Na última vez em que a astronauta Eileen Collins, 48, comandou um ônibus espacial, um curto-circuito gerou uma pane nos computadores de dois de três motores principais e um vazamento de hidrogênio quase deixou a nave sem gás suficiente para entrar em órbita. Ela conseguiu superar esses problemas. Tudo isso ocorreu em 1999, quando Collins supervisionou com sucesso a entrada em órbita do observatório de raio-x Chandra e depois pousou o ônibus espacial Columbia [que havia transportado o observatório] no centro espacial Kennedy.
Agora, Collins é comandante novamente, desta vez do Discovery, que será lançado nesta quarta-feira. “Não sinto nenhum nervosismo, emoção ou pressão”, disse a astronauta. “Tenho uma nave de US$ 2 bilhões em minhas mãos. Não posso pensar no que está acontecendo lá fora”. Ela já havia sido piloto em duas outras missões espaciais, em 1995 e 1997. Depois da missão de 1999, o Columbia teve apenas mais um vôo bem-sucedido, uma missão para consertar o telescópio espacial Hubble em 2002, antes de se desintegrar em fevereiro de 2003.
Collins afirmou que a melhor maneira de honrar a memória dos tripulantes mortos no Columbia é tornar o programa espacial mais forte do que antes. “Estamos em uma fase de recuperação. Analisamos como podemos, com essa tragédia, fazer o programa espacial melhor”, disse ela, que é coronel da força aérea norte-americana e tem dois filhos. A comandante disse que não pediu para participar dessa missão.
Origem humilde
Collins cresceu em Elmira, Nova York, e é a segunda filha de um casal de trabalhadores que se separou quando ela tinha nove anos. Vivendo de benefícios sociais do governo, não havia espaço para luxos, como as aulas de vôo que ela tanto desejava. Aos 16 anos, ela começou a trabalhar e, aos 19, conseguiu economizar US$ 1.000. “Peguei aquele dinheiro, fui ao aeroporto local e pedi que me ensinassem a voar”, lembra Collins.
“Eu estava muito envergonhada. Não havia outras mulheres lá, era uma \’coisa de homem\’. Mas quis fazer assim mesmo”. Formada em matemática e economia pela universidade de Syracuse, a comandante entrou para a força aérea e se tornou piloto de testes. Tempos depois, entrou para a Nasa, sendo a primeira mulher a ser aceita como piloto pela agência espacial norte-americana.