Astrônomos europeus do observatório La Silla, no norte do Chile, identificaram o menor planeta extra-solar conhecido e, portanto, capaz de ser rochoso, como a Terra, e não gasoso, como Júpiter. O planeta, que orbita a estrela brilhante Mu Arae, na constelação de Altar, no hemisfério sul, a 50 anos-luz da Terra, é o segundo planeta descoberto ao redor desta estrela, após um muito maior, e leva apenas 9,5 dias para completar sua órbita.
Segundo um comunicado de imprensa do Observatório Austral Europeu (ESO, sigla em inglês), a massa do planeta é apenas 14 vezes maior do que a terrestre (Júpiter tem 318 vezes a massa da Terra), por isso o novo planeta se situa no limite dos maiores planetas rochosos possíveis. A descoberta foi possível graças à precisão do espectrógrafo HARPS no telescópio do ESO em La Silla, que permitiu medir velocidades radiais com uma precisão superior a 1 m por segundo. Segundo os astrônomos, este é o menor planeta extra-solar entre os mais de 120 descobertos desde que Michel Mayor e Didier Queloz, do Observatório de Genebra (Suíça), detectaram pela primeira vez um planeta ao redor da estrela 51 Peg em 1995.
O estudo de velocidade radial se baseia na detecção das variações de velocidade da estrela central, afetada pela força de gravidade de um corpo que a orbita. Observações anteriores descobriram que a estrela Mu Arae, de um tamanho similar ao Sol e visível a olho nu, amparava um planeta do tamanho de Júpiter com um período orbital de 650 dias. François Bouchy, membro da equipe de astrônomos, afirmou que “este novo planeta parece ser o menor descoberto até agora ao redor de uma estrela que não é o Sol”. “Isso torna a Mu Arae um sistema planetário muito excitante”, acrescentou.
Devido ao fato de os atuais modelos de formação planetária estarem ainda longe de poder explicar a diversidade de planetas extra-solares descobertos, os astrônomos podem apenas especular sobre a verdadeira natureza deste novo objeto. Segundo o modelo da formação de planetas gigantes, primeiro forma-se o núcleo pela fusão de pequenos planetóides sólidos, e quando este núcleo alcança uma massa crítica, acumula-se gás de maneira explosiva e a massa do planeta aumenta muito rapidamente.
No caso do novo planeta, é muito pouco provável que esta fase final tenha ocorrido, já que, nesse caso, o planeta teria massa muito maior. Este objeto é possivelmente um planeta com um núcleo de rocha (não de gelo), rodeado por um pequeno envoltório gasoso e portanto pode ser considerado uma “super Terra”. O estudo completo deste grupo de astrônomos será publicado pela revista Astronomy and Astrophysics.