O insólito sempre aparece onde é menos esperado. O caso de Varginha é um exemplo de um acontecimento extraordinário envolvendo várias pessoas de uma forma imprevisível. O ser humano, no entanto, é tão medroso, confuso e inconsciente que fica difícil desenvolver uma investigação. Lamentavelmente, o número de testemunhas não foi suficiente para mostrar aos investigadores o caminho a seguir. Mais uma vez o sensacionalismo foi mais importante que o bem estar e o cuidado com a parte mais importante de qualquer acontecimento: a testemunha.
Desde 1992 venho mostrando a importância de, antes de qualquer investigação, ouvir, apoiar, acreditar e seguir a testemunha. É necessário entrar em sintonia empática, profunda com a pessoa que passa por esse tipo de experiência antes de querer levantar a veracidade física do acontecimento. Temos uma visão muito distorcida da realidade e, por isso, um hábito enraizado de separar visão externa de mundo interno. Os nossos sentidos são muito mais abrangentes do que nos damos conta e, apesar de hoje em dia as pessoas já saberem muito mais do que em 1950, quando as pesquisas começaram, ainda continuam amadoras quando surge um fato controverso como esse.
Se existiu um ser físico, estranho à nossa realidade em Varginha, é importante descobrir. Ainda mais importante, se esse ser foi capturado por autoridades e levado ao hospital local, e terem abafado o assunto. Mas o que choca em todo o episódio, não é se isso são rumores, desejos ou fantasias criadas após a larga divulgação do caso Roswell. O que mais choca é o despreparo com que estas testemunhas foram abordadas após a história tornar-se pública. A pressão dos amigos, parentes, vizinhos, ufólogos e imprensa sobre quem vivencia qualquer tipo de experiência anômala, leva a testemunha a uma exaustão emocional e contaminação de suas memórias. Após um período, ela já estará confundindo o fato simples que viu com interpretações e suposições do ocorrido que lhe fizerem crer.
REGISTRO DE MEMÓRIAS — O perigo dessas interpretações é que distancia a memória do fato, da verdadeira ocorrência. A carga emotiva ali contida já modifica o registro de memórias com o acréscimo de pressões e interpretações que tentam colocar em categorias conhecidas o inimaginável, mais difícil fica a tarefa do investigador.
Por tudo isso, é que a Ufologia nacional esbarra em tantas dificuldades, concorrências, brigas e discussões. Um caso como esse, se verídico, é muito importante. Se não considerarmos a possibilidade dele ser verídico e, a partir daí, atender às testemunhas com suporte, relaxamento e compreensão, até se conseguir explorar mais profundamente suas memórias, através de regressões, não vamos chegar a lugar algum.
Antes de mais nada, qualquer emoção forte, principalmente de medo, cria uma situação traumática e isso nos leva a toda uma modificação bioquímica no registro dessas imagens. A mente fica mais sensível e a pessoa, mais acelerada e ansiosa. Para chegarmos à verdadeira ocorrência é necessário tempo e paciência antes que a imprensa distorça e magoe ainda mais o traumatizado. Por tudo isso, é importante o trabalho em equipe e a colaboração nessas horas.
Tomei conhecimento do caso de Varginha pelos jornais e logo a seguir pela televisão. Não posso fazer uma análise detalhada e segura devido ao fato de não ter tido, até agora, a oportunidade de conversar com as testemunhas pessoalmente. Entretanto, por minha larga experiência com contatados, abduzidos e pessoas traumatizadas por fenômenos anômalos, principalmente no trabalho de apoio e regressão de memória, pude perceber que as duas meninas estão com uma marca emocional profunda. Elas viram alguma coisa que as impactou. Se foi ET, demônio, anjo ou mascarado, não sei, mas de qualquer forma o ocorrido foi impactante, como é comum nos fenômenos anômalos.
A respeito do retrato falado do ser, apesar de num primeiro momento ser muito diferente dos conhecidos pela Ufologia, gostaria de colocar alguns detalhes interessantes com relação à minha pesquisa com regressões de abduzidos e desconhecidas do público em geral. Não é comum a recordação consciente desse tipo de ser em testemunhas que tiveram contato de terceiro e quarto graus. No entanto, em um certo número de casos, a memória consciente difere muitas vezes do tipo do ser que aparece no momento da regressão.
Isso acontece principalmente, ao recuperar memórias de abduções que eu classifico como abduções da caverna (a pessoa se vê num laboratório dentro de uma caverna, em vez da nave), nesses casos é comum o aparecimento de um tipo de ser reptiliano e suas variações, dependendo da emoção e personalidade do abduzido ao reinterpretar o vivido. Temos que lembrar que a memória é sempre uma representação da vivência sob o prisma da nossa emoção.
Tenho casos registrados de seres com pés grandes, de respiração do tipo batráquia, protuberâncias no alto ou atrás da cabeça. Muitas vezes, duas protuberâncias do alto ou laterais. A pele em lugar de cinza, marrom. Essa pele marrom, com aspecto viscoso e pegajoso (na minha experiência e de muitos investigadores) é característica de um tipo de ser resultante de uma manipulação genética para sobrevivência adaptativa de seres em lugares de pouca iluminação, como interiores de cavernas ou subterrâneos. Os olhos vermelhos também já foram encontrados em algumas memórias de abduzidos.
FIGURA GROTESCA — No livro Alien Discussions, anais da Conferência no MIT, Cambridge, página 93, há uma referência ao tipo reptiliano como uma espécie que aparece em 10% dos casos de abdução. Na descrição, encontramos a cor da pele como verde ou amarronzada – sendo uma figura grotesca e repulsiva na maioria dos casos. Tenho mostrado em alguns congressos slides de figuras muitas vezes interpretadas como demoníacas. Geralmente, essas figuras causam um impacto tão forte na mente da pessoa, principalmente da criança, que só conseguindo ultrapassar a barreira da amnésia provocada e da proteção da própria mente, encontra a história que vivenciou em algum nível de realidade, em algum momento do continuum do tempo.
É muito difícil precisar de onde surge uma memória, mesmo quando se regride a uma data específica. Ela pode vir contaminada com outras memórias efetivas de outras vivências similares. Quando, porém, essa figura é vista externamente como física, fica mais complicado para se lidar com o caso. Envolve uma investigação detalhada para se descobrir se realmente ocorreu na nossa realidade ou se as testemunhas tiveram, por algum motivo natural ou provocado por outras formas de inteligência, seu estado mental alterado e se viram algum ser que não existe em nossa realidade
física. Os casos de projeções holográficas estariam nesse nível.
Ainda é muito prematuro qualquer tipo de conclusão. As investigações devem continuar no plano de nossa realidade física para chegarmos à veracidade, ou não, dos rumores. Mas não devemos deixar para segundo plano o atendimento das testemunhas que, no meu entender, é o mais importante neste momento, até porque encontrar outras testemunhas do mesmo fato aumenta a chance de veracidade. Realidade e fantasia se confundem na mente nessas horas e é preciso caminhar com calma, amor, empatia, atenção, profissionalismo e humanidade.
É importante chegarmos à realidade física do fenômeno, mesmo se esse registro estiver apenas nas memórias conscientes ou inconscientes das testemunhas, ou ainda projeções destas na nossa realidade. Ficará, contudo, mais impactante se forem confirmados os rumores de captura e exames do ser pelas autoridades, não sendo mais no momento atual um caso tão anômalo ou atípico.
Onda ufológica tem lugar na mídia
Desde o início do ano, os meios de comunicação nacionais têm mostrado a onda de avistamentos e contatos que se estende por todo o país. Essa explosão de fatos ufológicos (se é que pode ser chamada assim) culminou com o fato de Varginha, em que três moças testemunharam a presença de um extraterrestre na cidade. Desde então, a TV não pára de exibir em horário nobre as notícias ufológicas do sul de Minas e de todo o Brasil.
Uma atenção especial deve ser dada à Rede Globo que, desde que foi divulgado o Caso Varginha, tem dado ampla cobertura ao assunto em seus telejornais e principalmente no programa Fantástico. Todos os domingos, ininterruptamente, desde fevereiro passado, o programa está abordando o tema, dando as novidades sobre o caso, entrevistando ufólogos, especialistas e testemunhas.
Muitos estão estranhando esta atitude da Rede Globo de Televisão que, em se tratando de Ufologia, sempre dava a última palavra aos astrônomos. Portanto, nos últimos meses as matérias produzidas pela emissora trataram o assunto com bastante seriedade. O responsável direto pelo sucesso das reportagens é o produtor Luiz Petry que, com a equipe do Fantástico, tem realizado um trabalho voltado para a pesquisa dos fatos, buscando testemunhas e evidências. Todos sabem que, quando um fato é notícia, dificilmente algo consegue impedir que ele entre na mídia. Contudo, o que diferencia uma reportagem bem feita de uma convencional é a seriedade com que é encarado o fato jornalístico. E isso, felizmente, Petry está conseguindo fazer.
Tem sido de grande valor o trabalho realizado por todas as emissoras de comunicação do país que, nos últimos meses, também começaram a abordar a Ufologia com seriedade. Finalmente, o Fenômeno UFO não tem mais aparecido na mídia como um bicho de sete cabeças ou como algo obscuro, distante da realidade. As TVs Bandeirantes e Manchete também estão realizando boas reportagens sobre a atual onda nacional de discos voadores. Quanto aos veículos impressos, já tratavam o assunto com mais credibilidade há algum tempo. Jornais como a Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil e Diário da Serra (MS) estão entre os que já falavam de Ufologia bem antes deste “modismo” incipiente que tem rondado o meio. Há, ainda, a Agência Estado que, através do jornalista Eduardo Borgonovi sempre realizou um belo trabalho de informação ufológica. Ficam aqui os nossos agradecimentos à mídia que, ao que parece, está aprendendo que os UFOs são coisa séria.
A. J. Gevaerd