Ray Santilli é um produtor artístico que adquiriu um dos mais polêmicos filmes da história da Ufologia. O material foi feito por um militar norte-americano aposentado e mostra imagens de estudos anatômicos em extraterrestres. Tais seres teriam sido vítimas do já conhecido incidente de Roswell, ocorrido no Novo México, em 1947. Desde que o filme passou a ser divulgado, os meios de comunicação do mundo inteiro não pararam de publicar artigos sobre Santilli, a autópsia e o ET. Contudo, essa polêmica é baseada em opiniões e não em fatos, muitas vezes não passando de puro humor da mídia.
Esta entrevista tenta esclarecer dúvidas geradas pelos meios de comunicação, cientistas, ufólogos e opinião pública. Foi gravada no escritório de Santilli em Londres, em junho deste ano. Como entrevistado, Santilli mostrou-se tranqüilo, embora às vezes se esquivasse de certas perguntas – e isso ele sabia fazer com muita classe e sutileza. Após conversar com Santilli por várias horas, enquanto gravava esta entrevista, fiquei ainda com mais dúvidas do que certezas sobre sua história.
Primeiramente, fale um pouco sobre seu trabalho e sua atividade na companhia Merlin Group. Bem, eu sempre estive envolvido com a mídia nos últimos vinte anos. Depois que deixei a escola, comecei a trabalhar com promoção e marketing, gerenciando cantores e fiz isso por um longo tempo, até formar minha primeira gravadora. Naquela época, trabalhávamos com produtos da Walt Disney, principalmente com áudio. Tivemos direitos exclusivos aqui na Inglaterra sobre as trilhas sonoras da Disney por alguns anos. Passei a me envolver com pagamento de direitos autorais, gravação de masters, publicação de livros, etc. Hoje em dia, a Merlin Group está envolvida com diversos trabalhos de marketing, como distribuição e venda de áudios, vídeos e livros.
E de que maneira você conseguiu o filme de Roswell? Há cerca de dois anos e meio, nós estávamos nos EUA fazendo pesquisas para um documentário sobre música. Procurávamos filmes de artistas como Bill Halley, Pat Boone e Elvis Presley e acabamos encontrando um homem que havia sido freelancer nos anos 50. Ele já tinha trabalhado para várias pessoas, sendo que em 1955 foi contratado pela Universal News para filmar uma série de concertos de Rock num fim de semana. Comprávamos os filmes dele, pagávamos em dinheiro, e acabamos tendo um bom relacionamento, porque a natureza do acordo que tínhamos era que dávamos o dinheiro e ele nos dava os filmes, sem papelada… Um dia ele apareceu e falou: “Olha, antes que vocês voltem para suas casas, quero mostrar algo que pode lhes interessar”. Ele então nos disse que possuía um filme mostrando a autópsia de uma criatura alienígena. Porém, naquela época, não sabíamos nada sobre Roswell ou sobre o incidente lá ocorrido e estávamos diante de algo totalmente novo: a autópsia de um alienígena! Não se recebe uma oferta dessas todos os dias.
Santilli é uma pessoa relativamente conhecida no meio artístico londrino, embora fosse completamente desconhecido no cenário ufológico, antes de adquirir o filme das autópsias. Ele mesmo declara que quer ganhar dinheiro com o filme, e é isso que os ufólogos questionam. Afinal, há ética nisso ou não?
Após ver o filme, que procedimentos você tomou? Durante o encontro com o cine-grafista, a primeira coisa que fizemos foi consultar a Kodak. Telefonamos da casa dele e perguntamos como poderíamos constatar se o filme era genuíno. Verificamos os códigos e marcações da película e recebemos a resposta de que o filme provavelmente datava de 1927, 1947 ou 1967. Isso aconteceu há uns dois anos atrás, foi quando pegamos o fotograma e trouxemos para a Inglaterra. Submetemos o filme a vários tipos de análises através de pessoas competentes para isso. Quando nos convencemos de que o filme era genuíno, o apresentamos para uma companhia com a qual eu tinha um relacionamento muito próximo, a Polygram, e aventamos a possibilidade de venda.
E qual foi a resposta da Polygram em relação ao filme? Ficou muito interessada e enviou um de seus diretores para negociar com a Merlin Group. A pessoa enviada era Gary Shoefield, o diretor administrativo da Working Title, o grupo que produziu o filme Quatro Casamentos e um Funeral. Gary estava disposto a fechar um acordo sobre o filme, mas não conseguiu pois o cinegrafista estava muito doente e não pôde comparecer aos encontros. A Polygram não queria continuar com as negociações, principalmente por causa das implicações legais que envolveriam a compra do filme. Seria muito difícil comprar aquela película, pois pertencia ao Exército Americano. Nós, da Merlin Group, também queríamos comprar o filme, mas não tínhamos dinheiro suficiente para tal. Tentamos fazer várias negociações, mas o câmera acabou perdendo a confiança em nós devido à dificuldade que tivemos para efetuar a compra.
E como vocês conseguiram comprar a película? Levou muito tempo, 18 meses para ser mais específico, até podermos mudar aquela situação e reconquistarmos sua confiança. Finalmente, entre dezembro de 94 e janeiro de 95, conseguimos o dinheiro e pegamos o filme, mas tudo isso foi um procedimento muito longo…
Quanto à autenticidade, além da análise da Kodak, o que lhe convenceu de que esse filme é genuíno? Ora, porque eu tenho a vantagem de lidar diretamente com o cinegrafista. Não estou envolvido com informações de segunda mão, e ele é uma pessoa que tenho encontrado com freqüência há dois anos. Já o encontrei várias vezes e tive a oportunidade de ver seus diários, registros e álbuns de fotografias. Conheci sua casa, sua família, já vi sua coleção de câmeras antigas e, sabe, já ouvi todas as suas histórias. O filme é genuíno, eu sei que é. Assim, pessoas que possam pesquisar mais poderão breve-mente constatar isso de forma mais crítica.
O que vai acontecer agora com o filme das autópsias? O filme, sem corte e sem retoques, está sendo vendido, de forma que as emissoras de todos os lugares do mundo podem fazer o que quiserem com ele. Algumas o estão colorizando, outras usando técnicas para melhorar a imagem. Elas tem carta branca, é propriedade delas uma vez que tenham concordado em comprá-lo para transmissão.
Você acha que existe alguma possibilidade do cinegrafista aparecer no futuro? Esta possibilidade está próxima de zero. Mas não sei, as coisas mudam, ainda assim eu não penso que ele concordaria em encontrar ou falar com qualquer outra pessoa além de mim sobre o assunto. Realmente isso depende de muitos fatores. O acordo original que tínhamos com ele é que respeitaríamos sua privacidade, essa era uma parte fundamental do acordo e sem ela não teríamos obtido o filme. Se tivéssemos sugerido qualquer outra coisa, não teríamos o filme hoje. Dessa forma, qualquer coisa que venhamos a obter de agora em diante, consideraremos um bônus.
Se alguém habilitado se oferecesse para analisar e verificar a veracidade desse filme, você aceitaria? Sim, claro, mas há um limite, tudo vai depender do tipo de ajuda. Nós cooperaremos com qualquer um, mas se quiserem levar 3 ou 30 m do filme original, não creio que seja viável ou possível. Isso já é outra história. Uma vez que a Kodak comece a estudar o filme para valer, haverá resultados mais concretos e não creio que existe algo mais a ser feito em termos de análise.