
Trinta e sete ufólogos de todo o mundo e mais de 1.200 participantes. Cerca de 50 horas de palestras e 20 de exposição de filmes ufológicos. Inúmeros workshops e mesas redondas, várias decisões, algumas denúncias e muito entusiasmo. Esse é o saldo do último International UFO Congress and Film Festival, que ocorre no Estado norte-americano do Nevada todos os anos, congregando palestras e um verdadeiro show de documentários ufológicos produzidos por profissionais e amadores. A edição deste ano – a nona – deu-se de 5 a 12 de março passado, na pacata Laughlin, às margens do Rio Colorado e na divisa entre Nevada, Califórnia e Arizona.
O evento já é considerado o mais bem sucedido da história da Ufologia. Mantido há quase uma década pelo casal Bob e Teri Brown, com apoio maciço de expressiva parcela da Ufologia Norte-Americana, o congresso vem mantendo índices de público significativamente superiores aos observados em eventos realizados noutras partes do mundo. “Nosso sucesso se dá em decorrência da seriedade com que trabalhamos e da qualidade dos expositores que aqui comparecem todos os anos”, disse à Revista UFO Bob Brown. Ele não é o único a tomar decisões quanto ao evento, no entanto. Desde o princípio da série, Brown convidou ufólogos de várias partes do mundo para comporem um quadro de diretores do congresso, hoje com oito membros. O editor de UFO A. J. Gevaerd é o diretor para a América do Sul.
Na edição desse ano algumas revelações chocaram a platéia, esquentando o cenário ufológico. Em especial, os pesos-pesados da Ufologia Inglesa Graham Birdsall e Russell Callaghan, ambos da renomada revista UFO Magazine, mostraram em Laughlin o resultado de uma pesquisa que conduziram durante vários meses a respeito das transmissões secretas que a NASA mantém com suas sondas e missões especiais. Birdsall e Callaghan levaram ao evento filmagens absolutamente inéditas em que se pôde ver objetos não identificados captados pelas câmeras dos ônibus espaciais. Os ingleses conseguiram o material de um produtor de tevê canadense, cujo hobby é escutar as conversas entre as bases da agência espacial e seus astronautas, através de uma parafernália eletrônica que montou em sua casa em Vancouver.
Um tema que também chamou muita atenção foi o dos círculos ingleses, apresentado por uma das maiores autoridades mundiais na questão: Ron Russell, o coordenador do Centre for Crop Circles Studies, sediado na Inglaterra. Recentemente, Russell editou um dos mais belos trabalhos fotográficos sobre os círculos, cobrindo ocorrências espantosas da última década. Sua teoria é a de que, além de lindos e intrigantes, as incidências dos círculos embutem um fator ainda pouco explorado, o energético. “Quem quer que esteja produzindo tais desenhos nos campos, seja com a tecnologia que for, tem conhecimento de que o resultado de tal processo traz altos níveis de energia aos seres humanos”. É esse tipo de energia, ainda desconhecido, que o estudioso tenta registrar.
Aliens sob Bisturís – Energia também não faltou em Laughlin, especialmente nas palestras de Roger Leir, John Carpenter, Michael Hesemann e George Knapp. Leir já é conhecido do público brasileiro, pois veio ao Brasil apresentar seu surpreendente trabalho de remoção cirúrgica de implantes alienígenas. Autor do livro The Aliens and the Scalpel, ainda sem previsão para lançamento no Brasil, o ufólogo, que é cirurgião na Califórnia, tem revolucionado o estudo das abduções mostrando que na maioria desses casos as vítimas recebem implantes diminutos ou microscópicos. Ele pessoalmente extraiu vários desses objetos de seus pacientes. “Estou convencido que são aparelhos com finalidades múltiplas, entre as quais estão a transmissão de dados sobre o corpo dos abduzidos aos seus abdutores e até mesmo o controle de certas funções metabólicas”.
Carpenter também tem se dedicado à questão das abduções há mais de 20 anos, e fez revelações inesperadas no evento. Conhecido mundialmente como um dos maiores experts no assunto, com dezenas de trabalhos publicados, o estudioso, que opera como terapeuta psiquiátrico, abordou os seqüestros por alienígenas de maneira franca. Para ele, é óbvio que certas raças de seres mais avançados estão trabalhando em conjunto em nosso planeta, desenvolvendo um programa sistemático de abduções e coleta de material genético humano. “Se no princípio de nosso estudo sobre os seqüestros imaginávamos que os ETs estivessem apenas nos pesquisando, essa idéia agora não existe mais. Eles estão mesmo é nos usando para obter material genético com o qual possam realizar projetos maiores”. A afirmação é contundente e assusta, mas é real. Hoje, é quase um consenso entre estudiosos de abdução que certas raças alienígenas estejam buscando na genética do ser humano terrestre subsídios que possam restaurar o poder de reprodução e crescimento de outros seres e civilizações, ou ainda a colonização de novos planetas.
O veterano Hesemann também levou a Laughlin um complexo conjunto de revelações, causando polêmica ao abordar em detalhes o famoso e extremamente controverso Caso Carlos Diaz, que vem ocorrendo no México há quase 10 anos. Diaz se diz um contatado que tem constantes encontros com ETs, mas que nunca são efetivamente documentados ou testemunhados por outras pessoas. Ao longo da última década, conseguiu fotografias bombásticas das naves de seus ‘amigos’. A suspeita sobre seu repertório, no entanto, surge a partir do momento em que se constata a exuberante nitidez de tais fotos. Hesemann vem investigando o caso há muitos anos e tornou-se amigo de Diaz, de quem faz uma defesa quase paternal. Mas, ainda assim, seus argumentos encontraram oposição na platéia e entre os próprios ufólogos – para quem o mexicano é uma fraude. O caso ainda está sob investigação.
Quanto a George Knapp, sua surpreendente revelação foi a de que já conhecera e investigara a vida do coronel Philip Corso há mais de 10 anos – muito antes dele vir a público admitir o que sabia sobre os extraterrestres e,
em particular, sobre a queda de Roswell. “Corso era autêntico e confirmei isso antes que a mídia o promovesse e ao seu livro. Era um militar dedicado que de fato foi incumbido por seus superiores de analisar fragmentos encontrados no UFO acidentado em Roswell”. Jornalista destacado em Las Vegas, onde mora, Knapp é reconhecido internacionalmente por suas pesquisas acuradas sobre o Fenômeno UFO. Um dos seus trabalhos mais notórios foi o levantamento que fez em 1993 da Ufologia na Rússia. Quanto a Corso, que faleceu em julho de 1998, aos 83 anos, Knapp advertiu, no entanto, que sua obra The Day After Roswell [Editada no Brasil pela editora Educare. Veja encarte] contém fatos de que ele não tinha conhecimento em sua pesquisa prévia sobre a vida do autor. “Há suspeitas de que o co-autor de Corso, William Birnes, tenha alterado ou aumentado a narrativa para tornar a obra mais atraente”.
Amizade com Militares – A casuística ufológica também esteve bem representada no Congresso desse ano, especialmente nas figuras dos conferencistas Giorgio Bongiovanni, Peter Davenport e Santiago Yturria Garza. Giorgio, como sempre, mostrou um imenso volume de informações que trouxe, desta vez, de suas últimas viagens à Rússia, onde fez contatos e amizades com militares e autoridades importantes na política de pesquisa ufológica do país. Davenport, diretor do National UFO Reporting Center (NUFORC), sediado em Seattle, Washington, mostrou um resumo dos principais acontecimentos ufológicos ocorridos na América do Norte nos últimos anos. Enquanto Giorgio faz sua coleta de informações em nível mundial, especialmente nos países europeus, africanos e asiáticos, Davenport registra tudo o que ocorre nos EUA e Canadá. Ambos surpreenderam a platéia com o volume de casos apresentados.
“É impressionante o que os russos sabem sobre os UFOs. E lá, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, está havendo uma flexibilização cada vez maior na política de acobertamento ufológico”, disse Giorgio à Revista UFO. De fato, em sua última viagem à Rússia o estigmatizado italiano conseguiu novas informações sobre UFOs acompanhando as atividades da estação orbital Mir. Entre tais fatos estão filmagens absolutamente inéditas de naves feitas pelos astronautas Kirkalov, Sokolov e Manarov, enquanto serviram na estação. Além disso, Giorgio mostrou à platéia um espantoso e volumoso dossiê sobre a presença alienígena na Terra, produzido pelo general M. Alexjeiev. “Este é o documento mais importante sobre Ufologia que já pude conhecer. Os casos lá contidos são de grande significado”, disse o estudioso, que prometeu viabilizar uma cópia do material para publicação no Brasil.
Do México, o ufólogo Garza levou à Laughlin um manancial de informações que também comoveu a audiência pela qualidade e diversidade. O estudioso reside em Monterrey, uma das áreas mais endêmicas de observações ufológicas no país, e com seu trabalho diligente obteve informações de casos ufológicos de grande envergadura. Em especial, mostrou em detalhes os desdobramentos da onda ufológica que se abateu sobre o México nos dias 13 e 14 de fevereiro, deixando grandes segmentos da população sob alerta. Nesta data, UFOs foram registrados em diversos lugares – inclusive nos centros de grandes cidades. A onda é comparável à que ocorreu no Brasil em março de 1982, ou ainda em maio de 1986. “Centenas de pessoas puderam ver por vários minutos e até filmar os UFOs sobre Monterrey”, disse Garza.
A política de sigilo aos UFOs, desenvolvida pelos EUA e imposta ao resto do mundo por seus militares, também foi alvo de discussões no evento. Ryan Wood, descobridor de um novo lote de documentos produzidos pelo Majestic 12, mostrou detalhes do intrincado processo e da linha de comando que existe para acionar o estabelecimento de sigilo em torno de casos ufológicos significativos. Ele informou que, dado ao crescente estado das manifestações ufológicas mundiais, os EUA e governos a eles alinhados têm modificado a forma como promovem sua desinformação. “Técnicas dos anos 50 e 60 evidentemente não funcionam mais hoje. O governo modernizou sua maneira para atacar a Ufologia, simplesmente difundindo estórias e pessoas nos meios ufológicos que venham a miná-lo de dentro para fora, reduzindo ou enfraquecendo a credibilidade dos estudiosos sérios”.
Experiência Bizarra – A técnica vem sendo empregada há vários anos e suspeita-se que certos casos polêmicos e indivíduos controversos foram usados para abalar a estrutura da Ufologia. Talvez esse seja o caso de Jonathan Reed, o polêmico psicólogo que palestrou em Laughlin sobre uma experiência pessoal das mais bizarras e incríveis. Reed surgiu no cenário ufológico internacional em outubro de 1996, através da Internet, alegando ter flagrado uma nave extraterrestre em uma mata onde caminhava junto de sua cadela Suzy. Ele garantiu que um ser extraterrestre surgiu daquela nave e atirou em seu animal, matando-o. Por isso, em troca, atirou na criatura igualmente, levando à sua morte. Depois, o que se passou foi narrado por Reed com uma exagerada e suspeita emoção no Congresso, em meio a lágrimas e lances teatrais. O psicólogo falou que levou a criatura para sua casa, que tentou revivê-la e até a manteve por algum tempo em seu refrigerador, para que seu corpo não estragasse. Mesmo não convencendo a maioria da platéia, Reed mostrou um filme que fez do suposto ET, além de algumas fotos suspeitíssimas. Nelas, vê-se claramente que há uma fraude.
“O caso é uma fabricação, e muito mal feita”, reagiu irado Michael Hesemann. “Trata-se do filme de um boneco, manipulado por Reed de forma a parecer um extraterrestre”, completou o especialista em análises de filmes e fotos de UFOs Jim Dilletoso. A unanimidade dos conferencistas presentes concordou, lamentando o espaço cedido a Reed num evento deste porte, para que propagasse em uma hora e meia uma estória sem o menor cabimento, especialmente quando analisada de outros ângulos. “Reed tem sido duramente criticado pela Imprensa e na Internet, de forma que quisemos dar a ele uma chance para se defender e mostrar o que de fato há de verdade em sua experiência”, explicou. Bob Brown, autor do convite para que o psicólogo apresentasse sua estória. A iniciativa é elogiável, mas Reed perdeu a oportunidade de mostrar mesmo se há algo de real em sua alucinante narrativa. E acabou sendo praticamente execrado do evento, taxado de
inventar deliberadamente um caso para se promover. Ou com outros objetivos menos evidentes… Há três anos, no mesmo evento, Lee Shargel também apresentara fatos inverossímeis e fora igualmente execrado, mostrando o critério da platéia de Laughlin [Veja UFO 50].
Os aspectos transcendentais do Fenômeno UFO também foram abordados com alguma profundidade no evento, como em vezes anteriores. É comum neste congresso, de uma semana, dedicar-se alguns dias para se tratar da interação subjetiva de civilizações extraterrestres com o homem terrestre. James Gilliland, conselheiro espiritual, capitaneou o discurso dos ufólogos místicos, apresentando sua visão de como os aliens podem conviver pacificamente com os humanos. Em sua opinião, há uma intrínseca ligação entre a civilização terrestre e outras, nos mais diversos planetas de nossa galáxia. “Temos que encontrar um meio de convivermos com tais seres, mas isso só acontecerá quando obtivermos o necessário crescimento interior”, disse Gilliland. O hipnoterapeuta Michael Newton, autor de Journeys of the Soul: Case Studies of Life Between Lives, e Daniel Sheehan, ativista social, concordaram e aprofundaram os debates. “Os princípios que regem civilizações mais avançadas do Universo serão, aos poucos, os mesmos que regerão a civilização terrestre”, afirmou Sheehan, que também é advogado.
Casuística Brasileira – Além desse contingente de ilustres ufólogos, o 9° International UFO Congress and Film Festival também contou com outras duas dezenas de expositores, vindos de um total de 14 países. Nomes já bastante conhecidos, como o do francês Gildas Bourdais e dos norte-americanos Wendelle Stevens e Joe Lewis, somaram-se aos de ufólogos novos que agora ingressam no cenário internacional. Da América do Sul, o único conferencista foi o editor de UFO, veterano em Laughlin, que mostrou vários casos de contatos imediatos de graus elevados acontecidos em nosso país. Especial abordagem foi feita de três ocorrências em que brasileiros tiveram relações sexuais com ETs a bordo de naves: os casos Antonio Carlos Ferreira, de Mirassol (SP), José Inácio Álvaro, de Pelotas (RS), e o de Jocelino de Mattos, de Maringá (PR). O espetacular caso do paraplégico Antonio Alves Ferreira [Veja UFO 70], pesquisado pelo ufólogo Reginaldo de Athayde, além da experiência de Arlindo Gabriel, verificada em Baependi (MG) e pesquisada por Ubirajara Franco Rodrigues, foram mostrados por Gevaerd e surpreenderam a platéia, confirmando mais uma vez o entusiasmo que públicos de outros países têm pela rica e diversificada casuística ufológica brasileira. “O Brasil é um dos países mais importantes do mundo para a Ufologia”, definiu o experiente Wendelle Stevens.