Os astrônomos descobriram cerca de 200 planetas fora do Sistema Solar na última década. Mas, encontrar um astro semelhante à Terra que reúne as condições necessárias para a existência de vida continua sendo o desafio prioritário.,
O americano Paul Butler, um dos mais famosos “caça-planetas”, como é conhecido no mundo da astronomia – disse à Efe que só nos dois últimos meses sua equipe científica – com sede na Califórnia – documentou corretamente cerca de quinze deles.
Isso mostra, acrescentou, que “houve um tempo em que descobrir planetas era algo inovador”. Agora se tornou rotina.
A maioria destes novos planetas fora do Sistema Solar –freqüentemente situados a mais de 30 anos-luz da Terra “são muito grandes”, com massa até mil vezes superior à do globo terrestre e são, como Júpiter e Saturno, gigantescas nuvens formadas por hidrogênio e hélio.
“Nossa esperança é encontrar planetas muito menores, que tenham pelo menos a massa da Terra”, disse Butler, que junto com Geoffrey Marcy descobriu, no ano passado, o menor planeta extra-solar encontrado até o momento –um astro rochoso com massa 7,5 vezes maior que a Terra.
O principal obstáculo dos astrônomos é a tecnologia, pois os meios existentes não permitem fazer observações diretas destes planetas. A descoberta de astros só é possível pelo estudo das variações na luminosidade dos sóis e do bamboleio gravitacional que provocado pela presença destes corpos celestes. “Trata-se de observar os efeitos dos planetas em sua estrela mãe”, disse Butler.
Para tornar a explicação mais compreensível, o especialista fez uma analogia: “É como ver alguém que, aparentemente, passeia com um cão, ver o corpo da pessoa que sofre os puxões da corrente do animal, mas não vemos o cachorro”.
O astrofísico disse em uma conferência, em Barcelona, que a NASA americana e a Agência Espacial Européia (ESA) trabalham há anos para construir e enviar ao espaço um telescópio gigante, que permita fazer observações diretas dos planetas.
As imagens que a observação direta ofereceria seriam como pequenos pontos que, no entanto, permitiriam fazer medições do espectro dos planetas e dariam dados mais precisos sobre cor, sobre tamanho e sobre composição.P
Possibilitariam, inclusive, verificar a existência de água e oxigênio, o que “ofereceria a possibilidade de que houvesse vida”. Butler está convencido de que existe vida em outros planetas, mas, “quase com toda segurança”, se traduz em organismos unicelulares como os que existiram na Terra há milhões de anos. “Parece que a vida inteligente não é tão comum em nossa galáxia. Se existisse, já teríamos visto”, disse.