Ufólogos de todo o continente se movimentam para pedir abertura aos seus governos
Novembro passado foi marcado por enorme agitação em vários países da América do Sul, em torno de um mesmo tema: a abertura ufológica. Ufólogos de diversas correntes e nações se reuniram em eventos espalhados pelos quatro cantos do continente para discutir procedimentos que levem à desclassificação de documentos ufológicos, a exemplo de como fez o Brasil — que é visto como uma referência mundial na área [Veja edições UFO 155 e 160, agora disponíveis na íntegra em ufo.com.br]. Os principais ocorreram na Argentina e no Uruguai, países nos quais este editor foi convidado a expor o processo que levou o Governo Brasileiro a decretar a abertura ufológica, como conseqüência da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, implantada em 2004 pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU).
Compareci a estes países com o mesmo propósito com que fui a vários outros no ano que passou, entre eles o México, os Estados Unidos, Itália, San Marino, Portugal e Chile: ampliar a participação brasileira nas discussões internacionais sobre Ufologia, levar nosso exemplo de movimento popular de abertura de informações e, finalmente, aproximar nossa comunidade ufológica das congêneres nas nações visitadas.
Local de grande incidência
Na Argentina fiz palestra justamente na área de maior incidência ufológica do país, o Cerro Uritorco, a 100 km de Córdoba, onde sondas e UFOs são observados em regime freqüente e em plena luz do dia. O evento se deu na pequena Capilla del Monte, cidade de pouco mais de 20 mil habitantes onde o Centro de Estudios Ovniológicos (CIO) estabeleceu sua sede e fez realizar o 13º Congresso Internacional de Ovnilogia, de 05 a 07 de novembro. O evento foi presidido por Jorge Suarez e sua esposa Luz Mary, que comandam um programa de rádio diário sobre Ufologia pela internet e um ativo grupo de pesquisadores.
Na ocasião estiveram reunidas personalidades como o canadense Alfred L. Webre, líder mundial da chamada Exopolítica, os peruanos Ricardo González, Grethel Mendizabal e Julio Chamorro [Comandante da Oficina de Investigaciones de Fenómenos Aéreos Anómalos (OIFFA), da Força Aérea Peruana] e os argentinos Mario Gorosterrazú, Oscar Raúl Mendoza e Carlos Iurchuk, consultor da Revista UFO, entre outros. Foram inúmeros os temas tratados, todos girando em torno da elevada casuística local, estendida para a dos países vizinhos, e a necessidade de implantação de movimentos mais fortes para fazer frente à resistência de alguns governos de abrirem seus arquivos.
Congresso apoiado oficialmente
Em Montevidéu, no Uruguai, em 12 e 13 de novembro, ocorreu o I Congresso Internacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais e Terrestres, o primeiro grande evento de Ufologia do país e o primeiro do mundo, de que se tem conhecimento, a ser apoiado por um órgão militar, no caso, a Força Aérea Uruguaia (FAU), que desde 1979 tem uma entidade de pesquisas ufológicas amplamente conhecida da nação. Trata-se da Comisión Receptadora y Investigadora de Denúncias de Objectos Voladores No Identificados (Cridovni), que implantou há 10 anos um “braço civil” para suas atividades, o Centro Regional Investigador de Fenómenos Aeroespaciales y Terrestres (Crifat). Na ocasião também estiveram reunidas personalidades como o chileno Rodrigo Fuenzalida, as argentinas Silvia e Andrea Simondini e um elenco de estrelas da Ufologia Uruguaia, incluindo o tenente Daniel Silvera, o geobiólogo Carlos Rodriguez e o coronel da FAU Ariel Sanchéz, comandante da Cridovni.
A chance de visitar o país para a palestra — a mesma que fiz na Argentina e recebeu o título O Brasil Abre Seus Arquivos Secretos Sobre os UFOs, proferida em espanhol — acabou proporcionando a oportunidade de entrevistar o coronel Sanchéz, o que fiz longamente na sede da entidade que preside, na Base Aérea de Borto Lanza, a 30 km de Montevidéu e onde está instalado o centro de controle de tráfego aéreo do país. Ele é correspondente internacional da Revista UFO há anos e um militar que tem vasta bagagem de atividades ufológicas. Sua posição na entidade oficial uruguaia o torna um homem incomum, e entrevistá-lo foi um grande momento — o resultado será publicado em breve.
Cresce na comunidade ufológica internacional a necessidade de união entre grupos e pesquisadores, para que o movimento tenha a força necessária para pedir uma ampla e irrestrita abertura de informação — processo em que o Brasil é visto como referência mundial por sua campanha UFOs: Liberdade de
Informação Já.
Muita gente na Ufologia Brasileira não tem idéia, mas no vizinho Uruguai a disciplina é praticada oficialmente há quase 30 anos, assim como também se faz no Chile, desde 1997, e no Peru, desde 2001. Todos são países bem menores do que o Brasil e, no entanto, têm órgãos governamentais que trabalham abertamente com a hipótese extraterrestre (HET) para a procedência dos UFOs. Por que não aqui?
É de conhecimento da Ufologia Brasileira que uma das propostas centrais da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, além da desclassificação de arquivos ufológicos, é estabelecer uma comissão oficial de investigação da presença alienígena na Terra.
O modelo uruguaio
Apesar de o Brasil ter reconhecido oficialmente os UFOs e liberado documentos secretos de 1950 a 2009 [Veja edição 170, agora disponível na íntegra em ufo.com.br], ainda nos falta uma entidade como a Cridovni — que, aliás, foi prometida à Revista UFO pelo próprio brigadeiro Luis Carlos da Silva Bueno, ex-comandante da Aeronáutica, em maio de 2005. Foi interessante ver como funciona a entidade uruguaia, cujos integrantes são de fato ufólogos profissionais, pois têm seus salários pagos pela FAU. Eles servem à Arma em atividades regulares e usam parte do tempo de serviço para a pesquisa ufológica, ficando de plantão para qualquer chamado.
Quando recebem relatos de ocorrências, que podem chegar a qualquer instante, partem para investigá-los com equipe fardada e em carro oficial. Eles entrevistam testemunhas, levantam dados, recolhem amostras etc e voltam à capital para que tenha início a investigação, seguindo um rigoroso padrão metodológico. Meticulosos e detalhistas, eles são os verdadeiros Mulder e Scully, e os casos que investigam são os legítimos Arquivos X. Um ponto para o Uruguai, que precisa ser imitado por todos os países do continente.