Casos de objetos submarinos não identificados são tão antigos quanto qualquer outro tipo de manifestação ufológica, digamos, convencional. No livro Il Mare e as Suas Lendas [Editorial Mondadori, 1987], Alberto Mari e Luisa Rubini escrevem que “as luminescências e os objetos luminosos no espaço forneceram o começo para inúmeras teorias, histórias e lendas em torno de objetos misteriosos, ou não identificados, e ainda a criaturas provenientes de outros planetas. Menos recentes são, porém, as crenças sobre os fenômenos e as aparições luminosas no mar”. São palavras muito bem proferidas. E continuam especificando que muitas lendas europeias têm como tema o Fogo de Santelmo, que em francês é chamado de Feu Saint Elme, Monseigneur Saint Elme e Feu sain Telme. “A crença que os considera espíritos maléficos ainda é bastante atual entre os gregos”, concluem Mari e Luisa.
Naturalmente, espíritos nada têm a ver com o fenômeno físico das luminescências celestes marinhas. Olhando no passado, entretanto, podemos encontrar inúmeras e inquietantes manifestações de fogos sobre a água. “Sábado, 15 de setembro de 1492. Navegou neste dia, inclusive à noite, mais de 27 léguas na direção ao poente. No começo da noite, viram cair do céu uma maravilhosa faixa de fogo a quatro ou cinco léguas das embarcações”. Estas são palavras de Cristóvão Colombo, escritas em seu diário de bordo. Seria um fenômeno natural como o Fogo de Santelmo? Pela descrição, poderia se dizer que não. Um meteorito, então? Poderia ser. Mas, assim como nada comprova isso, nada pode levar a excluir possível origem alienígena. Mas em 1492?
Entre os testemunhos datados de séculos passados, não são poucas as surpresas com as quais nos deparamos. A Terra teria sido visitada há 5.000 anos por uma raça de criaturas parecidas com sereias, provenientes dos espaços exteriores e pertencentes a uma civilização extremamente inteligente. Essa extraordinária hipótese é resultado de oito anos de pesquisas de um jovem orientalista e astrônomo norte-americano, Robert Temple, expostas no livro The Sirius Mystery [Inner Traditions, 1987]. Segundo Temple, criaturas anfíbias — meio homem e meio peixe — teriam chegado à Terra no passado, vindas de certo planeta com órbita em torno de Sírius, estrela mais reluzente entre as mais próximas de nós, há apenas 10 anos-luz. O astrônomo acredita que o propósito delas era o estudo do homem primitivo.
O estudioso fundamenta sua teoria na constatação de que algumas civilizações antigas dispunham de incríveis conhecimentos de astrofísica, adquiridos somente através dos mais avançados e sofisticados instrumentos astronômicos. Ele informa que, na República de Mali, África, existe uma cultura — a dos dogons — cujos costumes ainda hoje são caracterizados e dominados pela veneração a Sírius. Para ser mais preciso, há um pequeno planeta orbitante em torno desse astro, porém invisível se procurado sem telescópios potentes. “Os sumos sacerdotes dessa tribo ilustraram em detalhes e com total exatidão as várias particularidades da órbita dessa estrela para antropólogos franceses. Essas informações foram transmitidas geração após geração”, escreve Temple. O conhecimento dos dogons está além do fato de que essa estrela possui massa extremamente pesada e densa. “Uma xícara da matéria que a forma é mais pesada do que todos os grãos de areia existentes na Terra”, dizem eles.
De geração em geração
Na verdade, a moderna astronomia concluiu que a estrela companheira de Sírius, denominada pela ciência como Sírius B, é uma anã branca — ou seja, um astro nos primeiros estágios do colapso. Estrelas desse tipo têm densidade extremamente elevada, tanto que uma caixa de fósforos de sua matéria pesaria algo em torno de 50 toneladas. Temple se pergunta sobre como é possível que pessoas de uma tribo africana perdida conheçam tudo isso com minuciosa precisão. E a conclusão é a de que os dogons tenham aprendido essas noções com visitantes alienígenas, “os quais teriam deixado pistas evidentes nas suas tradições e cultura, e de outras tribos vizinhas. Entre elas, representações de seres parecidos com peixes e desenhos, cujas formas poderiam remeter à órbita de Sírius B, aparecem efetivamente em esculturas, pinturas e ornamentos nos tecidos das populações da região”.
Temple não acredita, porém, que esses antigos astronautas anfíbios tenham descido na localidade onde a tribo reside atualmente. “Os dogons são, na verdade, descendentes das mais antigas populações mediterrâneas, os garamanti. Estes últimos, sob influência da cultura de civilizações como as da Mesopotâmia e do Egito, emigraram da África para o ocidente e, portanto, para o sul até Mali”. Ainda segundo o estudioso, criaturas descritas como meio homem, meio peixes estão representadas em pinturas, afrescos e moedas. Os dogons nunca produziram textos escritos, mas os relatos das tribos transmitidas de geração em geração descrevem criaturas que chegaram em uma espécie de nau voadora, “semelhante a uma chama que se apagou quando tocou o chão”.
Os sumos sacerdotes do povo Dogon ilustraram em detalhes e com total exatidão as várias particularidades da órbita da estrela Sírius para antropólogos franceses. Essas informações foram transmitidas geração após geração
As entidades descidas dela, então, teriam se deslocado na superfície terrestre, até que encontraram finalmente águas em que pudessem mergulhar. Temple estudou na Universidade da Pensilvânia e atualmente vive na Grã-Bretanha. Pensa que o mundo extrassolar de onde teriam vindo os extraordinários seres anfíbios seja coberto de água em boa parte e, por isso, imagina não ter sido por acaso que tenham escolhido, aparentemente, zonas pantanosas — o delta dos rios Tigre, Eufrates e Nilo — para descer em nosso planeta, há milhares de anos. Os dogons chamam de nommo as criaturas aquáticas originárias de Sírius. Transmite-se que esses seres chegaram em uma arca, cujo vórtice da descida os dogons representam na areia.
Os indígenas também descrevem o rumor de trovão produzido por ela, assim como o turbilhão de pó devido ao violento impacto sobre o solo. Eles ainda parecem distinguir muito bem entre a arca celeste que realmente desceu e um objeto no céu parecido com estrela — representação de uma maior e importante nave mãe interestelar? Além disso, para concluir, dizem que o nome original de Sírius, isto é, Seirios, deriva de seirén, que significa sereia, a conhecida criatura fantasiosa, metade humana e metade peixe.
Segredos de conteúdos esotéricos
Quando, anos atrás, dois antropólogos franceses, Marcel Griaule e Germaine Dieterle, publicaram o artigo Um Sistema Sudanês de Sírius, não colocaram questionamentos, limitando-se a registrar apenas aquilo que haviam aprendido aos poucos de viva voz com alguns sacerdotes dos dogons. Do relato apareceu com clareza, porém, que o conhecimento de Sírius B era parte integrante do sistema de vida dessa tribo.
A questão da pequena estrela que os dogons chamam de Po Tolo é um tabu, uma espécie de conhecimento simbólico dos segredos de conteúdos esotéricos. Dizem que, na língua dogon, tolo significa estrela e po é um cereal, chamado fonio, muito pequeno e pesado, que os próprios dogons cultivam e cuja denominação latina é Digitaria exilis. Sírius B faz, além disso, uma viagem orbital em 50 anos. Justamente, a cada meio século, os dogons celebram uma festa especial chamada Sigi, em homenagem à renovação de todo o universo. O que é bastante significativo. Mal escondendo certa irritação por causa da incapacidade de explicar os conhecimentos astronômicos dos dogons, astrônomos céticos — como o inglês Ian Ridpath e o norte-americano Carl Sagan, morto em 1996 — fizeram objeção a Temple referente ao sistema de Sírius não ser o ideal para um planeta habitável. Em seu julgamento, os dogons teriam, na verdade, tirado suas informações astronômicas não de visitantes alienígenas, mas de algum viajante europeu.
Mas o fato é que os dogons não têm apenas o conhecimento da existência de Sírius B. Existem outras coisas que nossa ciência descobriu recentemente que sempre fizeram parte das tradições daquele povo. Por exemplo, relatam que a Lua é árida e morta como o sangue ressequido de um cadáver. E que Saturno tem um anel, que de fato tem e é totalmente invisível sem auxílio de telescópio. Os dogons dizem ainda que Júpiter tem ao seu redor quatro companheiros — os satélites descobertos por Galileu Galilei. E seguem afirmando que Vênus gira ao redor do Sol, como também que é a rotação terrestre que cria a ilusão do movimento dos astros. Dispõem, enfim, de conhecimentos astronômicos que o homem ocidental médio não possui. E se é verdade que para os dogons, como para todos os primitivos modernos e muitos povos da Antiguidade, a abóbada celeste tem ou tinha um valor prático cotidiano, fica o fato de que essa cultura africana tem informações que apenas alguns meios técnicos muito modernos permitiram adquirir.
O que concluir de tudo isso? A hipótese de Temple, pela qual em remoto passado os expoentes anfíbios de civilização extremamente avançada teriam chegado da Constelação de Sírius, pareceria, de fato, a única possível. Segundo o estudioso, os primeiros que teriam encontrado esses astronautas seriam os egípcios. Realmente, no decorrer da evolução egípcia aparece um brusco salto qualitativo em torno de 3.400 a.C. que fez aquela cultura avançar de um estágio de cultura neolítica, com um complexo esquema de tipo tribal, para duas monarquias eficientemente organizadas. As noções sobre Sírius e Sírius B teriam sido passadas do Egito para os sumérios e destes para os gregos. Em torno dessas informações, teriam se desenvolvido todas as lendas cuja base é o número 50, que corresponde aos anos da viagem orbital de Sírius B.
Curiosas coincidências
Isso tudo lembra a lenda dos Argonautas, dos quais Heródoto diz que acabaram na Líbia, onde fundaram algumas cidades. E Temple cita o testemunho do historiador Robert Graves, que afirma que o povo Garamanti teria seguido da África Setentrional para o sul até o Alto Níger, onde hoje habitam justamente os dogons, que teriam se misturado com a população nativa — naturalmente, Temple imagina que os garamanti descendem dos Argonautas e foram os “pais espirituais” da cultura dogon. E, assim, o círculo se fecharia. Mas, então, os nommo, as criaturas anfíbias da cultura dogon provenientes de Sírius, são algo absolutamente originais? Não exatamente. De fato, não podemos deixar de fazer correlação obrigatória com o mito de Orejona, divindade feminina anfíbia também de origem cósmica, surgida no Lago Titicaca, na América do Sul — significativamente caracterizada por mãos palmares —, que teria tido papel de instrutora do céu para as populações pré-colombianas daquelas regiões. Mais recentemente, no tempo japonês de Heian, nos séculos IX e X d.C., teriam se manifestado os misteriosos kappas, famosos “homens dos caniços”.
Como confirma o arqueólogo e historiógrafo Komatsu Kitamura, essas criaturas anfíbias estavam ligadas a estranhos veículos “semelhantes a grandes conchas, capazes de se moverem em grande velocidade tanto na água como no céu”. Eram seres semelhantes ao homem, mas caracterizados por monstruosas deformações anatômicas. Segundo Kitamura, os homens dos caniços assim se apresentavam: “Bípedes de artelhos palmados, com três dedos que terminavam em gancho, sendo o dedo central muito mais longo do que os outros. Tinham pele marrom, lisa, sedosa e brilhante. Sua cabeça era delgada, com grandes orelhas e grandes olhos em forma triangular, que trazia curioso chapéu de quatro pontas. O nariz era semelhante à tromba, terminando atrás dos ombros, onde se unia à espécie de corcunda em forma de caixa”.
Certamente, tudo isso faz pensar, de fato, em homens vestidos com roupas subaquáticas, com nadadeiras e máscaras, mas também munidos de respiradores individuais e bomba nas costas. Mas de onde vinham os kappas? Obviamente, não se sabe. A única coisa evidente são pontos de contato com mitos associados aos nommo e a Orejona, esta também caracterizada por grandes orelhas, daí seu nome — e com os “homens dos caniços” japoneses. Quanto às “conchas voado
ras”, lembram muito a arca celeste dos nommo. Curiosas coincidências? Mas mesmo no passado mais próximo, podemos encontrar algo semelhante. Uma carta do capitão Albert Gabe, comandante da Bintang, foi tirada da revista Scientific American, de setembro de 1909.
Fantástico espetáculo aéreo
Diz Gabe que, às 03h00 de 10 de junho de 1908, estava com seus homens navegando ao longo do Estreito de Málaga quando o timoneiro chamou sua atenção para uma aparição repentina. “A cerca de três quilômetros do navio, uma espécie de roda luminosa volteava lentamente a menos de 100 m da água, projetando línguas de fogo ao redor. Observamos com os telescópios e tivemos a impressão de que, naquela massa luminosa, havia uma massa inteiriça levantada por uma espécie de cúpula”.
O tamanho daquilo era descomunal e o diâmetro da roda podia ter em torno de 30 m. Depois, do alto, desceram uma dezena de corpos luminosos muito menores e que começaram a voltear em torno do objeto maior, para depois desaparecerem no mar próximo a ela. Após alguns minutos, aquela roda começou a se elevar, tornando-se mais brilhante, e sumiu entre as nuvens. “Vinte minutos mais tarde, enquanto ainda estávamos comentando o insólito fenômeno, claramente, vimos emergir o grupo de globos luminosos dirigirem-se velocíssimos na mesma direção em que a roda havia desaparecido”. Seria um objeto submarino não identificado em 1908? Parecia justamente isso. Sem dúvida. Sete anos antes, temos no diário de bordo do capitão Hoscason, do navio Kilwa, navegando no Golfo Pérsico, um fascinante relato extraído do Journal of the Royal Meteorogical Society, de julho de 1901.
Escreveu Hoscason: “Em 04 de abril de 1901, às 08h30, não havia traços de fosforescência no mar. Depois, de repente a bombordo, percebemos que grande área do mar havia se tornado fosforescente. Observamos, curiosos, o fenômeno que nunca havíamos visto antes, mesmo porque essa fosforescência era mais luminosa do que a de costume. E aqui acontece o incrível. De repente, três corpos luminosos, com o dobro do tamanho de uma baleia, emergiram da água e pairaram por alguns instantes na superfície da água. Depois, em movimento simultâneo, começaram a erguer-se lentamente, envolvidos por um halo luminoso que variava do branco celeste ao verde-esmeralda, do rosa pálido ao vermelho forte”.
No mar ainda permanecia a mancha fosforescente e, subitamente elevaram-se da água lâminas de luz que pareciam atraídas pelos três corpos luminosos — essas projeções duraram por mais 10 minutos. A fosforescência, porém, deixou de ser vista e, sobre a região, permanecia uma substância escura. “Descemos ao mar uma lança e recuperamos um pouco dela. Era transparente, gelatinosa e só parecia escura se fosse observada sob determinada perspectiva. Mas, no decorrer de alguns minutos, evaporou-se e não sobrou mais nada. Pouco tempo depois, aquela que também flutuava sobre as ondas, havia desaparecido”. O fato é tão impressionante que é difícil dizer que tipo de fenômeno foi observado pela ponte do Kilwa.
Civilização não humana
Sabemos que o Golfo Pérsico sempre foi ligado a uma tradição bem específica — a mesma que talvez seja a base dos conhecimentos dos dogons de Mali. “A lenda sugere que tenha havido contato entre seres humanos e uma civilização não humana caracterizada por imensos poderes, às margens do Golfo Pérsico, nas proximidades, talvez, da antiga cidade suméria de Eridu, no quarto milênio antes de Cristo ou antes”, escrevem os astrônomos Carl Sagan e Iosif Shklovsky no livro Intelligent Life in The Universe [Editora Doubleday, 1980]. Os autores transmitem ainda dados sobre várias antigas tradições relativas aos apkallu, e citam a descrição fornecida pelo histórico Beroso, sacerdote babilônio de Bel-Marduk, que viveu nos tempos de Alexandre Magno. A citação foi retirada de textos cuneiformes redigidos milhares de anos atrás.
Escreveu Beroso: “No primeiro ano, um animal dotado de razão chamado Oannes apareceu na região do Golfo Pérsico em direção a Babilônia”. Segundo outro historiador, o ateniense Apollodoro, o qual viveu no século II a.C., o corpo daquele animal era muito parecido com o de um peixe, mas sob a cabeça escondia-se outra, assim como escondia pés de homem sob a cauda de peixe. Sua voz e linguagem eram articuladas, de tipo humano. “Durante o dia, Oannes costumava falar com os homens e os instruía nas letras, nas ciências e nas artes. Além disso, ensinou-lhes a construir casas e templos, a compilar leis e a fazer uso dos princípios da geometria. Por fim, fez com que conhecessem as sementes da terra e lhes ensinou a colher os frutos. Tornou-os cientes de tudo o que podia civilizar e humanizar nossos antepassados mesopotâmicos”. E não era a única criatura desse tipo.
Três corpos luminosos, com o dobro do tamanho de uma baleia, emergiram da água e pairaram por alguns instantes na superfície do mar. Depois, em movimento simultâneo, começaram a erguer-se, envolvidos por um halo luminoso
Existiram, realmente, outros apkallu. Sagan e Shklovsky citam a narração de um aluno de Aristóteles, Abideno, que relata que, sob o reino do rei de Pantibiblon Amillarus, saiu do mar um semidemônio parecido com Oannes, chamado Annedotus, que significa repelente. E sob Daos, sucessor de Amillarus no trono de Pantibiblon, “quatro personagens de dupla semelhança saíram do mar para a terra. Seus nomes eram Euedocus, Eneugamus, Eneuboulos e Anementus”. Além disso, o acima citado Apollodoro lembra que, sob o reino de Euedoreschus de Pantibiblon, “surgiu outro personagem chamado Odacon, saído do Golfo Pérsico e caracterizado pela mesma complexa aparência, metade humana e metade peixe”.
Para Sagan e Shklovsky, a natureza inequívoca desse relatório de contatos com seres superiores era notável. “Oannes e os outros apkallu são descritos como animais dotados de razão, seres, semidemônios, personagens. Mas nunca são descritos como divindades”, concluem. De onde provinham, sempre admitindo que tenham vindo de algum lugar, tais personagens? Dos vagalhões, como parece indicar? Provavelmente não. Olhemos, porém, para o céu. No Extremo Oriente asiático se transmite, desde a Antiguidade, imagens míticas do “dragão celeste”, uma serpente voadora que encontramos também análoga na “serpente plumada” asteca na América Central. Então, para sugerir alguma dúvida sobre ser essa representação algo mais do que simples abstração mítica, a agência de notícias de estado chinesa difundiu, em 1991, a peculiar notícia de um gigantesco UFO luminoso com forma de serpente enrolada.
Dragão celeste e serpente plumada
Foi avistado à noite por milhões de cidadãos em quatro províncias
na zona central da República Popular da China. Observado também pela tripulação e por passageiros de um avião comercial, o incrível objeto — para o qual os cientistas chineses haviam excluído categoricamente origem natural ou astronômica — tinha aspecto espiralado, girava sobre si mesmo em sentido horário e se deslocava apenas a poucas centenas de metros acima do chão. A maioria das testemunhas, por outro lado, aterrorizadas pela aparição, o descreveu concordantemente como uma serpente voadora. Assim, o famoso réptil da tradição chinesa não seria mais do que a mitificação de algum objeto voador realmente observado? Seja como for, a imagem da serpente celeste se encontra também nas culturas do Oriente Médio. Antigas civilizações semíticas apresentam muitas tradições relacionadas a criaturas marinhas fabulosas.
Referências bíblicas à serpente celeste Leviatã como um monstro marinho, ou melhor, serpente alada — Nahash Hariah — ou também como serpente sinuosa — Nahash Aqalaton — são encontradas em textos ugaríticos. Do Leviatã, a Bíblia narra: “Seu corpo é como se fosse formado por escudos fundidos juntos, composto por escamas que se unem. Uma é ligada a outra de forma que nem um sopro passe entre elas. Uma adere à outra e se seguram de modo a não se separar. Seu espirro é esplendor de fogo e seus olhos são como cílios da aurora. Da boca, saem fachos como chamas de fogo vivo. Das ventas, fumaça como de caldeira acesa e fervente. Sua respiração acende brasas. Os membros das suas carnes são compactos. Quando ele se levanta, os anjos tremem. Faz o mar profundo ferver como uma caldeira e o reduz à vasilha de unguento que espuma. Atrás dele, brilha a vereda”.
Máquina fusiforme
Considerada a moderna fenomenologia ufológica e as recentes manifestações de OSNIs, imaginar que o Leviatã seja uma representação mitificada de máquina cilíndrica ou fusiforme, operante tanto no céu como nave mãe de engenhos menores na água poderia ser plausível? A esteira deixada pelos modernos UFOs, além de sua luminosidade e a nebulosidade que às vezes o envolve, certamente dão o que pensar. E seu efeito térmico, as vigias iluminadas às vezes vistas sobre eles poderiam adaptar-se, de fato, à descrição presente na Bíblia. Essa hipótese poderia, aliás, convidar a uma releitura do episódio bíblico do profeta Jonas — ele, chamado por Deus para converter os habitantes de Nínive, furtou-se da tarefa e embarcou para Jaffa para escapar de Tarsis. Deus, então, provocou grande tempestade, da qual Jonas foi indicado pela tripulação como o responsável mal visto pelo céu. Oferecendo-se voluntariamente para reparar os danos provocados, Jonas é jogado ao mar, onde um enorme peixe o acolheu no ventre, mantendo-o por três dias e três noites.
No final desse período, foi devolvido à terra nas proximidades de uma praia. Segundo a tradição hebraica, o peixe que acolheu Jonas tinha boca tão grande que o profeta passou como se fosse através do portal de uma sinagoga. Seus olhos eram janelas e, no interior, havia grandes lâmpadas suspensas. De passagem, vale lembrar também que, em um antigo mito chinês há referências a um enorme peixe que enfrentou o Deus das Tempestades, perto de Lei Chou. Portanto, a partir disso, sustentar, como fazem os ufólogos, que os monstros aquáticos das antigas tradições sejam mais do que aparelhos subaquáticos é um pequeno passo. Além dos africanos dogons, os OSNIs parecem surgir tanto no Antigo Testamento como nas mais antigas culturas mesopotâmicas.
Significados semelhantes caracterizam também divindades celestes, como o sumério Enki e os gregos Nereu e Poseidon, este correspondente ao romano Netuno. São senhores dos oceanos e fundadores de Atlântida, considerada pelas antigas tradições de vários povos como a antediluviana Senhora dos Mares e a primeira grande civilização-mãe proto-histórica guiada por divina linhagem celeste. Uma linhagem celeste.
Fragmentos de provas ambíguas?
O saudoso biólogo norte-americano Ivan T. Sanderson, em seu livro Invisible Residents [World Publishing, 1970], ocupou-se com interesse das questões acima citadas. À parte algumas fantásticas hipóteses sobre a Atlântida perdida, nas quais muitas vezes se fantasiou sobre esta civilização — ainda parcialmente existente, sobrevivida no fundo do oceano e adaptada à vida submarina, acreditam alguns —, e sobre a submersão do mítico continente-ilha pré-diluviano citado por Platão em Timeo e em Crizia, o estudioso não excluiu que as manifestações de OSNIs, que ele percebeu serem reais e de longa data, possam estar ligadas a formas de vida inteligente evoluídas na hidrosfera terrestre.
Contudo, mais do que imaginar seres desenvolvidos em nosso mundo, as tradições, por um lado, e as modernas averiguações sobre as atividades dos UFOs, de outro, parecem muito mais coerentes ao sugerir origem totalmente estranha à Terra para o fenômeno. “Nosso planeta foi visitado por organismos extraterrestres?” Foi isso que, corajosamente, se perguntou em seu livro The Divine Animal [Funk & Wagnalls, 1969] o brilhante acadêmico Roger W. Wescott, diretor da Faculdade de Antropologia da Drew University, Madison. Como o estudioso norte-americano ressaltou textualmente, “não existem, certamente, provas indubitáveis disso. Mas também não existe, obviamente, nenhuma prova que o exclua”. De fato, existem fragmentos recorrentes de provas ambíguas, segundo as quais visitantes inteligentes teriam se manifestado periodicamente. Um deles é o motivo persistente do homem-pássaro na arte pré-histórica. Eram homens com cabeças de pássaros que aparecem nas pinturas e nos baixos-relevos da Europa paleolítica, da Oceania neolítica, do Peru da Idade do Bronze. E as tradições históricas judaicas, cristãs e islâmicas naturalmente representaram, desde tempos imemoriais, mensageiros divinos, ou anjos, com asas de pássaros.
Embora todas as narrações
bíblicas se refiram à explicação de ordem sobrenatural aos eventos nelas descritas, o que evocam é a carga emotiva induzida pelos discos voadores — o que pode ser visto como inevitável e natural
Enquanto essas representações podem se limitar à indicação de nada mais do que culto do homem comparável ao culto africano do gato e ao asiático do urso, poderiam também denotar tosca tentativa iconográfica de transmitir a ideia de criaturas semelhantes ao homem que apareciam periodicamente no céu. E provavelmente em veículos que, como os homens primitivos não podiam explicar, eram considerados pássaros. “Uma interpretação análoga pode se dar a criaturas legendárias, como Oannes, o peixe racional que os sumérios afirmavam ter emergido do oceano para ensinar os fundamentos da civilização ao homem selvagem. Nesse caso, o peixe poderia ter representado não os instrutores, mas o veículo que os transportava: conceitualmente, um meio plurifuncional de um tipo que fosse chamado pássaro em voo ou peixe na água”, finaliza Wescott.
“Escada apoiada na terra”
Algumas narrações bíblicas foram também mais explícitas sobre essas supostas visitas. Em um único livro, o Gênesis, existem três referências a eventos que foram interpretados por alguns cientistas, tais como o astrônomo franco-americano Jacques Vallée, como atribuídos a seres ou meios celestes diferentes de Deus em pessoa. A primeira delas é a história de Enoque, pai de Matusalém, que, segundo a tradição árabe, foi o inventor da escrita. Em Gênesis 5:24 lemos que “Enoque desapareceu porque Deus o tornou secular”. Porém, essas poucas palavras parecem obscuras. O apócrifo livro de Enoque amplia consideravelmente esta versão sucinta, relatando a elevação do personagem ao céu através de meio angelical, bem como as maravilhas lá observadas.
Em Gênesis 6:22 é dito que, depois que os homens se multiplicaram na Terra, talvez em consequência da revolução pela introdução da agricultura “os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas e escolheram esposas entre elas”. Esta passagem estaria indicando que mulheres terrestres e machos extraterrestres teriam largamente se confraternizado. Por fim, em Gênesis 28:12 Jacó, filho de Isaac, viu “uma escada apoiada na terra, cujo topo tocava o céu, e viu anjos de Deus que subiam e desciam pela escada”. Esta passagem poderia ser interpretada como referência ou à rampa de um veículo espacial ou à ligação em cadeia de uma estação interplanetária, de um tipo recentemente proposto pelo programa lunar norte-americano na revista Science. Ao que concerne aos livros posteriores do Velho Testamento, todo o primeiro capítulo de Ezequiel é dedicado à descrição de esplêndidas rodas aéreas chegadas à Terra junto com criaturas vivas com um aspecto de homem. Embora todas as narrações bíblicas se refiram, compreensivelmente, à explicação de ordem sobrenatural aos eventos nelas descritas, o que evocam é a carga emotiva induzida pelos discos voadores. O que pode ser visto como inevitável e natural.
Criatura autodomesticada
Em termos de probabilidades da aproximação da questão ufológica acima citada, de qualquer maneira, pode-se ser levado a conjeturar que os discos voadores, por um lado, não se relacionam com alucinações e, por outro, não se identificam com organismos vivos. Aliás, isto é o que a maioria dos ufólogos parece hoje acreditar, ou seja, seriam produtos inorgânicos reais controlados por seres extraterrestres inteligentes. Como não é plausível a coincidência de que seres de outros planetas tenham desenvolvido uma civilização no decorrer do mesmo milênio, ou também no mesmo período geológico que viu surgir a nossa, arriscamos a hipótese de que quem controla os discos voadores tenha visitado nosso planeta anteriormente na presença das espécies superiores e dos mesmos hominídeos.
Provavelmente, os tripulantes dos UFOs se comportaram nos confrontos com nossos antepassados hominídeos, ou simiescos, um pouco como supõe o biólogo católico, George Mivart. Para ele, Deus agiu nos confrontos dos primatas no período Neoceno, esperando que nossos progenitores pré-humanos desenvolvessem massa encefálica suficientemente volumosa para permitir aprendizado bastante complexo da tecnologia e de outras disciplinas. Portanto, instruindo-os o mais possível. Para mim, esta hipótese permite resolver um problema sempre discutido por antropólogos: por que o homem manifesta tantas características físicas e comportamentais próprias de um animal doméstico?
Considero que os tripulantes dos UFOs viveram entre os homens, como mestres e guias, até o período Neolítico, cerca de 10.000 anos atrás, quando o domínio das técnicas da agricultura permitiu a nossos antepassados desenvolverem riqueza
A diferenciação de cor da pele, a dentadura fraca em maxilares cada vez menos pronunciados, a relativa falta de pelos, o temperamento hipersensível são traços que lembram nitidamente os desenvolvidos por cães, porcos, cavalos e outros mamíferos por nós domesticados. A tendência mais recente dos antropólogos é a de hoje admitir que o homem seja animal domesticado, sustentando, porém, que, diferentemente dos outros, seria uma criatura autodomesticada. Mas, a partir do momento que nunca se esclareceu como uma espécie tenha conseguido tal proeza, esta hipótese é um obstáculo intransponível na teoria da evolução humana. Mas, se supormos que o homem tenha sido domesticado desde o início pelos tripulantes dos UFOs, de maneira não muito diferente daquela como o cão é domesticado pelo homem, o paradoxo inerente no mesmo conceito de autodomesticação é eliminado.
Em todo caso, resta ainda estabelecer quando a domesticação do homem teve lugar. Pode ter começado desde a época dos Australopitechus, os homens-macacos da África, cerca de um milhão de anos atrás. E depois? “Pessoalmente, considero que os tripulantes dos UFOs viveram entre os homens, como mestres e guias, até o período Neolítico, cerca de 10.000 anos atrás, quando o domínio das técnicas da agricultura permitiu a nossos antepassados desenvolverem riqueza e, com isso, também esquemas comportamentais que instrutores extraterrestres não haviam contemplado nem previsto, tais como monopólio, escravidão e guerra. Presumo que, nesse ponto, os tripulantes se retiraram, mantendo bases nesses postos onde não teriam tido a mínima possibilidade de ser encontrados nem vistos por seus desviados, estando protegidos, isto é, nas profundezas marinhas”, supõe Roger Wescott.
O autor continua sua explicação: “Essas duas suposições não são apenas plausíveis por um ponto de vista intrínseco, mas ajudam também a explicar a difusão de mitos e lendas persistentes que, de outra forma seriam incompreensíveis”. A principal delas é a que coloca quase todos os povos próximos, isto é, a lenda referente a um período pré-histórico — conhecido, por exemplo, como a Idade do Ouro pelos gregos e Idade do Sonho pelos aborígines australianos —, em que os deuses caminhavam sobre a Terra, instruindo a humanidade. Nesta situação, uma relação encerrada quando os homens começaram a manifestar mais tendências destrutivas do quanto os deuses poderiam tolerar.
Entre tribos em conflito
Desde então, Wescott acredita que os tripulantes dos UFOs tenham visitado a Terra apenas como exploradores e observadores — e nunca mais como colonizadores e guias. As descrições de criaturas extremamente semelhantes ao homem, avistadas muitas vezes nas proximidades dos modernos discos voadores observados no chão, se explicam, se reais, apenas com membros dos pequenos grupos de humanoides que os tripulantes trouxeram, retirando-se. “E como os seres pertencentes a esses grupos não mostraram diferenças genético-somáticas significativas em relação aos terrestres, é minha opinião que alguns deles foram periodicamente enviados à superfície da Terra com objetivo de se infiltrar entre as tribos e reinos em conflitos, no esforço de conquistar essas nações para sistemas de vida mais iluminados e menos destrutivos”, finaliza.
Se observarmos a história por este prisma, que o saudoso diretor da Faculdade de Antropologia da Drew University apresentou há mais de 30 anos, encontra-se uma colocação lógica para muitos eventos anômalos da nossa história, e até, talvez, alguns personagens dotados de poderes e capacidades sobre-humanas. Portanto, concluindo, para o professor Wescott, o Homo sapiens demonstrou nesse longo período ser mau aluno e, como tal, teria sido abandonado muitas vezes ao seu destino, após tentativas fracassadas de interação positiva por parte de outras criaturas. Resta então, talvez, monitorar periodicamente seu desenvolvimento. O que justamente poderia ter ocorrido e ocorre agora através das várias manifestações ufológicas das últimas seis décadas.
Durante um congresso em Berna, em 1995, Wescott se superou ao afirmar que está mais do que convencido de que, como antigamente, também hoje seres não originários desta Terra se manifestam ad libitum entre nós, utilizando a hidrosfera terrestre como ambiente ideal para se deslocar e se mimetizar. Os UFOs e os OSNIs são, na verdade, a mesma coisa, e desfrutam de princípios e tecnologias avançadas, como a magneto-hidrodinâmica, das quais, atualmente, nós apenas começamos a nos aproximar. E poderiam dispor, tranquilamente, nas profundezas dos nossos oceanos, de estruturas e bases operacionais extremamente sofisticadas e inacessíveis.