Planejar, organizar e realizar um evento corno o I Fórum Mundial de Ufologia não foi uma pretensão solitária. A pretensão maior dos ufólogos que realizaram tal tarefa – membros da CBU – era fazer com que o evento servisse para alertar as autoridades brasileiras para o fato de que o Fenômeno UFO é um assunto por demais grave para ser mantido marginal das discussões nacionais. Era nossa pretensão mostrar às autoridades a capacidade de organização dos ufólogos brasileiros e emitir, em alto e bom som, um grito: nós queremos ser ouvidos!
Foi pensando nisso que, durante o Fórum, redigimos um documento intitulado Carta de Brasília, que foi entregue, na solenidade de encerramento do evento, a três autoridades. O senador José Roberto Arruda, como líder do Governo no Congresso Nacional, recebeu duas cópias da Carta e garantiu que, imediatamente, as passaria ao presidente da República e ao presidente do Congresso. Presente também na abertura do Fórum, o senador Arruda foi bem positivo ao enfatizar a seriedade com que deve-se tratar a Ufologia.
Outras duas cópias da Carta de Brasília seguiram para os coronéis aviadores Zilmar Antunes de Freitas e Weber Luiz Kümmel, respectivamente o comandante do 6º Comando Aéreo Regional (Comar) e da Base Aérea de Brasília. Estes militares estavam, na oportunidade, representando o ministro da Aeronáutica, brigadeiro do ar Lélio Viana Lobo, que não pôde comparecer.
Ambos, no entanto, asseguraram aos ufólogos que estariam entregando o documento de imediato ao ministro, a quem, inclusive, recomendariam a tomada de providências que o mesmo requer. Vinte cópias da Carta foram produzidas, baseadas em texto redigido por este autor em conjunto com Roberto Pinotti, da Itália, e o ufólogo catarinense Eustáquio Andréa Patounas. Dez foram versões em Português, dez em Inglês, e todas assinadas numa solenidade própria no dia 13 de dezembro. Os ufólogos presentes, nacionais e estrangeiros, postaram-se numa fila e, um a um, assinaram todos os documentos. Esse contingente de pesquisadores foi convidado, através deste ato, a apoiar a iniciativa da CBU de levar o assunto à esfera governamental.
Apenas alguns dos conferencistas recusaram-se a assinar o documento. Mark Carlotto, dos EUA, o fez por ser funcionário do governo americano, assim como Stanton Friedman, que alegou ter duas cidadanias e julgar não ter direito de assinar um documento como a Carta. Surpresa mesmo foram Peter Davenport e Donald Ware, também dos EUA, que não assinaram por não concordarem com os termos do documento. No mais, apenas Alejandro Agostinelli, da Argentina, recusou-se a assinar alegando as mesmas razões, assim como Per Andersen, da Dinamarca.
A Carta de Brasília foi a primeira iniciativa do gênero a se realizar no Brasil. Se sua ação será eficaz ou inócua ainda é prematuro avaliar e dependerá do esforço das autoridades que a receberam em apresentá-la a seus destinatários. Pode ser que o presidente da República e o ministro da Aeronáutica julguem procedente o texto da Carta e decidam tomar as necessárias providências nela referidas. Pode ser que não, e que ignorem por completo o documento – que é o estado do das coisas até esta data, 12 de janeiro de 1998. De qualquer forma, os ufólogos brasileiros estão fazendo seu trabalho.