A natureza dotou os homens de juízo e de razão, para que deles se servisse. Pelo bom uso dessas faculdades, evoluímos como espécie e sobrepujamos as demais. Dominamos o mundo e nos projetamos para o cosmos. Mas nossa evolução não se deu sem sobressaltos. A cada novo desafio, diante de cada dificuldade, a mente humana se inquieta em ímpetos de superação, e quando analisamos um fato, temos na lógica nossa base de apreciação. Ela é, com efeito, o grande critério dos trabalhos humanos. A lógica trata dos argumentos e das conclusões a que chegamos através da apresentação de evidências que a sustentam. Um sistema lógico é um conjunto de regras de inferência que visam representar formalmente o raciocínio válido.
Quando uma lógica é rigorosa, como quando “dois mais dois são quatro”, as consequências são facilmente deduzidas e o bom senso prevalece. A convicção que dela floresce não se forma senão por uma longa sequência de observações, e é adquirida por um estudo sério, realizado sem prevenções ou ideias preconcebidas, feito com a paciência e a perseverança de quem quer realmente saber e compreender. Por outro lado, a dúvida é uma manifestação de modéstia e raramente prejudicou o progresso das ciências — mas não se pode dizer o mesmo da incredulidade. Aquele que fora da razão pura pronuncia a palavra “impossível” não é prudente. Lamentavelmente, o homem raramente se contenta com a verdade que lhe pareça mais simples, pois se acredita infalível e se ilude diante dos fatos que não comportam uma explicação convencional, deixando-se fascinar a ponto de achar sublime e definitivo o que, frequentemente, é simples absurdo e salta aos olhos de todos.
Negar não é provar
O artista romeno Constantin Brancusi (1876-1957), pintor, fotógrafo e pioneiro da escultura abstrata, traduziu o pensamento acima ao afirmar que “a simplicidade é a complexidade resolvida”. Não obstante, todas as negações não poderão fazer com que um fato não exista, pela simples razão de que negar não é provar. Uma opinião, pró ou contra, é sempre uma opinião individual que não tem força de lei — o que faz lei é a opinião geral, que se forma pela constância dos fatos e que exerce sobre os mais renitentes uma pressão irresistível. Nicolau Copérnico (1473-1543) teve a coragem de lançar a Teoria Heliocêntrica, postulando que o Sol — e não a Terra, como supunha Ptolomeu — era o centro das órbitas planetárias circulares e, à sua volta, à grande distância, haveria uma esfera transparente pontilhada de estrelas, sphera stellarum fixarum.
A teoria de Copérnico, publicada na obra Revolutionibus Orbium Celestium, ainda em 1543, foi aceita com protestos, mas acabou vingando, uma vez que vinha apoiada em argumentos lógicos. Galileu Galilei (1564-1642), por sua vez, viu-se obrigado — ameaçado com pena de morte — a abdicar de sua “absurda” e “herética” teoria, segundo a qual a Terra girava em torno do Sol. Por intermédio do cardeal Roberto Francesco Romolo Bellarmino (1542-1621), em 1616 a Igreja declarou “falsa” e “errônea” a Teoria Heliocêntrica de Copérnico, consequentemente proibindo Galileu de defendê-la ou sustentá-la — ela precisou, ainda que tardiamente, se render à evidência dos fatos, reconhecendo sua arbitrariedade e desculpando-se publicamente em 1992.
É necessário usar extrema prudência e se precaver de fornecer precipitadamente como verdades definitivas explicações mais inconsistentes que reais e que, cedo ou tarde, podem receber um desmentido oficial. Afinal, com que direito aqueles que não creem se arrogam o privilégio do bom senso se, sobretudo, aqueles que creem se recrutam precisamente entre as pessoas esclarecidas? “A evidência de que há objetos sendo vistos em nossa atmosfera e mesmo em terra firme, que não podem ser explicados como feitos pelo homem ou como sendo qualquer força física ou efeito conhecido por nossos cientistas, é esmagadora. Um número muito grande de avistamentos foi testemunhado por pessoas cujas credenciais são incontestáveis”, disse lorde Peter John Hill Norton (1915-2004), chefe do Estado Maior do Ministério da Defesa britânico e presidente do comitê militar da OTAN, em pronunciamento sobre os UFOs.
A vida foi plantada na Terra
Reconhecido por suas pesquisas sobre a estrutura do DNA, o ganhador do Prêmio Nobel de Medicina em 1962, sir Francis Crick (1916-2004), sustenta que a origem espontânea da vida na Terra é praticamente um milagre, dificilmente tendo acontecido por acaso. De acordo com sua Tese da Panspermia Dirigida, os primeiros organismos chegaram ao planeta na forma de esporos unicelulares — e ele acreditava que foram deliberadamente enviados por uma civilização extraplanetária. “Uma forma de vida primitiva foi deliberadamente plantada na Terra por uma sociedade tecnologicamente mais avançada”, afirmou o Crick, pouco antes de falecer.
O progresso está longe de ser uniforme, pois em muitos lugares há mais simpatizantes da crença na vida extraterrestre na intimidade, mas que não se colocam em evidência. Basta uma pessoa que tenha a coragem de expor sua opinião para que o progresso, de adormecido, torne-se ostensivo. A astrônoma Jill Tarter, coordenadora dos trabalhos do Instituto SETI, o programa de busca por vida extraterrestre inteligente, uma organização não governamental localizada em Mountain View, na Califórnia, afirmou com convicção que “a busca por inteligências extraterrestres satisfaz a uma necessidade muito antiga da humanidade”. Adiante, em seu discurso, indagou: “Estamos sozinhos? Os seres humanos têm feito essa pergunta desde os primeiros registros da nossa história, mas agora, pela primeira vez, nós realmente
temos a tecnologia que nos permita respondê-la”.
Do momento em que se admite uma interpretação sobre um ponto, não há razão para rejeitá-la sobre outras — essa é a porta aberta à livre discussão. Assim é quando os debates versam sobre a possibilidade de vida extraterrestre. Em janeiro de 2010, a Real Sociedade Britânica, entidade secular que já teve entre seus ilustres membros Isaac Newton, Charles Darwin e Albert Einstein, reuniu-se em um congresso de alto nível intitulado A Detecção de Vida Extraterrestre e as Consequências Para a Ciência e a Sociedade [The Detection of Extraterrestrial Life And the Consequences For Science And Society, veja edição UFO 175, agora disponível na íntegra em u
fo.com.br]. Com a participação de representantes dos mais variados ramos científicos, considerou-se a crescente detecção de planetas orbitando outras estrelas — os chamados exoplanetas, contabilizados atualmente em mais de 2.500 —, capazes de sustentar vida e a possibilidade de detecção de “assinaturas de vida” nesses novos mundos. Houve consenso quanto ao fato de que a hipótese de se constatar que não estamos sozinhos no universo irá afetar fundamentalmente como a humanidade se entende — e precisamos estar preparados para as consequências.
Questão de vida ou morte
Já se pode entrever o momento no qual a força da opinião imporá silêncio ao sarcasmo. Se lançarmos os olhos sobre os acontecimentos contemporâneos, reconheceremos os sinais precursores de um novo tempo. As barreiras materiais, os preconceitos políticos e religiosos são derrubados. O monsenhor Corrado Balducci (1923-2008), o teólogo e professor Piero Coda e o padre jesuíta José Gabriel Funes, atual diretor do Observatório do Vaticano, para citar alguns apenas religiosos de elevada hierarquia na Santa Sé, têm seus nomes ligados de forma indissolúvel à hipótese extraterrestre. Isso tem uma razão: uma religião é muito frágil se uma descoberta científica é para ela uma questão de vida ou morte. Todas elas experimentam a influência do movimento progressivo das ideias e, por uma questão de sobrevivência, se obrigam a acompanhar a ascensão dos conceitos, sob pena de submergirem.
Se uma determinada religião repudiar as descobertas da ciência, perderá, cedo ou tarde, sua autoridade e seu crédito, resultando no aumento no número de incrédulos. Repudiar a ciência é repudiar as leis da natureza e, portanto, negar a obra divina — ou pior, colocá-la em contradição consigo mesma. Observamos que os próprios ditos “soberanos”, assim entendidos aqueles que detêm o monopólio da informação, quando levados por força invisível, tomam a iniciativa da reforma — e aquela que parte de cima para baixo é mais rápida e duradoura do que a que parte de baixo para cima e é arrancada pela força.
O doutor David Clarke, consultor de assuntos ufológicos dos Arquivos Nacionais britânicos, explicou as razões para a recente liberação de documentos antes secretos em posse do Ministério da Defesa (MoD) daquele país relativos à presença alienígena na Terra. Ele afirmou à rede de televisão BBC, de Londres: “A partir da Lei de Liberdade de Informação, em 2005 o assunto UFO se transformou no terceiro tópico mais concorrido para o MoD, aquele sobre o qual os cidadãos escrevem solicitando que o órgão libere arquivos ou papéis que tenha sobre o tema”.
Churchill, Eisenhower e UFOs
O governo inglês buscou, dessa forma, demonstrar transparência e passar a ideia de que nenhum segredo relevante seria mantido fora do alcance do público, abortando-se, pelo menos em parte, a gestação de teorias conspiratórias. Sem dúvidas, tratou-se de uma importante evolução de conceitos, provavelmente em resposta à crescente aceitação popular quando o assunto diz respeito a objetos voadores não identificados. Prova disso vem do mesmo órgão britânico que, em agosto de 2010, disponibilizou o que seria o último lote de documentos ainda arquivados. Ganha destaque particular nesse lote de papéis um relatório informando que durante a II Guerra Mundial o primeiro ministro Winston Churchill (1874-1965) ordenou o acobertamento — por um período de 50 anos — de um suposto incidente com UFO que teria sido protagonizado por tripulantes de um bombardeiro da Força Aérea Real Britânica (RAF), em sua viagem de retorno de uma missão militar.
Nick Pope, consultor da Revista UFO e ex-funcionário MoD na seção UFO Desk [Veja entrevista com ele nas edições UFO 174 e 175, agora disponíveis na íntegra em ufo.com.br], disse a respeito que um cientista, cujo avô foi guarda-costas de Churchill, teria participado de um encontro entre o primeiro ministro e o presidente norte-americano Dwight Eisenhower (1890-1969), quando decidiram encobrir o fenomenal avistamento. “O motivo aparentemente da ordem de acobertamento seria o temor de Churchill em provocar pânico em massa e abalos nas crenças religiosas das pessoas”, disse Pope.
Se olharmos a questão ufológica detidamente, veremos que é raro nos dias atuais encontrarmos alguém que não tenha ouvido falar de discos voadores, e por quase toda parte estão simpatizantes do assunto — mesmo aqueles que não têm muita fé ou que têm restrições de ordem religiosa, falam do tema, ainda que com mais reservas. E outra constatação que se faz com segurança é que o espírito zombeteiro de outrora quanto ao assunto diminuiu, dando lugar a uma discussão mais racional. A hora soou e a época é oportuna. A Ufologia dos dias atuais vive um momento único, e que não se pense que ela seja uma questão de mínima importância, pois carrega em si o germe de toda uma revolução nos mais diferentes campos. Ao lado de uma crescente visibilidade e desmistificação, temos a fantástica abertura dos arquivos oficiais em dezenas de países — inclusive e principalmente no Brasil, em resposta ao movimento UFOs: Liberdade de Informação Já, iniciativa da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) através da Revista UFO.
Suposições e fatos
Assim, levando-se em conta a abundância de material antes governamental que os ufólogos agora têm para se ocupar, penso que o antigo processo de fazer suposições sobre suposições não nos levará a lugar nenhum. É preciso parar de perder tempo com divagações de difícil comprovação — e é prudente parar de enxergar edificações ou homenzinhos verdes onde eles não existem. Agora é necessário, sobretudo, voltar nossa atenção para questões mais objetivas. Aqui e ali, em tentativas profundas ou desordenadas, a questão ufológica tem sido abordada de forma científica. Seu estudo, porém, encontra inúmeras barreiras, levando as pessoas a julgarem o que ouviram dizer muito mais do que sobre a realidade.
acute;dito: Gemunu Amarasinghe
A Ufologia se apresenta em uma condição muito particular. Ela é uma ciência — sim, uma ciência — de observação e apuração de ocorrências que não podem ser anuladas pelo tempo, como se fora uma opinião. Sem dúvidas, ainda não é aceita por todos, mas que importam as negações de alguns se aqueles que creem não são mais tolos nem menos cegos do que outros? Chegará o momento em que a realidade da vida fora da Terra não terá mais negadores — exatamente como hoje, já não há quem acredite que a Terra seja o centro do universo.
Dessa forma, com um material de alta qualidade em mãos, poderemos efetuar um exercício de “adivinhação controlada”, ou seja, um palpite dado de boa fé, com base em premissas sadias e um alto grau de conhecimento do assunto. Tomemos um exemplo emprestado da astrofísica, o dos buracos negros, que nada mais são do que abstrações teóricas derivadas da Teoria da Relatividade de Einstein — cuja existência, embora cientificamente inquestionável, não pode ser observada diretamente, dado o seu caráter de tudo absorver, inclusive a luz. Sim, para quem não sabia, os buracos negros nunca foram observados, ao contrário de estrelas nos mais longínquos rincões do cosmos, e sua existência é meramente matemática.
Qualquer tecnologia suficientemente avançada será indistinguível da magia para a humanidade. — Arthur Clarke
A ideia da existência de vida em outros mundos tem uma tendência positiva a entrar na opinião das massas e até mesmo nas religiões modernas — há uma afinidade de tal modo evidente que fere os olhos. Muitos cientistas e pensadores a ela são conduzidos, pois a intransigência não resiste à lógica. Esses são evidentemente os precursores da adoção desse novo conceito, cujos caminhos estão sendo assim preparados e a estrada pavimentada.
Tempo, recrutador sem igual
Até nova ordem, devemos ter a humildade de reconhecer que, muito provavelmente, grande parte das evidências de atividades de inteligências cósmicas deve nos escapar. Da mesma maneira que povos inteiros viveram sem conhecer o rádio ou mesmo a existência de planetas vizinhos, possivelmente ainda ignoramos fenômenos de enorme importância que, se pudéssemos descobrir, provariam de maneira irrefutável que não somos privilegiados pela natureza. O tempo é recrutador sem igual, e é por ele que as impressões se modificam. O hábito que dizia insistentemente “não” cederá a vez à razão, que dirá “sim”.
Dizia-se que Galileu era um louco. “Se a Terra é redonda e gira, como podemos caminhar de cabeça para baixo? E o que dizer dos mares? A água não se derramaria?”, essas eram algumas das inquietações da época. Igualmente, ainda não se admite a viagem pelo cosmos, pois as distâncias interestelares são inacessíveis à nossa compreensão, ainda limitada ao princípio da combustão dos foguetes. Consequentemente, é impossível que alguém vindo de outra estrela já tenha nos alcançado, no passado ou mesmo nos dias atuais. É evidente que, negando a causa, se negue também o efeito. Porém, o que pode ser uma opinião contra um fenômeno objetiva e conscientemente observado e reprodutível à exaustão?
Projeções e teletransportes, por exemplo, tão comuns na ficção científica, talvez não sejam tão irrealizáveis. Tomemos o conceito do chamado salto quântico, emprestado da física teórica, para compreendermos a situação. Ele é apenas uma ideia proposta na década de 70 por físicos tidos na época com visionários, para explicar o movimento de um objeto de um lugar para outro, sem percorrer o espaço que os separa — o artefato se dissolveria na sua posição original e reapareceria instantaneamente em outro local. Basicamente, isso é o dito salto quântico. Mas, embora experimentos com teletransporte sejam recentes, a ideia fundamental é antiga. Albert Einstein, em conjunto com os físicos Boris Podolsky e Nathan Rosen, demonstrou como partículas poderiam ser agrupadas em pares, dentro dos quais uma delas poderia, mesmo a distância, reproduzir o “estado quântico” da outra, isso é, características físicas definidas em termos de posição e energia.
Possibilidade do teletransporte
Einstein brincava com o fenômeno e o chamava de “ação fantasmagórica a distância”, quando dois átomos teriam seu destino conectado, funcionando um como espelho de outro. Agrupados dessa forma, os dois átomos foram chamados de “Par de Einstein-Podolsky-Rosen”. Com base nesse conceito, em 23 de março de 1993, Charles Bennett, físico chefe da Divisão de Pesquisa da IBM, nos Estados Unidos, e mais quatro pesquisadores previram matematicamente a possibilidade teórica do teletransporte. Disse Bennett que “não há transporte de matéria, mas só de informação”.
Em dezembro de 1997, Anton Zeilinger e mais cinco pesquisadores do Instituto de Física Experimental da Universidade de Innsbruck, na Áustria, anunciaram a comprovação experimental do teletransporte de um fóton a distância. Algo semelhante seria realizado em 1998 por um grupo do Instituto de Tecnologia da Califórnia, o CalTech. E, cinco anos mais tarde, em 17 de junho de 2002, cientistas da Universidade Nacional Australiana, coordenados pelo malaio Ping Koy Lam, introduziram um grau adicional de complexidade ao assunto ao induzir o transporte de um conjunto de partículas — um feixe de luz — de uma só vez.
Em junho de 2004, físicos da mesma Universidade de Innsbruck e do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) norte-americano, trabalhando independentemente, anunciaram pioneiramente o teletransporte de uma partícula maciça — um átomo — sem utilizar uma ligação física. Dois meses após, pesquisadores da Universidade de Viena e da Academia Austríaca de Ciência realizaram com sucesso o teleporte do que chamaram de “características quânticas” entre dois átomos se
parados por uma distância de 600 m. O teleporte de informações entre partículas é considerado a chave para o desenvolvimento de poderosos computadores quânticos. Para o teletransporte de seres humanos, no entanto, há um longo caminho pela frente. “A princípio, isso não é impossível, mas algo que provavelmente só ocorrerá em milhares de anos”, diz Bennett.
Compromisso dos ufólogos
Muitas lacunas ainda existem e a Ufologia exercida com seriedade não tem a pretensão de dizer a última palavra — mas, não obstante, pouca coisa pode se contrapor como causa dessa enorme casuística. Nenhum poder acadêmico tem como impedir a vulgarização de fatos que qualquer pessoa pode constatar, tampouco impedir as consequências deles decorrentes. Do recôndito ambiente paracientífico, as discussões passarão para os meios universitários, serão praticadas pela elite científica e terão como efeito esgotar os argumentos contraditórios, que não poderão resistir ao peso das evidências, pois toda oposição que se faz a uma ideia está sempre na razão direta de sua importância. “É preciso manter a mente aberta, pois é essa a atitude mais científica. Não se podem impor condições”, diz o cosmólogo Craig Hogan, da Universidade de Chicago.
Muitas pessoas razoáveis aceitam a existência de coisas que ainda não podem ver. A observação indireta, a fórmula matemática e a teoria racional formam a base adequada para os cientistas aceitarem o que ainda permanece sob um véu opaco. Temos como exemplos a descoberta de exoplanetas orbitando estrelas vizinhas e os próprios buracos negros, vistos acima. Vem daí que muitos dos que acreditam em um Criador concluem que têm base similar para aceitar a existência do que ainda não podem enxergar.
Esse autor defende o pensamento de que o presente tema, além de apaixonante, é de profundo interesse filosófico e espiritual, que não afronta a crença — ou a falta dela — de qualquer leitor. Aquele que abraça de boa fé uma religião não pode pretender possuir o monopólio da verdade, mas deve reconhecer a existência dos fatos e admitir que ainda não conhece como se produzem.
A humanidade se encontra diante de um intrigante conjunto de evidências que abrangem desde relatos imparciais e equilibrados até outros totalmente inverossímeis. A Ufologia, ao divulgar, pesquisar e debater uma ocorrência, restringe eficazmente o círculo de incredulidade. Se fosse simples teoria, apoiada sobre uma opinião pessoal, nada lhe garantiria a estabilidade e então cairia por terra, como ocorreu com muitas correntes filosóficas puramente especulativas — aqueles que dela falam de outro modo provam apenas que não a estudaram.
Mente sem preconceitos
O estudo da vida extraterrestre trouxe uma nova alavanca para a expansão das ideias, propostas que são a mola propulsora que impulsiona o homem em busca da satisfação da sua curiosidade. Quando geradas em uma mente sem preconceitos, encontrará, no seio da coletividade, uma falange numerosa de adeptos sérios e decididos. Os homens de ciência não podem mais ver com indiferença o movimento que essa disciplina produz no mundo — repelir sem motivação um movimento globalmente disseminado seria colocar-se ao nível dos homens retrógrados.
A nossa origem fundamental, nosso elo perdido, por assim dizer, insiste em permanecer incógnito. Toda nossa busca tem sido infecunda. Por essa razão, muitos julgam ter sólidos argumentos para dar de ombros e tratar com desdém tudo o que se refere ao tema vida extraterrestre. Diante da forte pressão da inteligência humana por fatos novos, é reservado aos ufólogos o papel de bússola aos cientistas e pesquisadores sinceros e bem intencionados, para que se orientem com segurança em busca da verdade. J. Allen Hynek, inconteste pioneiro da Ufologia Mundial, certa vez disse: “Um dia os cientistas vão descobrir a enorme dívida que têm para com os ufólogos”.
Se de um lado encontrarmos depreciadores do Fenômeno UFO, de outro encontraremos pessoas que perguntarão “mas o que é isso?” Cabe a nós, ufólogos, nos apressarmos em satisfazer sua curiosidade, proporcionando explicações à altura das disposições intelectuais que nelas encontrarmos. Quando se fala de Ufologia e de fenômenos correlatos, é preciso considerar as palavras pronunciadas como grãos de semente lançados ao ar — entre eles, muitos caem sobre as pedras e não produzem nada, mas se um só deles tombar sobre solo fértil, teremos alcançado nosso êxito. Cultivemos e estaremos certos de que essa planta germinará e terá frutos.