Ainda Dino Kraspedon
O artigo A Verdade Sobre Dino Kraspedon, elaborado pelo ex-ombudsman Carlos Alberto Reis e publicado em UFO 106, ao contrário de ter conseguido denegrir sua imagem, serviu para reforçar ainda mais a admiração que os brasileiros – ufólogos ou não – possuem de Kraspedon. Uma coisa ficou bastante evidente nas descrições do citado artigo: Oswaldo Pedrosa foi um bravo oponente da tirania militar que tomara o poder, que não se perpetuou nele graças a homens como ele. Taxá-lo de ladrão de bancos e de marginal numa época de guerrilhas, torturas, perseguições covardes, traições e assassinatos é no mínimo desprezível. Esse tipo de artimanha só pode partir de mentes obscuras e sem lógica alguma.
No artigo, muito pouco ou quase nada foi esclarecido sobre os méritos ufológicos de Kraspedon ou Pedrosa. Todavia, o que o texto deixou patente, talvez até por inobservância do autor, que se concentrou muito nos detalhes que julgou poderem comprometer a estrutura moral do focalizado, é que o valoroso mineiro foi uma das grandes vítimas da ditadura militar, a qual conseguiu – pasmem – fazer a cabeça de ilustres figuras, tidas até como culturalmente bem dotadas, como a do ex-ombudsman, por exemplo. Dar crédito ao que foi relatado no artigo, sem se analisar as circunstâncias que envolvem a vida pessoal agitada de Pedrosa, um bravíssimo oponente do regime de exceção, é um contra-senso gritante e absurdo. E deve ser acrescentado ainda que se atacou a integridade de uma pessoa já falecida, que não está mais entre nós para se defender.
Outra questão que foi abordada no mencionado artigo prende-se à confissão – “cínica e revoltante”, no dizer do articulista – de Pedrosa quando convocado a depor em juízo, ocasião em que acabou confessando sua culpa diante da acusação de plágio de obra escrita. Nota-se com bastante clareza, mesmo diante da falta de maior descrição sobre a ocorrência, que ele foi coagido a assim agir. Já muito cansado dos embates como oponente do regime militar e com avançada idade, resolveu encerrar ali toda a pendenga que o envolvia, dando por terminada a questão autoral, e dando-se por vencido. As fotos de Pedrosa estampadas na Revista UFO não escondem o ar de terror e de desconfiança que afligiam o corajoso homem. Suas próprias declarações, feitas num artigo anterior e que motivou o início de toda essa celeuma, nos dão conta das sérias perseguições militares que lhe foram movidas.
Devemos deixar bem salientado que os pesquisadores que colheram material com o objetivo de denegrir Pedrosa se esqueceram de ir à Rússia para averiguar in loco tudo aquilo que informaram ser inverídico. Pelo que se sabe, Dino esteve na antiga União Soviética e foi premiado lá, não aqui. A carta que lhe foi enviada pela Academia de Ciência da antiga União Soviética é apenas um dos documentos a ele remetidos. O prêmio outorgado a Pedrosa não foi revelado. E ainda pergunto: por que os senhores Max Berezovsky, Rubens Junqueira Villela e Flávio Pereira não se manifestaram, conforme está inserido no artigo? Muito importante, se não a mais significativa, seria a manifestação do professor Pereira, cujo conceito é dos mais altos nos meios científicos, devido às suas pesquisas de ponta e visão extraordinária do futuro, lastreada nos seus estudos práticos e não só teóricos.
Pedro Novick Leyderman,
por e-mail
Aliens nas religiões
Interessante o artigo de Joaquim Fernandes sobre as aparições de Fátima, Portugal, intitulado Mãe de Deus ou um Alienígena e publicado em UFO 106. Contudo, ele não traz nenhuma novidade. Qualquer ufólogo ou entusiasta da Ufologia com médio conhecimento sobre o tema sabe que, na realidade, o que foi observado em Portugal, no início do século passado, foi um ser alienígena. A própria UFO já publicou em muitas oportunidades anteriores matérias sobre o assunto, algumas bem mais esclarecedoras do que a da referida edição. Na minha opinião, o que deveria ser revisto agora não é o que e sim o por quê. Vejamos, por exemplo, por que uma entidade alienígena se faria passar exatamente pela Virgem Maria? Notemos que o caráter das comunicações da entidade com os interlocutores não versaram sobre conhecimentos científicos diversos que abundam nos relatos dos chamados contatados.
Tampouco a entidade dizia ser de um planeta perdido nos rincões do cosmo e interessada no aprimoramento intelectual e espiritual do ser humano. Mas sim, com todas as letras, dizia ser Maria, mãe de Jesus Cristo e rogava a todos que orassem muito em favor do mundo. É difícil entender os motivos desse ato. Ou a raça extraterrestre específica a que pertencia aquele ser pesquisou muito bem a história de nossos mitos e ícones religiosos, a fim de, mais uma vez, ludibriar a capacidade de entendimento da mente humana com objetivos escusos, ou então ficamos diante daqueles mesmos seres que no passado foram os responsáveis em orientar alguns humanos “escolhidos” para auxiliar na evolução espiritual dos mais diversos povos, e que em nossos livros sagrados foram chamados de anjos, querubins, devas etc. O caso merece pesquisa.
Aproveitando a oportunidade, e sem querer fugir demasiadamente do assunto, não poderia deixar de fazer uma observação sobre o e-mail enviado pelo leitor André Luiz de Albuquerque, publicado em UFO, sobre como definir a bondade ou maldade nos atos dos extraterrestres quando interagem conosco. Assim como conceitos objetivos – como a física, química e matemática – são os mesmo em qualquer lugar do universo, conceitos subjetivos – como respeito, benevolência e cortesia – também o são. Se alguém ou algo não os possui, então não pode ser chamado de bom.
Darci Unger Filho,
Santa Branca (SP)