Enquanto o robô Beagle 2 parece estar perdido, a Mars Express da agência espacial européia (European Space Agency – ESA) ainda orbita o Planeta Vermelho e produz imagens surpreendentes. Mostradas abaixo estão algumas das imagens da complexa aldeia do Monte Olimpo tiradas pelo orbitador. Este quadro é uma visão de cima do complexo da caldeira (cratera do ápice) do Monte Olimpo em Marte, o vulcão mais alto de nosso Sistema Solar.
Marte, vulcões ativos recentemente?
Imagens de alta-resolução da Mars Express revelam que o maior vulcão do planeta pode ter tido atividades – vulcânicas e glaciares – há poucos milhões de anos. A caldeira do Monte Olimpo Mons, de 80 km de diâmetro, mostra porções com diferentes idades, baseado no número de crateras avistado pela Mars Express. Porém, uma característica enigmática é que as superfícies mais velhas estavam mais baixas que as mais jovens, ao contrário do que os cientistas esperavam. A erupção de lava nos flancos do grande vulcão marciano Monte Olimpo, talvez, tenha acontecido há 2,4 milhões de anos, diz uma equipe de cientistas planetários que examinaram as imagens detalhadas de cinco vulcões marcianos em Tharsis. As imagens foram tiradas pela Câmera Estéreo de Alta-resolução (HRSC) da astronave Mars Express.
“Estes volcões são, hoje, potencialmente ativos”, diz Gerhard Neukum da Universidade de Berlim, Alemanha, líder da equipe e o investigador principal do HRSC. Além disso, membros da equipe dizem, que há um anel de depósitos glaciares de 4 milhões de anos de idade na base do Monte Olimpo. Para datar as superfícies, os cientistas contaram as crateras dos cinco vulcões e os seus ambientes imediatos, então escalaram os resultados de acordo com os estudos realizados na Lua. A área que contém menos crateras, conseqüentemente mais jovem – 2,4 milhões de anos – fica no flanco ocidental do Monte Olimpo.
Caldeiras do ápice
Os investigadores acharam que as caldeiras – as cavidades dos grandes colapsos dos ápices dos vulcões – contêm seções de variadas idades. No caso do Monte Olimpo, as idades variam de 100 a 200 milhões de anos. O pavimento da caldeira inteira do Monte Arsia tem 130 milhões de anos de idade, enquanto o do Monte Ascraeus tem porções que datam de 100 milhões a 3,5 bilhões de anos. Albor Tholus e Hecates Tholus mostram uma variedade aproximadamente semelhante de idades. De acordo com os cientistas, a idade das caldeiras mostra que os vulcões foram ativos durante o último um por cento da história marciana. Isto é, essencialmente, o presente em termos geológicos. Mais intrigantemente, a maioria das atividades das caldeiras do Monte Olimpo acontece num período de 100 milhões de anos.
Porém, as fraturas dos pavimentos das caldeiras mostram características enigmáticas. As regiões mais baixas são mais velhas, enquanto as mais altas são mais jovens – o inverso das expectativas. Olhando para os equívocos dos erros no processo de datação das idades – a equipe sugere que toda a atividade das caldeiras aconteceram ao redor 150 anos milhões de anos, com diferenças relativamente pequenas nas idades. Também, dizem, que algumas das áreas podem ser realizados por deslizamentos de terras ou fluição de lavas secundárias, dando uma aparência mais jovem.
Geleiras rochosas
A região circunvizinha do Monte Olimpo possue características que se assemelham a rochas cobertas por geleiras e fluxos de escombros. Contando as crateras nestas superfícies, os pesquisadores dataram os lóbulos dos fluxos principais, de 130 a 280 milhões de anos, com menores áreas que têm 20 a 60 milhões de anos. Alguns poucos locais datam de, aproximadamente, 4 milhões de anos. Correndo abaixo da escarpa que circula o Monte Olimpo estão “línguas” rochosas de escombros sem nenhuma cratera nelas. “Estas são tão jovens”, diz a equipe, “que com eles não se pode estar confiante”.
As idades jovens despertam perguntas para alguns cientistas. Mark Robinson de Universidade Noroeste afirma que “a superfície de 2 milhões de anos pode ser um fluxo de lava. Porém, também, poderia ser um deslizamento de terra acontecido a 2 milhões de anos, ou, talvez, uma modificação glacial”.
Lava fresca?
Dunas de areia, Robinson explica como exemplo, pode enterrar um fluxo de lava fresco e protegê-lo de ser craterizado por dezenas de milhões de anos. Se desenterrado, terá a aparência de ter fluído recentemente. Outra armadilha, de acordo com Robinson, concerne às taxações das crateras marcianas, um número que ele descreve como muito pobremente conhecido. “Assim a precaução é a palavra”, conclui.
Os geólogos sobre Marte geralmente concordam que o planeta teve atividades vulcânicas nos últimos 100 milhões de anos. E tal atividade, se ainda continuar no presente geológico, poderia responder por alguns ou todo o metano observado pela Mars Express. Porque o metano não demora muito no ambiente marciano, pois precisa de reabastecimento. Isso poderia ser a impressão digital de recente atividade.