Em 6 de agosto, aterrissou finalmente a Marte o mais novo veículo robótico da NASA, o rover Curiosity. Lançado em 26 de novembro de 2011, sua chegada ao Planeta Vermelho foi acompanhada ao vivo por milhões de pessoas em todo o mundo e descrita como “sete minutos de terror” pelos técnicos da agência especial. Eles temiam que a máquina, que consumiu um fantástico investimento e chegou intacta em Marte após vencer uma enorme distância, quebrasse justamente na reta final. Felizmente, nada ocorreu e a Curiosity começou imediatamente a fazer aquilo para que, afinal, foi até o distante vizinho: tentar achar vestígios de vida, seja de que tipo for. Até agora, no entanto, nada encontrou de relevante — mas as esperanças não acabaram, mesmo passadas semanas de atividade do robozinho no planeta.
Devido às dimensões do rover, comparáveis às de um carro marca Mini com o peso de 900 kg, a Curiosity pousou auxiliada por uma inovadora técnica de guindastes aéreos, coisa engenhosa e nunca testada antes. Suportado por foguetes, um veículo maior pairou no céu marciano e lentamente baixou o robô até a superfície. Foi um espetáculo de tecnologia dos técnicos e engenheiros da agência espacial, que, não sem razão, celebraram o feito de maneira igualmente histórica. A expectativa no centro de controle da NASA era grande e os funcionários irromperam em aplausos quando o Curiosity enviou sinais e imagens do pouso.
Com custo estimado em 2,5 bilhões de dólares, esta é no momento a última flag mission da agência espacial, como são chamadas as missões de exploração mais sofisticadas e arrojadas, das quais outro exemplo é a Cassini, em Saturno. A culpa, como sempre, recai nos famigerados cortes orçamentários do governo norte-americano, que tem a NASA sempre como alvo preferido — para 2013, a verba destinada às pesquisas espaciais será 20% menor para as missões planetárias, precisamente as que mais rendem dividendos científicos. O que a sociedade quer, e espera, é que a agência espacial dê logo um anúncio na TV informando que, finalmente, há vida no Planeta Vermelho — suspeita que ronda os ambientes científicos cada vez com mais intensidade nos últimos anos.
Após uma série de checagens no equipamento, que a própria Curiosity conduz, ela deu sua primeira volta em Marte em 22 de agosto, enviando interessantes e inéditas imagens para a Terra. Um dos testes que realizou foi com o equipamento ChemCam, uma câmera dotada de raios laser que vaporiza pedaços de rochas e analisa a composição dos detritos em tempo real — igualmente uma fantástica obra de engenharia aliada à robótica. Um braço mecânico do rover, de dois metros, também tem uma broca entre seus equipamentos, capaz de perfurar vários centímetros da superfície do solo. Recentes pesquisas indicam que a essa profundidade elementos essenciais à vida, como hidrocarbonetos, e até resquícios de organismos vivos podem ter sobrevivido à inclemente radiação solar que atinge a superfície. Seria uma possibilidade de vermos o tão aguardado anúncio? Só o tempo vai dizer — isso se os achados do robozinho não forem censurados.