Gliese 581C, o mais novo exoplaneta: A Ufologia completa 60 anos com algumas comemorações e muitas reflexões
Neste mês, ufólogos do mundo inteiro comemoram seis décadas desde que a pesquisa “formal” do Fenômeno UFO teve início, numa longínqua manhã de 24 de junho de 1947. Foi quando os discos voadores receberam sua primeira referência pública em jornais de grande circulação, nos Estados Unidos, e quando começaram as especulações de que sua origem não era a Terra. Muito antes da famosa observação de Kenneth Arnold, ponto inicial para o surgimento do que chamamos de Era Moderna dos discos voadores, essas naves já vinham fazendo suas incursões em nossos céus com a mesma liberdade que viriam a ter depois, mas a humanidade parecia ainda não ter acordado para a questão. Durante as mais diversas fases de nossa história, pelo menos nos últimos 6 mil anos, objetos e luzes no céu, muitas vezes aparentando ter tripulantes em seu interior – “gente” muito interessada em nós –, foram vistos e registrados na literatura e nas artes. Só que toda essa atividade ainda não suscitava uma pesquisa mais séria e sistemática, como se cunhou após 1947.
Mas em 2007 os ufólogos têm algo a mais para comemorar do que o “mero” aniversário da Ufologia, por mais que ela entre agora numa fase sexagenária, mais madura, consciente e definida. O que os estudiosos da presença alienígena na Terra estão celebrando são as incríveis revelações que ocorreram nos primeiros meses do ano, amplamente comentadas e discutidas na Revista UFO. Primeiro, em fevereiro, foram as ousadas declarações do capitão Rodrigo Bravo, do Exército chileno, que disse em alto e bom som que os UFOs, lá, são um perigo para a aviação civil e militar. E ele não falou isso como uma opinião puramente pessoal, mas como um enviado de sua corporação a um evento de Ufologia [Recentemente, soubemos que Bravo recebeu autorização oficial de seus superiores para publicar sua tese de graduação militar, em que explica no que se baseou para fazer suas afirmações, a rica casuística ufológica de seu país].
Segundo, pouco mais de um mês depois, a França surpreenderia o mundo – mas não os ufólogos mais “antenados” – com a revelação de que iria liberar pela internet mais de 100 mil páginas de documentos ufológicos cunhados pelas diversas entidades que se sucederam na investigação do Fenômeno UFO naquele país, dentro do Centro Nacional de Pesquisas Espaciais (CNES), a “NASA francesa”. A mais nova delas, o Grupo de Estudos e Informações sobre os Fenômenos Aeroespaciais Não Identificados [Groupement d’Etude et d’Information sur les Phénomènes Aérospatiaux Non identifiés, GEIPAN], tendo à frente o engenheiro Jacques Patenet, ainda prometeu publicamente que todas as novas descobertas na área seriam imediatamente comunicadas à população. Ou seja, não basta pesquisar os UFOs e admitir que o faz abertamente, os franceses querem também que a sociedade saiba que eles se preocupam genuinamente com o assunto.
Nova abertura, agora inglesa — Aparentemente na esteira das decisões chilenas e francesas veio, em terceiro lugar, a recente notícia de que a Inglaterra também disponibilizaria documentos secretos sobre o Fenômeno UFO, compilados por instituições criadas pelo governo para lidar com o assunto, entre eles o Ministério da Defesa, o temido MoD [De Ministry of Defense]. O país de Sua Majestade sempre seguiu de perto as determinações de seus aliados norte-americanos quanto à questão ufológica, mantendo-a sobre severo controle e com ininterrupto monitoramento das ações de nossos visitantes. Mas os cidadãos britânicos também sempre foram mais exigentes quanto ao assunto, e demandaram que suas autoridades lidassem com ele de maneira mais transparente que os “vizinhos” do outro lado do Atlântico. E assim, talvez como mera fachada, talvez de maneira sincera, a Inglaterra mostrou-se gradativamente mais receptiva a aceitar a existência dos UFOs, e chegou a criar um departamento específico, dentro do MoD, para lidar com os avistamentos e contatos relatados pelos súditos.
O chamado UFO Desk foi ocupado até bem pouco tempo pelo funcionário público Nick Pope, que há três anos é consultor da Revista UFO. Desde sua saída, o UFO Desk parece estar desativado. Pope se tornou ufólogo por força do cargo que recebeu, e se saiu muito bem, sendo considerado uma das pessoas mais bem informadas sobre Ufologia do mundo. Também em razão do cargo que ocupava no MoD, ele sempre participou ativamente de congressos ufológicos pelo mundo afora, tratando do assunto de maneira mais ou menos oficial. Em suas palestras e livros [Um deles acaba de ser publicado no Brasil, pela Madras. Trata-se de Céus Abertos, Mentes Fechadas, que explora a fundo interessantes ocorrências ufológicas na Inglaterra e em todo o globo], Pope chega a citar casos recebidos e investigados pelo MoD. Parece uma postura de abertura e transparência, como demandam os britânicos, mas o fato é que o autor nunca teve permissão para revelar tudo o que sabe sobre a investigação ufológica oficial britânica.
Rivalidade com a França — No comunicado sobre a liberação dos documentos ingleses, feito através do jornal londrino The Guardian, em 01 de maio, é dito que ainda não há uma data definida para que se conheçam os segredos governamentais, mas seria em breve. O material a ser liberado incluiria informações sobre casos registrados no país desde 1967, entre eles o significativo pouso de um UFO numa base militar que os Estados Unidos mantêm em Suffolk, de 1980. O fato é conhecido como Caso Rendlesham Forest e envolveu um grupo de oficiais norte-americanos, que testemunhou a descida de uma nave sobre o local. O episódio é um dos mais importantes da Ufologia Britânica, e também um dos maiores segredos do MoD. Por isso, muitos ufólogos duvidam que a abertura venha a ser, digamos, “tão aberta” assim. David Clarke, professor de jornalismo da Universidade de Sheffield, discorda. Ele acha que a abertura é para valer e declarou que ela visa encerrar as acusações de que haja uma conspiração do governo para ocultar o assunto. Pode ser, mas é mais provável que a atitude da Inglaterra seja apenas uma resposta à da França, sua eterna rival.
Seja como for, se as aberturas chilena, francesa e inglesa – por mais que esta ainda esteja sob suspeita – são motivo de comemoração para os ufólogos, há também outro fato, ocorrido recentemente, que deveria ser celebrado, mas em vez disso é visto como um motivo de profunda reflexão. Trata-se da descoberta, anunciada em 24 de abril, do primeiro planeta fora do Sistema Solar com condições de manter alguma forma de vida. O “exoplaneta”, como são conhecidos os mundos que não giram em torno do Sol, foi batizado de Gliese 581C, está a pouco mais de 20 anos-luz de nós, orbitando a estrela Gliese 581, e tem uma vez e meia o tamanho da Terra, característica que lhe rendeu o apelidado de “Super Terra”. O que transforma a notícia em fato significativo é que ele teria superfície sólida e temperatura média entre 0 e 40º C, o que permitiria a existência de água líquida. Estas são condições essenciais para o surgimento de vida, segundo a concepção ortodoxa dos cientistas, que não cogitam que outras formas de existência talvez possam prescindir delas e florescer sob condições totalmente impensadas para nós. De qualquer forma, tais fatores, entre outros, diferenciariam o novo mundo dos mais de 200 outros exoplanetas já descobertos até então.
Motivo para reflexões — Mas por que uma descoberta desse calibre faria os ufólogos refletirem? Por uma razão muito simples e aparentemente banal, mas de grande significado para os que abraçaram a pesquisa da presença alienígena na Terra nesses últimos 60 anos. É que a ciência, com toda razão, celebra de maneira entusiasmada a descoberta de um planeta – um único, até hoje, em meio aos trilhões que devem existir em torno das estrelas que borbulham no universo – com condições de abrigar vida, ainda que tais condições sejam meramente especulativas. Enquanto isso, essa mesma ciência continua de olhos solenemente fechados à realidade de um fenômeno que se mostra abundante e inquestionável, cujas evidências são fartas e reveladoras. Estou falando dos discos voadores, veículos construídos por civilizações tecnologicamente mais avançadas que a nossa, que viajam grandes distâncias espaciais – talvez imensamente maiores que os 20 anos-luz que nos separam da “Super Terra” – e vêm até nosso mundo manifestar-se em nossos céus, pousar em nossos solos, raptar nossos habitantes. É curioso que nada disso tenha o condão de estimular a ciência a procurar a vida extraterrestre onde ela se manifesta tão escancaradamente, em nosso próprio quintal, enquanto se elocubra sobre a temperatura que o novo exoplaneta deve ter.