Dois satélites de comunicações colidiram em órbita, anunciou a Agência Espacial Americana(NASA nesta quarta-feira. Este foi o primeiro embate de dois aparelhos no espaço. A colisão ocorreu ontem a 500 km da Sibéria e produziu uma nuvem massiva de destroços, mas a verdadeira dimensão do acidente só será conhecida daqui a uma semana, disse o porta-voz da NASA, Kelly Humphries. O choque envolveu um satélite comercial Iridium que foi lançado em 1997 e um satélite russo lançado em 1993, que não estaria operacional. Cada um pesava cerca de 450 kg. Segundo a NASA, já existiram outros casos de colisão no espaço, mas apenas de pequenas partes de satélites e estavam em órbita a 780 km de altura. A agência espacial russa Roscosmos declarou, nesta quinta-feira, que os restos dos dois satélites que se chocaram não representam um perigo real à Estação Espacial Internacional (ISS). “A Roscosmos não registrou a perda de nenhum de seus aparatos cósmicos operacionais“, disse o porta-voz da agência, Aleksandr Vorobiov. A Nasa havia informado que o choque produziu uma nuvem de escombros que ameaça a ISS, em órbita a cerca de 400 km de altura.
Os cientistas estão acompanhando com grande atenção os destroços orbitais que surgiram. Deve levar semanas até que a magnitude da pancada seja conhecida e as possíveis ameaças contra outros satélites, ou mesmo contra o telescópio espacial Hubble, sejam determinadas. Segundo a agência espacial americana, trata-se do primeiro impacto de alta velocidade entre dois satélites intactos. De acordo com a Nasa, os riscos para a Estação Espacial Internacional e seus astronautas é baixo, porque ela orbita a Terra mais de 400 km abaixo do local da colisão. A Roscosmos, agência espacial russa, concorda. Também não deve haver perigo para o lançamento do ônibus espacial no próximo dia 22, mas isso terá de ser reavaliado nos próximos dias. De acordo com Nicholas Johnson, especialista em lixo espacial do Centro Espacial Houston, o risco de danos é maior para o telescópio espacial Hubble e para os satélites de observação da Terra, que estão numa órbita mais alta e mais próxima do campo de destroços. Ninguém tem idéia de quantos pedaços sobraram da batida, mas podem ficar na casa das dezenas ou das centenas. A estimativa dos pesquisadores é de que existem cerca de 17 mil pedaços de destroços de origem tecnológica girando em torno da Terra hoje. A situação é tão séria que esses cacos são considerados hoje a pior ameaça aos vôos dos ônibus espaciais, e a Nasa diz esperar que o problema se torne cada vez mais sério nas próximas décadas.
Em última atualização de informações, a Nasa considerou nessa quinta-feira um aumento dos riscos de acidentes para Estação Espacial Internacional (ISS), mas permanecem “muito pequenos”. “Os especialistas da Nasa concluíram que os riscos para ISS aumentaram, (mas) consideram que permanecem muito pequenos e dentro dos limites aceitáveis“, disse o porta-voz da Nasa John Yembrick.
O acidente deixou duas nuvens de fragmentos no espaço. A agência considerou que a amplitude dessas duas nuvens poderá apenas ser determinada em algumas semanas. A estação ISS e seus três ocupantes estão em órbita a uma altitude de cerca de 350 km, longe do local onde ocorreu a colisão. Por outro lado, os satélites de observação da Terra da Nasa e o telescópio espacial Hubble estão em órbita a altitudes mais elevadas e, portanto, mais expostos a uma colisão com os fragmentos. “Os satélites de observação da Terra da Nasa estão em órbita a uma altitude de cerca de 707 km, não muito distantes da altitude de 790 km da colisão“, ressaltou a agência. Em relação ao lançamento pela Nasa do ônibus espacial Discovery em direção à ISS no dia 22 de fevereiro, William Jeffs, um porta-voz da agência espacial em Houston (Texas, sul) afirmou: “No momento, não há riscos de adiarmos o lançamento“.