Brasília (DF), 20 de maio de 2005. Às 06h00, seis ufólogos admiravam o nascer do Sol no Planalto Central. Aqueles primeiros raios anunciavam o início do dia mais importante da Ufologia Brasileira nos últimos anos, o momento em que os ufólogos fariam contato com a Aeronáutica e teriam acesso aos seus registros secretos. Naquela manhã de sexta-feira havia um misto de expectativa, ansiedade e compreensão sobre a responsabilidade que teríamos pela frente, enquanto representantes da absoluta maioria da comunidade ufológica deste País.
Os pesquisadores eram os integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que 14 meses antes lançou a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já: o editor da Revista UFO A. J. Gevaerd, os co-editores Claudeir Covo e Marco Petit, os consultores Fernando Ramalho e Roberto Affonso Beck (substituindo Reginaldo de Athayde, enfermo) e o conselheiro especial Rafael Cury. Iniciado em março de 2004, o movimento pela liberdade de informações ufológicas representa, sem sombra de dúvidas, a maior e mais bem sucedida campanha ufológica de que se tem notícia, pleiteando a abertura dos arquivos secretos sobre Ufologia do Governo Brasileiro e a criação de uma parceria militar-civil para estudo das manifestações de discos voadores em Território Nacional. Até o dia do encontro com nossos militares, 20 de maio, foram feitos diversos contatos através de telefonemas e correspondências eletrônicas entre a CBU e o alto comando da Aeronáutica, no sentido de se viabilizar uma data favorável, quando todos pudessem estar presentes em Brasília. Para consegui-la foram necessárias muitas horas de negociação entre Gevaerd e o major Antonio Lorenzo, jornalista do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (Cecomsaer).
Foram eles que, desde fevereiro, começaram a se comunicar e acionar seus pares – o primeiro entre os ufólogos da Equipe UFO, e o segundo com os oficiais do 6º Comando Aéreo Regional (COMAR) – conseguindo tecer o cronograma e concretizar o histórico encontro. Um dos aspectos mais significativos do encontro é que partiu da Aeronáutica Brasileira, provavelmente a primeira das três Armas com informações sobre o movimento de UFOs no espaço aéreo brasileiro, que, tendo conhecimento da campanha dos ufólogos e da necessidade de se abrir o diálogo entre eles e seus profissionais, para esclarecimento do fenômeno e de maus-entendidos que permeiam o estudo, entrou em contato com a Revista UFO e iniciou as negociações. Essa atitude, inédita no nosso País, pode – e é o que esperamos – abrir espaço para atitudes de mesma envergadura por parte das outras duas forças militares, Exército e Marinha. A Equipe UFO já está se movimentando e procurando as autoridades competentes de cada uma dessas Armas.
O Hotel Meliá, no centro de Brasília, serviu como ponto de partida para o posterior encontro com os militares. No local, às 08h00, estavam presentes os membros da CBU, um dos editores do programa Fantástico da Rede Globo, o repórter Luiz Petry e o major Lorenzo, que nos explicou como seria a visita dos ufólogos ao COMAR, onde conheceriam as instalações do I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta I) e do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). Lorenzo nos adiantou a satisfação que o comando do Cecomsaer tinha em receber os ufólogos e lhes passar a maior parte das informações que desejávamos. Com ele tivemos, também, a confirmação do que já desconfiávamos, ou seja, de que não seria possível filmar, fotografar ou tirar cópias dos arquivos sigilosos que, por ventura, viessem a ser consultados pelos integrantes da CBU e pela imprensa, mas que isso poderia ser conseguido posteriormente, de forma legal.
Visita inesquecível — Contudo, apenas a possibilidade de termos em mãos documentos tão importantes que comprovassem, por exemplo, a realidade da Operação Prato e da Noite Oficial dos UFOs no Brasil, já valia a viagem. Encerrada a reunião no Meliá, dirigimo-nos diretamente para um dos edifícios do Ministério da Defesa, no bloco M da Esplanada dos Ministérios, onde também está localizado o Ministério da Aeronáutica. Fomos gentilmente recebidos pelos tenentes Karina Ogo e Alessandro Paulo da Silva, que solicitaram a todos que deixassem seus veículos estacionados ali e nos dirigíssemos a uma van da Aeronáutica. O veículo nos conduziu às dependências do COMAR, localizado no Lago Sul, distante aproximadamente 15 km da Esplanada, próximo ao Aeroporto Juscelino Kubitschek.
A Aeronáutica confirmou aos ufólogos, de maneira inédita, que deste 1954 registra casos de objetos não identificados no País, que chama de “Tráfego H”. Segundo os militares, há uma pasta desses registros preenchida a cada ano
A mais cobiçada atividade da Ufologia Brasileira, a visita ao Cindacta I, teve início às 09h30, com uma palestra do brigadeiro-do-ar Antonio Guilherme Telles Ribeiro, ressaltando a disposição do atual comando da Aeronáutica em colaborar com toda e qualquer solicitação para abertura de documentos de interesse social. Na abertura dos trabalhos conjuntos, Gevaerd entregou ao militar o Manifesto da Ufologia Brasileira, assinado pelos membros da CBU, com cópias endereçadas ao comandante da Aeronáutica, brigadeiro-do-ar Luis Carlos da Silva Bueno, ao ministro da Defesa José de Alencar e ao presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva. Todas em duas vias e devidamente preparadas como parte da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, o material pedia o reconhecimento público do Fenômeno UFO, seu estudo, a abertura dos documentos sigilosos relativos a este e, doravante, uma parceria militar-civil na investigação de futuros casos ufológicos .
Na ocasião foi apresentado um filme mostrando toda a estrutura das quatro grandes regiões de defesa aérea do País – RDAs 1 a 4 – abrangendo todo o Território Nacional. A estrutura é composta por um dos mais modernos sistemas de detecção, identificação e controle de tráfego do mundo. É um dos poucos a abranger num território tão grande – a área continental mais 200 milhas marítimas, totalizando quase 13 milhões de km² –, tanto o controle da aviação militar quanto da aviação civil, conjugados em quatro pontos de decisões. Todo o sistema é composto por uma complexa rede de mais de 100 radares, distribuídos em pontos-chaves da Nação e conectados por torres de antenas de repetição ligadas a satélites. Tal estrutura é capaz de captar e identificar, em poucos segundos, qualquer objeto que voe a mais de 100 m de altura, em qualquer ponto do País e de sua área oceânica.
A atividade seguinte seria uma visita às dependências do Centro Meteorológico de Vigilância, a Estação Meteorológica de Altitude de Brasília e sua unidade de coleta de dados,
onde foi lançado um balão meteorológico, comumente confundido com UFOs. Interligado ao Centro Meteorológico está o Regimento de Busca e Salvamento, que monitora, além dos quase 13 milhões de km² de extensão continental e oceânica do País, uma área que se estende Oceano Atlântico adentro, chegando perto da costa da África. O monitoramento dessa região, além das 200 milhas de nossas águas territoriais, destina-se apenas ao serviço de salvamento de embarcações ou aeronaves acidentadas, de acordo com tratado internacional, não fazendo parte das operações do sistema de defesa – ainda que se utilize boa parte de sua estrutura de rastreamento. Todo o conjunto faz parte de um moderno complexo de monitoramento de área equivalente a mais que o dobro do continente europeu.
Acesso aos documentos sigilosos — O roteiro de visitas ao Cindacta I era o início da realização de um sonho acalentado por décadas por todos os ufólogos de nosso País. Anos após anos se notava que o assunto aumentava sua complexidade e abrangência, e se constatava que a tão almejada abertura por parte dos militares e autoridades estabelecidas parecia nunca se concretizar. Mas os ufólogos nunca desistiram e, através da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, acharam um meio viável e pacífico para atingir seus objetivos. Os 14 meses do movimento foram marcados por intenso e exaustivo trabalho, mas – vemos agora – bem sucedido. Nenhuma das dificuldades abateu a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que permaneceu firme em seus intentos. Os ufólogos continuaram suas pesquisas, realizando vigílias e buscando informações com as pessoas que tiveram avistamentos ou que, de alguma forma, vivenciaram ocorrências ufológicas que pudessem nos trazer novos elementos para melhor visualizarmos esse quebra-cabeças, ou costurar mais alguns pedaços dessa verdadeira colcha de retalhos chamada Ufologia.
O comandante da Aeronáutica determinou expressamente que nós os atendêssemos e abríssemos todos os arquivos que queiram, todas as portas por que desejarem entrar
– Brigadeiro Telles Ribeiro
O objetivo final de todo esse trabalho era apresentar o quadro ufológico brasileiro à Aeronáutica, caso tivéssemos oportunidade. E tivemos! A esperança de dias melhores com relação aos nossos desejos jamais nos abandonou. Alguma coisa nos dizia que a chama continuava acesa e que um dia esse encontro iria acontecer. Assim, entre outras reivindicações, por ocasião do I Fórum Mundial de Ufologia, realizado em 1997, um documento foi elaborado, conhecido como Carta de Brasília [Veja box]. Era uma missiva, não como outra qualquer, que solicitava a tão desejada abertura de informações sobre o Fenômeno UFO já naquela época, oito anos atrás. O documento foi assinado por ufólogos nacionais e estrangeiros presentes no evento, assim como tantos outros, remetidos por grupos de pesquisas ufológicas e até cartas solitárias enviadas por estudiosos anônimos do mesmo fenômeno, que sempre viam suas esperanças arremessadas por terra.
Apesar do esforço em fazer chegar suas reivindicações às autoridades, quase não tinham resposta. Ou quando as conseguiam, eram sempre as mesmas, negando os fatos, subestimando a seriedade do Fenômeno UFO e até afirmando que nada relativo ao mesmo fora registrado ou catalogado por nossos militares. Enfim, ficava claro que, por mais que tentassem, os ufólogos não poderiam contar com a colaboração da Força Aérea Brasileira (FAB) – e muito menos com a ajuda, ou autorização, da poderosa equipe de seus comandantes superiores – para que o Cindacta I nos agraciasse com informações confiáveis sobre “alvos radares” não identificados, os plots não autorizados e desconhecidos que voam nos céus de nosso País. Naquela época, não se podia comentar nada a respeito.
Mudança de posição — Mas, em 20 de maio de 2005, uma nova porta se abriu para a Ufologia Brasileira. Não somente as instalações do I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta I) foram “invadidas” pelos ufólogos, como também o mais restrito de todos os prédios do 6º Comando Aéreo Regional – a sede do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), local ao qual pouquíssimos militares têm acesso e raríssimas vezes antes um civil esteve. Era a prova cabal de que a campanha por liberdade de informações ufológicas lograra êxito. E o melhor, tudo fora devidamente registrado pelo programa Fantástico, da Rede Globo. Após uma longa preleção também nesta instalação, feita pelo próprio chefe do Comando de Operações de Defesa Aérea (CODA), major-brigadeiro Atheneu Azambuja, o mesmo nos levou aos arquivos da instituição. “Hoje vocês poderão finalmente ver o que tanto desejam: alguns documentos da Força Aérea Brasileira (FAB) sobre ‘tráfego hotel’ em nosso País”, disse Azambuja.
Tivemos então em nossas mãos três pastas. Uma com o primeiro caso ufológico registrado pela Aeronáutica, em 1954, contendo uma única folha. Outra com documentos da Noite Oficial dos UFOs no Brasil, ocorrida em 19 de maio em 1986, com cerca de 50 páginas. E a terceira com informações sobre a mais importante intervenção ufológica executada pela Aeronáutica, a Operação Prato, em 1977, com exatas 179 páginas e umas 100 fotos de objetos voadores não identificados sobre o Pará. Todas as pastas tinham a classificação “confidencial”. Entre nós, ufólogos, não era nenhuma novidade a existência desses registros arquivados pela FAB, entre tantos outros que não pudemos ter acesso, devido às normas restritivas daquela instituição, contidas no Regulamento para Salvaguarda de Assuntos Sigilosos (RSAS). Entretanto, poder examinar alguns daqueles originais, devidamente carimbados e assinados por oficiais daquela Arma, era o sonhado trunfo, a prova definitiva que a Ufologia Brasileira possui um acervo oficial nas mãos de nossos militares.
A visita dos ufólogos ao Cindacta I e ao Comdabra proporcionou um rápido e interessante aprendizado sobre a complexa rotina de defesa aérea do espaço territorial do País e do intenso controle de tráfego aéreo civil e militar
Centro nervoso do sistema — Foi notório como os oficiais da Aeronáutica que nos receberam em suas instalaç&otild
e;es fizeram questão de nos mostrar todo o funcionamento de suas rotinas operacionais, inclusive levando-nos aos mais diversos setores do Cindacta I e Comdabra, para entendermos exatamente como funciona o sistema de defesa aérea e controle de tráfego aéreo em nosso País. Isso além de fazerem uma introdução à parte nevrálgica do sistema, que são as instalações do Centro de Controle de Área de Brasília (ACC-BS), do Comdabra, e do “cérebro” deste último, o Comando de Operações de Defesa Aérea (CODA), que é operado através de um trabalho combinado do Estado Maior das Forças Armadas – Aeronáutica, Exército e Marinha. É nessa área que se processam informações que levam a detecção, solicitação ou tentativa de identificação, ordem de interceptação, perseguição, tiro de aviso e, se for o caso, tiro de abate em qualquer tipo de aeronave não identificada. É o local onde são registrados objetos voadores não identificados, quer signifiquem ou não uma ameaça à soberania nacional. É também no CODA, no andar inferior do prédio do Comdabra, onde se encontra o arquivo central, que contém pastas com registros ufológicos coletados pela Aeronáutica desde 1954.
Nas telas do ACC-BS, o comandante do Cindacta I, coronel Paulo Gerarde Mattos Araújo, e o major Lorenzo nos informaram como é a rotina de trabalho, muito bem exemplificada por um dos operadores de radar, o suboficial Mário Fernando Seabra de Almeida – que, por sorte, estava presente no episódio da Noite Oficial dos UFOs no Brasil. Os objetos voadores que são ali detectados aparecem em enormes telas coloridas de 34 polegadas e são todos acompanhados do que os oficiais chamam de “etiqueta” – uma identidade contendo, entre outras informações, o tipo de aeronave, seu número de vôo, velocidade e altura. As informações das aeronaves identificadas são passadas ao sistema através de um transponder, aparelho instalado na fuselagem dos aviões que “responde” ao ACC-BS através de sinais de rádio, assim que os “ecos” emitidos pelos radares atingem a nave e retornam, trazendo seus dados. Mas nem todas as aeronaves identificadas possuem o equipamento. As que voam sem esse aparelho costumam passar seus dados de identificação via rádio. Tal procedimento é chamado de “tráfego cooperativo”, em outras palavras, tráfego conhecido e identificado. Essa é uma exigência contida em normas do Código de Aviação Civil.
Entretanto, quando um eco ou plot entra nas telas dos radares, dentro do espaço monitorado, e não mostra sua identificação após um certo período de tempo, ele pode ser interpretado de várias formas. Pode ser uma aeronave que voe sem o equipamento de comunicação, aguardando algum tempo até entrar em contato via rádio com sua respectiva área de detecção. Ou mesmo uma aeronave voando irregularmente que, por algum motivo, decola sem fornecer seu plano de vôo. Pode ainda ser um problema atmosférico ou de explosões solares, além de defeitos no sistema ou qualquer tipo de anomalia sem identificação. E, claro, podem também ser UFOs, no sentido que damos em nossos estudos. Tudo isso é tráfego hotel.
Nas detecções feitas pelos radares do Cindacta I, quando há o registro de um tráfego desconhecido nas telas, que já tenha passado por estágios padrões de identificação sem sucesso, e que comece a oferecer riscos à aviação ou à soberania do País, o CODA é então acionado. Essa é sua função precípua. Já em estado de alerta, os militares do órgão tomam algumas medidas específicas antes que parta do comando uma ordem de interceptação. Segundo o major-brigadeiro Azambuja, dependendo da localização do objeto voador não identificado e o instante em que são decretados o alerta e a interceptação do artefato, não se passam mais do que três minutos.
Eficiente sistema de defesa — Tais características do atual sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro, de terceira geração, o tornam muito mais moderno que aquele que estava em operação em 1986, de primeira geração, que mesmo com suas limitações foi um dos estopins da Noite Oficial dos UFOs no Brasil. Assim sendo, é capaz de detectar qualquer UFO que percorra o País, desde que o objeto seja composto por algum tipo de matéria refletora dos ecos emitidos pela rede de radares do Cindacta I. Contudo, esse não é o caso de alguns tipos de UFOs, que mesmo sendo avistados por pilotos com vasta experiência de vôo, não são registrados nas telas do sistema.
Pois uma nova mentalidade e inteligente postura das mentes que hoje comandam a nossa Aeronáutica, tão eficientemente, acabam de surpreender os ufólogos ao convidá-los para conhecer suas instalações, avaliar suas rotinas de operações, observar seus equipamentos de radar de última geração – que somente países de Primeiro Mundo ou superpotências possuem – e examinar os documentos resultantes da detecção de objetos voadores não identificados em nosso Território. A modernidade brasileira nessa área é tamanha que provocou a visita de militares norte-americanos ao 6º COMAR, que vieram buscar tecnologia conosco, em razão da triste e lamentável ocorrência de 11 de setembro de 2001. Queriam saber como conseguimos radarizar com tanta eficiência nosso espaço aéreo, uma vez que nosso País tem proporções continentais. Os norte-americanos aprenderam que estamos divididos em quatro regiões e que cada uma delas conta com os mesmos equipamentos de avançada tecnologia, que se interligam formando uma rede. Viram que toda e qualquer aeronave que decole e atinja pelo menos 100 m de altitude – mesmo que de uma fazenda localizada na Região Amazônica, por exemplo – pode ser detectada e monitorada o tempo todo que estiver no ar.
As ações da campanha pela liberdade de informações não se encerram com a visita à Aeronáutica, mas continuarão até que os ufólogos tenham estabelecido com os militares uma comissão oficial de pesquisas ufológicas
Nem tudo é UFO — Se esse sistema é tão complexo e eficiente para controlar com exatidão o tráfego aéreo em nosso País, certamente será também para detectar a manifestação de objetos de origem não terrestre sobre o Território Nacional. Como de fato é. Mas na visita dos integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) ao Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), uma preocupação dos anfitriões foi mostrar que nem todo alvo ou plot detectado pelos moderníssimos equipamentos é objeto de nossos estudos. Pode ser um objeto voador n&atild
e;o identificado sim, enquanto não se identificar. Foi esclarecido pelos militares que muitos vôos não autorizados e sem etiqueta de identificação estão irregulares por uma razão banal. É que toda aeronave que levanta vôo deve pagar uma determinada taxa à Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero), e muitas não o fazem, não recebendo assim identificação, e passam à condição de aeronave irregular.
“O dinheiro arrecadado junto à Infraero é repassado aos órgãos que fazem a manutenção de todo o sistema de defesa e do controle de tráfego aéreo e serve, inclusive, para a compra de aparelhos mais sofisticados, quando necessários, concluindo-se desta forma que a Aeronáutica Brasileira não usa apenas verbas governamentais para manter tão eficiente serviço à Nação em perfeito funcionamento”, declarou o brigadeiro-do-ar Telles Ribeiro. Ele detalhou que o sistema de defesa aérea e controle de tráfego aéreo – DACTAs 1 a 4 – do País está dividido em quatro regiões, mas uma apresenta deficiências. Trata-se do DACTA 4, que monitora a imensa Região Norte. Todavia, em breve, a falha será devidamente corrigida com a instalação de uma base aérea equipada com aviões modernos e municiados com instrumentos adequados a rastrear a vasta área.
Certamente, se o DACTA 4 é a área do Território Nacional que mais oferece dificuldades à sua vigilância aérea, o mesmo pode se concluir quanto à manifestação de UFOs na área, fato comum nos estados da Amazônia, como se sabe da farta literatura ufológica. Não deve ser coincidência, portanto, que a FAB tenha concentrado na região as atividades da Operação Prato, em 1977. E tal programa pode não ter sido o único. Há indícios de que outras atividades oficiais semelhantes – e igualmente secretas – foram deflagradas em diversas áreas da Floresta Amazônica, onde são endêmicos os casos de observação de naves alienígenas e contatos com seus tripulantes, inclusive por indígenas de várias etnias.
Receptividade à Ufologia — Como resultado da visita dos ufólogos ao 6º COMAR, cabe a todos os signatários da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, representada pelos integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), agradecer a generosa acolhida que receberam dos militares da FAB, especialmente ao brigadeiro-do-ar Telles Ribeiro, comandante do Cecomsaer, ao tenente-brigadeiro J. Carlos, comandante geral de operações do Cindacta I e o major-brigadeiro Atheneu Azambuja, comandante geral do Comdabra. Os integrantes da CBU desejam ainda tecer elogios pela forma cordial, atenciosa e prestativa com que foram tratados, tanto por eles quanto por seus oficiais e suboficiais subordinados, derrubando toda e qualquer impressão negativa que muitos de nós tínhamos sobre as posturas autoritárias e restritivas às informações a que sempre procuramos ter acesso.
Além da grande contribuição que os oficiais do 6º COMAR prestaram à Ufologia Brasileira, permitindo a visita de ufólogos a seus postos de comando, conhecendo sua metodologia de trabalho e alguns de seus arquivos, a principal conclusão que se tira do encontro é que há, por parte de nossos militares, reconhecimento público da importância dos estudos e trabalhos dos ufólogos deste País, em especial daqueles à frente da única publicação brasileira do gênero, a Revista UFO. Assim, tacitamente, é razoável concluir também que a Aeronáutica reconhece a necessidade de tratar o Fenômeno UFO de forma séria, sem o tom pejorativo e irreverente que, via de regra, surge quando se levanta a plausível hipótese de estarmos sendo visitados por seres extraterrestres, que dispõem de uma tecnologia totalmente fora dos padrões humanos.
Partiu da própria Aeronáutica reconhecer, segundo seus porta-vozes, a incapacidade de seus técnicos em concluir objetivamente qualquer fato sobre tais ocorrências. “Até porque, não foram treinados para lidar com o fenômeno, mas sim para procederem a operações de rotina, quando da detecção e interceptação de alvos não identificados no espaço aéreo brasileiro”, declarou o major-brigadeiro Azambuja. Ainda segundo o brigadeiro, não cabe àquela Arma nem aos seus homens julgar ou interpretar cientificamente qualquer ocorrência que não ameace diretamente a soberania e a segurança de vôo em nosso Território. Portanto, os oficiais entendem e reconhecem que o estudo da Ufologia deve ser exercido por ufólogos, e não por membros da Aeronáutica.
“O máximo que essa Arma deve fazer, e isso vem sendo feito desde 1954, é catalogar e arquivar os casos envolvendo detecção e perseguição de objetos voadores não identificados, pela forma padrão, determinada por normas institucionais”. Para tanto, existe um formulário específico, o Anexo 3, um questionário denominado Ocorrência de Tráfego Hotel, com duas folhas. Tal documento tem o objetivo de coletar e registrar o máximo de informações de determinada testemunha, seja ela membro da Aeronáutica ou não, para posterior comparação com relatos e registros dos controladores de vôo. A estimativa dos ufólogos brasileiros é de que existam milhares desses questionários preenchidos, muitos dos quais anexados a fotos e outros tipos de documentação, nos arquivos da FAB.
Os ufólogos confirmaram o que já sabiam sobre a atividade de monitoração do espaço aéreo brasileiro: nada escapa à eficiente e ininterrupta vigilância dos militares, com seus mais de 100 equipamentos de radar
Conclusões a que podemos chegar — Em resumo, desse histórico encontro que os ufólogos tiveram com as atuais autoridades militares da Aeronáutica, podemos hoje afirmar várias coisas com tranqüila certeza. Primeiramente, que não há, por parte de nossas autoridades, intenção de acobertar fatos relativos aos discos voadores em nosso Território. Em segundo lugar, ficou evidente que nossos oficiais não podem, em virtude das atuais normas e leis que versam sobre a salvaguarda de documentos sigilosos, liberar totalmente seus arquivos ufológicos,
sob pena de severas sanções. Em terceiro lugar, ficou evidente que nossa Aeronáutica concorda com o pleito dos ufólogos, especialmente com a legitimidade da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, e assevera que a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) terá acesso aos documentos ufológicos contidos em seus arquivos, desde que se faça o pleito utilizando-se a Lei, especialmente a resultante da recente sanção presidencial da Medida Provisória 228/2004.
Nossas autoridades aeronáuticas não têm condições de definir efetivamente, ou de informar com precisão, o que são os UFOs que estão detectando nos radares do Cindacta I, uma vez que os tráfegos desconhecidos podem ter várias origens e, em muitos casos, só podem ser confirmados através da interceptação militar, a exemplo do que ocorreu em maio de 1986. Por fim, a FAB reconheceu não ter pessoal capacitado para a investigação ufológica, que considera tarefa para civis, e concordou em instalar uma comissão mista entre militares e ufólogos civis para tal finalidade. Essas conclusões formam um conjunto muito positivo e auspicioso. Ufólogos sérios do País, de forma geral, ganham um poderoso aliado nos militares e a Ufologia dá um passo gigantesco avançando para novas e venturosas conquistas. Ao contrário do que desejam alguns pessimistas, que usam esse estudo somente em benefício próprio, insuflando seus egos e buscando ganhos fáceis com a exclusividade e a retenção de informações, a Comunidade Ufológica Brasileira, como um todo, é que saiu ganhando.
Esperamos que, de agora em diante, nossos amigos de jornada, sejam eles ufólogos ou simpatizantes, assim como os batalhadores de primeira hora, que ainda não se manifestaram como signatários desta justíssima campanha e não deram seu apoio a ela, que o façam agora e unam-se mais ainda em torno dos objetivos de UFOs: Liberdade de Informação Já, posto que esta já atingiu um de seus principais objetivos, mas ainda não acabou. Seu verdadeiro e supremo intento está mais que expresso no Manifesto da Ufologia Brasileira, o qual ainda não foi de todo alcançado. Nossa campanha continua!
Entidades da FAB envolvidas no encontro com os ufólogos
Cecomsaer — Centro de Comunicação Social da Aeronáutica. O serviço de imprensa da FAB, de onde partiu o convite aos ufólogos
6° Comar — 6o Comando Aéreo Regional. Imensa área adjacente ao Aeroporto de Brasília, onde estão localizadas as entidades
Cindacta I — I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo. Órgão responsável pela monitoração do espaço aéreo brasileiro
Comdabra — Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro. É nesse órgão que são tomadas as decisões relativas a vôos não identificados no espaço aéreo do País, chamados de “Tráfego H”, categoria
em que se enquadram os UFOs
A carta dos ufólogos entregue às autoridades brasileiras
Brasília (DF), 20 de maio de 2005
Ao Exmo. Sr.
Comandante da Aeronáutica,
Brigadeiro-do-ar Luis Carlos da Silva Bueno,
Brasília (DF)
Prezado senhor:
A Comunidade Ufológica Brasileira, um conjunto de quase três centenas de estudiosos, pesquisadores e investigadores civis do Fenômeno UFO em nosso Território, neste ato representada pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), cujos integrantes se identificam ao final desta, vem respeitosamente à presença de V. Ex.a com o objetivo de oferecer-lhe o Manifesto da Ufologia Brasileira, através do qual expressa seu conhecimento e considerações sobre o assunto.
O Manifesto da Ufologia Brasileira é parte da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, implementada pela referida Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que em um ano gerou um abaixo-assinado em seu apoio com mais de 36 mil participantes, através do site [ufo.com.br] e das edições impressas da Revista UFO. Ele reflete a posição da referida Comunidade, com substancial amparo de suas congêneres nos mais diversos países, sobre a significativa e urgente questão dos objetos voadores não identificados em ação em nosso planeta e, particularmente, em nosso País. O documento contém importantes questões que os ufólogos civis apontam quanto ao tema, baseados em sua já adquirida experiência na área, e recomenda que o assunto seja tratado de maneira apropriada dentro das esferas militar e governamental brasileiras.
Para isso, como se verá no Manifesto da Ufologia Brasileira, os ufólogos de nosso País desejam voluntariamente oferecer seu talento, sua capacidade investigativa e dedicação espontânea na busca de respostas para o Fenômeno UFO à nossa gloriosa Aeronáutica e ao Governo Federal, nas formas que estes julgarem oportunas e apropriadas. E pedem igualmente que estes, em sinal de receptividade à sua proposta e em atendimento às suas reivindicações, abram seus arquivos militares, recentes ou não, sobre a manifestação do Fenômeno UFO em nosso País, para apreciação.
Os ufólogos nacionais, através do Manifesto da Ufologia Brasileira, ainda recomendam firmemente que uma ação investigativa organizada, coordenada conjuntamente pelas expressões civis e militares neste ato consideradas, na forma de uma comissão mista dedicada ao tema, seja implantada imediatamente e tenha seu funcionamento rapidamente estabelecido. A Comunidade Ufológica Brasileira crê que, mais do que uma recomendação, essa seja uma necessidade frente ao avanço da ação extraterrestre em nosso mundo, já abundantemente documentada nas mais diversas formas e amplamente reconhecida por inúmeros setores da sociedade brasileira e mundial.
Agradecem a atenção e esperam ser atendidos.
Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU):
A. J. Gevaerd (coordenador), Claudeir Covo, Marco Antonio Petit, Rafael Cury, Reginaldo de Athayde, Fernando Ramalho e Roberto Beck
A Carta de Brasília, produzida durante o I Fórum Mundial de Ufologia, em 1997
A Comunidade Ufológica Brasileira representada por ufólogos individuais, grupos de pesquisas, investigadores, estudiosos, simpatizantes e entusiastas da Ufologia, que firmam o presente abaixo-assinado, reúnem-se através desse documento, sob coordenação da Revista UFO, para dirigirem-se às autoridades brasileiras, neste ato representadas pelo excelentíssimo senhor presidente da República e pelo ilustríssimo senhor ministro da Aeronáutica, para apresentar os seguintes fatos:
1. É de conheciment
o geral que o Fenômeno UFO, manifesto através de constantes visitas de veículos espaciais ao planeta Terra, é genuíno, real e consistente, e assim vem sendo confirmado independentemente por ufólogos civis e autoridades militares de todo o mundo, há mais de 50 anos.
2. O fenômeno já teve sua origem suficientemente identificada como sendo alheia aos limites de nosso planeta, e os veículos espaciais que nos visitam de forma tão insistente são originários de outras civilizações, provavelmente mais avançadas tecnologicamente do que a nossa, que coexistem conosco no universo, ainda que não conheçamos seus mundos de origem.
3. Tais civilizações encontram-se num visível e inquestionável processo de contínua aproximação da Terra e de nossa sociedade planetária, e, assim agindo, em suas manobras e atividades, na grande maioria das vezes não demonstram hostilidade para conosco.
4. É notório que as visitas de tais civilizações não-terrestres ao nosso planeta têm aumentado gradativamente nos últimos anos, segundo comprovam as estatísticas nacionais e internacionais, tanto em quantidade quanto em profundidade e intensidade, representando algo que requer legítima atenção.
5. Em virtude do que se apresenta, é urgente que se estabeleça um programa oficial de conhecimento, informação, pesquisa e respectiva divulgação pública do assunto, de forma a esclarecer a população brasileira a respeito da inegável e cada vez mais crescente presença extraterrestre na Terra.
Assim, considerando atitudes assumidas em vários momentos da história por países que já reconheceram a gravidade do problema, como Chile, Bélgica e China, respeitosamente recomendamos que o Ministério da Aeronáutica da República Federativa do Brasil, ou algum de seus organismos, a partir deste instante, formule uma política apropriada para se discutir o assunto, nos ambientes, formatos e níveis considerados necessários.
A Comunidade Ufológica Brasileira, neste ato representada pelos estudiosos nacionais abaixo assinados, com total apoio da Comunidade Ufológica Mundial, deseja oferecer voluntariamente seus conhecimentos, esforços e dedicação para que tal proposta venha a se tornar realidade e que tenhamos o reconhecimento imediato do Fenômeno UFO. Como marco inicial desse processo, que simbolizaria uma ação positiva por parte de nossas autoridades, a Comunidade Ufológica Brasileira respeitosamente solicita que o referido Ministério abra seus arquivos referentes a pelo menos dois episódios específicos e marcantes de nossa pesquisa ufológica:
(a) A Operação Prato, conduzida pelo I Comando Aéreo Regional (Comar), de Belém (PA), entre setembro e dezembro de 1977, que resultou em volumoso compêndio que documenta com mais de 500 fotografias e inúmeros filmes a movimentação de UFOs sobre a Região Amazônica, da forma como foi confirmado pelo coronel Uyrangê Bolívar Soares de Hollanda Lima.
(b) A maciça onda ufológica ocorrida em maio de 1986, sobre os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, entre outros, em que mais de 20 objetos voadores não identificados foram observados, radarizados e perseguidos por caças a jato da Força Aérea Brasileira (FAB), segundo afirmou o próprio ministro da Aeronáutica na época, brigadeiro Octávio Moreira Lima.
Absolutamente conscientes de que nossas autoridades civis e militares jamais se descuidaram da situação, que tem sido monitorada com cuidado e atenção ao longo das últimas décadas, sempre no interesse da segurança nacional, julgamos que a tomada da providência acima referida solidificará o início de uma próspera e proveitosa parceria.
Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU):
A. J. Gevaerd, Claudeir Covo, Marco Antonio Petit, Rafael Cury e Reginaldo de Athayde