sol, ao passo que a Voyager 1 está 3 bilhões de quilômetros mais distante, podendo em breve se tornar o primeiro artefato feito pelo homem a sair do Sistema Solar. Ambas levam o Disco Dourado, uma coletânea de imagens, sons e informações sobre a civilização terrestre — caso algum dia sejam interceptadas por uma civilização alienígena.
Curiosity pousa em Marte e NASA já prepara InSight
O rover Curiosity, o mais sofisticado veículo já enviado ao Planeta Vermelho, pousou com sucesso em agosto, remetendo imagens em alta resolução e sendo submetido a um completo diagnóstico. Suas primeiras voltas na Cratera Gale foram dadas no dia 22 daquele mês e espera-se que o robô encontre sinais de vida, passada ou presente, em Marte [Veja matéria nesta edição]. Enquanto isso, a NASA definiu sua próxima missão planetária, a InSight — sigla em inglês para exploração interior usando investigação sísmica, geodésia e transporte de calor. Baseada no chassi da Phoenix, que pousou no polo norte marciano em 2008, a sonda levará até a superfície do planeta uma série de sensores para pesquisar ondas sísmicas, seu eixo de rotação, fluxo de calor e outras características do interior de Marte. Outros objetivos são determinar se o núcleo do planeta é ativo e se existe algo similar às placas tectônicas terrestres. A InSight foi escolhida pelo custo relativamente baixo, de 425 milhões de dólares, vencendo no processo outras duas propostas — a Comet Hopper, que pousaria no núcleo de um cometa repetidas vezes, dando saltos a fim de estudar seu comportamento conforme contorna o Sol, e a Time, um explorador dos mares de Titã, destinada a navegar pelos lagos de metano líquido daquela lua Titã de Saturno.
Homenagem a Bradbury
O local de pouso do rover Curiosity, conhecido como Aeolis Palus, foi rebatizado como Ponto Bradbury, em honra ao autor de ficção científica Ray Bradbury. O anúncio foi feito no dia do aniversário dele, em 22 de agosto. Bradbury, falecido em 05 de junho, estreou como escritor ainda nos anos 40 com As Crônicas Marcianas, descrevendo uma utópica colonização de Marte — seu sonho aos poucos vira realidade. A NASA já fez homenagens semelhantes anteriormente. Ares Vallis, por exemplo, que é o local do pouso da Mars Pathfinder e do primeiro robô marciano, o Sojourner, se tornou a Estação Memorial Carl Sagan. O ponto na Cratera Gusev onde o Spirit pousou, em 2004, é hoje a Estação Memorial Columbia.