Por Renato A. Azevedo
EUA revelam satélites que usavam em espionagem durante Guerra Fria
Em uma exposição especial que ocorreu em 17 de setembro no Museu Aeroespacial Smithsonian, no Aeroporto de Dulles, Washington, o Escritório de Reconhecimento Nacional exibiu os satélites espiões KH-7 Gambit, KH-8 Gambit 3, e KH-9 Hexagon — todos antes secretos, os dispositivos tiveram sua descrição recentemente liberada governo norte-americano. O maior destaque coube ao KH-9, apelidado de Big Bird. Com 18 m de comprimento e pesando mais de 13 toneladas, ele carregava duas câmeras que funcionavam em modo estéreo, podendo detectar objetos de 60 cm a um metro no solo. Para tanto, levavam mais
de 96 kg de filme fotográfico.
Entre junho de 1971 e abril de 1986, foram lançados 20 KH-9 Hexagon [Foto acima]. Cada missão durava cerca de 120 dias e os satélites tinham quatro cápsulas de filme, que eram ejetadas e capturadas no ar por uma aeronave C-130 adaptada, após a reentrada na atmosfera. Os alvos eram a União Soviética e a China, claro. Muitos antigos funcionários participaram da exposição, aliviados por finalmente poderem descrever seu trabalho às próprias famílias. Vale lembrar que uma cápsula do primeiro KH-9 foi perdida no Pacífico, sendo recuperada pelo submersível Triste II da Marinha norte-americana em uma profundidade de quase 5.000 m.
Popular Science chega ao Brasil
Foi lançada em meados de setembro a edição brasileira da Popular Science, famosa revista científica norte-americana. A edição nacional traz os mesmos artigos, fotos e ilustrações que a original, e no número de estreia o destaque de capa vai para os projetos de imensas naves interestelares do futuro. O texto aponta que chegará uma época em que, movidos tanto pela necessidade de sobrevivência quanto pelo espírito explorador, haverá mais seres humanos fora da Terra do que no planeta. E a edição norte-americana de outubro da Popular Science igualmente merece destaque pela matéria de capa A Procura de Vida Alienígena. O maior destaque do texto vai para dois casos ufológicos que chamam a atenção. Um deles é a perseguição que policiais fizeram por mais de 130 km a um UFO em Portage, Ohio, em 17 de abril de 1966 — o caso inspirou a cena de Contatos Imediatos do Terceiro Grau [1977]. O outro é o famoso Caso Bentwaters, de dezembro de 1980, cujo principal protagonista foi o então coronel Charles Halt. No incidente, militares ingleses e norte-americanos ficaram frente a frente com uma nave pousada nas cercanias da Base Aérea de Bentwaters. O caso é considerado o “Roswell da Inglaterra”. Enfim, a edição da prestigiosa Popular Science comprova que a Ufologia prossegue aumentando sua credibilidade a níveis nunca sonhados.
Quase 700 novos planetas
Em setembro, o número de exoplanetas confirmados, aqueles mundos orbitando estrelas além do Sistema Solar, já superava 600 e beirava 700. Em 19 de setembro, o site The Extrassolar Planets Encyclopaedia [www.exoplanet.eu] registrava 685 mundos confirmados. Astrônomos trabalhando no Chile com o instrumento HARPS [Sigla em inglês de Buscador de Planetas de Velocidade Radial de Alta Precisão], do Observatório Europeu do Sul (ESO), confirmaram mais de 50 mundos extrassolares, incluindo um situado na zona habitável de sua estrela. Espera-se que a soma ultrapasse 1.000 exoplanetas em breve, lembrando que os mais de 1.200 “candidatos” descobertos pelo telescópio Kepler, da NASA, ainda requerem mais observações para sua confirmação. O planeta que pode abrigar água líquida anunciado pela equipe do ESO recebeu a denominação de HD 85512 b, é 3,6 vezes mais massivo do que a Terra, e encontra-se a 35 anos-luz de distância — e não 36 milhões de anos-luz, como certos veículos anunciaram erroneamente.
SETI vai vigiar novos planetas
Seguindo-se o anúncio da descoberta de 50 exoplanetas pelo ESO, cientistas do Projeto SETI [O programa de busca por vida extraterrestre inteligente] pretendem ouvir por sinais de rádio extraterrestres em alguns desses mundos, especialmente os 16 considerados como “superterras”, que são maiores do que o nosso, mas pequenos demais para serem gigantes gasosos. O Arranjo de Telescópios Allen, que recentemente recebeu verba vinda de doadores particulares, deve ser utilizado para vigiar esses orbes. Infelizmente, o HD 85512 b [Veja nota anterior], o mais promissor dos novos mundos por estar na zona habitável de sua estrela, localiza-se em uma região do céu muito ao sul para ser alvo do Allen. O SETI trabalha com estimativas provenientes da famosa Equação de Drake, que tenta predizer o número de civilizações na Via Láctea com base em informações conhecidas. O cálculo mais aceito é o de que uma em cada milhão de estrelas na galáxia abrigará uma civilização — e os cientistas afirmam que conseguirão pesquisar um milhão de astros nos próximos 20 anos. Contudo, cientistas, como o astrofísico Gerald Harp, afirmam que as descobertas recentes sobrepujam em muito as conservadoras estimativas aplicadas à equação anteriormente. Com isso, defendem que a porcentagem seja maior, como uma civilização a cada cem mil estrelas, resultando que uma detecção aconteceria bem mais cedo — no máximo em 15 anos.
Cientistas pedem fim do corte orçamentário para missões
Em tempos de crise, os deputados não costumam poupar a NASA de cortes no orçamento. Esse péssimo hábito rendeu até mesmo um irado protesto da comunidade científica no final dos anos 70, quando a sofisticada missão da agência ao cometa Halley foi cancelada — e a missão Galileo a Júpiter por muito pouco escapou do mesmo corte. Em 09 de setembro, Bill Nye, diretor da Planetary Society, Jim Green, diretor da Divisão de Ciência Planetária da NASA, e Steve Squyres, cientista especialista em Marte, estiveram com congressistas defendendo que o investimento em missões científicas não tripuladas seja preservado. Eles lembraram o retorno que pode haver em termos de conhecimento à ciência, tais como a missão dos rovers Spirit e Opportunity em Marte, da qual Squyres participou. Os cientistas defenderam os investimentos ao longo da próxima década em várias missões, como a de retorno de amostras de Marte para a Terra, a investigação do oceano subterrâneo do satélite de Júpiter Europa, e o envio de missões orbitais aos planetas Urano e Netuno. Faz parte da estratégia da agência, também, chamar a atenção do público para o lançamento dessas missões, como ocorreu com a nave Juno.
Brasil participará da construção do maior telescópio do mundo
Com sua entrada como 15º membro do consórcio do Observatório Europeu do Sul (ESO), o Brasil ganhou direito a voto e participação no projeto do Telescópio Europeu Extremamente Grande (E-ELT), a ser construído em Cerro Amazonas, no Chile, próximo do conhecido telescópio de Paranal. O E-ELT terá um espelho de cerca de 40 m de diâmetro e composto por 1.000 segmentos hexagonais, com o que será o maior telescópio do planeta. Ele terá capacidade de visualizar mundos como a Terra ao redor de estrelas próximas, e assim a procura por vida extraterrestre receberá forte incremento. Com custo estimado de um bilhão de Euros, espera-se que sua construção receba o sinal verde no final do ano. A entrada do Brasil como membro do consórcio ESO ainda depende da ratificação do acordo pelo Congresso Nacional.