Arqueólogos que estudam a região de Santarém anunciaram nesta semana, durante o 1º Simpósio de Arqueologia na Faculdade de Ciências e Letras da UNESP em Araraquara, no interior de São Paulo, a descoberta de 23 novos sítios arqueológicos ainda não explorados nos arredores da cidade paraense.
A detecção dos novos sítios foi realizada por meio do projeto Análise das Socio-cosmologias Amazônicas Pré-Coloniais, financiado pela Fapesp e coordenado pela arqueóloga Denise Maria Cavalcante Gomes, que escava outros sítios na região desde 2006.
“Eu havia detectado sete em 2008 e agora surgiram mais 23”, disse ela. “Na Amazônia, dois indicadores fortes para a identificação de sítios são a presença de terra preta e a de cerâmicas. Às vezes é possível ver a intervenção na superfície, sem necessidade de escavações.”
Ainda não explorados, os novos sítios arqueológicos estão localizados em um quadrilátero de 20 por 25 km entre Santarém e Belterram, município vizinho. O grupo de pesquisadores liderados por Denise deverá escolher cerca de quatro deles para estudar mais a fundo nos próximos meses.
O trabalho na região começou em 2006 com a pesquisa do Aldeia, considerado um dos maiores sítios arqueológicos da Amazônia e o maior da região do Tapajós. Sua principal característica é que ele fica em área urbana e corta ao menos dois bairros de Santarém.
Por conta disso, a equipe tem de escavar em quintais de moradores, fundos de estabelecimentos comerciais e jardins. “Ele tem dois quilômetros de comprimento por 700 metros de largura. Mas acho que pode ser maior ainda”, informou Denise. “Os resultados mostram que o sítio teve ocupação contínua, até por grupos anteriores aos tapajós”. As populações mais antigas teriam vivido na região por volta de 3.000 anos atrás, segundo ela.