Após a União Astronômica Internacional ter redefinido em 2006 o status de Plutão, classificando-o como planeta anão, restaram oito planetas em nosso Sistema Solar. Foi anunciado no último 14 de dezembro que esse mesmo número de mundos circula ao redor da estrela Kepler-90, situada a 2.450 anos-luz daqui e um pouco mais quente que o Sol. O achado se deu de forma inovadora, analisando dados dos arquivos de informações colhidas pelo telescópio espacial Kepler da NASA utilizando um sistema de Inteligência Artificial (IA) do Google com software de aprendizagem.
Paul Hertz diretor da Divisão de Astrofísica da NASA em Washington, disse: “Como esperávamos, há muitas descobertas aguardando nos arquivos do Kepler por novas ferramentas tecnológicas que as encontrem. Isso mostra que há muito ainda disponível para ser descoberto por pesquisadores e inovadores”. O Kepler buscava exoplanetas por meio do trânsito, observando cerca de 150.000 estrelas em uma pequena porção da Via Láctea, nas constelações Cygnus, Lyra e Draco. Lançado em 2009, teve sua missão primária encerrada por problemas nos giroscópios em 2013, mas no ano seguinte iniciou sua missão K2. O telescópio descobriu mais de 2.500 mundos alienígenas confirmados, cerca de dois terços de todos os exoplanetas conhecidos. Na missão K2, na qual é estabilizado pela pressão da radiação solar, ele já descobriu 184 outros mundos.
Os responsáveis pela descoberta de Kepler-90i oitavo planeta dessa estrela, foram Christopher Shallue, engenheiro de softwares de IA da Google, e Andrew Vanderburg, astrônomo da Universidade de Austin, Texas. Eles treinaram um computador a reconhecer sinais de exoplanetas ainda desconhecidos nos dados do Kepler, utilizando um sistema de computação neural, que simula o cérebro humano. Shallue conta que, no tempo livre, buscou informações sobre busca de exoplanetas com grande quantidade de dados, e encontrou os dados disponíveis da missão Kepler. Eles testaram o software em 15.000 sinais anteriores do Kepler, incluindo detecções confirmadas e falsos positivos, e descobriram que a rede neural identificava cada sinal corretamente em 96% do tempo. A seguir aplicaram o sistema a 670 sistemas solares onde já se sabia que havia vários planetas, pois havia chances de existirem planetas adicionais.
MUITOS OUTROS MUNDOS AGUARDANDO PARA SEREM DESCOBERTOS
Eles encontraram Kepler-80g, sexto planeta de seu sistema, a 1.160 anos-luz da Terra, que orbita uma estrela anã a cada duas semanas da Terra. O principal achado foi mesmo Kepler-90i, elevando o total de planetas de seu sistema a oito, mesma quantidade do nosso e um a mais que Trappist-1. Esse mundo é provavelmente rochoso e é o terceiro mais distante de sua estrela. Contudo, completa uma órbita a cada 14,4 dias terrestres e sua temperatura deve ser muito elevada e inadequada à vida, com 430º C na superfície. O sistema Kepler-90 é bem distinto do nosso, pois embora seus planetas internos sejam rochosos e os externos gasosos ele é muito mais compacto, com todos esses mundos inseridos em uma distância inferior aquela da Terra ao Sol. A teoria é que de os planetas migraram para órbitas mais próximas e estáveis, e pode ser que existam mundos em órbitas mais distantes, pois ainda existem informações não verificadas a respeito do sistema Kepler-90.
Site oficial do telescópio Kepler
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