De todos os países da Europa, a Itália é sem dúvida um dos que apresenta a casuística ufológica mais intensa e marcante, com inúmeros casos de avistamentos de alegadas naves, seres e até mesmo diversas ocorrências de abdução. No final da década passada, por exemplo, o país foi recordista europeu em fenômenos ufológicos. Embora na maioria das vezes observados por italianos, um UFO foi não somente visto como fotografado por um turista brasileiro, que estava de férias na província de Spello, Umbria, em 1997. O dentista João Maria Reis Júnior, residente em Varginha (MG), por volta das 10:30 h daquele dia, resolveu fotografar a região, não levando em consideração o tempo nublado e chuvoso. Ele desejava guardar uma recordação da bela paisagem.
Júnior portava uma câmera Olympus automática, sem lente cambiável, com a qual poderia, posteriormente, fazer uma colagem para retratar toda a paisagem à sua frente. Retornando ao Brasil, o dentista observou após a revelação do filme que uma das fotos mostrava algo estranho no céu, que não havia percebido ao acionar a máquina. No canto superior esquerdo, um inusitado objeto apareceu com boa nitidez, apesar de aparentemente distante, como se sobrevoasse a região. “Não demorei mais de cinco minutos para rodar o filme e tirar a segunda fotografia”, afirmou o dentista, que queria registrar o restante da paisagem, mais à esquerda no seu campo de visão. Infelizmente, no entanto, mesmo após minuciosa pesquisa, foi constatado que os negativos já não apresentavam mais o objeto, que apareceu apenas na primeira foto. De acordo com o presidente do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA) e co-editor de UFO, Claudeir Covo, que analisou as imagens, isso faz supor que o objeto poderia estar desenvolvendo uma grande velocidade, talvez tendo escapado do novo fotograma rapidamente, logo após a primeira foto.
O objeto tinha formato bem atípico ao que constantemente é relatado por testemunhas de fenômenos ufológicos. Possuía apêndices alongados, cinco pontas e uma espécie de corpo extenso logo atrás, disforme. Levando em consideração que estava distante do fotógrafo, o UFO aparentou tratar-se de algo grande e tridimensional. Analisando o jogo de sombras, tudo indica que coincide perfeitamente com a incidência e direção da luz solar na paisagem. Aparentemente, o Sol estava bem alto no céu e não há indícios de montagem fotográfica. Aliás, a testemunha é um profissional respeitado e competente, uma pessoa idônea que somente quis colaborar com a pesquisa ufológica, cedendo as imagens por intermédio de seu amigo Valter Fadel.
Em casos desse tipo, principalmente quando a foto é tirada durante o dia, é comum a influência de alguns fatores naturais ou óticos, que fazem surgir nas fotografias objetos não avistados pela testemunha, que somente os percebe depois da revelação. Dentre os principais deles, podemos apontar os conhecidos rods (bastonetes), geralmente esporos de vegetais e pequenos insetos, registrados pelo filme quando tocados pelo vento, em trajetórias rápidas e próximos o suficiente para que o fotógrafo não os perceba. Quando revelado o filme, o pequeno corpo aparece congelado ou, por vezes, riscando o céu – no caso de estar se movimentando no instante do disparo. Os rods costumam aparecer também em filmes de vídeo e constituem para a Ufologia uma importante explicação para grande número de fotos e filmes de supostos discos voadores, possibilitando um método eliminatório de análise que, até pouco tempo, não era levado em consideração em registros óticos.
Obliteração Solar — Quando os famosos filmes de vídeo obtidos por John Bro, levados ao ar pelo programa de tevê Sightings (canal USA), causaram salutar polêmica nos meios ufológicos, os rods incorporaram definitivamente o método de análise de imagens supostamente ufológicas. Os pesquisadores que desejarem obter interessantes exemplos desses bastonetes – portanto, evidentemente não se tratam de UFOs –, podem pegar suas câmeras de vídeo ou fotográfica, apoiá-las num tripé e apontá-las para o céu claro, de preferência tapando o Sol com um anteparo, como por exemplo a beirada do teto de uma construção. E fazer aquilo que o então equivocado John Bro chamou de “técnica da obliteração solar”. Outra causa comum dos equívocos ufológicos, mais freqüente do que muitos imaginam, é a corrupção do próprio negativo, após a revelação, devido a vários fatores.
Os mais costumeiros são arranhões, furos e manchas químicas, que acontecem durante ou logo depois do processo de revelação, quando normalmente são utilizados certos tipos de máquinas nos laboratórios fotográficos. De nossos arquivos, constam fotos que mostram um aparente disco voador com duplo domo, soltando um rastro de fumaça e emanações de luz laterais. É apenas o resultado do furo provocado, no negativo, pela pressão de um cinzeiro com pés de ferro esquecido pela pessoa que procedera a revelação.
Como terceiro fator, e existem outros, a fotografia mostra de fato objetos a distância e altura consideráveis, mas que se tratam de balões decorativos e até de aeronaves e protótipos de aviões, evidentemente raros, pois são de vôos experimentais geralmente promovidos pela Força Aérea e indústrias da Aeronáutica, em caráter sigiloso. Aeronaves e protótipos de formato e fuselagem incomuns já foram observados e fotografados. Esses registros têm sido considerados “pedras no sapato” da Ufologia. Não oferecem dados suficientes para serem considerados provas da aparição de UFOs, mas conservam seu papel de importância, inclusive para comparações, embora sempre reste a possibilidade de estarem mostrando algo simples, que não tenha nada de extraordinário. A mera impressão visual, por exemplo, pode passar para alguns observadores a imagem de um boneco inflado, de um artefato imitando uma nave de ficção, enfim, como de fato é costume fabricarem balões assim. Tanto para publicidade quanto animação de festas.
No caso da foto obtida na Itália, no entanto, não foi possível comparar o formato do objeto registrado com nenhum tipo de avião conhecido, mesmo após a análise de sua posição e de detalhes incomuns, principalmente as estranhas pontas. Portanto, tratando-se a
fotografia de um instrumento comparativo e de registro material para o ufólogo, diante do percentual de incerteza quanto à autenticidade que tais fotos sempre oferecem, resta a possibilidade desta imagem obtida na Itália estar registrando verdadeiramente um UFO. Covo observou atenta e minuciosamente os negativos fornecidos pelo dentista, utilizando microscópio, e pôde atestar que o corpo não se trata de mancha química, algum cisco ou inseto prensado no negativo, ou mesmo de marca provocada por qualquer objeto.
A foto está confirmada
Observando a foto tirada por João Maria Reis Júnior podemos realmente notar a existência de um estranho objeto no céu. O filme utilizado foi Kodak, tipo Gold 200-6, com 36 poses. A imagem analisada é a primeira foto da seqüência. O negativo foi cortado em sete tiras e, confrontadas lado a lado, certificaram pertencer ao mesmo filme. A lente utilizada para a análise foi uma Focus Lupe, que tem suporte para fixação da tira fotográfica e regulagem de foco. Foi analisada toda a seqüência de imagens, do negativo zero ao 35 (36 poses), para verificar eventuais defeitos de fabricação, não constatados.O negativo em análise foi examinado com diversas lentes, com ampliações de 2, 3, 6, 10 e 22 vezes. Depois, passou por um microscópio com poder de 150 e 300 vezes de ampliação.
Como resultado da avaliação, podemos afirmar que a seqüência fotográfica está correta, ou seja, todas as 36 poses pertencem ao mesmo filme. Também não há defeitos de fabricação e, na ampliação do detalhe, foi possível constatar que não se trata de mancha química ou risco no negativo, nem mesmo rod. A imagem está completamente nítida, sem borrões e com as bordas bem delineadas. Não houve dupla exposição, o que nos permite afirmar que o objeto fotografado realmente estava lá no céu. Aparentemente trata-se de algo grande, tridimensional e bem distante do fotógrafo. A iluminação e as sombras do objeto condizem com a posição do Sol [A foto foi tirada por volta das 10:30 h]. Não conheço nenhum tipo de avião com as mesmas características do objeto fotografado.
O dentista fez duas fotos no local, uma mais à direita e outra à esquerda, visto que na segunda o objeto não se encontrava mais na mesma posição. De acordo com Júnior, as duas fotos foram batidas em seqüência, com um intervalo de tempo inferior a cinco segundos. Conseqüentemente, se deduz que o objeto estava em altíssima velocidade. Conforme analisado, conclui-se que não se trata de algum tipo de balão especial, ou avião desconhecido. Sendo assim, o objeto fotografado pode certamente ser classificado como um disco voador.